Recalques à Emanuel ou Autoajuda para os bundões: mais do mesmo de uma crônica falida
É menos do que um suspiro ou o estalo de arma de fogo no ouvido esquerdo.
Mais uma crônica inútil, tão inútil quanto este espaço do Overbroxa.
Nem sei porque publico essas coisas inúteis, estratégias discursivas em vão. Lembranças que não valem um centavo furado. Sou igualzinho àqueles bundões que não tiveram coragem de fazer o que tinha que ser feito. Explico: a primeira crônica, para o Ano Novo, feita sob medida para “causar”, mas que só teria sentido caso o desfecho dos acontecimentos previsíveis fosse revertido; a segunda, autocensurada por mim com o objetivo de não dar o braço a torcer, uma vez que o previsível se confirmou mais uma vez, crônica na qual me superei, mas condenada ao limbo; e, por último, uma terceira crônica, meia-boca, que não chegou aos pés daquela censurada, mas que valeu a brevidade de uma cafajestada.
Pelo menos, a uma conclusão pude chegar: diferente das crônicas vadias, invisto agora em um livro de autoajuda canalha, elegia aos fracassados de plantão que, assim como eu, se perdem em meio aos anúncios das Casas Bahia ou as promoções da TV Polishop. E tudo isso em pleno sábado à noite fervendo por dentro da cidade. Bosta.
Nem mesmo a fúria de outras crônicas se faz presente, agora. Estou cada vez mais dentro de minhas nulidades televisivas, colecionadas desde uma infância que nunca existiu, peidos de rasgar a cueca. Danem-se! Não interessa a linguagem.
Meus recalques ainda podem me salvar!
Ocorre que nesta noite não quero recordar o episódio do zoológico, tampouco aquele do travesti que me ofereceu o pau para chupar. Isso foi em 1978, mas e daí?
E o que dizer do primeiro dia na escola? Rodrigo Rodrigues e as taras inconfessáveis? Eu nem ligo.
“Memórias de um menino atrapalhado com as garotas”? que merda...
É tudo o que eu não quero, nem preciso. Depois eu conto.
“Eu que nem sou eu”, apenas uma frase para cortejar os críticos ou os leitores desavisados, bundões, aspirantes a escritor. Deveriam se ocupar do Faustão ou de seus poemas inúteis vendidos em caixinhas de fósforos. Apaguem suas ilusões, seus filhosdeumaputa.
Autoajuda. Autopiedade. Quem precisa da porra da inspiração?
Mais broxante do que isto não tem jeito. Me superei na canalhice de fachada, os olhos molhados de medo, as faces vermelhas de vergonha. Eu cheirava catinga de privada nas festas na casa da Avó. 1982. 1989. Não importa!
Meu projeto era escrever um livro com essas pequenas fúrias de um jovem lírico e broxa, apaixonado pela Patrícia Pillar dos anos 80. Ao final de cada capítulo (da novela e do livro, tanto faz), furtivas cenas de novela da Globo, sonhos de um autismo deliberado antes de deitar para dormir. E nunca sonhar. Chá frio no meio do escuro e sem sonhar entre lençóis.
Recalques à Emanuel dos quais não escapo, de novo e de novo, a eles retorno com a fúria de um viciado em bolinhas homeopáticas. Os bundões venceram e, outra vez, me ferrei.
Mais broxante do que isto não tem jeito. Me superei na canalhice de fachada, os olhos molhados de medo, as faces vermelhas de vergonha. Eu cheirava catinga de privada nas festas na casa da Avó. 1982. 1989. Não importa!
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