O coração remendado todo
Um frio de inverno no outono
horas
dias
vão vazios
repolhos roxos em mim
as coxas geladas
sob a saia arribada
nossa minha
santa abóbora de pescoço
ele também do pau oco
louco de pés de barro
o espelho espedaçado
reflete ainda a cor de mim
vermelho, carmim sim
vai chover lá fora diz no rádio
escuto e leio no pecê
fico ainda mais molhada de tédio
pão de forma com mel
à boca carnuda
dentada pós dentada
inventa outra amálgama
e desce com engulhos
como pedregulho fosse
quero jasmim em mim
rosas perfumosas
de espinhos dolorosas
vias em cruz
séqüito de abutres
fervores sem luzes
Até ali, diz Caronte, a barca vai
Até ontem, não me abarcava
Sereia séria seria, em ais
Bate-estaca nos contrafortes
Os rochedos da morte ao norte
O sul me pega pelo azul
A areia fina já sou eu
Muito, muito só
Pura, esteira de pó
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(*Em Silvia Plath transpirada, pra Millôr Fernandes, in memoriam)
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