Resenha do Filme " O PONTO DE MUTAÇÃO "

Imagem obtida da internet - Google Imagens - Créditos desconhecidos
1
Cláudio Carvalho Fernandes · Teresina, PI
1/2/2011 · 10 · 1
 

Amostra do texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS – CCHL
DEPARTAMENTO DE LETRAS – DL
DISCIPLINA: OFICINA II
ALUNO: CLÁUDIO CARVALHO FERNANDES


RESENHA DO FILME “O PONTO DE MUTAÇÃO”


Teresina
Julho/2002

FILME “O PONTO DE MUTAÇÃO”


FICHA TÉCNICA:

Direção: Bernt Capra
Elenco: Liv Ullmann, Saw Waterston e John Heard
Duração: 126min.
Inadequado para menores de 12 anos
Distribuído por Cannes Home Vídeo


Sobre “O Ponto de Mutação”, é possível dizer que se trata de um filme instigante que pode contribuir com o entendimento do que seja um pensamento multifacetado do mundo. O enredo (ou pretexto para seu desenvolvimento) é simples, mas bem elaborado, para o seu objetivo: uma cientista que vê seus ideais traídos e desencantada com o projeto Guerra nas Estrelas, um candidato à presidência dos Estados Unidos e um dramaturgo em crise se encontram em um castelo medieval de Mont Saint Michel, no litoral da França . Em um único dia, os três invocam Descartes, Einstein, ecologia, política, física quântica, poesia e tecnologia para compreenderem os paradigmas do futuro.

Com seus diálogos bem engendrados, os três personagens nos fazem alcançar uma nova visão de mundo, a qual estabelece relação de tudo com tudo. Esse novo paradigma bate à porta da própria condição humana atual, por meio dos processos de convivência e interação - muito embora de forma ainda refreada, incipiente - e é, no nosso caso, o grande desafio dos professores, já que terão que contrapor esta concepção com a visão fragmentada do conhecimento, praticada no cotidiano escolar.

O filme baseia-se no livro de mesmo título, de autoria de Fritjof Capra, cujo grande tema são as forças sociais, políticas, econômicas e suas tendências e que sugere que todo ponto de mutação consiste na passagem do velho para o novo, no renovar o já envelhecido. Para que isto ocorra de maneira eficaz teremos que vencer o grande problema da humanidade como um todo: a percepção. Se a visão do homem é igual à visão de mundo e não gostamos do que vemos, nós temos que mudar nossa visão em relação a ele. A revolução da física moderna traz consigo novos valores e novas formas de ver o mundo.

O Ponto de Mutação investiga as implicações e impactos do que tomava a forma de uma mudança de paradigmas, com seu ponto de partida na observação de que os principais problemas visíveis do século XX - ameaça nuclear, destruição do meio ambiente, desigualdades e exploração gritante entre Norte e Sul, preconceitos políticos e raciais, etc. - são todos sintomas ou aspectos diversos do que, no fundo, não passa de uma única crise fundamental, que é uma crise de percepção, uma percepção distorcida baseada no individualismo e na separatividade entre pessoas, coisas e eventos. Esta crise é promovida quando, pela educação, cultura e ideologia dominantes, nós e nossas instituições adotamos conceitos e introjetamos valores que, apesar de sentidos como obsoletos, servem para justificar e racionalizar sentimentos menos nobres como a avareza, por exemplo.

O atual paradigma, que já nós deu inúmeras mostras de esgotamento e de incapacidade de solucionar inúmeros problemas básicos e existenciais do ser humano, vem dominando amplamente nossa cultura e educação há quase 400 anos. Tal paradigma, que Capra chama de newtoniano-cartesiano, teve um impacto benéfico ao libertar a razão das amarras da superstição e do controle eclesiástico, mas foi, com o tempo, hipertrofiado. Ele consiste numa série de idéias e pressupostos, com determinados valores implícitos, que acaba por ser o referencial subliminar de nosso modo de entender o mundo já que é a base filosófica pela qual a ciência se apóia.

O paradigma newtoniano-cartesiano pressupõe, de uma maneira geral, que o universo que nos engloba é uma grande máquina mecânica - ou age como tal - que é inteligível se nós nos lembrarmos de que ela, tal como um relógio, nada mais é que um composto, formado por pequenas partes elementares, os átomos.

Porém, desde a revolução promovida por Einstein na Física, e com o abalo feito em nossos pressupostos clássicos pela mecânica quântica, passando por eventos e questionamentos sociais, toda essa visão de mundo passou a ser severamente questionada e, com a evolução subseqüente, tem mostrado sérias limitações que exigem uma revisão radical.

A questão da mudança radical nos conceitos de espaço, tempo e matéria, que adveio da Física Moderna é apresentada de forma mais acessível em O Ponto de Mutação. Em especial, durante toda a obra, Capra faz uma crítica fundamental à mentalidade analítica e fragmentadora da ciência normal, em especial, às ciências que tomam o método analítico da Física Clássica de Newton como modelo que deve ser seguido para erguer as demais ao status de ciência perante a comunidade acadêmica. 

O filme propõe que é mais correto se falar em eventos e inter-relações como a descrição da realidade do que dizer que determinadas partes atuam de tal ou tal forma para definir o todo. Esta é exatamente a mesma idéia da Ecologia: somos frutos em interação do ambiente natural, e não independentes dele. O que fazemos contra a natureza fazemos, de modo brutal e estúpido, a nós mesmos...

No final, o que Capra deixa bem claro é o seguinte: A sobrevivência humana, que é ameaçada por várias ações igualmente humanas advindas de uma visão de mundo mecanicista e fragmentada, só será possível de formos capazes de mudar radicalmente os métodos e os valores subjacentes à nossa cultura individualista e materialista atual e à nossa tecnologia de exploração do meio ambiente. Esta mudança deverá, logicamente, refletir-se em atitudes mais orgânicas, holísticas e fraternas entre os seres humanos e entre estes e a natureza, em todos os seus aspectos.




Sobre a obra

Sobre “O Ponto de Mutação”, é possível dizer que se trata de um filme instigante que pode contribuir com o entendimento do que seja um pensamento multifacetado do mundo. O enredo (ou pretexto para seu desenvolvimento) é simples, mas bem elaborado, para o seu objetivo: uma cientista que vê seus ideais traídos e desencantada com o projeto Guerra nas Estrelas, um candidato à presidência dos Estados Unidos e um dramaturgo em crise se encontram em um castelo medieval de Mont Saint Michel, no litoral da França . Em um único dia, os três invocam Descartes, Einstein, ecologia, política, física quântica, poesia e tecnologia para compreenderem os paradigmas do futuro.

Com seus diálogos bem engendrados, os três personagens nos fazem alcançar uma nova visão de mundo, a qual estabelece relação de tudo com tudo. Esse novo paradigma bate à porta da própria condição humana atual, por meio dos processos de convivência e interação - muito embora de forma ainda refreada, incipiente - e é, no nosso cas

compartilhe



informaes

Autoria
Cláudio Carvalho Fernandes
Ficha tcnica
Trabalho universitário, de resenha, para disciplina Oficina II, do curso de Letras, da Universidade Federal do Piauí, em julho de 2002.
Downloads
3917 downloads

comentrios feed

+ comentar
Zezito de Oliveira
 

Filme útil, oportuno e necessário.

Parabéns pela iniciativa.

Zezito de Oliveira · Aracaju, SE 13/2/2011 14:13
sua opinio: subir

Para comentar é preciso estar logado no site. Faa primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.

filtro por estado

busca por tag

revista overmundo

Voc conhece a Revista Overmundo? Baixe j no seu iPad ou em formato PDF -- grtis!

+conhea agora

overmixter

feed

No Overmixter voc encontra samples, vocais e remixes em licenas livres. Confira os mais votados, ou envie seu prprio remix!

+conhea o overmixter

 

Creative Commons

alguns direitos reservados