Foto: Papermon/Flickr/Creative Commons
Tão afiada feito um rolo compressor é a minha palavra
Que sob o sorriso do lagarto não se deixa amarelar.
Tão mais enigmático do que o ar é o veneno do grito inexorável
Que devora sistematicamente as espumas de mim,
E não se deixa falsear pelo perfume dos bêbados.
Fôsse como maresia do espaço particular,
Fôsse de sábio juÃzo eleger-me
Como sendo a própria poesia que se pari
Num furtar das mesmas palavras bolorentas - Atos de indignação
Que ora se deixam (in love) descair sobre mim
- Teria eu a cÃnica certeza de que inumanamente
Doar-me-ia a verve sensabor
Para não enxaguar-me nas chamas vaginadas
De tristes ermos.
Pelo vento nutro-me da flor de mim.
Perfumo os mourões das paragens mofadas de sempre...
Decerto... O tempo há de reconhecer-me como sendo aquele
Que do machado ativo se foge para a carne metamorfoseada,
Para que o grito de mim não se arda sobre o orgasmo vencido
E nem o grelo orvalhado de si se broche de véspera,
Ou tampouco se fuja do cio: de modo que não ocorra
De me esconder por debaixo do mormaço;
Porquanto sabe o vento que o amor é o amor
Que provém da algema!
Sim. Da algema, fujo endemicamente.
Não que eu queira malbaratar-me, sabeis: já sou fuga.
Sim. Sob esse circulo recorrente sigo ao espaço
Desmontando segredos.
Burilando momentos,
Saqueando marasmos... Pois que á até pensei
Ser poeta de tessitura orgasmoangular -
Quem sabe até -, um lascivo asceta
Enervando-se sobre o órgão poético do instante!
Não... Não me cobrem volúpias amenas!
O que vos prometo é a inalação da porção...
A promessa que vos serei um hábil fazedor de verdades
- Atos de expiação -
Loção de golpes desenfreados que o machado fedido
Perfuma-me: - Sim! Prometo-vos a intermitência dos ângulos penetrados Que vivem que nem candura virginal;
Que não se cansam de gozar e não cansam de ser desvirginados
Nas vezes em que estão predispostos
A interronper o medo de romper
O desprezo da ausência.
Sou... Sou o que sou!
E a minha poesia grunhe por isso.
Sou... Sou o que sou: genitália adotiva de um poema ejaculado.
Sou... Sou o que sou: gomo de enxada penitente.
Sou... Sou o que sou: lavra e lume do invisÃvel.
Sou... Sou o que sou: vagem insossa que salga sopa de gente.
Sou.... Sou o que sou: “um dia†como tantos que ousa fugir
De o estigma de ontem....
E a minha fala arde por isso!
Benny Franklin
Caro Benny "pelo vento nutro-me da flor de mim", acho que ser poeta é buscar na alma a essência de viver. Voçê está sempre indo ao encontro dessa essência. Obrigada por me ensinar sempre. Um abraço forte.
anamineira · Alvinópolis, MG 12/10/2007 11:05
"Rolo compressor. Sou... Sou o que sou!
E a minha poesia grunhe por isso.
E a minha fala arde por isso!"
O poeta se auto define. Perfeito, Benny.
Abraços.
Salve Benny Franklin e seu trabalho
Uma expressáo de muita energia
Uma forca avassaladora.
Uma Poesia Vigorosa
É o que é.
Parabéns pelo trabalho.
Nossa Benny...esse nem vi...mas cheguei em tempo para votar....
Beijos...
Lá estava chovendo hoje ...
Benny, amigo,
Teus poemas têm sempre esta caracterÃstica forte: trazem uma pancada de poesia! Devem (e precisam) ser relidos.
Estilo admirável o teu.
Parabéns!
Votado.
Salve Benny Frabklin.
Com seu trabalho de todo louvor.
Parabéns e votado.
Vai com tudo isto enfeitar o Banco! Victorvapf
victorvapf · Belo Horizonte, MG 14/10/2007 17:11
Tão afiada feito um rolo compressor é a minha palavra
Que sob o sorriso do lagarto não se deixa amarelar.
Tão mais enigmático do que o ar é o veneno do grito inexorável
Que devora sistematicamente as espumas de mim,
E não se deixa falsear pelo perfume dos bêbados.
Voltei para copiar, mas sabe, você poderia fazer de cada estrofe um poema....
Arrbata meu amigo!
bj
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