Sorrateiramente, o predador espreita sua presa. Segue-a lentamente, prestando atenção nos mÃnimos detalhes. Esperando o melhor momento para o ataque? Ou deliciando-se com a sensação de manter-se no controle da situação? Seus batimentos cardÃacos estão estáveis, levemente acelerados. A presa intui que está sendo seguida, embora não consiga ter certeza de onde virá o ataque. O coração da presa, ao contrário do predador, está descontrolado. Altera momentos de quase desistência com outros onde urge a ânsia de sobreviver. Nesses momentos, acelera o passo. Parece querer forçar o predador a cometer algum deslize e mostrar-se. O predador conhece o jogo. Esgueira-se.
Sutilmente, como se fosse um jogo premeditado, predador e presa estudam-se. Utilizam-se dos sentidos para decidir qual será o próximo passo. Todos os sentidos. Os que são facilmente reconhecidos e outros. Intuem-se. Adivinham-se. Pressentem-se. Ao contrário do cotidiano, vivem um diálogo de ações não cometidas. Frases não ditas. Gestos dissimulados. Pelo simples prazer do jogo? Ou por alguma necessidade desconhecida. IntuÃda. Adivinhada. Não revelada.
Mas, toda simulação chega ao fim em algum momento. Existe sempre uma hora em que as coisas não podem mais serem prorrogadas. A verdade deve aparecer. E, como se fosse ensaiado, predador e presa se encaram. Primeiro por entre as folhas, depois cara a cara. E quando todos esperam que algo aconteça, há a surpresa.
Sorrateiramente, a presa espreita seu predador. Estuda-o lentamente, tentando entender de que maneira será atacada e vencida. A presa conhece o ritual. Sabe que não há saÃda. Mas, mesmo assim, quer tentar evitar o seu fim. Correr não é o suficiente. Nem todos os ataques são feitos de uma mesma forma. Alguns ataques são tramados com bastante antecedência e preveem rotas de fuga. Ou seja, o predador sabe quais são algumas das respostas possÃveis.
Sutilmente, como já era de se esperar, predador e presa reagem milimetricamente um ao outro. Cada aproximação é sucedida por um distanciamento quase que do mesmo tamanho. Cada vez que um dos dois parece entrar em acordo, há alguma ação para impedir a aproximação. Medo?
Mas, todo suspense chega ao fim em algum momento. Existe sempre uma hora em que as coisas não podem mais ser prorrogadas. A ação tem que acontecer. E, como se fosse ensaiado, predador e presa se atracam. Primeiro com o intuito apenas de debilitar o oponente. Na tentativa de fugir para uns e impedir a fuga, para outros. Golpes são desferidos com precisão. Há certo prazer na luta. Para alguns.
A presa (ou seria o caçador?) está cansada. Não tem mais idade para jogos. Ou melhor, quer jogar "outros" jogos. Mas entende a disposição do predador (ou seria a presa?). Por isso, aceita a luta.
A presa não tem mais nada a perder, além da vida.
O predador sabe que irá vencer.
A batalha é sangrenta, como todas as batalhas são. Dentes rasgam a carne, e algumas vezes além dela. No calor do momento, ações são feitas. Gestos que não poderão ser desfeitos. Ataques. Dor. Sofrimento fÃsico. Tudo o que estava previsto acontece. A presa é massacrada. Agora, morta, exibe uma face tranqüila. Serena, até. Sua sina está cumprida. Ela nasceu para ser perseguida e morta pelo seu predador. E assim o fez. Lutou bravamente e demonstrou consciência até o último momento.
O predador exibe seu troféu. Arrasta aonde vai o corpo de sua vÃtima. O sangue, que escorre pelo chão, deixa um rastro na terra um novo predador, mais forte.
Sorrateiramente, o predador espreita sua presa...
Max,
de sorrateiro e sutil, o texto é bem explÃcito...rs
Parabéns, continua com o mesmo fôlego nos seus textos.
Abraços
Isso
da alegria passa
sem
deixar
pegada
alguma
E o grande amor
da vida
é uma pele exposta ao sol
Que doura
embeleza
descasca
e cai
Viva e repetitiva
Apareça lá em casa
http://sinceridadebrutal.blogspot.com/
e comente a poesia rápida.
Bjs
Neusa Doretto
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