Sou quem me elaborou, projetou, analisou, descreveu, interpretou, construiu... Acontece que sobrevivi, e entre a minha construção e um vácuo deixado pelos executores da obra, escapei e me fiz também. Hoje sou a dúvida de quase todas as certezas. Nego muito do que do que fui e do que sou, pois sei que vontades alheias aos meus desejos determinando quem eu seria me trouxeram mais dissabores do que sabores. Sendo assim, renuncio a minha autenticidade.
Tento dizer o indizÃvel, me faltam palavras para expressar meus sentimentos, nesta hora me valho do meu olhar, mas quantos o entenderão? Não tem importância, o poeta avisou: “Quem não compreende um olhar, tampouco compreenderá uma longa explicaçãoâ€.
Vazios existentes promovem um encontro comigo mesmo, e de forma revigorada eu continuo a minha luta em prol das vozes sem som. Faço festa com o desconforto dos saberes, e como meu sol tem sabor de lua, encontro reconforto nos alucinados.
Neste “bolicho†de proscratinações, me transformo na esperança do moribundo, converto desespero em alegrias, e fantasio-as como a leveza de uma embriaguez.
Manter a chama das ilusões é agigantar-se no Ãnfimo; é saber que os defeitos são autênticos, e os perfeitos são excêntricos; é manter a jovialidade sem a preocupação de ser jovem; é entender que ser belo é produzir belezas, que ser novo é construir novidades; e que para ser feliz, quase sempre requer ser o sim do não e enchê-lo de nada.
Andando por asfaltos de areia movediça, blefando comigo mesmo, ouço os gritos dos calados, que sem liberdade continuam sonhando em ser livres. Despertar os sentidos adormecidos e fazê-los desistir dos limites é uma forma empolgante de extrair o sabor do nada e abastecê-lo com magia e mistério.
A eficácia da mediocridade torna as almas descrentes e extravagantes, acolhendo quase sempre desilusões. Não quero isto para mim, o que eu quero é ser a birra da criança transgressora, exteriorizando sentimentos sem medo de desagradar ou não.
Sou tantos e sou nada, abrigo em mim à incompreensão do presente, mas quem sabe não metamorfosearei o futuro? Só não tente me entender, porque eu já sou outro.
Gostei muito desse confronto entre o ser perfeito e imperfeito que você descreveu.
Entre o ser e o querer ser...
Parabens.
Muito bom mesmo - gostei demais, especialmente desta parte ...
Tento dizer o indizÃvel, me faltam palavras para expressar meus sentimentos, nesta hora me valho do meu olhar, mas quantos o entenderão? Não tem importância, o poeta avisou: “Quem não compreende um olhar, tampouco compreenderá uma longa explicaçãoâ€.
Parabens, bjus
Você joga muito bem com as palavras, gerando confronto entre elas e colocando sua filosofia de vida. A citação do poeta é ótima: quem não compreende um olhar, não compreenderá uma longa explicação". Ser belo é construir beleza: ser novo é produzir novidades.
Parabéns. Ivette G M
Quando o sol tem sabor de lua... A Caixa D'água é um bairro já no centro da cidade...
São eventos de metáfora sinestésica, que denotam o veio literário para o conto e crônica que esse autor demonstra.
A cor desse texto "requer ser o sim do não e enchê-lo de nada".
Parabéns!
Para comentar é preciso estar logado no site. Faça primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
Você conhece a Revista Overmundo? Baixe já no seu iPad ou em formato PDF -- é grátis!
+conheça agora
No Overmixter você encontra samples, vocais e remixes em licenças livres. Confira os mais votados, ou envie seu próprio remix!