TESTAMENTO
(Fátima Venutti)
Quando eu for embora,
Quero as palavras das reticências,
Quero aquela brisa que não veio,
Quero aquele toque que procurei,
Quero aquela música que não escutei,
Quero aquele amor que tanto busquei,
Quero todos os beijos que não dei.
Quando eu for embora,
Banhem-me nas águas que não mergulhei,
Cubram-me com as cores que não usei,
Declamem os versos que não fiz,
Partilhem os sonhos que tanto vivi,
Chorem as dores que eu tanto senti
Joguem-me ao vento que tanto me confortou
E levem-me pela estrada por onde eu vim.
Quando eu for embora,
Imprimam meus poucos sonetos,
Rasguem em ínfimos pedaços
E joguem sobre o meu corpo, estirado
E deixem, que as margaridas
Deles se brotem, a completar o ciclo
Desta minha breve, mas profunda passagem.
E quando eu voltar,
Trarei na lembrança,
Inda que em versos,
As reticências desta vida
E um pouco mais de sentimentos
Que nas lágrimas eu puder transportar
E uma nova liberdade no olhar...
Poeta faz testamento?
Sim, Fátima, poeta faz testamento.
Não sei se tão belo e poético quanto o seu.
Parabéns pelo texto bem construído, buscando
fazer um resgate, no momento último, do que
não foi sentido, vivido, sonhado, amado.
Volto depois.
Beijos
Seria um poema mórbido se não fosse tão bonito, de verdade.
Marcos Pontes · Eunápolis, BA 20/10/2008 19:57
Se poeta faz testamento eu não sei. Testamento - o poema vale ouro. A poeta decide o que fazer.
Beijo
Fátima,
Quando vc. for embora, eu estarei te esperando no vale onde habitam aqueles que fizeram da poesia sua razão de viver semeando amor em todos corações.
Mais isso só daqui uns trocentos anos....
Viva a primavera!
Beijos
Esse seu testamento é diferente ele expressa a sua alma de poeta e seu talento que já é incontestável ,meus parabéns você é excelente .
Edson Alves · Rio de Janeiro, RJ 22/10/2008 10:40
seu legado está registrado !...
Bravo, poetisa !
voto e beijo
Fátima
Quando formos embora
Que seja com toda a calma
E um pouco mais de sentimentos
como voce diz
E, se voltarmos, e vivermos tudo novamente
que seja, ao menos com um pouco mais de sentimentos
Belo
Uma doce despedida
Um abraço
Eae Fátima, na pazzz??
Prazer te conhecer e conhecer esse lindo poema-testamento! Parabéns!!
Votado!
Abração procê!
FÁTIMA,
QUANDO EU FOR EMBORA,
BANHE-ME NAS AGUAS
QUE NÃO MERGULHEI,
CUBRAM-ME
COM CORES
QUE NÃO USEI...
Profundamente lindo e triste!
Os poetas não morrem;
Apenas adormecem...
VC será eterna,
NA SUA POESIA!!!
BJS
Fátima Venutti · Blumenau (SC
TESTAMENTO
Uma Poesia muito sentida com todas pendéncias para tirar.
...Quando eu for embora,
Quero as palavras das reticências,
Quero aquela brisa que não veio,
Quero aquele toque que procurei,
Quero aquela música que não escutei,
Quero aquele amor que tanto busquei,
Quero todos os beijos que não dei...
Tem a forca de tocar o coracáo e sensibilizar.
Parabéns.
Abracáo Amigo.
Um belo poema, com tua força, emoção e sentimentos! Abraços.
Erode Lino Leite · Campo Grande, MS 22/10/2008 18:00um lindo poema amiga poetisa, votado.
O NOVO POETA.(W.Marques). · Franca, SP 22/10/2008 18:29
Lindo poema.. mas nao precisava ser um testamento.. faça muita dessas coisas . ouça aquela música que não escutou, ache o aquele amor que tanto busca e todos os beijos que não deu.
Ai única coisa ruim é que seu poema ia ficar pequenino. Votado
Bjs
Sensível o seu testamento, Fátima.
Poeta faz testamento sim. Você não fez um tão delicado?
Trago aqui, para você e para as overmanas e overmanos, o testamento de um porta maior: Manuel Bandeira, um gênio esquecido.
Esse testamento é de 29 de janeiro de 1943, data que ele mesmo assinalou.
"O que não tenho e desejo
É que melhor me enriquece.
Tive uns dinheiros — perdi-os...
Tive amores — esqueci-os.
Mas no maior desespero
Rezei: ganhei essa prece.
Vi terras da minha terra.
Por outras terras andei.
Mas o que ficou marcado
No meu olhar fatigado,
Foram terras que inventei.
Gosto muito de crianças:
Não tive um filho de meu.
Um filho!... Não foi de jeito...
Mas trago dentro do peito
Meu filho que não nasceu.
Criou-me, desde eu menino
Para arquiteto meu pai.
Foi-se-me um dia a saúde...
Fiz-me arquiteto? Não pude!
Sou poeta menor, perdoai!
Não faço versos de guerra.
Não faço porque não sei.
Mas num torpedo-suicida
Darei de bom grado a vida
Na luta em que não lutei!"
Na terceira linha saiu porta em vez de poeta. E POETA GRANDIOSO esse Manuel Bandeira.
Que Deus e a História o tenham.
Fátima.
Teu poema é belo e triste, só e triste porque o homem esquece do do fim material. A alma continuará participando das festas dos reencontros. Para onde formos, alguém nos espera, com uma flor nãos mãos e um beijo nos lábios santos.
Abraços
Noélio
Que coisa mais linda.. q ritmo... parecve um rio q vai....mas volta... e diz QUERO! respondo queira msm. As palavras dançam uma rosa púrpura..
Thiers · Rio de Janeiro, RJ 23/10/2008 00:53Poetas são anjos encarnados em missão de renúncia minha cara! A alma do poeta vai e volta a esse mundo de provas perfumando os caminhos!
raphaelreys · Montes Claros, MG 23/10/2008 04:43
...
Quero continuar lendo belos poemas como esse.
(não importa o lugar a ida ou a volta)
Fátima, você é ótima.
Todos nós levamos marcas profundas da nossa breve passagem pela Terra e, de fato, aqui retornaremos trazendo na bagagem da nossa memória, ainda que na forma de intuições, aptidões naturais ou tendências, os reflexos dessas marcas...
Um poema bastante profundo, pra reflexões...
Parabéns!
Abraços
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