Texto para Quem Tem um Sonho Não Dança, livro de Guilherme Bryan

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Hermano Vianna · Rio de Janeiro, RJ
1/1/2007 · 69 · 2
 

Texto publicado na orelha de "Quem Tem Um Sonho Não Dança", livro de Gilherme Bryan. Foi escrito em dezembro de 2003, isto é, 3 anos atrás (o livro demorou a ser lançado). Poucos meses antes, eu tinha visto o The Rapture na Trash, do DJ Erol Alkan, que na época era a festa mais hypada em Londres, a cidade de todos os hypes. Achei incrível como parecia uma festa de Brasília em 1982... Como digo no texto, aquilo era para mim uma supresa total: achava que o início dos anos 80 nunca voltariam à moda. Mas voltaram. E o mais incrível é que hoje ainda continuam na moda, na última moda. O novo disco do Rapture dá seqüência comportada (mesmo que saltitante) à saga disco-punk. Dizem que a banda do momento é a canadense Tokyo Police Club, cuja música poderia ter sido composta também em 1982 (não que isso seja necessariamente ruim...), como acontece com as faixas dos discos de todas as centenas de outras bandas do momento... O tempo parou? Acho que não... Mas talvez estejamos vivendo o fim (entre tantos outros fins) daquilo que um dia se chamou de "cultura jovem". Dick Hebdige, em seu clássico Subculture: The Meaning of Style, já definia o punk como um remix de estilos juvenis anteriores. De certa forma o remix continua, sem parar e sem escapatória. A cultura jovem hoje lembra muito, por exemplo, a cultura da "música clássica", ou a cultura do "samba de raiz", que vivem presas à devoção de um "passado de ouro", onde tudo de "importante" e "bom" já foi feito e só resta aos contemporâneos viver no "resgate" (ou "revival"... palavras bem ridículas, não são?)... Há certamente possibilidade de inovar dentro dessas culturas: mas para que inovar quando todo mundo parece satisfeito em copiar/ouvir o que já passou? Para que complicar? Mesmo assim, posso bancar o chato, estraga-festa-retrô: não há maneiras mais divertidas e mais experimentais/radicais de usar o passado? Bons pensamentos para a virada de ano...

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Hermano Vianna
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Fábio Fernandes
 

O livro do Hebdige é muito interessante, volta e meia ainda o consulto. E acho mesmo que ele não está errado quanto à questão do mix de estilos, que afinal é o que rege a nossa pós-modernidade, ou modernidade líquida, como diz o Bauman. Aliás, nos últimos dois meses não tenho parado de ouvir a banda The Editors, que faz um som poderoso misturando influências que vão de Morrissey a Franz Ferdinand, passando por Dead Can Dance. O CD de estréia deles poderia tranqüilamente ter sido composto mais ou menos entre 1982 e 1995.
Falando em bons pensamento para a virada de ano, um Feliz 2007 para você, Hermano! Obrigado pelo convite para o Overmundo, obrigado por criar este espaço (agradecimento extensivo, claro, ao grupo de criadores)!

Fábio Fernandes · São Paulo, SP 31/12/2006 20:39
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Felipe Gurgel
 

Hermano, no meu caso, este livro foi um daqueles grandes que você lê em tempos espaçados um do outro. Apesar de ser muito bom. É uma leitura diferenciada da época de 80, foge da nostalgia pela nostalgia, creio. Faz um link interessante com essa sua reflexão, inclusive.

Felipe Gurgel · Fortaleza, CE 3/1/2007 20:04
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