Eram seis horas, hora do rush e o metrô estava cheio, digo apinhado. As pessoas se espremiam, acotovelavam. Os mais sortudos estavam sentados ou encostados nas paredes, os demais sofriam a cada parada brusca ou movimento mais sacolejante. Alguns passavam em suas faces, o sofrimento, mas a maioria encarava de modo normal, cotidiano, quase como acordar e abrir os olhos – era parte da rotina e da luta do dia-a-dia. Suor, respirações ofegantes, o encostar-se a outro ser “desagradante”.
Fazer o quê se aquele era o melhor transporte? Carro? Quê carro? Ônibus? Inda pior. A pé, impraticável. O movimento às vezes dava sono e embalava os cansados do batente.
De repente, acelerou. Muito correu. Assim. Assim como nunca tinha se visto. Estranho. Todos se entreolharam, atônitos, sem conseguir dizer nada. Criaram um clima de normalidade no anormal – porque as pessoas fazem isso? – Numa situação quase blasé tudo continuou até que a luz diminuiu, então as pessoas imediatamente voltaram do transe, mulheres soltaram gritinhos e homens começaram a bater nas paredes, algo de esquisito estava acontecendo. E o movimento dos vagões aumentava, a estação que seria a próxima parada, passou quase que num flash, uns dois ou três segundos quando deveria demorar uns vinte.
Num novo relance, as portas se abriram, pessoas caíram nos trilhos. Ouviam-se os gritos, morriam queimados em instantes. O terror tomou conta de todos, se debruçavam sobre as cadeiras, se apoiavam um tudo que podiam. Puxavam os mais fracos usando-os como escudos de proteção. Era cada um por sua conta e vida. Uma luta angustiante. Os olhos das pessoas mostravam pavor, de seres humanos viraram criaturas, lutando pela sobrevivência. E seguia desgovernado o trem, nova estação passava, agora, deserta. Estávamos à mercê. Sentíamos que todos tinham ido embora e que algo de muito grave estava acontecendo, as máquinas não obedeciam, os celulares estavam loucos, quando tinham sinais emitiam chiados que deixavam qualquer conversa incompreensível. Era 10 de janeiro de 2009 a real data da virada do milênio e o mundo estava acabando. Quando finalmente acordei. Ô pesadelo monstruoso. Pior, 10 de janeiro ainda não chegou.
Carlos,
Que conto!
Premonição ou um pesadelo antecipado
bjs
Forte e comovente, votado! Se puder opine no meu poema "Salvem vosso filhos"
Jô Garoto · Americana, SP 29/12/2008 10:09
Prezadas,
obrigado pelos comentários. Desde já envio uma forte torcida para um 2009 maravilhoso, repleto de alegrias, paz e muito amor.
Abraços, Carlos Zev Solano.
http://rascunhosnanet.blogspot.com/
seu texto é maravilhoso, parabéns e feliz ano novo, abraçosss
votado.
Votei, antes que o mundo acabe, parabéns! Muito bom!
Eliana Pontes · Florianópolis, SC 29/12/2008 13:24
Ah Carlos não vai acabr não...espero...Mas que assustou, assustou...
Maravilha, bem contado e envolvente! Parabéns!
Feliz 2009! Abraços daqui,
Eliana e Nina, muito obrigado pela visita e pelos comentários. Feliz 2009 para todos!
Carlos Zev Solano · Rio de Janeiro, RJ 29/12/2008 16:55Um texto assim não poderia ficar fora do banco , publicado . Abraços...
delen · Cotia, SP 29/12/2008 17:10Para comentar é preciso estar logado no site. Faa primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
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