Trinta e cinco minutos.
No fim da tarde eu chego em casa, foram trinta e cinco minutos até a chegada; Impaciente com a demora, desembarco do ônibus, mas logo me alegro, pois no portão minha filha com quatro anos me espera entusiasmada com minha chegada.
Com ela nos braços eu entro em casa, dou um beijo na esposa, que me espera com um sorriso nos lábios, um café e um bolo quentinho sobre a mesa: È uma surpresa, me diz a Laurinha, e eu ajudei a fazer, né mãe?
Não quero mais nada, já tenho alegria, é tudo perfeito conforme eu queria.
Então naquele instante, abro os olhos, pessoas conversavam, a paisagem mudou como se eu tivesse viajado no tempo, o ônibus parou e eu fui o último a descer.
Em frente a minha casa, hesitei em entrar, o estalar no abrir do cadeado, o ranger do portão, desço os sete degraus, as chaves batem na porta de aço, ressoa um eco na casa vazia.
As lágrimas caem no chão empoeirado, o coração aperta.
Abro as janelas e o que restou de meus sonhos é levado pelo vento.
Vejo meu quintal, o mato tomou conta do gramado que com tanto zelo eu cuidava, e a casinha rosa que fiz para a Laura agora é alvo de depredação de moleques, que invadem o quintal em busca de frutas em meu pomar abandonado.
Acendo um cigarro, mas não é ele que me sufoca, e sim as lembranças do tempo em que fui feliz ali.
Novamente meus passos ecoam na casa vazia no fechar das janelas, tranco a porta, subo os degraus, e fecho o portão; o click do cadeado é o desfecho triste da visita à casa, que foi o lugar mais feliz que vivi.
O ônibus encosta no ponto, embarco, passo a roleta sem me incomodar com os olhares de antigos vizinhos que murmuram palavras inaudÃveis, eu sento perto da janela e enquanto o ônibus sobe a ladeira mudando a paisagem,eu fecho os olhos para novamente viajar em minhas lembranças.
Rubens Schnepper 05/10/2007
É muito difÃcil superar a dor da perda de alguêm que se ama, este pequeno conto descreve um dia de minha vida.
Oi Rubens,
Belo conto,
Retrata perfeitamente as lembranças que voltam com a dor de uma separação.
Bjsssss e meu carinho
Deus do céu!
É intensamente triste.
Fiquei em lágrimas, com essa dor, como diante de um mundo destruÃdo...
Gostei muito.
beijos
Meus votos e meu carinho!
beijo no coração!
Que dor instigante, muito profundo.
abraços meu caro Rubens e votos
Rubens,
Voltando e relendo seu lindo e sensivel texto.
bjsssssssss
Que dor tão forte é essa, aà retratada...
Eu a conheço bem.
Numa das vezes em que essa dor me atingiu, minha tia me escreveu:
"As dores, os desencantos,
as tristezas se desvanecem
(porém não tão de repente)
cedendo lugar condigno
ao amor, à esperança, à alegria
e ao perdão.
Somos todas pessoas renascidas
do sofrer
cada uma a seu tempo..."
Um abraço. Votei.
Walnizia
Para comentar é preciso estar logado no site. Faça primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
Você conhece a Revista Overmundo? Baixe já no seu iPad ou em formato PDF -- é grátis!
+conheça agora
No Overmixter você encontra samples, vocais e remixes em licenças livres. Confira os mais votados, ou envie seu próprio remix!