TV de Bolso - Ensaio do Ticumbi de Itaúnas

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Ilhandarilha · Vitória, ES
12/9/2008 · 168 · 18
 

Uma parte do ensaio do grupo de Ticumbi de Itaúnas. O ensaio foi realizado, como é tradicional, num sítio afastado da vila. Durante toda a noite os congueiros ensaiam as danças e cantos do Ticumbi, depois o dono da casa oferece alimentação para os participantes e convidados e rola um forró animado até o dia amanhecer e os congueiros voltarem à Vila de Itaúnas em barcos, pelo rio.

Diferente do Ticumbi de São Benedito e do Ticumbi do Bongado, o grupo de Itaúnas é mais jovem e tem mais integrantes brancos e mestiços. O som deles é também um pouco diferente, com batidas mais rápidas e cantos mais soltos, abertos à improvisação.

Outras informações, vídeos e fotos do Ticumbi - manifestação característica de Conceição da Barra, no norte do estado, podem ser encontradas no site.

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informações

Autoria
Claudia Rangel
Ficha técnica
gravado em janeiro de 2008, durante a festa de São Sebastião e São Benedito, em Itaúnas, Conceição da Barra, em MP4
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azuirfilho
 

Ilhandarilha · Vitória (ES)
TV de Bolso - Ensaio do Ticumbi de Itaúnas

Um Trabalho admirável.
Uma Turma jovem, tocando e dancando, músicas e dancas de seus antigos
Muito forte e bonito de ver, nossa gente preservando tradicóes dos ancestrais.
Isso eleva o moral e liberta do apelo de outras culturas que nunca elevam e que até embrutecem e levam a mediocridade.
Maior orgulho de ver e poder comentar.
Há muitas culturas alienantes ofertadas junto com drogas e indiferenca pelo Humano.
Parabéns.
Abração Amigo

azuirfilho · Campinas, SP 9/9/2008 21:40
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Ilhandarilha
 

Tem razão, Azuir: é forte e bonito de ver. Mais bacana ainda saber que a cultura popular tradicional não está sendo desprezada pelos jovens. Valeu a presença e o comentário.

Ilhandarilha · Vitória, ES 9/9/2008 23:31
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Viktor Chagas
 

Excelente, Ilha.
Acho que o Overmundo tem enorme potencial para armazenar esse tipo de registro "de bolso" não só em vídeo, como em áudio, foto e texto. Tomara que mais gente tenha essa iniciativa de sair por aí à caça dessas manifestações culturais nas suas cidades e estados.

O Ticumbi de Itaúnas acontece também de 31 de dezembro para 1° de janeiro? E eles começam a ensaiar desde já? :)

Seria bacana ler um texto seu "comparando" os três grupos, para entender melhor semelhanças e diferenças.

Viktor Chagas · Rio de Janeiro, RJ 10/9/2008 14:21
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Ilhandarilha
 

Viktor, o Ticumbi de Itaúnas gravado aqui aconteceu em janeiro, na festa de São Sebastião e São Benedito (por volta do dia 16), que também é o festival de folclore de Itaúnas. Vários grupos se reunem nessa data - não só de Ticumbi, mas também de Reis de Bois, pastorinhas, Alardo, Jongo e até de Congo - que não é uma expressão cultural típica lá nessa região.

O Ticumbi, tradicionalmente, acontece no ano novo - entre os dias 30 de dezembro (ensaio) e 1 de janeiro - apresentação.

Quanto às diferenças entre os grupos, não me arriscaria a falar sobre isso pq não sou conhecedora da manifestação. Na verdade, assisti ao vivo pela primeira vez esse ano, em Conceição da Barra. E me apixonei tanto que voltei em meados de janeiro para o festival de folclore de Itaúnas. Apenas afirmo que, como leiga, vi uma diferença fundamental entre os grupos: enquanto o Ticumbi de São Benedito - de Conceição da Barra - tem como característica a idade avançada dos participante, o fato de todos eles serem negros descendentes de quilombolas e um tradicionalismo maior no som, na representação e nos versos, o Ticumbi de Itaúnas tem muitos jovens participando, um grande número de mestiços e até brancos, e tem como caracter´pistica sonora e na representação uma vitalidade diferente dos outros 2 grupos. Me parece que o rítmo do de Itaúnas é mais ágil, mais vibrante e tem mais influencias da música popular.

Ilhandarilha · Vitória, ES 10/9/2008 22:19
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Sônia Brandão
 

Ilha, muito interessante. É muito bom conhecer as manifestações culturais do nosso povo.
bjs

Sônia Brandão · Bauru, SP 12/9/2008 03:19
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O NOVO POETA.(W.Marques).
 

maravilhoso trabalho.votado.

O NOVO POETA.(W.Marques). · Franca, SP 12/9/2008 10:44
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Ilhandarilha
 

Sônia, é realmente bom conhecer essa riqueza toda. Mais legal ainda é ir lá ver ao vivo, participar, sentir a vibração da galera no seu local, seu lugar.
Seria bem bacana se, como sugeriu o Viktor, overmanos de todo o Brasil pudessem plantar aqui um pedacinho da cultura popular de sua própria terra.
abraços

Ilhandarilha · Vitória, ES 12/9/2008 12:14
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Andre Pessego
 

Ilha, nós que acompanhamos estes movimentos e até contribuimos com aquelas pessoas sabemos a dificuldade que é manter viva esta chama da tradição, da ancestralidade. Assim é sempre louvável toda e qualquer iniciativa, fazer um registro assim para publicação efetiva é sobre modo importante,
abraço
andre.

Andre Pessego · São Paulo, SP 12/9/2008 16:40
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Spírito Santo
 

Ilha,

Bacana demais de ver. Gosto muitos destas 'coisas nossas'. Só fiquei curioso sobre o que você acha afinal deste Ticumbi ser mais jovem e com mais integrantes brancos e mestiços além, é claro, dos fatores que você observou que possam ter contribuido para formar as diferenças que assinalou no som deles, em relação aos demais ('batidas mais rápidas e cantos mais soltos, abertos à improvisação).

Sei que não é isto, mas, assim, como passou, sem estas breves elucidações, ficou parecendo que você sugere algum juízo de valor, um caráter evolutivo (no sentido de um é mais avançadoque o outro) nestas diferenças que, presumo, tem lá suas interessantes e nada simples razões.

Abs

Spírito Santo · Rio de Janeiro, RJ 12/9/2008 19:43
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Spírito Santo
 

Ilha,
Na verdade você já tinha respondido - de forma bem clara até - quase tudo (passei batido) respondendo ao lúcido comentário do Viktor .
Fica ressaltado portanto que a descrição - e a opinião - minuciosa, destas diferenças, por parte de qualquer observador, é meio que uma regra básica (não é, de modo algum, necessário ser 'expert' para isto porque estes registros acabarão, inevitavelmente, servindo para dar margem às mais diversas interpretações) .
Cultura oral transmudando-se para a letrada (troca de suportes de mídia, certo?). Se os dados forem insuficientes, lá na frente, vai se formar uma versão muito diferente e vai dar um trabalhão desconstruir e reconstruir o 'arquivo' original. É mais ou menos o que está ocorrendo (pelo menos para mim) com o nosso Jongo véio de guerra.

Abs

Spírito Santo · Rio de Janeiro, RJ 12/9/2008 20:06
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Ilhandarilha
 

Não sei se entendi muito bem sua questão, mas vou tentar responder: não tem, absolutamente, nenhum juízo de valor. Na verdade, se tivesse algum, seria apenas seguindo os critérios leigos que tenho do gostei mais ou gostei menos. No gostei mais, colocaria o grupo mais tradicional, do Ticumbi de São Benedito. Por que gostei mais? sei lá! mas acho que tem a ver exatamente com a manutenção da tradição que eles promovem. É mais ancestral, entende? (visto do meu ponto de vista leigo). No de Itaúnas, senti uma influência maior de outros rítmos, uma coisa mais jovem e mais aberta a influências. E a palavra "aberta" aqui não tem nenhum valor oculto: quer dizer exatamente isso - que é aberta a outros rítmos, outras sonoridades, outras construções.
Vendo o vídeo da mesma cena do auto representado pelos integrantes do Ticumbi de São Benedito, isso fica mais claro. E talvez entre um grupo e outro tenha uma diferença fundamental: enquanto no de Itaúnas - o que vemos nesse vídeo aqui - utiliza pandeiros industrializados, no de São Benedito (o que considero mais tradicional) os pandeiros são todos feitos à mão, com madeira, couro e lata. O modo de tocar também é bem diferente: em Itaúnas eles batem no pandeiro, no de São Benedito as mãos traçam um percurso sobre o couro, escorregando as pontas dos dedos. Você deve entender mais do que eu disso e saber que a sonoridade é bem diferente.
abraços

Ilhandarilha · Vitória, ES 13/9/2008 00:45
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Spírito Santo
 

Ilha,

Pois é isso aí: Beleza de descrição, com a força de mais detalhes. Agora sim, dá pra todo mundo fazer o seu juízo, com ou sem valor. Eu (e você também, pelo visto), embasados pelos detalhes, já podemos ser um tanto ou quanto, saudosistas- ou tradicionalistas, melhor dizendo - na comparação. Os outros, também pela mesma simples razão de conhecer os detalhes, podem achar que houve uma 'evolução', também cobertos de argumentos.
O certo é que esta coisa do processo 'evolutivo', da dinâmica, do transcurso de uma manifestação cultural, ao longo do tempo e do espaço, com a força de certos fatores sociais, econômicos, culturais, etc. influindo mais que outros, fermentando mudanças imprevisíveis, é uma das coisas mais bonitas e interessantes de se ver. Darwinismo Cultural, poderíamos dizer e o Brasil é um prato feito para se obseravr este fenômeno.
O mais bacana mesmo foi descobrir que você (modesta...) sabia bem mais do que nos disse, logo de início.

Abs

Spírito Santo · Rio de Janeiro, RJ 13/9/2008 10:53
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Ilhandarilha
 

Então, essa palavra evolução eu não usei no texto de apresentação, nem nos comentários. Aliás, o conceito de evolução pode ser empregado tanto no sentido qualitativo - quando se usa no sentido de melhoria - quanto no sentido histórico-científico (quando evolução significa uma passagem, na linha do tempo, de uma época ou estágio para outro, mais próximo temporariamente a nós). Nesse sentido, o termo evolução não tem nada de qualitativo. Se (SE) tivesse usado no meu texto a palavra evolução, seria nesse último sentido. O que não caberia no caso do Ticumbi, pois os três grupos que vi são contemporâneos e conterrâneos, ou seja, as mesmas questões temporais, territoriais, sociais, etc agem sobre eles.

O que ´poderia determinar as diferenças entre os grupos talvez seja o que observei quanto à idade dos participantes, a questão étnica que se manifesta de forma diferente no grupo tradicionalmente negro do Ticumbi de São Sebastião e no grupo miscigenado de Itaúnas. Mas não me atrevo a fazer nenhuma análise disso. Não tenho conhecimento suficiente para isso. O meu olhar aqui é leigo, mesmo. Está mais pra palpite que pra certeza!

Ilhandarilha · Vitória, ES 13/9/2008 14:50
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Spírito Santo
 

Sim, sim, evolução , na acepção da palavra é um conceito sem moral, só que 'contemporâneos, exatamente, eles não são. É, exatamente, uma 'linha de tempo' que estabelece as diferenças. A linha do Ticumbi 'dos mais velhos' de São Sebastião, está linkada muito mais atrás, o que é visível em suas características gerais, inclusive étnicas. A linha dos 'miscigenados' está linkada em outras coisas, há alguma novas referências aí. Alguma coisa do Ticumbi 'dos velhos' ficou anacrônica, em relação às características gerais do povo de Itaunas. Ou seja, realmente, as mesmas questões temporais, territoriais, sociais, etc agem sobre eles. só que atuando de forma diferente em cada um, produzindo conseqüências diferentes, 'evolução' no sentido históico-científico sim, ora pois pois.
E sabe o que mais: Todo mundo é leigo nestas ou em algumas coisas coisas. O que vale é se atrever mesmo. Duvido que você encontre um velhiho de São Sebastião que não tenha dúvidas sobre o Ticumbi. Se ninguém se atrever, a vida não anda.

Abs

Spírito Santo · Rio de Janeiro, RJ 13/9/2008 15:24
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Ilhandarilha
 

Veja como são as coisas: só agora me dou conta que esqueci de falar de uma diferença muito importante entre os grupos: o Ticumbi é uma manifestação tradicionalmente masculina - mulheres não participam, não existem personagens femininos.

Como é uma representação - um auto - onde dois reis disputam, e há lutas nessa disputa, todos os personagens são masculinos - os reis, os embaixadores e os congueiros - que são também os vassalos e guerreiros. Não existe espaço para personagens femininos. Pois não é que no Ticumbi de Itaúnas existe uma mulher? Ela propôs a participação, e o grupo aceitou. E como não havia um personagem onde ela pudesse entrar, ela criou seu próprio personagem (assim como sua roupa e sua performance no auto). Ela é a carregadeira do santo (tem foto dela no post Benedito e Sebastião, sentada ao lado do violeiro). Entendeu agora o que disse sobre o de Itaúnas ser mais aberto que os outros?

Ilhandarilha · Vitória, ES 13/9/2008 16:18
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Gunga Costa
 

Minha tão cara Ilha,

Mais uma vez o Glorioso São Benedito e seus fidelíssimos devotos adentram a web por vossas mãos...

Se me permite um aparte, de fato essas questões de juízo de valor são bastante subjetivas, no entanto, devo referendar a tradição do Ticumbi de São Benedito . E se o faço, é em honra a Seu Terto, imponente e altivo Mestre daquela dança guerreira de Conceição da Barra. Mestre Terto e seus longevos companheiros, estão há décadas e mais décadas na Grande Roda do Ticumbi, e de lá viram a Itaúnas Antiga ser soterrada pelas rajadas de vento, viram a Bugia linda ser tragada pelas águas, viram o deserto verde encobrir o Norte do Espírito Santo... Viram e perceberam que uma coisa estava ligada à outra! Viram e sobretudo cantaram!

Daí, creio que não poderia ser diferente. Conhecimento, arte, devoção, são coisas que só com o tempo se aprimora.

Quanto ao Ticumbi de Itaúnas e o Ticumbi do Bongado, fazem cada um muito bem a sua parte. Afinal, infelizmente, um dia os velhos Mestres terão que nos deixar. Mas felizmente, existem seguidores que perpetuam seu legado. Dialeticamente.....

Aquele abraço!

Gunga Costa · Vitória, ES 13/9/2008 17:00
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Ilhandarilha
 

Tem um vídeo no youtube onde seu Bibi - congueiro do Ticumbi de São Benedito (que tem o seu Terto como Mestre) - explica pq o mar invadiu a Bugia. A fé e o Tucumbi são unos, mesmo, Cíntia.

Ilhandarilha · Vitória, ES 13/9/2008 17:12
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Ilhandarilha
 

Para quem quer entender a diferença entre o Ticumbi de Itaúnas e o Ticumbi de São Sebastião, de Conceição da Barra.

Ilhandarilha · Vitória, ES 8/10/2008 21:58
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