Uma confissão

A primeira vez que fui ao Cardápio Underground foi em 2006. Fiquei impressionada logo de cara, quando vi o Boom Boom Chicks tocando. Sempre achei incrível banda de meninas, ainda mais quando uma está na bateria. A outra cantava e um cara tocava guitarra. O som era inacreditável para mim, que ainda não estava acostumada com tanto despojamento. O visual do lugar também era impensável. Aconchegante e moderno ao mesmo tempo. Tudo ali remetia ao velho “do it yourself�. Fotografia, artes plásticas e som no mesmo ambiente. Um aspecto contagiante e pegajoso, daqueles que você nunca mais quer largar, pairava no lugar.
As pessoas que circulavam por ali eram completamente diferentes umas das outras, cada uma em seu próprio estilo e influência visual. Mas todas com a mesma e simples intenção: curtir! Aquela noite me marcou muito, parecia ser algo mágico. Um mundo novo estava se abrindo para mim. Algo com o qual eu só imaginava, ouvindo aquelas histórias de pubs londrinos ou qualquer outro lugar que juntava gente a fim de desfrutar de um pouco de boa cultura contemporânea.
Naquela época não imaginava que hoje faria parte da equipe que organiza tudo. Mas já sonhava com isso. A oportunidade de me “enturmar� veio quando, para incentivar uma de minhas sobrinhas nos inscrevi numa das oficinas do Festival de Inverno de 2008, a de vídeo. O que nos levou a produzir um curta metragem, que nos levou a filmar o Cineclube, já que nosso trabalho falaria sobre o fechamento do Cine Bragança. Dois meses depois eu estava escrevendo meu primeiro release para o Espaço Edith Cultura, justamente o do Cardápio Underground.
Neste quase um ano que colaboro com o que acontece por aqui, descobri muito mais coisas. Tive coragem de publicar minhas poesias depois de ver a “1° Mostra de Cadernos de Artes�, no ano passado. Me apaixonei por Joy Division depois de assistir Control. Conheci pessoalmente bandas que despontam no cenário nacional, com Macaco Bong e The Name. E aprendi que é possível, sim, ser idealista.
Esta semana, ajudando a montar nosso portifólio, percebi o quão importante é o que estamos fazendo. Nem sei se já posso me incluir nesse nós, porque ainda sou caloura aqui. De qualquer forma, é reconfortante perceber que tem gente que ainda quer fazer a diferença. Por outro lado, é ingrato descobrir que não dá pra viver de cultura, apenas sobreviver.
A sexta edição do Cardápio Underground está chegando. E ela já faz parte da história.