Enquanto esperava o ônibus chegar, fiquei observando a turma do outro lado da rua, que, supostamente faria a excursão à Gruta de Maquiné.
Ao todo, eram dez . Muitas mochilas, batuques, bebidas e uma alegria contagiante.
A viagem estava marcada para as três horas da madrugada. TÃnhamos um longo caminho pela frente, precisamente seis horas. Nisso chegou o ônibus, bem velhinho, poltronas furrecas, janelas pequenas, mas tudo bem!
Fazia um mês que sonhava com aquele passeio.
Dei um toque no maridinho e queria, de todo jeito, levar as meninas (uma com quatro e a outra com dez anos).
O passeio ia ficar baratinho, mesmo por que não tÃnhamos carro.
O maridinho topou e lá Ãamos nós quatro, felizes, sem saber direito o que terÃamos pela frente, a não ser uma grande expectativa.
As crianças sentadas no nosso colo, as sacolas no porta-malas e achamos um lugarzinho para o lanche, na poltrona de Maria Isidoro ( uma solteirona que aproveitou a viagem para pagar uma promessa a São Geraldo, em Curvelo).
A turma do barulho acomodou-se no fundo do ônibus.
Sentei-me, ajeitei as crianças e pensei: Agora é só fechar os olhos que o sono vem.
De repente, a batucada comeu solta.
A turma estava animada mesmo. Rolou até música de carnaval.
TÃnhamos duas opções: Reclamar ou entrar no ritmo deles.
Optamos pela segunda.
Lá pelas tantas, as meninas aninharam-se no nosso colo e puxaram a palha.
A turma continuou animada, turbinada pela caipirinha.
Acordamos com o barulho da sirene de uma viatura de polÃcia que parou o ônibus para dar uma advertência.
É que a animação dos jovens batuqueiros ultrapassou o limite do ônibus, chegando a incomodar outros viajantes, inclusive os policiais, que estavam de plantão por aquelas bandas.
A alegria falou mais alto, o frango assado selou a paz entre os policiais e os batuqueiros.
Em Curvelo fizemos uma visita ao Santuário de São Geraldo e por voltas das dez horas chegamos ao nosso destino.
As meninas desceram do ônibus saltitando e nós também.
Nunca tÃnhamos entrado numa gruta. Só na Mina de Ouro, em Passagem de Mariana, mas não era uma gruta de verdade.
Compramos os ingressos e chegamos à entrada da gruta. Lembro-me do arrepio que senti ao dar de cara com tão linda obra da natureza.
Marcos ficou extasiado!
Claro! Amante da natureza como ele é!
Lembro-me, apesar da pouca idade, da curiosidade das meninas, do brilho dos seus olhinhos, ouvindo o guia contar tintim por tintim como se formaram os estalactites, os estalagmites, os fósseis dos animais pré-históricos, as pinturas rupestres, e cada detalhes dos salões ( sete, ao todo).
Qual foi meu espanto ao me encontrar com a turma da batucada ao pé da gruta,todos sentados, bebendo suas cervejinhas, cantado sem parar.
---- Uai! Vocês não vão entrar para conhecer a gruta?
---- Que gruta que nada! A grana que a gente ia gastar pra entrar, juntamos e deu pra comprar mais cerveja, disse a Celeste.
Puxa vida! Não deu pra engolir aquilo. Dei o maior espalho e coloquei todo mundo pra dentro da gruta.
A volta foi mais calma, acho que a energia daquele lugar magnÃfico contagiou-nos, proporcionando um sono celestial.
Até hoje encontro a Celeste e ficamos relembrando a viagem.
Bem, ela morre de ri e eu mais ainda.
Ana, mais umas bela obra poética, deixando meu votinho cariños
Berioliveira · Vitória da Conquista, BA 31/3/2008 02:57ana, já havia comentado antes. De jnovo, um texto com a sua cara. Abraços Danilo.
danlima · BrasÃlia, DF 31/3/2008 14:49
Ana,
Fez-me voltar no tempo quando morei por algum tempo em Minas Gerais. Fiz uma pós graduação na Faculdade de Ciências Econômicas, logo que terminei a graduação. Foi a primeira dentre várias idas as Minas Gerais.
Naquele perÃodo nos finais de semana juntavam-se todos os colegas de fora, sempre cinceroneados pela turma da casa, e viajávamos por todos os lugares da bela Minas Gerais. Cada final de semana era em um local. Assim conheci boa parte das cidades históricas, além de curtir Belô.
Saudades do curso, da turma, dos professores.
Saudade dos mistérios que rondam as Grutas.
Obrigada por proporcionar esta viagem na madrugada.
Beijos e votos,
Regina
Está votado. Aninhamineirinha.
João Everton
Beri, david, dan, Falcão, Ailuj, Cintia, Regina, Nydia, Victor e João Everton,
Sigo viajando no Overmundo ao encontro de pessoas como vocês.
Agradecida pelos comentários e votos.
Um abração mineiro.
Querida Ana:
Fui contagiada por esse belo conto. Penso que viajei...
Beijos_Meus*
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