Paulo é um homem discreto, apesar da profissão. Ele é músico e toca num grupo de jazz. Está sempre em evidência, embora nunca em primeiro plano. Isso lhe cai bem, pois ele pode andar pelas ruas de Ipanema e do Leblon de madrugada sem que ninguém o perturbe.
Paulo gosta de caçar. Não importa sexo, cor, religião: basta que seus olhos pousem sobre a vítima e um arrepio sutil percorra seu corpo, da base da nuca até a virilha, e pronto. Ele joga seu charme, sempre da maneira mais adequada para o caso. Quase sempre consegue, e é nisso que reside o perigo, pois Paulo conhece bem o velho ditado árabe que diz “Cuidado com o que você procura, pois pode conseguir.” Às vezes Paulo consegue até demais: ele se apaixona.
E então tudo é felicidade, estado de graça. Paulo se entrega à paixão. Seu parceiro do momento também, e sempre se entrega mais (Paulo não escolhe aleatoriamente, afinal). Um dia, de repente, tão súbita quanto no começo, a paixão se acaba. Para Paulo isso não é nada demais, ele já está acostumado: turnês na estrada, viagens constantes, essas coisas não ajudam um relacionamento que se pretenda duradouro.
Mas para seu parceiro da ocasião, a indiferença que Paulo afeta nesse momento é dolorosa. Essa é a pior parte: é o tempo das brigas, das discussões, das ameaças, às vezes das agressões. Paulo sempre sai ileso dessa fase desagradável: não se pode dizer o mesmo de seus amantes. Uma se matou, outra surtou, um terceiro fez anos de análise. Paulo suga todos que se envolvem com eles. E depois joga fora.
Fabio,
Saudações pantaneiras!
Gostei do dicionário. Mas prefiro seus textos poéticos.
abraços
Obrigado, Arlindo!
Pena que eu não seja poeta: meu forte (ou meu fraco, sabe-se lá) são os textos em prosa. (o que eu publico aqui são aquelas poesias de fundo de gaveta)
Vampiros... figuras sui generis essas. Tá muito bacana esse material Fábio. Será que nesse dicionário tem fadas, elfos, duendes e salamandras?
Bia Marques · Campo Grande, MS 19/10/2006 13:15
Bia, fadas e elfos tem; só não sei se você vai gostar.
Já duendes e salamandras não, mas é um caso a se pensar para o futuro...
Ora ora, amigo Fábio! Este seu "dicionário" está mesmo prometendo um bocado. Vou ler os outros "verbetes" com calma depois, mas este está mesmo muito bom. Conheço alguns vampiros e vampiras por aqui...
São pessoas tristes, cheias de tristeza à volta, mas que estão sempre sorrindo. Alegria roubada, talvez...
Não sei se estou ansioso para ver o que você falaria sobre os Duendes, hahahahha :D
Abraços do Verde.
Em tempo... gosto de sua prosa, companheiro.
mais abraços do verde.
Valeu, verde!
Em verdade, em verdade, vos digo: este dicionário não é recomendável para quem tem coração fraco. Em breve, as fadas e os elfos vos dirão por quê. ;-)
Para minha sorte a sensibilidade e a fraqueza não andam juntas... Fracos são os insensíveis. Lerei seu dicionário com prazer, meu velho. :D
Abraços do Verde.
E o primeiro que chamar minha foto de "emo" vai ter que me pagar uma cerveja (e eu gosto de cervejas bem caras)... :)
Daniel Duende · Brasília, DF 19/10/2006 13:47
Conheço uma vampira, muito minha amiga...
Vou recomendar um certo dicionário a ela.
hehehehe....
Obrigado a todos! meu coração punk agradece penhorado!
Coração punk? :D
hahahahahaha
Então tá bom... :)
abraços do verde
Fábio, já não é mais coisa de gostar... Teus arquétipos são criaturas que, de um jeito ou outro, com esse nome ou aquele, já vi por aí. Adelante!
Bia Marques · Campo Grande, MS 20/10/2006 18:57
Pois é, verde, eu já fui jovem um dia...
;-)
Bia, você tocou no ponto central. Os arquétipos são exatamente isso: figurinhas carimbadas que vemos todos os dias na rua.
Fábio Fernandes · São Paulo, SP 21/10/2006 12:08
Acho que esse é o meu preferido! Acho que é o que mais tem aí solto pelo mundo, pessoas sugando as outras, a felicidade, as amizades, o dinheiro, o carinho, a atenção, tudo! Acho que por isso eu como tanto alho, pra ver se espanto os vampiros e vampiras, só que acabo espantando outros seres também...hehehehe...
Abraços!
Ora vamos lá...
Rangel, esta foto aqui ninguém chama de EMO (embora já tenham implicado com meu cigarro... hehehe) :)
Fábio, e depois que você foi jovem, o que você virou? De qualquer forma, você e seu texto parecem bem jovens e cheios de vida para mim, então não me venha com churumelas, meu amigo. :D
Ana, este mundo está mesmo cheio de vampiros e outros monstros. E viva o alho, que sempre me atraiu em vez de me espantar. (afinal, acho que eu consigo gostar mais de alho do que você, e isso é muuuito, não?) :D
abraços do verde a todos :)
p.s. estou devendo a leitura de todos os outros verbetes. lerei... comentarei.... em tempo. :)
"Fábio, e depois que você foi jovem, o que você virou? "
Duende do céu!! Esta me doeu ao peito! :-(
Eu ainda sou jovem - afinal, ter quarenta anos hoje em dia não é a mesma coisa que no tempo de meu finado avô, que Deus o tenha. Anyway, não chorumelarei mais (esse verbo existe?): esses contos foram escritos entre 1998 e 2003, mas resumem uma certa experiência de vida (e de escrita de ficção também, que nem tudo o que está nos verbetes foi baseado em fatos reais).
E esta é a segunda sacaneada, hein, rapaz? Eu tenho mais possibilidade de ter sido punk (pelo momento histórico) do que você de não ser emo, hehehehehe...
;-)
Fábio, meu amigo... não foi uma sacaneada. Foi um puxão de orelha! Que papo é esse de "já fui jovem um dia"!?
Não tenho dúvidas de que você foi punk, e nem tenha dúvidas de que eu sou EMO até o dedo mindinho do pé, mas não conte para ninguém pq eu nego! :D
hahahahaha
Abraços do Verde.
Ainda bem que o antídoto para vampirismo é o tal de amor...
Senão, estaria eu por ai sugando tantos outros!
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