Foto: Mobius_Klein/Flickr/Creative Commons
Se pensas como (eu) acredito
(E colhes do que semeias) naquilo que te alimenta
Através de todas as paredes inumanizadas,
Bem hás de recusar o que se vaza do suor frio das calçadas;
Do luminar dos passos em desequilÃbrio de olhares,
Por vezes outras, a encharcar de ossos recozidos:
Os que arquitetam as palavras baldias.
.................
Ah! Segundo o que se ouve nas esquinas,
O barro da palavra não engravida a carne
Sem antes ponderar em despachá-la como genuflexão,
Ao purgatório das expiações maldizentes;
Ou quem sabe até espargi-la, a longes dores de si...
.................
Sei (muito bem) que o que se gala sob o papel,
É o que (se) sobra da fomedez dos passos recolhidos;
É o que (se) gema da fêmea mandÃbula
Dos abomináveis aspectos das neves;
É o que (se) resta do tênue instante amortecido;
É o que (se) cospe do ventre desgalhado da partida;
É o que (se) ressurge no peito repartido –
A fúria do grito irremovÃvel, nunca.
.................
Se pensasse como (tu) acreditas
E recolhesse do que me apraz confiscar,
Por meio de todos os estômagos desprezados.
Bem poderia (eu) içar o que jaza sob as virgens palavras
E seus corpos mui-anecrosados...
Mais do que repartir o que me abunda é o que bamboleio ao cerne:
HÃmen que se origina da cambraia desnuda,
Qual amor finado em javanês
Desventurando-se infeliz à luz da imprecisão
De todos os nossos quânticos desejos.
.................
Ah! Tal a condolência tecnocrata ofertada aos mortos,
O que se vê sob os escombros das águas selvagens,
É o mesmo lodaçal que, inútil e lerdo se move
Às lágrimas recorrentes;
É o que antes de nascer
Não merece nem emprenhar-se de carne,
Tampouco julgar-se capaz de amordaçar o poeta;
Ou, de pô-lo ao reboque do purgatório
Dos sexagenários carrascos do estirão sem fim.
Ai! Não fosse a palavra gordurosa como os lábios perdidos
Da última mulher,
Oh! Meu Amor, o gozar
Calar-se-ia em prantos...
.................
Sei (de antemão) que o que se mata sob o papel,
É o que (se) exala da fragrância das orelhas entupidas;
É o que (se) vomita da noite copulada
Dos Ufos analfabetos;
É o que (se) defrauda da vagina e do instante enfraquecido;
É o que (se) governa no imo desflorado da ausência;
É o que (se) assassina no coração rejeitado –
A degola do beijo inesquecÃvel, jamais.
Benny Franklin
De versos e homens e gritos, de beleza, dor e do que se pretende emudecedor, de tudo encontrei nestes versos.
Preciso reler, reler bem alto para perceber tudo o que "jaz sob as virgens palavras".
beijos
esse verso são brilhantes!!!!ofuscam qualquer um, com uma riqueza de inefáveis palavras e um dizer que , por pouco, não desacelera a alma, tornando-a carne, sobejo de si mesma.
excelente!!!!
abraços,
Hombre!!!
Mais uma pérola para os que buscam pérolas,
mais uma flor para os que querem jardim,
junto à concha e aos espinhos
que ferem desavisados ou salvam-lhes o prumo.
Sois um garimpador de jardins caro Benny,
GRANDE abraço!!!
Benny só vc e a poesia deixam-me assim, embevecida e apaixonada, teus versos fazem-me esquecer o mundo.
Bjs
Benny! São versos excelentes! Maravilhosos!
(Confissão, bem baixinho, no ouvido: tem tantos "batatinha quando nasce..." aqui no Over que eu até passo batido de muita coisa boa que está soterrada por tanta "tentativa poética"!!!)
Tremendo poema! Hoje foi o dia em que eu li, aqui no Over, três grandes, três imensos poemas, num só dia! O teu, o de Adroaldo e o de Nivaldo! Estou feliz e encantado! Meus parabéns efusivos! Lindo, lindÃssimo, um canto raro.
Abração do,
Baduh
Mais um mÃssil, rompendo auroras... Abçs...
Nydia Bonetti · Piracaia, SP 28/8/2007 22:57
Que maravilha Benny. Estava com saudades dos seus versos.
Como estou chegando de viagem, volto depois pra ler com mais calma e pra comentar com mais vagar o que senti lendo esses versos baldios.
Bj
Brilhante o uso dos parênteses!
(...)É o que (se) vomita da noite copulada
Dos Ufos analfabetos
.Perfeito,mantendo seu excelente léxico.muito bm!
barro da palavra não engravida a carne
Tudo imprimo e encho-me de saber...
Teu brilho me faz bem Benny.
Parabens, mais um paraler e reler...
Poeta das Orquideas Selvagens um abraço
forte.O.S. Henry Ford rs.
Você é monstro Benny! Ter um poeta como você como possibilidade de leitura cotidiana enriquece o sujeito...
Vou ler...reler...e reler...só pra esticar o prazer...
Grande abraço
Inquietos, perturbadores, selvagens, baldios, verdadeiros, definitivos versos... Agradeço humildemente o incomparável prazer da leitura de tua poesia.
Reverências e flores diante de tua poética@>--
Beijos pra você!
Augusto dos Anjos anos 2000...Pungente, como sempre, indignado, abandonado como o "lobo na estepe"...Soltando uivos...
BJK
Cris
Grande Benny!
Uma poesia requintada... e baldia.
Abraços.
Voltei para votar. Reler, reler, reler...
beijos
Teus versoss são uma luz de poste acesa em terreno baldio.
Iluminando a chegada de UFOs. Uma sentinela.
Benny, meu amigo,
a urdidura dos sentidos que compõem tua poesia é, como bem percebeu a Adriana, perturbadora - e, digo eu, enriquece por não ser óbvia. "O barro da palavra não engravida a carne", mas quando a poesia namora Augusto dos Anjos, Maiakóvski e Rilke, dentre outros - como a tua o faz -, o verbo torna-se a própria carne, o barro genésico das origens, o grito, no parto dolorido dos sentidos. Uma apoteose de imagens caleidoscópicas, mutatis mutandis, para serem simplesmente vividas, como a própria vida. Portanto, mais uma vez, salve, poeta! É o que posso dizer.
Um abraço.
Amigo Benny.
A vida me ensinou que existem muitos poetas que fabricam poesias e poucos que realmente fazem poesias.
Certa vez, Castro Alves, embora exagerado na sua exclamação, ao passar pela sua amada, mirou nos seus olhos e disse-lhe: Amar-te é melhor que ser Deus, e logo seguiu seu caminho. Um segundo de inspiração revelou a intensidade do seu amor, da sua poesia.
Você, Benny, é um desses poetas que fazem poesias. Pela inspiração. Pelo talento
Abraços
Noélio
BENNY,
sempre surpreendente e, por mais que diga em seus versos, sempre há mais o que dizer!
"o barro da palavra não engravida a carne"
Abçs de Betha.
Talvez, Benny,
Quando já forem 2100 primaveras vividas, repletas de engenhocas nunca vistas pelos homens medianos, os nossos entes, dirão de Ti:
"Este foi Poeta. Um Grande!... Viveu a Poesia como poucos a viveram".
Abraços, Caio.
Um verdadeiro banho de poesia, amigo Benny. Maravilha, meus sinceros aplausos e abraços.
Carlos Magno.
Sempre surprendente! Palavras sempre ousadas na ousadia de romper com o concreto e estabelecido.
Parabéns Poeta,
Abcs
Benny
Votado, como diz Carlos magno banho de poesia...
Parabens sempre.
Poesia de primeira qualidade. Parabéns! inspira e motiva.
abraços.
mano benny,
é de fulgurações tais que se fazem em importância de além-tempo o que nos cabe como poetas: guardar as potências Ãntimas da palavra, insuflando-as de sopros contÃnuos e plurais, na intenção da poesia, ou seja, comunicar sentidos sempre em mutação - como bem apontou o nivaldo. já te falei diversas vezes do que me causa a leitura dos teus textos; sempre fico numa sensação de estar aquém de compreendê-los... mas aà lembro de clarice, e apenas os vivo, circunstanciais, ultrapassando qualquer entendimento.
abraços!
r
Remoendo a acidez das querências encarquilhadas nas águas furtadas de quais velhos casarões, caro Benny Beat Franck? Allen palmilhando alguma lata de lixo capitalista não poderia encontrar material mais humano do que esta tua poesia urgente/insurgente. Cada vez mais sentimos-nos mais próximos do nirvana lendo tuas palavras que ferem fundo como se ponta de punhal atravessando o olho dalgum desavisado cão andaluz...
Pepê Mattos · Macapá, AP 29/8/2007 22:44
Caro Benny:
Já passei várias vêzes pelo teu poema, li, reli, votei, reli de novo ... A opulência de sentidos, signos e significados que brota da tua verve poética torna sempre esse espaço exÃguo para um comentário que faça jus a ela.
Grande parte dos comentários aqui já feitos são também a expressão do que eu poderia ter dito antes. Mas se eu pudesse resumir em poucas palavras, eu diria: teu poema é uma das mais belas defesas da poesia que eu possa ter lido.
Um abraço.
Faço tambem minhas as palavras do Levi.
Benny, que grandeza e força tem a tua poesia.
Parabens. A ser relida, sempre.
Um abraço,
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