Andarilho I O mundo, imundo não pode lhe ajudar agora Levanta-te, pois sabes que já é hora de mostrar coragem Não sabe por quanto tempo tem andado em sua longa viagem E do teu sopro da vida mendigado, quanto lhe resta? Indignado Não herdaste dos poucos a boa-sorte Nem tem passaporte para a morte que habita velhas ruas estreitas Sombras esguias não lhe provém conforto Eu sei, não estás morto, mas mesmo assim precisa descansar Compreendo seu desalento pois como eu sabes que a morosidade da cidade aos poucos nos mata Veneno se propaga Lhe pergunto o que sabes sobre o teu destino em um momento de devaneio, desatino Mas logo desisto, pois vejo que tudo que nesse instante se deforma dá forma ao teu sentimento II Sou aquele que vê o sol nascer da janela de um trem Aquele que sente a dor de uma maioria,também Dia após dia madrugada adentro Sangue, suor preces, lamento Aquele que aperta o passo para ao meu destino chegar antes dos primeiros raios de sol Antes do mundo me enxergar me condenar Pareço até temer esse mundo e eu o temo No pôr do sol encontro a tristeza Quando a noite cai, digo-lhe: Decifra-me E ela me devora, com todas as minhas fraquezas Digo ao mundo para que quando me vir, não acene, não encene um acaso Pois nem a estrada, nem o sono perdido na madrugada Irão me mudar Não, não Nem armas à mostra Nem tão longe que eu possa caminhar Nem corações feitos de pedra Nem a tristeza que nos traz a guerra Nada vai me mudar Wagner Miranda www.adeusdoporto.blogspot.com wagner_weller@yahoo.com.br