nas montanhas do Jura, sem roupa de frio. Tendo escapado, com
vida, de 17 ferimentos
de bala em combate, agora, abandonado
na prisão, e aos 57 anos, não resiste por muito tempo,
morre em 7-4-1803” (os jacobinos negros, pág. 329/331). (Os exércitos do mundo
ainda não permitiram
ser divulgado o final dos filhos de
Toussaint L’Ouventure).
Estes dois nomes, estes dois
homens, são figuras centrais e determinantes nos acontecimentos que gerem a
América, nos últimos 200 anos. Toussaint L’ouventure, até então Toussaint
Bréda, um escravo de 45, começa a
dirigir seu povo, deixando se imolar por ele. Napoleão - partindo de 1793,
quando assume seu primeiro comando militar, alcança o título de o homem mais poderoso
da História, já em 1802, quando se faz Primeiro Cônsul, para coroar-se de tudo
em 1804.
1804
– O Vértice da História.
Depois de 14 anos de Guerra, o povo do Haiti derrota o maior, o mais poderoso exército da terra. Impõe a Napoleão Bonaparte a terceira derrota militar. E a primeira derrota político-militar.
(Em nenhuma biografia de Napoleão consta a derrota para o povo do Haiti; nenhum livro didático no Brasil, consta a derrota dos exércitos napoleônicos pelo negro Haiti).
Vitória da Aliança, a vitória do intercâmbio.
Em
toda guerra há o envolvimento de tantas nações de um quanto do outro lado. Toda
vitória, numa guerra, é o produto da união de um grupo de nações. Assim a
vitória do Haiti está recheada de alianças: O interesse pelo açúcar e pelas
terras agricultáveis do Haiti ora trazem a Espanha; ora, a Inglaterra; ora
atraem os Estados Unidos, cujo fornecimento de armas, foi de grande
importância.
Revolução
“negra” do Haiti, é força de expressão, porquanto o negro era a maioria do
povo, mas a Revolução, a Guerra do Haiti, foi do seu povo: negros, brancos,
mulatos, mestiços, inclusive da grande maioria de estrangeiros ali residente,
também no próprio seio da França. Os
anais dos acontecimentos provam. Não houve, salvo os casos de exceção,
confronto (de comando) entre negros e brancos . Quando houve foi “traição”,
quase sempre entre “mulatos e negros”.
A
expressão “negro do Haiti”, e não POVO DO HAITI, vem sendo usada para isolar
aquela Nação, aquele povo do resto mundo. Servir de entreve ao intercâmbio.
Fortalecer o bloqueio econômico-comercial-diplomático. O bloqueio econômico
mais longo e mais geral da História, mais de 200 anos.
“Um único espírito reina aqui
(na França):
é o horror à escravidão, o entusiasmo pela liberdade. É uma exaltação que conquista
todas as mentes e cresce a cada dia”. Garran-Coulon, v. II pág. 223. (
trecho do julgamento de ex-governador branco do Haiti, na França, considerado
traidor, no bojo da contra marcha da Revolução francesa. 11-8-1789.
1807
– O NEGRO BRASILEIRO, o novo perigo. Derrotado,
em 1804, Napoleão sabe ser impossível retomar o Haiti, sem destruir as
lavouras. Ainda em 1806, retoma as ações diplomáticas, tenta convencer às três
potências escravagistas do perigo que corriam, com suas colônias da América,
cada uma com algum contingente negro. E o negro era o perigo. Espanha se
opõe; Portugal titubeia entre Inglaterra e França. Napoleão sai na frente,
invade a Espanha, como prova de força;
corta o abastecimento de açúcar (haitiano) à Inglaterra. (Somente prova de
força).
1807 – A colônia portuguesa, Brasil, detinha o maior contingente negro
da América, em número absoluto. O Brasil já contava com o episódio Palmares.
O perigo não estava em Portugal, mas no Brasil. As mesmas potências que se
aliaram ao Haiti, contra Napoleão, unem-se contra o perigo que “representava
uma revolução de pessoas negras na América”.
1807/1808 –França, Inglaterra, Espanha se unem, como que num passo de mágica.
Bloqueio
continental: A França estava livre; Inglaterra, insular, protegida. Portugal e
Espanha sob os interesses comerciais ora da França, ora da Inglaterra.
De
que continente? De quais mares?
Do
continente, o Europeu? – Não. E Qual Continente?
-
O
Continente Americano. Os mares do Caribe. Ali estava o gargalo.
-
Para
continuar o bloqueio sem prejuízo do comércio europeu que deveria fazer a
Europa?
-
Abrir
os mares, do Brasil. Com isto matariam
a Revolução do Haiti.
-
E
no Brasil também estava o açúcar.
-
E o Brasil podia acabar com o Haiti, sem um
tiro. E está fazendo com muitos tiros.
Napoleão decide: quer alguém para vigiar o montão de negros existente no
Brasil. E quem?
-
A
França não confia se não na própria família real portuguesa. Portugal vacila.
Napoleão invade Portugal, exatamente
com o apoio da Inglaterra, e da Espanha.
1808
– Um dia imaginamos o grau de
inteligência de D.João VI: como sua
majestade fazia para governar Portugal, com ordens partindo do Brasil?
Como pode governar Portugal?
(A esquadra que trouxe a Família Real demorou 54 dias entre Portugal e
Brasil, como seria possível um governo partindo daqui?)
-
Não
Governou. Quem governou Portugal, no período em que a família real esteve no
Brasil foi o inglês Lord Strangford. Sim, com o título de embaixador.
-
Que
veio fazer a família real, o Imperador (regente)? – Veio ser Capitão do
mato.
-
Era preciso alguém de confiança de Napoleão
para vigiar os negros do Brasil. E vigiar, alguns brasileiros envolvidos com os
movimentos de Independência, a exemplo do Haiti.
D. João veio para implantar
a política de SUBSTITUIÇÃO do negro brasileiro. E ai come-
ça a política de desafricanição do Brasil.
E
aí começa o bloqueio econômico-comercial-tecnológico ao Haiti.
Foi, tem sido, a falta do intercâmbio que fez a escravidão africana, a mais pungente, a mais longa da
História. E a falta do intercâmbio vai
matando, (matando mesmo) o negro brasileiro.