Descrição de praia parece sempre igual: gente bonita, mar bonito, coisas bonitas. Prometo que vou tentar fazer diferente.
Vamos falar de Barra Velha.
Barra Velha recebe esse nome por causa da lagoa formada por dois rios que antes de chegar ao mar formam uma lagoa. Essa porção de água doce fica separada do mar por uma estreita faixa de terra que forma a barra. Apesar de estreita, essa faixa de terra possui casas e uma estrada que nos leva até a foz da lagoa.
A história do lugar é antiga. Tendo sido relatado por navegadores desde o século XVI, a região de Barra Velha já havia sido habitada milhares de anos antes por povos pré-colombianos que deixaram boas lembranças para a cidade: escrituras rupestres, utensílios domésticos de até 6, 7 mil anos atrás e vários sambaquis. No entanto, a ocupação dita oficial começa em 1856, quando o município é finalmente fundado, habitado por colonos portugueses.
Há, na cultura local, muito do que se perdeu pelo litoral brasileiro. Em Barra Velha foram mantidas muitas das tradições dos imigrantes. Historiadores encontram por ali características interessantes: tendo sido colonizada por “portugueses”, pode se ver mais olhando um pouco mais de perto, como traços de cultura açoriana (da ilha de Açores) e portuguesa continental. Contando com cerca de 18 mil habitantes, a cidade que chega à casa dos 100.000 durante o veraneio pode se orgulhar de ter, em algumas de suas nova praias, ilhas culturais de pescadores. E uma paisagem exuberante.
Talvez menos visitada do que devesse e mais do que o recomendável (turista nem sempre é educado), a barra do Rio Itapocu em Barra Velha é um dos lugares mais bonitos do litoral catarinense.
A visão começa a mudar assim que se sai da estrada geral e se entra na Praia do Grant. Talvez por estar resguardada por morros ou por ser também habitada por pescadores, o cheiro desse lugar é ótimo. Há ali uma igreja católica (normal, em se tratando de colonização açoriana) e uma praça onde se encontra a Estátua do Pescador. Pela Praia do Grant chega-se à Praia da Lagoa e ali se encontra a entrada para o belo — e praticamente selvagem — caminho até a foz do Rio Itapocu. Nessa região costumavam se estabelecer fabricantes de óleo de baleia, quando ainda se permitia pescá-las. Barra Velha era um dos grandes fornecedores desse óleo para o imperador Dom Pedro II.
Nos oito quilômetros de trajeto entre a água doce da lagoa e a água salgada do mar, são vistas poucas casas. A vontade é de parar a toda hora para fotografas as várias espécies de aves e os animais que habitam o mangue do Rio Itapocu. Como a estrada termina mesmo em areia, os últimos cem metros é melhor que sejam feitos a pé. Uma pena não ter ali um mirante para se poder ver de cima o lugar onde se está. Mas o vento que bate na orelha e tanto, tanto verde são tão impressionantes que nenhuma fotografia panorâmica poderia ser melhor que presenciar esse encontro entre doce e salgado, rio e mar.
Que pena que não tem mais fotos. Tantos lugares que a gente nem sabe que existem. Parabéns pela divulgação desse lugar maravilhoso.
Abraços mineiros. Votarei.
Ana, este é um lugar que realmente me orgulho de ter conhecido. Encontrei-o quando, numa saída em família em busca de material histórico sobre a família de minha mãe, lembrei de uma capa de lista telefônica que tinha uma fotografia absurda do encontro do rio com o mar. Gritei, insisti, chorei... (isso, passado dos 20) e fomos até lá - usufruindo da vista, do cheiro e guardando cada imagem como recordação. Um lugar belíssimo e de fácil acesso.
Volte sim!
Grande abraço.
E não é, Guilherme. Mas as fotos são somente uma fração ínfima da beleza real do lugar. Que tal passar por Barra Velha no próximo veraneio?
Abração.
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