Bairro do Varadouro

Ando sempre pelas ruas do Varadouro. Acho esse bairro fantástico. Foi aqui que a cidade começou, tem o Museu de São Francisco para visitar e saber de toda a história do começo da nossa terrinha, mas se você ficar ali na frente vai ver as meninas saindo do colégio PIO X e João Paulo II. Ai você pode dar uma conferida no que elas vão fazer no shopping Tambiá ou virar a direita na praça e passar na frente do antigo Cine Municipal, bem pertinho da Musica Urbana, a loja de CDs usados mais rock da região. Você pode descer para a Lagoa - ou Parque Sólon de Lucena para quem gosta da formalidade do nome - e observar milhares de histórias acontecendo. Ambulante, flanelinha, protestantes berrando, quem saiu da C&A carregado de sacolas.

Você pode pegar o ônibus, mas eu prefiro ir a pé até a parte baixa. Passando pelo Shopping Terceirão, só muamba da boa, muito boa. Pratos feitos e coxinhas no óleo. Descendo ao lado do “18 Andares� você já sai na rua da areia, mas ainda é cedo e a rua só fica movimentada a noite, com as calçadas cheias de moças, tão receptivas, nos chamando para entrar e se sentir a vontade.eu vou descendo pela frente em direção a parte baixa da Av. General Osório, onde ficam as ‘eletrotudo� e os motoristas alternativos. Do meio pra o fim é subida e a divisa são dois cabarés, um em cada esquina, é sempre alegre por ali. Vou passar na rua da República, onde tem os restauradores de móveis, de quadros, de cofres e de almas, pelo menos ele promete com a Bíblia na mão. Tudo no melhor preçinho, o que você precisar para consertar na sua casa. Até a Praça da Pedra não demora, ai você já cruzou a rua Beaurepaire Rohan e deixou de passar pelo Teatro Santa Roza, mas tudo bem já já a gente volta.

Terminou a rua da República chegou na Praça da Pedra, vira a direita e você está na Maciel Pinheiro, a rua das oficinas de carros, motos e lojas de material de construção. Antes você passa pelo ponto final dos ônibus da Santa Rita – um município vizinho que faz parte da grande João Pessoa. Não se assuste nem vacile, a policia está lá, para proteger e servir, desde que você sirva pelo menos “o cafezinho�, tudo tranqüilo, eles são gente boa e na abordam quem tem cara de estudante lascado. Subiu e chegou na saída da integração dos ônibus de João Pessoa, da pra ver a rodoviária, mas você não vai querer ir embora, logo agora que depois de cruzar a Maciel Pinheiro nos vamos chegar no prédio da Associação do Comércio, onde fica o Studio 24h, lar da Burro Morto e de tantas outras bandas que ensaiam ali, tem a praça Antenor Navarro, tem o Néctar do Groove tirando um som em cima de um dos casarões, ai você vira a esquerda e ta no Largo de São Pedro Gonçalves, tem o Galpão 14 o habitat do rock independente da cidade, tem o Hotel Globo, que outrora foi o local onde as pessoas recebiam o “bem vindo� da nossa cidade, hoje já não é, mas continua sendo o melhor lugar para dar adeus ao sol.

Já é noitinha e a gente sobe pela rua da Areia que agora sim está em festa, é musica, gente bebendo e celebrando, as moças lá, que festa. Você passa pela casa que foi a última morada do poeta Caixa D’�gua, quase de esquina com a ladeira da Borborema. Continua subindo e passa por baixo do viaduto e quebra a direita quando avistar o caixote imponente do Batalhão da polícia. Descendo a ladeira vai encontrar o Teatro Santa Roza que já havia comentado. Pode sentar no jardim e apreciar a noitinha na praça ou pode comprar um ingresso pra assistir uma peça. Eu vou até o ponto de ônibus porque tenho que ir pra casa escrever esse texto, mas você pode voltar sempre.