Uma grande lona azul e branca se destaca na paisagem de Vila Camorim, bairro pobre de Queimados (Baixada Fluminense). Num terreno de 4 mil metros quadrados, que a comunidade utilizava como lixão, hoje existe o Circo Baixada. Um circo diferente e não-itinerante. Um espetáculo por si só.
Segundo José Cândido de Oliveira Boff, coordenador do projeto, o Circo Baixada é uma organização não-governamental e visa, principalmente, a integração familiar e comunitária de crianças e adolescentes em situação de rua/risco. Ele integra a Rede Circo do Mundo – Brasil (rede de circos sociais) e foi criado após uma pesquisa, feita em 2002, em que se constatou que 49% das crianças em situação de rua da cidade do Rio de Janeiro eram da Baixada Fluminense.
Inaugurado em 2003, sob o patrocÃnio da Fundação Terre des Hommes, da SuÃça, o pólo de atividades do Circo Baixada atende atualmente a 120 crianças e jovens, entre 7 e 17 anos. Em suas cinco lonas são desenvolvidas atividades educativas, culturais e esportivas, através de oficinas de artes circenses – nas modalidades acrobacias aéreas (trapézios, tecidos etc.), solo (pirâmides, acrobacias etc.), equilÃbrio (como perna-de-pau, malabares e monociclo) e saltos (trampolim e cama elástica, por exemplos), dança, teatro e meio ambiente, incluindo oficinas de reciclagem e uma horta comunitária. As aulas acontecem de segunda a sexta, das 8h à s 17h.
Recentemente, a ONG ganhou uma sala de informática, com quatro computadores e acesso à Internet, que deverá oferecer cursos para os jovens. Uma biblioteca também está em formação – o acervo de cerca de 500 tÃtulos – didáticos e de literatura - é fruto de doações.
“Aos poucos, estamos nos organizando e abrindo esses dois espaços para a comunidade. As famÃlias e alguns moradores já utilizam os computadores para o recadastramento de CPF e a digitação de currÃculos, por exemplosâ€, diz José Cândido.
As crianças e jovens atendidos pelo projeto não participam só dos cursos. Eles são co-produtores do espetáculo anual do circo, montado em espaços culturais, como o Sesc de Nova Iguaçu e o Teatro Marlice Margarida, em Queimados. Numa versão com menos números, ele é montado em palcos alternativos, como escolas da região.
Às vésperas da estréia do espetáculo Neste tal meio ambiente, que bicho sou eu?, a movimentação sob a lona principal do circo é grande. Nos ensaios, crianças saltam na cama elástica, andam em pernas-de-pau, pedalam monociclos, fazem acrobacias no trapézio... Já outras aprendem a lidar com fantoches. Uma festa!
José Cândido explica que o Circo Baixada estimula a participação dos jovens e crianças na sua própria avaliação pessoal; de seus sentimentos em relação aos ambientes que freqüentam, como escola, rua, casa ou abrigo; e como eles se vêem e acreditam ser vistos pelos outros. Juntamente com as famÃlias e a comunidade, eles também participam da avaliação regular do projeto. As famÃlias têm acompanhamento individualizado – prestado por um “educador de referência†– e reuniões quinzenais. O atendimento psicossocial inclui profissionais de psicologia, pedagogia e serviço social.
Outro projeto é a formação de Jovens Educadores, com especialização em arte-educação. Atualmente 14 jovens freqüentam oficinas no Circo Voador e na Escola Nacional de Circo, ambos no Rio de Janeiro, visando seu desenvolvimento técnico e humano.
Pessoal, publico aqui o e-mail que o José Cândido me enviou, com algumas observações/correções ao texto. Infelizmente, a mensagem só chegou após o perÃodo de edição. Por isso, optei por incluÃ-la como comentário.
Abraços.
"Oi Tetê,
Seguem algumas observações com relação ao texto...
1. Inaugurado em 2003, sob o patrocÃnio da Fundação Terre des Hommes, da SuÃça...
Eu diria apoio da Fondation Terre des hommes, que é um termo mais utilizado na cooperação internacional. O link é http://www.tdh.ch que é a Terre des Hommes Lausanne e que apóia diretamente o projeto.
2. As famÃlias têm acompanhamento individualizado – prestado por um "educador de referência"...
São as crianças que têm um acompanhamento com educadores de referência. As famÃlias também têm um acompanhamento individualizado, mas são acompanhadas pelos educadores de acompanhamento familiar.
De resto, tudo bem com o texto. Obrigado e parabéns pela reportagem!!
maravilha, tetê! mto legal a iniciativa da ong!
Guilherme Mattoso · Niterói, RJ 20/10/2008 11:50Para comentar é preciso estar logado no site. Faça primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
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