Pra começar: Santa Catarina é o nome do Estado, mas também de uma ilha que já se chamou em algum passado Ilha dos Patos. A cidade onde a ilha fica é Florianópolis. Que tem também uma porção continental, com bairros como Estreito e Coqueiros.
Nada disso vem ao caso.
As fortalezas foram construÃdas a mando de Portugal no século 18 (não me curvo mais aos números romanos). Evidentemente a construção teve a ver com as disputas entre as coroas portuguesa e espanhola. Três foram restauradas a partir do fim dos anos 80 (do século 20). São elas: Santa Cruz (na Ilha de Anhatomirim), São José da Ponta Grossa (na própria Ilha de Santa Catarina, na chamada Praia do Forte, que fica perto da Daniela e à qual se chega passando por Jurerê) e, por último (ou antes, se refizermos o cÃrculo começando em outro ponto), Santo Antônio (na Ilha de Ratones Grande). O nome que sempre aparece como gestor-mor da construção (entre 1738 e 1744) é o do Brigadeiro José da Silva Paes.
Muitos nomes, algumas datas. Duas ilhas além da de Santa Catarina.
Anhatomirim: em tupi-guarani, significa algo como pequena toca do diabo. Vá saber o motivo. Existem várias especulações. Pode ter servido como cemitério indÃgena, é provável. Foi lá também que aconteceram fuzilamentos no perÃodo inicial da República, durante a repressão à Revolução Federalista (século 19, por volta de 1894).
Ratones: a palavra é o plural de rato em espanhol. Explicações diversas também. O batismo poderia ter sido feito por Alvar Nuñez Cabeza de Vaca, explorador do século 16. O formato das ilhas (há também a de Ratones Pequena), visto da Ilha de Anhatomirim (foto ao lado), remete aos roedores mesmo, com boa vontade do observador.
A visita a São José da Ponta Grossa se faz por terra. De ônibus, serve a linha Jurerê. De carro, dá pra estacionar bastante perto da construção defensiva.
Anhatomirim e Ratones, a menos que se use algum instrumento de vôo (motorizado ou não) e se conte com muita destreza no pouso, são acessÃveis apenas via mar. Existem várias empresas em Floripa que oferecem passeios até elas, nas chamadas escunas. Vale pesquisar preços, trilha sonora, liberdade de horário etc. Uma opção alternativa é contratar um barco de pesca em Governador Celso Ramos (municÃpio que fica no continente, uma pesquisa rápida resolve a localização). Desse jeito é possÃvel fazer o próprio roteiro e ter tempo de sentir o ambiente e as construções. Sugiro escolher dias de semana, fora de temporada. A fruição vai ser muito mais tranquila e contemplativa. Até piqueniques são possÃveis. Ou um banho de mar na praia pequena que Anhatomirim oferece como dádiva nada malévola. A paisagem é linda.
Em Ratones Grande, além de visitar a fortaleza de Santo Antônio é possÃvel, conversando com os responsáveis, fazer uma trilha que atravessa a ilha. Passado nas paredes e presente nas árvores e na bicharada.
Voltando à história: a construção das três fortalezas foi articulada. Compunham um sistema de triangulação de fogos. Canhões apontados para um ponto convergente protegiam a barra norte da entrada de embarcações inimigas. Versões colocam dúvidas sobre a eficácia do sistema devido à suposta baixa potência de tiro dos canhões. Deixada de lado essa questão, a imagem do quartel da tropa imponente de Santa Cruz e das baterias perfiladas devia parecer intimidadora vista de uma luneta.
Bárbaro, Felipe, lindas fotos. Espero que não falte muito para a quarta ser restaurada!
Helena Aragão · Rio de Janeiro, RJ 24/5/2010 17:39
Bacana esse pórtico hem.
Tenho vontade um dia de criar um grande mapa de fortalezas pelo Brasil aqui no Overmundo. Temos tantas já listadas. Dá pra fazer um belo passeio indo de uma a outra. :)
Gracias pelos comentários Helena e Viktor!
Helena, até onde sei o forte de N. Sra. da Conceição não está em processo de restauro. O verbete na Wikipedia é bastante completo. Dá uma olhada lá. A visitação à Ilha de Araçatuba não é organizada formalmente. Mas qualquer barco que faça o trajeto Ribeirão da Ilha - Naufragados te leva até ali de passagem. Nunca fui. Às outras três ia com frequência enquanto trabalhei como guia, marinheiro e câmera nos passeios de escuna que visitam as ilhas, durante uns 5 anos, com intervalos.
Acabei de ter um diálogo com o Mico (AmÃlcar D´Avila de Mello). Ele é historiador e escreveu um livro (calhamaço, três volumes com capa dura) sobre a Santa Catarina dos navegadores. Neste link dá pra ler entrevista dele sobre o livro.
Abaixo, transcrevo o diálogo:
eu: quando tiveres tempo, dá uma olhada: http://www.overmundo.com.br/guia/fortalezas-da-ilha-de-santa-catarina
fiz há duas semanas
Mico: Legal. farei isso
15:18 eu: ok.
=)
15:23 Mico: Legal, Felipe. Acabei de ler.
15:24 eu: opa
valeu.
imprecisões?
15:29 Mico: Meus únicos comentários são: não se deixe levar pelos erros históricos perpetuados ao longo dos séculos... Por exemplo: não há NENHUMA fonte do século 16 que ateste que o nome RATONES foi dado por Cabeza de Vaca ou por alguém da sua expedição. Nos comentários, livro que seu secretário Pero Hernández escreveu baseado em documentos de Cabeza de Vaca, há referências a um episódio que aconteceu, se não me falha a memória, nas Canárias, onde os cabos das âncoras eram cortados pelas pedras submersas e a marujada dizia que havia ratones embaixo d'água.
Outra coisa: a palavra vôo perdeu o circunflexo.
15:30 eu: ah...
sobre a reforma ortográfica: não adiro até 2012
=)
não aderirei!
hahhaha
abomino
gosto de geléia
platéia e idéias
15:31 diria a quem bolou o acordo: pára com isso!
Mico: Concordo com as rebeldias úteis ;-D
eu: =0
hahaha
pois é...
bom...
se fizer revisão de um texto, profissionalmente, vou atentar para o novo acordo, do qual até que estou por dentro
...
Mico: Então aproveita para escrever conforme a grafia da época do Cabeza de Vaca. Nos meus livros há pistas... ;-D
15:32 eu: uma pergunta: posso publicar este diálogo como comentário no post?
Mico: Pode
....
....
Na edição de janeiro/fevereiro de 2012 da revista Problemas Brasileiros, foi publicada matéria de minha autoria que trata das fortalezas e, também, da exploração turÃstica que se faz delas. Quem tiver curiosidade pode ler a versão online, publicada apenas com uma imagem reduzida e o texto (na versão impressa da revista, há também 9 fotografias). É só clicar aqui.
Felipe Obrer · Florianópolis, SC 22/1/2012 22:35Para comentar é preciso estar logado no site. Faça primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
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