A rapaziada do Ponto Cine não vende gato por lebre. No material de divulgação eles se anunciam como “a primeira sala popular de cinema digital do Brasilâ€, e também como “o cinema mais simpático do Rioâ€. O cinema já funciona há dois anos em Guadalupe, bairro do caloroso subúrbio carioca. Mas vejam vocês que só agora, graças a uma sessão do cineclube Mate com Angu, tive a sorte grande de conhecer o espaço.
Acredito que o Ponto Cine seria uma idéia interessante em qualquer contexto, porém, a coisa ganha ainda mais força com o fenômeno do desaparecimento das salas de cinema. Existem dados que mostram uma queda vertiginosa no número total de salas de cinema no Brasil. Parece um retrocesso, mas dos anos 70 até hoje o número de cinemas decaiu. Esse emagrecimento da rede exibidora atingiu principalmente os cinemas de rua e os do subúrbio. O documentário Rio de cinema mostra como as salas de exibição se espalhavam por toda periferia da cidade. Nos bons tempos existia praticamente um cinema nas mediações de cada estação de trem.
O Ponto Cine é um projeto que nasceu pra cobrir um pouco da demanda criada por esse esvaziamento. O cinema exibe muitas produções nacionais, abriga pré-estréias e já recebeu a visita de gente do quilate de Cacá Diegues, Zelito Viana, Carla Camurati, entre outros. Essa predileção pelo cinema da terrinha rendeu ao Ponto Cine o prêmio da ANCINE de “maior exibidor de cinema brasileiroâ€. A proposta de ser um cinema popular toca em um dos pontos fundamentais na questão do acesso a cultura, o valor do ingresso. Para quem ganha um salário mÃnimo ir ao cinema é realmente uma grande aventura. Os ingressos são caros, o lanche é caro, o transporte é caro. Com uma pequena operação matemática se verifica que um casal fazendo aquele clássico programa cineminha pode gastar até R$50, preço salgado pra maior parte da população.
Novas possibilidades começam a surgir quando se consegue oferecer a rapaziada que mora distante do centro bons filmes por um preço viável. O cara já não precisa mais se deslocar por longas distâncias, corta o custo do transporte, e consegue pagar até R$3 (valor da meia entrada) para assistir a filmes diferentes dos que costumam passar nos cinema comerciais. Essa é a outra demanda que o Ponto Cine consegue cobrir com habilidade, a programação foge ao padrão dos cinemas comerciais (que dominam o circuito ainda existente de cinemas no subúrbio) e traz pra Guadalupe filmes que dificilmente passariam por aqui.
Seguindo essa linha, o Ponto Cine produz eventos como exibições seguidas de debate com a presença dos realizadores, sessões especiais para alunos de escolas públicas e ONG´s e iniciou este mês uma parceria com o cineclube Mate com Angu. De fevereiro em diante o Ponto Cine vai reproduzir a seleção de vÃdeos curta-metragem exibidos na sessão que o Mate realiza em sua casa, a Lira de Ouro, em Duque de Caxias.
A simpatia do Ponto Cine começa com os funcionários, todos muito atenciosos e admiradores da sétima arte. E alcança a sala de cinema, que é realmente muito aconchegante e confortável. O preço pode ser popular, mas a qualidade do som e da projeção não deixam dúvidas de que o objetivo dessa galera é oferecer cinema do bom pra quem mora em Guadalupe e região.
Muito legal, João! Um cinema de arte no shopping! Coisa rara e se bobear, única!
Helena Aragão · Rio de Janeiro, RJ 19/2/2008 11:49Parabéns à equipe do Ponto Cine e ao Adailton, grande figura!
Ilhandarilha · Vitória, ES 22/2/2008 10:50
Maravilha!
Um cinema do Brasil para encontrar os brasileiros.
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