Vinte minutos. Somente vinte minutos para percorrer os 35 anos da mina Caetano Sônego, em Criciúma, que funcionou de 1920 a 1955. Aberta à visitação desde 1984, a primeira mina-modelo do Brasil proporciona reflexões históricas, geológicas, antropológicas, trabalhistas, culturais...
Criciúma já foi a capital do carvão mineral brasileira e hoje é a maior produtora de pisos e revestimentos cerâmicos. O municÃpio de múltipla colonização já teve sua economia toda voltada para a extração do minério sedimentar. Pela época da abertura da mina Caetano Sônego (chamada, até o seu fechamento de Mina Brasil), pode se supor tratar-se de trabalho manual. Sim, os mineiros de Criciúma abriram 8.000 metros de passagens (somente nesta mina) no subsolo com a força das mãos e ajuda de alguma dinamite.
A criação da mina-modelo é parte de um extenso projeto de recuperação e manutenção da memória de quem construiu o municÃpio. Aliás, da forma crua como o passeio ocorre, pode se ter muito mais do que noção do que se passava ali nas quatro décadas de funcionamento da mina. Nos 150 metros do percurso percorrido pelas vagonetas (pequenos vagões para passageiros, com fim meramente turÃstico), o visitante precisa se abaixar para conseguir passar pelos trechos onde a altura é de pouco mais de um metro.
Nesse ambiente claustrofóbico e cheio de histórias, podem ser vistas as placas com nomes dos 121 mineiros mortos ali nas décadas de 1970 e 1980. Nas paredes, as marcas das ferramentas e o carvão mineral exposto (ou o que restou dele); mas vestÃgios de uma época em que o homem podia, definitivamente, ser chamado telúrico. Depois de visitar a mina — embora recomendável seja antes, para as sensações tornarem-se apoiadas na História — é importante também uma visita ao museu anexo, onde vemos fotografias, documentos, ferramentas de várias épocas e, ali sim, as variedades, em camadas, do carvão mineral criciumense.
Famosa no século XX por suas greves gigantescas que exigiam melhores condições de trabalho, Criciúma faz hoje um importante trabalho de resgate histórico. Além de estudantes que fazem na mina suas visitas de campo, o lugar recebe visitas emocionadas de filhos e netos de mineiros que ali trabalharam além, claro, de turistas de todo o paÃs que, de passagem, pensando tratarem-se de somente vinte minutos, acabam por conhecer um Brasil que não se vê normalmente: o Brasil do subsolo, o Brasil do carvão mineral. Mas o visitante pode ficar tranqüilo: a entrada da mina e seu interior são protegidos por imagens de Santa Bárbara, padroeira dos mineiros. Isso para tranqüilizar, porque entre 1980 e 1984 a mina passou por várias e várias modificações a fim de ser visitada pelo público.
E que Santa Bárbara nos abençoe.
Interessante a dica. Eu acho q ficaria com medo de entrar na mina, sou meio claustrofóbico.
Tem um curta, de umigo meu de SC, Yve Goulart, que se chama Ouro Negro. O vÃdeo resgata a tragédia de 10 de setembro de 1984, na bacia carbonÃfera de Santa Catarina, onde morreram 31 mineradores.
Abraços
Então, Ériton, eu tenho medo de passar por túnel, de carro. :) Mas acho que o que torna esse passeio tão belo (e sem medo) é a sensação de visitar um lugar onde muita coisa aconteceu antes de a gente entrar lá. Parece que a umidade das pedras nos faz viajar um pouco no tempo - e querer saber muito mais sobre os acontecidos em Criciúma.
É impressão minha ou não é possÃvel assistir ao filme da Ivy?
Grande abraço!
Eu já tinha visto o vÃdeo, mas não pelo CurtaAgora, vi em DVD do próprio diretor. Só agora fui ver q não tem como assistir ao filme lá no link. Não sei se há outro lugar onde se possa ver...
E não é A Yve, é O Yve, rs...
Abraço
Bah, perdão. Tomara que ele não leia isso aqui. :)
Labes, Marcelo · Blumenau, SC 27/10/2007 13:44Para comentar é preciso estar logado no site. Faça primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
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