Em toda cidade do interior que se preze, não pode faltar três coisas: a cadeia que não prende ninguém; a Igreja da Matriz, único refúgio das beatas solteiras e a Praça da Sé.
A Praça da Sé, que se faça justiça, é o grande espaço público e democrático de todos os cidadãos. É ela que abriga as festas de padroeiro, os comícios eleitorais, os shows gratuitos, o namoro da rapaziada, a brincadeira das crianças, o comércio artesanal das donas de casa e o ócio prazeroso de quem foge do calor e da correia embaixo das árvores que a rodeiam.
A Praça da Sé no Crato é isso e muito mais: ela é o referencial urbano que solidifica a identidade de todos os habitantes da cidade. Ela já era um espaço coletivo antes mesmo dos jesuítas pisarem nessas terras. Lá onde fica o carrinho de pipoca e a banca de churros, ficava uma das aldeias do povo Kariri - uma das muitas etnias indígenas devastada pelos europeus. Eles habitavam todo o Vale do Cariri e além. Estendiam-se pelos estados do Pernambuco, Piauí, Paraíba e Rio Grande do Norte.
O que o povo Kariri nos legou é inestimável e está indelevelmente marcado nos rostos e cultura do caririense. Algumas lendas indígenas até hoje são contadas. Uma fala que abaixo da Igreja matriz está um cemitério indígena e que, adormecida, lá se encontra uma baleia que acordará quando uma enchente submergir e cobrir tudo. A lenda, passada de geração em geração, encontra eco na Igreja e na Praça, as únicas construções tão antigas quanto a estória.
Lenda ou não, o que sabemos com certeza é que a vida do município transcorre ao redor de seus bancos de madeira e pés de oiti. Alguns prédios históricos nos dão uma mostra de seu passado: a casa da heroína Bárbara de Alencar, o Museu Municipal e a antiga Cadeia Pública e depósito de escravos. Diversas reformas foram dando a roupagem que ela possui agora. A mais comentada foi a que substituiu a fonte luminosa pelo coreto, que fica bem no centro da Praça. Isso aconteceu nos anos 90 e até hoje a maioria dos habitantes são inconformados com a troca.
Pela manhã a Praça é tomada por alguns senhores e estudantes. Os de ensino fundamental vão até lá para brincar, os de ensino médio para paquerar e os universitários fogem de alguma aula mais enfadonha. À tarde os primeiros pipoqueiros, junto com o carrinho de churros e pastel atacam as margens. Com o desaparecimento do sol, o pequeno comércio informal surge pleno. As barraquinhas de artesanato vendendo bolsas, bijuterias, bonecas de pano, paninhos para cozinha, chaveirinhos, etc. Já as bancas de comida típica quebram o galho de quem não quer fazer comida em casa ou simplesmente opta pelo lanchinho. E tem de tudo: vatapá, baião-de-dois, paçoca, creme de galinha, bolos variados, sucos, refrigerantes, doces e um cheiro maravilhoso de comida caseira misturando-se no ar. Hippies de passagem pela cidade expõem seus produtos na calçada do coreto e os barzinhos fazem um verdadeiro cinturão em torno da praça - dia e noite - e abrem as portas oferecendo opções variadas, inclusive comida japonesa, árabe e contemporânea.
Em meio a isso tudo, o cratense se diverte e vive. A praça agora é um território diversificado de crianças jogando bola, andando de bicicletas, skates e velocípedes, adolescentes namorando, adultos rindo e conversando, senhores olhando para tudo pacatamente(acredito que lembrando de quando também viviam tudo isso). Em suma, a Praça da Sé é o melhor lugar para entender uma cidade de interior: pacata, acolhedora e vivaz.
Gente, ainda estou sem as fotografias todas. Amanhã estarão por aqui, embelezando o guia! Beijos e obrigada pela compreensão.
Candice Gonçalves · Crato, CE 25/10/2007 01:40
Candice Gonçalves ·Nobre Guerreira.
Parabéns pelo tão belo Trabalho.
Vai ser um grande Orgulho Para Crato.
Você tem uma garra extraordinária.
Merece essa vitória espetacular dasua criatividade.
parabéns amiga genial.
Um abração Amigo.
Votado!
Eu quero filhós, você paga uns pra mim?
Parabéns, você é uma grande roteirista do Brasil recontado...
Abraço Guaicuru!
Obrigada Azuir! Um forte abraço pra ti, e continue votando e dando dicas de como melhorar os nossos trabalhos.
Marcos Paulo, eu pago todos os filhós que couberem na sua barriga! Tá combinado assim? Abraços querido.
Lendo teu artigo vieram me visitar lembranças memoráveis: minhas brincadeiras de criança na fonte luminosa, as primeiras paqueras na saída do colégio... um dia meus filhos iram aprender a andar de bicicleta na mesma praça em que eu aprendi.
Parabéns, querida!!
Beijos!!
Saborosa praça!! Impossível não lembrar da infância nas épocas de colégio e das fugidas da escola para passear na praça da sé...
Adoro como você escreve, linda!!!!
xêro e parabêns!!!
Tá super votado
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