Dias nublados ou chuvosos, com temperaturas na média de 10º C. No início da manhã, o frio é ainda maior. Difícil é sair da cama – debaixo de um aglomerado de cobertas. O inverno na maioria das cidades do Rio Grande do Sul é assim. São três meses com a ponta do nariz gelada, e o resto do corpo protegido por casados de lã, gorros, luvas, mantas e mais uma série de acessórios usados na tentativa de amenizar o efeito das baixas temperaturas. Nesse período, os programas de final de semana também se modificam.
As imagens de mares, rios e lagos transformam-se em cartões postais, como uma sugestão para quando aquele temido termômetro no centro de Passo Fundo marcar temperaturas mais altas. A alternativa para a imensa seqüência de dias gelados é se esbaldar em programas caseiros, em locais fechados. Infelizmente ou felizmente, a programação gira em torno de comida, bem quente de preferência. É pinhão na chapa do fogão, chocolate quente e massa – muita massa. Para aqueles com um pouco mais de receita – eu digo financeira -, o inverno é o período ideal para subir a serra e passar uns dias em Gramado e Canela.
Por um longo período, acostuma-se a essa realidade. No entanto, quando a população começa a conviver de maneira harmoniosa com o frio, o clima muda radicalmente. As árvores voltam a ganhar folhas e aquele sol que parecia apenas passar por algumas horas – ou às vezes minutos - durante o inverno ocupa novamente o seu lugar o dia inteiro. Os programas de final de semana alteram-se mais uma vez. Aqui em Passo Fundo, a 300 quilômetros de Porto Alegre, a população sai às ruas para caminhadas e principalmente tomar o chimarrão na praça aos domingos – hábito antigo no município.
As temperaturas começam a se elevar e tornam o clima perfeito para a praia, por exemplo. Mas o mar está a mais de 350 quilômetros daqui e a água ainda está muito gelada nessa época do ano. Então, o que fazer além de ir até a praça e as caminhadas? Em meio essa dúvida, numa tarde de domingo, recebo a ligação de um conhecido: “Tem uma cachoeira com área de lazer bem escondida no interior dessa cidade, vamos?”. E para lá fomos, em grupo. O lugar está situado junto ao Parque da Roselândia, a cerca de 15 quilômetros da cidade. O percurso até um trecho é com carro e, mais tarde, somente a pé. Andamos menos de 500 metros por uma estrada, cercada de arbusto verde, composto por centenas de árvores, quando começo a ouvir aquele maravilhoso barulho de queda de água. Estávamos próximos da cachoeira. No caminho, um grupo de estudantes – o único que encontramos durante o passeio – nos antecipou um pouco da paisagem. “O lugar é lindo, maravilhoso. Vale a pena!”. E era mesmo. Aquelas águas em movimento, escondidas na vegetação, são quase uma terapia à mente humana.
Apesar de a cachoeira pertencer à área de um clube aparentemente bem familiar, o local parece abandonado. Aqueles velhos encontros de final de semana não devem ocorrer mais ao som da cachoeira. Mais longe do rio – ainda não descobri o nome – vejo cabanas para acampamento. “De vez em quando tem um pessoal que vem aqui. Mas, no passado, esse local já foi mais habitado”, conta um senhor. Por outro lado, a ausência de visitantes e o desconhecimento do lugar como um ponto de turismo ecológico contribui para um meio-ambiente mais limpo. “Isso aqui já foi bem mais sujo. Mas ainda tem quem jogue lixo nesses locais”, lamenta. Na paisagem proporcionada pela cachoeira, o fluxo de água das quedas ganha intensidade e, mais tarde, é interrompido por enormes pedras. Entre intervalos de admiração e fotos, a vontade era de se atirar naquele córrego. Mas á água estava fria. Quem diria que naquele local, cercado por mato, iria existir um lugar tão generoso com a natureza. Valeu a pena ter faltado a roda de chimarrão na praça.
Bem legal a dica, Guilherme. Mas me diz uma coisa: alguém se arrisca em mergulhar na cachoeira em alguma época do ano? Abraços!
Thiago Camelo · Rio de Janeiro, RJ 23/10/2007 17:07Muito boa a fotografia que ilustra a colaboração.
Felipe Obrer · Florianópolis, SC 24/10/2007 09:04Também gostei, essa descrição dos programas gaúchos dependendo da época do ano é curiosa... Pra boa parte do Brasil as estações não fazem grandes diferenças...
Helena Aragão · Rio de Janeiro, RJ 24/10/2007 18:33
Gostei do texto. Quem sabe um dia... em Passo Fundo!
Abraço!
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