Uma trilha às cegas

Divulgação
Visitante percorre toda trilha com olhos vendados
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Guilherme Mergen · Passo Fundo, RS
25/10/2007 · 93 · 2
 

Quando se fala em trilhas ecológicas, logo pensamos em um local ao ar livre, coberto por vegetação e com obstáculos a serem superados. Um programa ideal para um final de semana, por exemplo, com a possibilidade de passarmos um bom tempo junto à natureza. Agora você já imaginou uma trilha dentro de um local fechado. E o mais curioso: você é vendado e precisa acompanhar o caminho indicado através de uma corda.

No Museu Zôo-Botânico, em Passo Fundo, mais de 50 pessoas encaram diariamente uma trilha como essa descrita, denominada de “Perceptivaâ€. Tem mais um detalhe: o visitante percorre todo o caminho sem calçado. Em uma tarde dessas, topei esse desafio. O momento de espera até entrar na tal sala é de nervosismo. Ninguém tem a menor idéia do que pode ter lá dentro. Se alguém já foi uma vez e acredita conhecer, engana-se. O percurso e os obstáculos são alterados quase toda semana. Na sala de espera, há exposição de animais como cobras e aranhas. Ou seja, a sensação é de que todos aqueles bichos podem estar no percurso – e, de fato, às vezes estão.

O mais curioso é analisar a expressão do rosto de quem encerra a trilha. Todos parecem estar mais aliviados. Quando chegou a minha vez, tirei meu tênis e coloquei a tal venda. Uma guia me levou até o outro ambiente e apenas colocou a minha mão na tal de corda e disse: “Agora segue a corda. Caso se perca, acalme-se e tente encontrar novamente a cordaâ€. Aquilo só aumentou meu nervosismo, mas segui. A partir daquele momento, meu tato dava asas à imaginação. Já no início, piso em algo gelado. Paro e tento por a mão para ver o que era, porém não identifiquei – só depois sem a venda.

Pelo caminho, que dura em torno de meia hora, é possível tocar em objetos antigos, plantas e animais. Quase na metade, desprendi-me da corda. E agora? Lembrei da orientação e me acalmei. Naquelas alturas, seguindo o percurso, eu estava rastejando pelo chão. (o visitante não faz a trilha apenas caminhando. Há momentos em que é necessário deitar e andar de joelhos). Levei uns seis minutos para reencontrar a corda. Passado esse susto e mais uma dezenas até o final, o percurso foi válido. Na tentativa de deixar todos com vontade de fazer a trilha, vou omitir informações do caminho. No final, o mais interessante é fazer o trajeto sem venda e ter a possibilidade de identificar cada objeto ou bicho. Em muitos, se estivesse sem a venda, jamais chegaria sequer perto.

O objetivo da trilha é promover um contato entre o ser humano e tudo que o cerca, como acessórios, animais e plantas. Elaborada há cinco anos, a trilha é gratuita. Segundo a direção do museu, mais de 12 mil estudantes da região percorrem o caminho anualmente. Se for ao museu, também pode aproveitar outras atividades, como a exposição de animais e as noções de educação ambiental.

onde fica
No campus da Universidade de Passo Fundo, em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul.
por que ir
Para ter um contato inédito com temas do nosso cotidiano, mas que dificulmente não paramos para analisar e descobrir o que realmente significam.
quando ir
De segunda a sexta-feira, pela manhã ou à tarde.
quem vai
Apesar de a maioria dos visitantes ser crianças ou adolescentes, a experiência também é válida para adultos.
quanto custa
A visita ao museu, inclusive com a trilha, é gratuita. Em caso de grupos maiores, é necessário comunicar a direção com antecedência.
website
www.upf.br/muzar
contato
E-mail muzar@upf.br.
telefone: (54) 3316-8316

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Tetê Oliveira
 

Guilherme, essa trilha parece ser bem interessante. Nunca ouvi falar em nada parecido. Imagino os debates que ela suscita entre alunos e professores em salas de aula, como de Biologia.
No início da sua trilha, com a venda nos olhos, acho que você escorregou no teclado ao digitar "mão". Se der tempo, fica a dica.
Abraços e parabéns pela ótima sugestão pro Guia.

Tetê Oliveira · Nova Iguaçu, RJ 23/10/2007 21:31
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Candice Gonçalves
 

Me pareceu bastante interessante! Ainda mais porque é gratuita pra quem quiser ir e conferir a olhos vendados. Uma ótima dica! Votado!

Candice Gonçalves · Crato, CE 25/10/2007 11:24
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