Assossiação une mulheres que usam a natureza como matéria-prima de seus artesanatos
A riqueza da natureza, a criatividade das mãos delicadas, a força de vontade, a liberdade para ser, a esperança de conseguir e o orgulho de fazer. Assim definem-se as mulheres da Associação de Artesãos do Quilombo de Arte Tapuia (Aquidart). A Arquidart não tem patrocínio governamental, nem empresarial, vive de sua própria produção. É na natureza que as mulheres encontram seus melhores parceiros: cascas de árvores, sementes, folhas, ouriços, fibras e outras matérias-primas para confeccionar seus produtos. Um universo de coisas que vão sendo criadas por estas mulheres destemidas.
As sementes, fibras e tudo mais ganham cores, formas e através de técnicas artesanais se transformam em bijuterias de todo tipo, colares, brincos, pulseiras. Ainda podem ser utilizados como detalhes que fazem a diferença em bolsas, roupas, bonecas etc. Os produtos chamam tanta atenção que já renderam convites para participação em feiras internacionais de cultura e artesanato.
A Associação existe há um ano apenas, mas a arte elas já faziam muito antes, aprenderam com suas mães, e suas mães aprenderam com suas avós. É uma arte que existe há mais de cem anos na Comunidade do Coração. Tem apoio do Sebrae, que através de seus técnicos instruiu as artesãs criarem a Associação. Além de oferecer cursos de capacitação e ajudar no estatuto da Aquidart.
A sede da Aquidart é uma casa de três andares, estilo rústico, com muitas árvores. O ateliê fica no segundo andar. Muitos turistas vão até lá só para vê-las trabalhando. "Às vezes vão na mata conosco para ver de onde pegamos nosso material", explica Rosângela Costa, presidente da Associação.
As artesãs têm seus segredos, como a técnica, que levaram três anos para elaborar, de aglutinação para compactar a fibra, e de impermeabilização, que elas tentaram várias vezes até conseguir. Como? Não dizem de forma alguma. Elas têm um pacto de não revelar. O segredo que ficará com elas até a nova geração.
As mulheres artesãs
Unidas e sempre bem dispostas, não desanimam nunca. Até nos dias em que não vendem, elas mantêm a esperança, gostam do que fazem. Como é o caso de Dona Gorethe, que trabalha com serviços domésticos e na horta caseira com o marido. As verduras são vendidas na feirinha do município de Santana. Com a produção de artesanato, que serve também como distração, ela ajuda na despesa da casa.
Outra que não mede esforços é Dona Dica, que fabrica pãezinhos caseiros e nas horas vagas vai até a Associação. Arranja tempo também para comandar o tradicional Grupo Folclórico de Batuque e Marabaixo do Coração, do qual ela é a presidente. Aliás, estes dois ritmos estão sempre presentes nas festas da comunidade.
A determinação fica por conta de Dona Socorro, outro membro da Aquidart, que pela parte da manhã trabalha no Lixão, como Carapirá. E, à tarde, faz junto com outra artesã paneirinhos de arumã, para melhorar a renda da família.
As moças mais jovens não ficam para trás no quesito vontade. Francilete pega todo dia ônibus para Santana, onde faz cursinho pré-vestibular, trabalha como diarista e ainda tem tempo de fazer colares de sementes de tento, que em suas mãos viram verdadeiras obras de arte.
Tem também Mara Adriana que trabalha na evagelização dentro da comunidade, e nas horas de folga faz artesanato.
A arte também ajuda a acadêmica Andréia, que está cursando o último ano da faculdade de Administração, que tem sua principal fonte de renda no trabalho que faz na Associação.
Segundo Rosângela, o apoio da família é fundamental: "são eles que nos dão coragem para irmos à luta, sempre que preciso, meu marido ou um dos companheiros das outras artesãos dão ajuda, nos levam para a mata, carregam nossas sacas, ajudam a catar as sementes, pegar as fibras, a mexer no maquinário...".
As crianças e adolescentes também vão até a Associação para aprender a fazer artesanato, algumas adolescentes já se tornaram membros. "Sempre depois da escola, elas vêm até aqui, gostam de fazer bijuteria, bonequinhas de fibra de juta, muitas vezes para elas mesmas. Elas são a nossa continuação, e é através delas que sabemos que essa arte vai perdurar por mais tempo, nos sentimos orgulhosas por isso", conclui Rosângela.
muito bacana, Carol.
Lindas essas mulheres artistas. Que bom que existe a aquidart.
só senti falta de uma foto...
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