O sonho de uma famÃlia feliz sempre existiu no imaginário da classe média brasileira da década de 90: estabilidade econômica, filhos educados, lazer e saúde garantida. É neste contexto que A Casa de Alice – filme de Chico Teixeira, premiado em 3 festivais internacionais de cinema – retrata de forma detalhada e sincera a vida de uma famÃlia de São Paulo, na qual descobrimos diversos mundos paralelos, cheios de segredos e crises, guiados pelo egoÃsmo de cada personagem e que nos levam a refletir sobre nossas vidas e famÃlias enquanto resquÃcios de uma época turbulenta da qual fazemos parte.
Com um orçamento modesto, a produção do filme conseguiu caracterizar de forma bela e sincera o apartamento em que a famÃlia vive, expondo com clareza as caracterÃsticas de uma realidade que é pouco tratada pelo cinema nacional e que se bem trabalhada pode resultar em ótimas produções independentes.
O nÃvel de identificação com os personagens é tão grande que a impressão que fica é que a história poderia ter acontecido com qualquer um de nós, ao nos depararmos com elementos e situações que fizeram parte da vida da maioria das pessoas: traições, quotidiano pacato, questões econômicas, desejo de ascensão social, crenças populares, entre outros conflitos familiares.
A naturalidade das atuações não só convence como nos coloca como personagem indireto da história. A brilhante atuação da protagonista Carla Ribas nos mostra uma mãe de famÃlia cansada e entediada, que procura por algo que a faça se sentir viva novamente, como reviver uma paixão da juventude, mas que além disso deve cuidar da casa, dos filhos e do marido – um homem frio e distante dentro de casa, mas que mostra seu outro lado fora dela. Os filhos, ociosos e problemáticos, vivem à margem, inertes e impotentes em relação à situação dos pais, como quando éramos crianças e apenas podÃamos ver a vida passar diante de nossos olhos.
O egoÃsmo do ser humano é o principal tema do filme, o qual o diretor constrói mostrando a visão de cada um dos membros da casa em relação ao que acontece ao redor de si, suas preocupações, desejos e medos. Somos apresentados também aos amigos e vizinhos da famÃlia – que é composta por pai, mãe, três filhos e avó – e é aà que percebemos o quanto a famÃlia parece estar afastada da realidade, trancafiada entre as paredes do moralismo, da vergonha e da inveja, entre outros preceitos negativos da sociedade.
A cada cena, descobrimos mais segredos dos personagens, nos deixando cada vez mais ansiosos pela conclusão da história. A fragilidade do ser humano é colocada em evidência com as brigas e discussões entre irmãos e vizinhos. Até a matriarca da famÃlia, que é a única que se esforça para manter o lar que está à beira de um colapso, de pé, é fragilizada pela doença e pelo desprezo.
De forma gradual e progressiva, somos levados à epifania do filme – a grande sacada – que nos choca e nos arrebata, ao vermos tudo que já estava condenado a desmoronar, cair de vez, quando seu único pilar que ainda o sustentava é retirado. Os resquÃcios de esperança que poderiam haver desaparecem e então podemos finalmente voltar a realidade, por mais parecida que esta seja à do filme.
Resta apenas a nós reconhecermos nossos defeitos e dar lugar a um pouco mais de sinceridade e respeito ao próximo.
* Site oficial: www.acasadealice.com.br
Olá Blude. Colaboração boa, com texto legal! Não vi o filme, então não dá pra concordar ou não sobre o que vc fala sobre ele, mas no geral seu texto está fluindo bem e desperta a curiosidade de vê-lo. Tenho apenas algumas sugestões de edição (não se inquiete, fila de edição é pra isso mesmo!): você pode lincar algumas palavras e transformar seu texto em algo mais informativo. Por exemplo, Chico Teixeira (eu não conheço o diretor). Quando vc fala que a Casa de Alice é um filme premiado, poderia falar quais são esses prêmios (é uma informação bem importante pra quem acompanha os festivais e a cinematografia nacional), lincando sempre os festivais. Fiquei na dúvida se A Casa de Alice é um curta ou um longa, pelo menos até achar esse link que coloquei aqui no comentário. Isso poderia estar no texto.
Bem, são apenas sugestões. Abraços e parabéns pelo texto.
Obrigado! Fiz algumas alterações, espero que tenha ficado melhor.
Abraços.
mto bom texto. fiquei com vontade de assistir!
Guilherme Mattoso · Niterói, RJ 3/12/2007 09:45Concordo com as anotações de Ilhandarilha. Realmente, não conheço Chico Teixeira e me parece que é uma falha grave para quem ama o cinema nacional, como eu. O texto está bem legal.
Fanny · Rio de Janeiro, RJ 3/12/2007 10:20Nada que uma consulta ao são Google não resolva. ;)
Blude · Vitória, ES 3/12/2007 12:16Para comentar é preciso estar logado no site. Faça primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
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