A CULTURA BRASILEIRA EM METAMORFOSE...

Fotomontagem: Lailton Araújo
Ainda sei quem sou... Será?
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LAILTON ARAÚJO · São Paulo, SP
28/3/2008 · 171 · 11
 


RUMOS CULTURAIS - FALTAM BÚSSOLAS


Os navegantes do “Oceano Atlântico†tentam descobrir o segredo das tempestades, calmarias, ondas, marés e águas navegáveis, neste lado continental. Talvez não conheçam a geografia destes mares. A nação da análise é Brasil ou Brazil?


Estando em qualquer "Porto Seguro", as naus dos descendentes lusitanos, franceses, ingleses e holandeses, caminham na escrita em 2008. São textos, poemas, letras e rascunhos. As criações literárias são livres! Não podem ser vinculadas aos interesses comerciais dos anunciantes nacionais ou internacionais. Muito menos: multinacionais. Sem quaisquer dúvidas: esse pedaço de chão (cagado e cuspido) pode precisar de uma revolução meio “dente por dente (x) nota por nota (x) letra por letraâ€. Por aqui existem poetas, compositores, letristas, músicos, fotógrafos e outros aprendizes sérios. É a maioria! A outra parte - pode ou não - está usando o lema: "tenho que me arrumá, senão, perco meu barquinho!†Desculpem a sinceridade! O mar já não é de marinheiro de primeira viagem! Quem não lembra do refrão: “Marinheiro, marinheiro (Marinheiro só)... Quem te ensinou a nadar... Ou foi o tombo do navio... Ou foi o balanço do mar...†(Bi Ribeiro/João Barone).


Muitas obras culturais - da antiga “Terra de Santa Cruz†- são originais. Aquelas tão comuns, massificadas, com a assinatura da mediocridade - ajudam ou não - no nascimento natural de uma concepção artística duvidosa, não crítica, que não recebeu crítica, e que jamais receberá crítica. Quem navega em tal mar poderá se afogar na monotonia; sonolento; em mar calmo. A viagem literária - às vezes - é previsível ou imprevisível. Depende da condução do capitão e marujos da embarcação. Como escrever sem colocar palavras ovais e frases triangulares? Aqui é América do Sul. O Caribe fica lá em cima! Se existem léguas ou milhas marítimas é uma questão de história? Qual é a praia ou litoral? Eles são de fora... “Eu não sou daqui (Marinheiro só)... Eu não tenho amor (Marinheiro só)... Eu sou da Bahia (Marinheiro só)... De São Salvador (Marinheiro só)...†(Adaptação de Caetano Veloso).


Entende-se que o objetivo é a meta necessária. O subjetivo lembra a arte. Chocar um ovo pode ser arte? Depende da ave! Ave César! Ave de rapina! Ave-da-avenida! Ave Maria! Quebram-se as formas! Rompem-se os conceitos e preconceitos! Talvez, aconteçam mudanças! As formações culturais das elites brasileiras soam como afronta ao simples, verdadeiro e genuíno. Será que os povos do Brasil sabem o que é cultura? Monteiro Lobato e Amacio Mazzaropi fazem falta!


Onde estão os artistas independentes? Será que não se afogaram nos patrocínios estatais do país? As MTV's diárias concorrem com as linguagens das TV’s digitais abertas! E haja amor, chavões, carrões e algumas bundas com silicone! É cultura “cultâ€, curtida, malhada, de melodias fáceis, harmonias baratas e letras esculachadas. Os brasileiros e brasileiras sentem tesão por bumba! É normal! São formas de mídia, comunicação, música, literatura e sacanagem - sobrevivendo - no mercado do MP4! As gravadoras tornaram-se gravadores caseiros e que computam prejuízos. Os novos direitos autorais dos que criam, já não são garantidos. A internet mutilou a criação do autor? “É a vida, é bonita e é bonita...†(Gonzaguinha).


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Adroaldo Bauer
 

Então, lailton, lembrei desse aqui:

Manifesto Antropófago
Oswald de Andrade
Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente.
Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz.
Tupi, or not tupi that is the question.
Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos.
Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago.
Estamos fatigados de todos os maridos católicos suspeitosos postos em drama. Freud acabou com o enigma mulher e com outros sustos da psicologia impressa.
O que atropelava a verdade era a roupa, o impermeável entre o mundo interior e o mundo exterior. A reação contra o homem vestido. O cinema americano informará.
Filhos do sol, mãe dos viventes. Encontrados e amados ferozmente, com toda a hipocrisia da saudade, pelos imigrados, pelos traficados e pelos touristes. No país da cobra grande.
Foi porque nunca tivemos gramáticas, nem coleções de velhos vegetais. E nunca soubemos o que era urbano, suburbano, fronteiriço e continental. Preguiçosos no mapa-múndi do Brasil.
Uma consciência participante, uma rítmica religiosa.
Contra todos os importadores de consciência enlatada. A existência palpável da vida. E a mentalidade pré-lógica para o Sr. Lévy-Bruhl estudar.
Queremos a Revolução Caraiba. Maior que a Revolução Francesa. A unificação de todas as revoltas eficazes na direção do homem. Sem n6s a Europa não teria sequer a sua pobre declaração dos direitos do homem.
A idade de ouro anunciada pela América. A idade de ouro. E todas as girls.
Filiação. O contato com o Brasil Caraíba. Ori Villegaignon print terre. Montaig-ne. O homem natural. Rousseau. Da Revolução Francesa ao Romantismo, à Revolução Bolchevista, à Revolução Surrealista e ao bárbaro tecnizado de Keyserling. Caminhamos..
Nunca fomos catequizados. Vivemos através de um direito sonâmbulo. Fizemos Cristo nascer na Bahia. Ou em Belém do Pará.
Mas nunca admitimos o nascimento da lógica entre nós.
Contra o Padre Vieira. Autor do nosso primeiro empréstimo, para ganhar comissão. O rei-analfabeto dissera-lhe : ponha isso no papel mas sem muita lábia. Fez-se o empréstimo. Gravou-se o açúcar brasileiro. Vieira deixou o dinheiro em Portugal e nos trouxe a lábia.
O espírito recusa-se a conceber o espírito sem o corpo. O antropomorfismo. Necessidade da vacina antropofágica. Para o equilíbrio contra as religiões de meridiano. E as inquisições exteriores.
Só podemos atender ao mundo orecular.
Tínhamos a justiça codificação da vingança. A ciência codificação da Magia. Antropofagia. A transformação permanente do Tabu em totem.
Contra o mundo reversível e as idéias objetivadas. Cadaverizadas. O stop do pensamento que é dinâmico. O indivíduo vitima do sistema. Fonte das injustiças clássicas. Das injustiças românticas. E o esquecimento das conquistas interiores.
Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros.
O instinto Caraíba.
Morte e vida das hipóteses. Da equação eu parte do Cosmos ao axioma Cosmos parte do eu. Subsistência. Conhecimento. Antropofagia.
Contra as elites vegetais. Em comunicação com o solo.
Nunca fomos catequizados. Fizemos foi Carnaval. O índio vestido de senador do Império. Fingindo de Pitt. Ou figurando nas óperas de Alencar cheio de bons sentimentos portugueses.
Já tínhamos o comunismo. Já tínhamos a língua surrealista. A idade de ouro.
Catiti Catiti
Imara Notiá
Notiá Imara
Ipeju*
A magia e a vida. Tínhamos a relação e a distribuição dos bens físicos, dos bens morais, dos bens dignários. E sabíamos transpor o mistério e a morte com o auxílio de algumas formas gramaticais.
Perguntei a um homem o que era o Direito. Ele me respondeu que era a garantia do exercício da possibilidade. Esse homem chamava-se Galli Mathias. Comia.
Só não há determinismo onde há mistério. Mas que temos nós com isso?
Contra as histórias do homem que começam no Cabo Finisterra. O mundo não datado. Não rubricado. Sem Napoleão. Sem César.
A fixação do progresso por meio de catálogos e aparelhos de televisão. Só a maquinaria. E os transfusores de sangue.
Contra as sublimações antagônicas. Trazidas nas caravelas.
Contra a verdade dos povos missionários, definida pela sagacidade de um antropófago, o Visconde de Cairu: – É mentira muitas vezes repetida.
Mas não foram cruzados que vieram. Foram fugitivos de uma civilização que estamos comendo, porque somos fortes e vingativos como o Jabuti.
Se Deus é a consciênda do Universo Incriado, Guaraci é a mãe dos viventes. Jaci é a mãe dos vegetais.
Não tivemos especulação. Mas tínhamos adivinhação. Tínhamos Política que é a ciência da distribuição. E um sistema social-planetário.
As migrações. A fuga dos estados tediosos. Contra as escleroses urbanas. Contra os Conservatórios e o tédio especulativo.
De William James e Voronoff. A transfiguração do Tabu em totem. Antropofagia...

Adroaldo Bauer · Porto Alegre, RS 25/3/2008 00:04
1 pessoa achou útil · sua opinião: subir
Cintia Thome
 

Lailton, falar mais o quê? Sua colaboração é opinativa, provoca na sua indagação e indignação, mas respeito não há, estamos cada vez mais individuais, acordando sozinhos, comendo sanduíches sozinhos, televisão sozinhos, internet, não temos mais tempo para os mais próximos, estão se desagregando em busca profissional e qualidade de vida...Qualidade? E cada um pensa em si.Estou falando na quase totalidade...e assim não olhando e tendo senso comum.

A qualidade das letras das musicas, na sua maioria, são um vexame, direitos autorais, aqui nesta terra não existe. Fora da Lei é o que é esta terra...As tuas a gente sente a estória, belos versos...
Mas vende? Ou é melhor "Um tapinha não..."(está sendo multada a música por ferir a mulher, preconceituoso e provocando a violência)
E olha, tua colaboração tem uma outra colaboração do escritor Adroaldo...Você ganhou, comentário bom mesmo, reflexão 10.

Cintia Thome · São Paulo, SP 27/3/2008 22:53
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businari
 

A revolução será pixelizada...existiremos em bytes?

businari · São Vicente, SP 28/3/2008 18:48
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Andre Pessego
 

Eu tinha visto em edição. Tinha postado alguma coisa.
E não vi agora. Mas voltei para reler e votar.
um abraço, Professor,
andre.

Andre Pessego · São Paulo, SP 28/3/2008 19:44
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Mestre Jeronimo - JC
 

chamada forte essa: somos quem?

ta voRtado, e bem votado!

Mestre Jeronimo - JC · Austrália , WW 2/4/2008 18:06
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Pedro Monteiro
 

Lailton, muito oportuno teu questionamento.
É preciso mudar o rumo dos acontecimentos.
Abraços

Pedro Monteiro · São Paulo, SP 2/4/2008 23:12
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Roberto Girard
 

Lailton,
Excelente abordagem e os comentários aqui postados.
Abraços,
Roberto Girard
(Beto)

Roberto Girard · Rio de Janeiro, RJ 5/4/2008 08:33
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Rose Canazzaro
 

Parabéns pelo artigo! Somos essa metamorfose...que ela não pare...

Rose Canazzaro · Andradina, SP 15/4/2008 23:02
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Rose Canazzaro
 

digo que ela não pare para superarmos, e tentarmos mudar, as muitas visões atuais sobre cultura e arte...

Rose Canazzaro · Andradina, SP 15/4/2008 23:06
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Eduardo Pereira ODÙDÚWA
 

Muito bom , parabéns!!!Votado.
Ps. Devido a importância da criação da Primeira Biblioteca Comunitária Especializada Em Cultura Afro-brasileira e Africana, no subúrbio de Salvador-Ba. Por Favor vote em: http://www.overmundo.com.br/agenda/biblioteca-comunitaria-especializada-em-cultura-afro-brasileira-e-africana

Eduardo Pereira ODÙDÚWA · Salvador, BA 25/4/2008 03:23
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Nadir Vilela Poetisa
 

Votadissimo!!! parabéns pelo lindo trabalho, estou na fila com esta musica acesse e de sua opinião sobre meu trabalho e se gostar vote...
http://www.overmundo.com.br/banco/anjo-da-minha-vida


beijos no core...

Nadir Vilela Poetisa · Itatiaia, RJ 27/4/2008 21:54
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