A imagem do afrodescendente na publicidade.

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maramarina · Aracaju, SE
3/5/2007 · 308 · 42
 

A experiência de somente dois anos trabalhando no mercado publicitário aracajuano já me incitou a propor esta discussão: a presença do negro no mercado de Aracaju. É comum, pautar as discussões sobre os afrodescendentes na experiência dos Estados Unidos. Eu proponho traçar o paralelo com a cidade vizinha, Salvador, onde a exposição do afrodescendente na publicidade já se faz marca registrada, levando a questionar por que cidades tão próximas se comportam de maneiras tão diferentes. E o que faz o afrodescendente ter presença tão mais acentuada na publicidade soteropolitana, em relação a capital de Sergipe? Interesse comercial, social, político? Seria ótimo ter estas respostas e apresentá-las a um mercado, cuja imagem do afrodescendente na publicidade é tão marginalizada, mal dirigida, retratada e divulgada. Principalmente, quando comparada aos, já insuficientes, trabalhos nacionais, onde modelos negros começam a surgir, mesmo como figurantes ou em situações de questionáveis posturas éticas. Percebe-se, em Aracaju, uma lentidão muito maior da conscientização da visibilidade da história e imagem do afrodescendente na publicidade, em relação aos grandes pólos publicitários nacionais.

O aumento da discussão do tema do afrodescendente na mídia, a pressão através de manifestações e discussões do movimento negro, do projeto de lei do senador Paulo Paim (PT-RS), que visa a garantir cotas para a participação de afrodescendentes na publicidade, ou do próprio consumidor, que não se reconhece nesse mercado, não é suficiente para o fortalecimento da identidade negra na publicidade. Isso, porque, o comportamento discriminatório não mudou, apenas foi posto em segundo plano, sob a descoberta do potencial econômico do negro.

A produção e recepção de personagens negros na publicidade existem muito mais para suprir interesses institucionais (como mais uma ação para demonstração de sua responsabilidade social) e comerciais das empresas, do que para inseri-lo na sociedade. No seminário Internacional Mídia e Etnia, o cineasta e escritor Joel Zito Araújo lança a seguinte pergunta: Por que o jovem negro na publicidade? Mudou a cabeça do publicitário? Será que os publicitários estão preocupados com a consciência social no Brasil? O próprio Araújo responde: Os publicitários perceberam que os produtos étnicos são vendáveis e começaram a colocar negros na publicidade. Para Juarez Tadeu, pesquisador e ativista do movimento negro União dos Negros pela Igualdade, o grande problema é “essa idéia de que você integra através do consumo... não se pode resumir a isso. É por isso, que acho que é pouco a presença, se você não apresentar mudanças concretas, materiais, efetivas mesmoâ€.

Ou seja, a discussão ultrapassa a mera exigência de modelos negros na publicidade de Aracaju, mas sim, a incorporação deste no contexto, não como um “ser exóticoâ€, folclórico, temático, ou tentando forçar, institucionalmente, uma integração do negro com o cenário ou situação, embranquecendo-o ou deixando-o solto na peça, sem identidade, completamente artificial. Não é somente estar presente, mas fazer parte, estar integrado com a realidade.

A publicidade aracajuana coloca o negro, nas poucas vezes em que ele está presente em suas peças, como algo pontual; é como se dissessem “para não dizer que não tem nenhum negro†ou se estivesse sendo moderna, seguindo uma nova linha, uma nova tendência no mercado, um modismo extracotidiano, que não faz parte da sociedade. Ou ainda, para representar o povo carente, nas campanhas governamentais ou de responsabilidade social.

Queria um modo para alterar o quadro atual da publicidade aracajuana. Coibi-lo, incomodá-lo e envergonhá-lo. Mostrando que meios de comunicação, em principal a publicidade, é o mais forte setor, que pode valorizar o afrodescendente numa sociedade influenciada pela comunicação.

O Brasil quer passar a imagem de um país civilizado, quase europeu. Traçando um paralelo geográfico, Aracaju quer passar para o Brasil, a imagem de uma cidade de bom-gosto, moderna, enfim, quer ser aceita nacionalmente. Aracaju não assume sua imagem multicultural, nordestina, e, por isso, alveja a imagem de sua publicidade, pois, somente assim, acredita conseguir êxito no mercado. A publicidade aracajuana pensa que o negro não passa o conceito de refinamento, não é capaz de apresentar um produto sofisticado já que ele é modelo de negatividade.

Quando perguntado pelo jornal A Tarde, se o medo de perder público e dinheiro é causa de a mídia não investir na imagem do negro, o historiador e diretor do Centro de Estudos Afro-Orientais, Ubiratan Castro de Araújo, responde: “Esse é o lado comercial. Isso é uma desculpa. Há dois aspectos: um é a incapacidade de renovação de padrões estéticos dominantes e o outro é o preconceito impregnado, por não acreditar que a mulher e o homem negros não possam representar sentimentos, idéias e atitudes mais belas, nobres, mais elevadasâ€. O mercado publicitário transfere a culpa para o consumidor, que, segundo ele, não gosta de ver o afrodescendente na mídia, mas ele mesmo não tem como se esquivar e se inocentar do fato de não ousar mudar, criar um outro público.

Traçando um paralelo com o mercado de Salvador, tento compreender como ocorreu a transformação, tão particular à capital baiana, da imagem do negro na publicidade. Salvador reverteu, pelo menos no que diz respeito à exposição do negro em peças publicitárias, o pré-conceito da imagem do afrodescendente na publicidade, passando a mostrá-lo, muitas vezes, como personagem principal, como símbolo da baianidade e de toda sua história. A excelente resposta do setor turístico a essa valorização da cultura afro-brasileira é um dos principais pontos para a conservação dessa estratégia de marketing tanto do setor público, quanto privado de Salvador.

Mas questiono até onde a constante presença da imagem do afrodescendente na publicidade soteropolitana é causa de a auto-estima do negro residente em Salvador ser muito maior do que a do negro, que vive em Aracaju. Mesmo ele sendo apresentado, muitas vezes, de forma estereotipada, com os trajes de baianas vendendo acarajé, um “dread locker†jogando capoeira, ritmos e acessórios do candomblé etc.

Esta discussão, quase que inédita num meio de comunicação daqui, se faz necessária por ser Aracaju uma cidade, que está muito afastada dos avanços do movimento negro nacional em relação à presença do negro na mídia. É sabido que o processo de exclusão do afrodescendente foi criado e se desenvolve dentro de contextos, historicamente, erguidos, mas a postura covarde da sua publicidade, quando se nega a enfrentar uma sociedade conservadora e racista, consegue alimentar, firmar e ampliar esse processo de exclusão.

Gostaria de um meio que pudesse evidenciar para os falsos-cegos a vergonhosa e (até) constrangedora realidade desse mercado, com o objetivo de alertá-lo para o atraso ético em que se encontra e, a partir daí, mudar seu leiaute.






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FILIPE MAMEDE
 

Mara, seria legal vc dar uma "quebrada" nos parágrafos, estão muito grandes e isso dificulta um pouco a leitura. Quanto ao assunto, eis ai um tema difícil de discutir. São vários olhares, são inúmeras causas e etc... abraço.

FILIPE MAMEDE · Natal, RN 30/4/2007 11:43
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Helena Aragão
 

Gostei do texto. Discussão boa não só em Aracaju, por certo. E fiquei curiosa com o que você conta sobre Salvador. Se é como você conta, será que a população sentiu essa diferença, tem noção de que foi algo bom? Duas sugestões de edição: senti falta de links. E a outra coisa é nas tags: o ideal é usar hífen só nas tags com palavras compostas. Palavras separadas podem ter um espaço entre elas. Abraço!

Helena Aragão · Rio de Janeiro, RJ 30/4/2007 15:26
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maramarina
 

Valeu as dicas.
Só não consegui colocar os links. Que será que fiz de errado?

maramarina · Aracaju, SE 30/4/2007 17:40
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Spírito Santo
 

Muito boa a sua matéria Mara. Não sou do ramo (publicidade) e não vou a Salvador há muito tempo mas, pelo que posso deduzir o problema aí de Aracaju é uma questão nacional mesmo. Esta provável maior exposição do negro bahiano parece ser uma coisa pontual, senso de oportunidade, esperteza turística, estas coisas.
Escreve mais.

Quanto aos links, acho que sei qual é o problema. Acontece ainda hoje comigo. O procedimento (o meu) é selecionar a palavra que quero transformar em link, colar no google, catar o o link que desejo, copiar este link e voltar á palavra. Com a palvra a virar link selecionada de novo, clico na guia"link' da janela de edição e colo o link que trouxe do google.
É necessário (não sei fazer diferente) salvar cada procedimento deste antes de tentar criar novo link. É que, toda vez que se vai ao google, o que se fez antes, se não for salvo, se perde. Chato, né? Mas é assim que eu tenho me virado. Deve ter alguém aqui que vai te socrrer melhor que isto. Por ora, tá valendo.

Boa sorte!

Abs,

Spírito Santo · Rio de Janeiro, RJ 30/4/2007 21:22
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maramarina
 

Caraca, aprendi tarde demais a colocar os links. Só deu tempo colocar 2. Foi mal, galera.

bjos e axés.

maramarina · Aracaju, SE 2/5/2007 11:07
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Roberta Tum
 

Mara, parabéns por colocar este tema em discussão. Estou redigindo uma monografia sobre o afrodescendente no fotojornalismo. É impressionante também como ainda estamos restritos às páginas esportivas e policiais. Só mostrando as coisas de forma clara, e incomodando é que poderemos provocar mudanças.
Abraços!

Roberta Tum · Palmas, TO 2/5/2007 14:57
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maramarina
 

Valeu, Roberta.
Se não colocamos "no ar", as pessoas fingem que não percebem.
Além de ver, já ouvi vários absurdos no meio.
É vergonhoso e irritante.

abraços

maramarina · Aracaju, SE 2/5/2007 15:32
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Spírito Santo
 

É isto aí, pessoal!
Confirmando o que diz Roberta, tem um exercício que sempre faço, folheando magazines (de moda, variedades, revistas em geral) que é o seguinte: Conto, criteriosamente quantas imagens de afrodescendentes estão publicadas. É dito e feito: A cota é sempre de menos de 1%. Inclusive nas revistas mais populares logo, a questão é mesmo esta: Tornar visível, ao custo que for. Depois se conversa sobre as filigranas.

Força e abraços para as duas (e em todos que virão aqui)

Spírito Santo · Rio de Janeiro, RJ 2/5/2007 16:46
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Bruna Célia
 

Corcordo que a discussão é pertinente, no entanto descreditada pela maioria da academia... acho uma boa quebrar os parágrafo, o texto torna-se cansativo e é quase impossível chegar até o fim... mas gostei do seu jeito de escrever... abraço

Bruna Célia · Goiânia, GO 2/5/2007 20:09
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Alexandre Inagaki
 

Confesso que eu fico reparando se, além de afrodescendentes, aparecem também modelos orientais na publicidade. Na vida, assim como na publicidade, sou totalmente a favor da miscigenação racial. :) Parabéns pelo artigo!

Alexandre Inagaki · São Paulo, SP 3/5/2007 01:41
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SILVASSA
 

uma vez, na faculdade, fiz um trabalho. neste trabalho, tinha um desenho de um personagem que era do contexto lá do dito trabalho.

meu professor, Jaime Sodré, um dos grandes por aqui, me perguntou: - Por que o personagem não tem traços negros. Nossos traços?

curiosamente, saquei que, na "escola do cartum" (aquele que os novos desenhistas copiam os velhos, como sempre, para depois criar seu estilo) desenhar um negro era algo de fato complicado.


até hoje não sei a resposta. mas a pergunta, esta já foi feita por aqui, de forma competente.

vida longa

SILVASSA · Salvador, BA 3/5/2007 11:37
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Higor Assis
 

maramarina

Quem foi que disse isso: O Brasil quer passar a imagem de um país civilizado, quase europeu.

Higor Assis · São Paulo, SP 3/5/2007 14:11
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Revista Sintética
 

Valeu pelo comentário, querida. Realmente o afro-descendente na mídia brasileira está ainda bem raro, mas isto está mudando aos poucos. Lázaro Ramos e Thaís Araújo são os primeiros artistas a ganhar a mídia.

Revista Sintética · Osasco, SP 3/5/2007 14:14
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diginois.com.br
 

Mara ou Marina? hehehe..falando serio. Me lembro de assistir a uma palestra do Vovô do Ilê Ayiê, faz muitos anos isso, la em salvador e ele falava: "eu so queria que a brastemp soubesse que la no bairro todo mundo tem essa geladeira, eles poderiam pensar na gente pelo menos como mercado consumidor em potencial" de la pra ca realmente muita coisa mudou la Mara, mas na minha visao os negros ainda sofrem de um preconceito enorme por parte da midia local para voce ter uma ideia, esse ano pela primeira vez na historia, a TVE, tv publica do estado, filmou na integra os desfiles dos blocos afro e afoxes. ate ano passado so tranmitiam os blocos de trio. Essa luta eh lenta, mas fundamental!

diginois.com.br · Rio de Janeiro, RJ 3/5/2007 14:26
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FILIPE MAMEDE
 

"E como disse o poeta Gil, o negro á soma de todas as cores". Mais uma vez Mara, muito bacana você nesse assunto que é sempre tão delicado não é mesmo? Abraço.

FILIPE MAMEDE · Natal, RN 3/5/2007 15:01
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maramarina
 

Higor,

Acho que o Brasil continua a admirar o que vem de fora. E isso inclui padrão de beleza e comportamento.

Realmente, o Movimento Negro, seus seguidores e tal conseguiram grandes conquistas, mas, como disse, no texto, muitas vezes colocam o afrodescendente como um personagem factual, temático ou "da moda" como se nós não fizéssemos parte do cotidiano da sociedade.

Falo dos negros, pq foi o tema do texto e é deste contexto que particularmente faço parte. Mas, como disse o Alexandre, orientais e demais etnias e belezas são discriminadas na publicidade e na mídia em geral. O que é repugnate.

A publicidade, como todo meio, tem um grande poder transformador, "melhorador" em seus serviços, pena que não sabe usá-los.

Quanto ao "uso" da imagem negra na publicidade soteropolitana não quer dizer que lá não há o preconceito. Claro que não. Apenas faz parte do marketing turístico da Bahia, que vem dando certo, tanto no lado finaceiro quanto na qutoestima da negritude de lá. Pelo menos é o que percebo.

É isso mais ou menos.

Valeu a todos. cheiros e axés.

maramarina · Aracaju, SE 3/5/2007 15:05
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Higor Assis
 

maramarina.

Quando escreveu aquela fase em seu texto, você acabar por incluir todas as pessoas em seu texto. Sobre sua resposta, não entendi desculpe.

A luta pela demoracia e pela igualdade de oportunidades e pela questão racial é muito complicada, sabemos disso e muitas pessoas tem medo ainda hoje de colocar suas idéias em pratica.

Muita gente sabe também que não é de hoje esta luta e esta exploração, porém a generalização banaliza o texto e pode gerar desconforto em setores da sociedade, mesmo sabendo da luta que esta questão racial que é do Brasileiro, pois todos nós somos descendentes de uma miscigenação de vários povos, principalmente os indigenas.

Ah, é uma pena não ver ninguém colocar pautas sobre a exploração que este povo sofre, vem sofrendo e vai sofrer até ser aniquilado pelas fonteiras dos fazendeiros e latifundiários.

Bom não podemos fugir do seu tema. Um abraço, porém não deixo a resposta da minha pergunta anterior.

Higor Assis · São Paulo, SP 3/5/2007 16:38
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maramarina
 

Realmente, o texto generaliza, mais é que na hora de escrever acabo não lembrando de colocar "a maioria" (a quem me refiro) em tudo. Desculpa.

Quanto aos povos indígenas sofrem e sofreram como os negros e muitos outros povos por aqui e por todo mundo. Apenas abordei a questão que me é mais próxima, não que ela tenha mais valia entre as outras. De forma alguma.

é isso. (eu acho..rs)

maramarina · Aracaju, SE 3/5/2007 17:48
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maramarina
 

desculpa é: "MAS" em "mas é que na hora de ..."

maramarina · Aracaju, SE 3/5/2007 17:49
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jair
 

Cara, achei muito interessante a sua temática, mas quem é soteropolitano sabe que a cultura negra é o grande "produto" baiano, porém, infelizmente, a raça negra tem um infímo quinhão na divisão dos recursos advindos dessa exploração.
Não há percentual de negro em propaganda que possa tirar da cabeça de uma criança negra baiana que mora nos guetos a vontade de "clarear a família", pois a associação que ela faz do negro é do marginal, do mendigo ou das atividades informais que só perpetuam a miséria e a ignorância em que a maioria de nós se encontra em Salvador. Nenhuma propaganda apaga a nossa realidade.

jair · Manaus, AM 3/5/2007 18:49
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Verônica Almeida
 

Muito bom seu texto, Maramarina.
É um tema que precisa ser posto em pauta, precisa ser discutido.
Um abraço.

Verônica Almeida · Nossa Senhora da Glória, SE 3/5/2007 19:15
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costa
 

Minha cara Mara, muito me alegra ter lido o seu texto aqui no Overmundo. Farei algumas considerações sobre a sua dissertação. Primeiro por ser baiano e depois por ser integrante do movimento negro, além de professor da universidade federal de sergipe, onde em todas as minhas aulas - estou abrindo um debate para o tema. É preciso entender, que o estado de sergipe - como um todo, é um estado originado das lutas de negros e indios. Coisa que os sergipanos fazem questão de esconder. A presença do negro em sergipe - é inóspita e há sempre a ideologia do embranquecimento progressivo - atitude araigada por quem detém as modas e os modos nesse país. A Bahia encontra-se nesse atual estágio às custas de muitas discussões propostas pelo Movimento Negro e pelos Negras e Negras que se encontram tolhidos de seus direitos de cidadãos. Há de se entender, que nem sempre foi assim, ainda a muito por conquistar. Gostaria de poder ter um contato pessoal com vc, para estreitarmos mais essas e outras discussões que tanto nos apraz. meu e-mail é costa92@ig.com.br, meu fone é 79-8122-7718, aguardo com ansiedade seu contato......Gostaria muito de saber o que te levou a escrever esse belissimo trabalho. mas vai ai algumas sugestões para vc. leia.
A invenção do brasil -
ser negro -
escravidão no brasil meridional -
negritude sem etnicidade-
a presença do negro no livro didático.... depois trocaremos outros titulos,
ABraços e continue a fazer reflexões desse tipo - textos como esse, já garante uma presença que parece ñ existir.
Antonio Costa.

costa · Aracaju, SE 3/5/2007 19:20
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costa
 

Minha cara Mara, muito me alegra ter lido o seu texto aqui no Overmundo. Farei algumas considerações sobre a sua dissertação. Primeiro por ser baiano e depois por ser integrante do movimento negro, além de professor da universidade federal de sergipe, onde em todas as minhas aulas - estou abrindo um debate para o tema. É preciso entender, que o estado de sergipe - como um todo, é um estado originado das lutas de negros e indios. Coisa que os sergipanos fazem questão de esconder. A presença do negro em sergipe - é inóspita e há sempre a ideologia do embranquecimento progressivo - atitude araigada por quem detém as modas e os modos nesse país. A Bahia encontra-se nesse atual estágio às custas de muitas discussões propostas pelo Movimento Negro e pelos Negras e Negros que se encontram tolhidos de seus direitos de cidadãos. Há de se entender, que nem sempre foi assim, ainda a muito por conquistar. Gostaria de poder ter um contato pessoal com vc, para estreitarmos mais essas e outras discussões que tanto nos apraz. meu e-mail é costa92@ig.com.br, meu fone é 79-8122-7718, aguardo com ansiedade seu contato......Gostaria muito de saber o que te levou a escrever esse belissimo trabalho. mas vai ai algumas sugestões para vc. leia.
A invenção do brasil -
ser negro -
escravidão no brasil meridional -
negritude sem etnicidade-
a presença do negro no livro didático.... depois trocaremos outros titulos,
ABraços e continue a fazer reflexões desse tipo - textos como esse, já garante uma presença que parece ñ existir.
Antonio Costa.

costa · Aracaju, SE 3/5/2007 19:21
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André Gonçalves
 

acrescentando: as agências de modelos/atores tem pouquissimos negros nos castings. daí, muitas vezes fica difícil as agencias de propaganda contratarem modelos/atores negros. mas nao sei o que é exatamente pior: ter poucos negros na publicidade ou tê-los por " obrigação" e ser politicamente correto (argh!). enfim, como disse alguém aí acima, são muitas, muitas as causas/culpas/medos/preconceitos. um mês de discussão seria pouco. boa matéria.

André Gonçalves · Teresina, PI 3/5/2007 20:44
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Andre Pessego
 

Mara, mara, se Mestre Benício - um negro, Professor, garimpeiro, cantador e "contador" lhe dirigisse seria assim:
- anja dos meus dias ... e ia um galanteio apenas para lhe encher a alma, sua. Tudo é válido nesta luta - é cavar tudo, tudo e tudo sem fechar os ouvidos a Milton Gonçalves - queremos discutir também polticas economicas, engenharias, medicinas, ao lado das nossas culturas e bater nossos tambores, um beijo, andre.

Andre Pessego · São Paulo, SP 3/5/2007 20:47
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Alê Barreto
 

Mara, é ótimo saber que você tomou a iniciativa de colocar um assunto tão significativo para todos nós (inclusive eu que moro no RS). Alguns aspectos que fazem pensar de forma muito construtiva, brindados por você em sua fala: "(...) mostrando que meios de comunicação, em principal a publicidade, é o mais forte setor, que pode valorizar o afrodescendente numa sociedade influenciada pela comunicação"; "(...) O Brasil quer passar a imagem de um país civilizado, quase europeu; "(...)Aracaju não assume sua imagem multicultural, nordestina, e, por isso, alveja a imagem de sua publicidade, pois, somente assim, acredita conseguir êxito no mercado".

Se Aracaju, em sua visão, quer imitar a Europa, imagine aqui no RS, que as elites há décadas fazem todos pensar que somos italianos, alemães, espanhóis e portugueses. Somos gaúchos negros, índios, japoneses, mestiços, de muitas origens.

Tua linha de raciocínio a partir de Salvador é muito interessante. Aprofunde mais, tenho certeza que vais encontrar mais respostas além da questão turística.

Teu texto me ajudou a crescer, obrigado.



Alê Barreto · Rio de Janeiro, RJ 3/5/2007 22:44
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maramarina
 

Obrigada a todos pelas críticas, sugestões, ponderações e comentários.
Esta não é somente uma luta do negro, mas do que chamam "minoria", mas que na verdade só é a "minoria" que vemos na mídia.

abraços e axés.
mui grata a todos.

maramarina · Aracaju, SE 4/5/2007 09:58
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Ilhandarilha
 

Mara, seu tema é fundamental para se construir uma verdadeira democracia brasileira. Participo dessa discussão e sugiro que vc dê uma olhada nesse artigo aqui, que fala do negro no cinema. Parabéns!

Ilhandarilha · Vitória, ES 4/5/2007 10:39
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maramarina
 

Li o artigo, Ilhandarilha. Obrigada pela indicação.
Procurarei os livros que cita.

é o caminho, vamos lá.
Parabéns pelo texto.

maramarina · Aracaju, SE 4/5/2007 10:58
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Spírito Santo
 

Mais um mérito da matéria da Ana: Trazer a andarilha de volta ao convívio.
Abs,

Spírito Santo · Rio de Janeiro, RJ 4/5/2007 11:46
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George A. de Araújo
 

Mara Marina,

Que bom começar o dia lendo sua matéria, que expõe um "cenário", inquietações e busca discussão e ações. As Ações Afirmativas.
Você está muito bem amparada com a referência do trabalho de Júlio Tavares e Ricardo Freitas (que inclusive está trabalhando na Bahia).
Certamente tenho que reler seu artigo, mas já quero contribuir com algumas coisas, em primeiro lugar acentuando a condição insatisfatória de INCLUSÃO PELO CONSUMO, da CIDADANIA PELO CONSUMO, quando o afrobrasileiro passa a ter lugar na peça publicitária por estar correspondendo em alguma pesquisa mercadológica à algum percentual ou potencial de consumo.
Estou no Rio de Janeiro. Sou produtor do PROGRAMA DE REFLEXÕES E DEBATES PARA A CONSCIÊNCIA NEGRA, uma aplicação da Lei no. 10639 de 2003. Mensalmente (dentro dos 9 meses do ano letivo) temos uma atividade pública e neste mês teremos a nossa 21a. palestra. Em Março do ano de 2006 e no mesmo mês neste ano, nosso tema foi especificamente IGUALDADE RACIAL, ainda que em todo o programa esta seja a linha mestra.

http://www.see.rj.gov.br/index5.aspx?tipo=categ&idcateg=335&iditem=1673

Há algum tempo a Coordenadora do PROGRAMA DE REFLEXÕES E DEBATES PARA A CONSCIÊNCIA NEGRA, Profa. Carla Lopes, deu uma entrevista para uma jornalista de uma revista de Educação, foi por telefone e foram gravadas as respostas e da transcrição trago três trecho dando alguns dados nesta troca:

"Da Ãfrica temos a herança de sermos a maior nação negra fora do continente africano e temos a segunda maior população negra do planeta. A primeira é a Nigéria com 85 milhões de negros. Conforme dados do IBGE 45% da nossa gente é afrodescendente.
Somos uma nação afrodescendente. É a primeira coisa que na escola tem que se falar e se entender claramente."
..............

"Existe uma reação que vem em uma pergunta constante: 'Então a Lei 10.630/03 que obriga o ensino da História Africana e da Cultura Afrobrasileira é para atender o aluno afrodescendente? E os outros?'
Ora que outros se a nação tem esta formação afrodescendente? É formada com esta raiz africana, por mais que uma educação de visão eurocêntrica tenha sido nosso modelo por tantos anos tolhendo este entendimento e ainda tenhamos vivido sob o mito de uma democracia racial que serviu para ocultar nossa real relação de valores identitários.
Saber a História Africana e conhecer a Cultura Afrobrasileira é um serviço para o cidadão brasileiro.

.............

"A Cultura Afrobrasileira é um valor diferencial nosso em um mundo globalizado. Hoje todos não procuram diferenciais e vantagens
competitivas em um mercado global? Qual é nosso diferencial mais evidente?
A questão não é se você é uma brasileira de terceira geração de famílias de origens européias, loura e de olhos azuis, a questão é que na cultura do seu país está vigente uma maneira de sentir, olhar, falar, comer, vestir, conviver, brincar, cantar, dançar, lutar e
devotar que é o modo brasileiro de viver, que tem a maior e mais eclética presença africana do mundo."

Entrando com outro dado: O IBGE aponta 45% da população como afrobrasileira, há um dado do IARA (Instituto da Advocacia Racial e Ambiental), do Dr. Humberto Adami, que trabalha com o número de 54%.
Então falando de publicidade, comunicação e entendimento de valores, há um ponto de partida que é bem anterior à planilha de resultados e metas de vendas. Mas há algum conceito publicitário trabalhado para levar em conta a construção identitária nacional?
Falando do que está constatando em Salvador, creio que vê os efeitos da organização social, que se reconhece, se representa e se faz reconhecer. A sociedade organizada e mobilizada tem como falar na linguagem do mercado: o CONSUMO. Ou você me apresenta, ou você me representa ou não dialogo com você, ou seja, eu não te consumo. É uma forma de relacionamento, não podemos ver assim? Pelo menos o que o empresário entende, ainda é insatisfatório, mas com a atenção dele, organizadamente deve-se mudar o rumo da conversa.
Estou indicando este post para uma amiga a Juliana Botelho, da UFMG e atualmente na Université du Québec à Montreal (Canadá), que está lá está lecionando em cima de sua pesquisa que é exatamente: "A imagem do afrodescendente na publicidade".
Valeu Mara Marina, gostaria de trocar mais, expor e me explicar melhor, mas tenho que tocar o dia. Para efetivar esta conversa eu te pergunto (ainda sem muita elaboração)

Em que medida o publicitário, o mercado publicitário, a cadeia produtiva da publicidade pode trabalhar para fazer uma real, digna, consistente e contextualizada representação do afrobrasileiro nas suas peças?
O publicitário consegue emplacar uma campanha para um produto ou serviço que o cliente não acredita como vendedora? Melhorando a pergunta, este processo começa na publicidade ou se inicia na compreensão empresarial?

Bom trabalho,

George

George A. de Araújo · Rio de Janeiro, RJ 4/5/2007 12:03
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George A. de Araújo
 

NEGRO INCOMODA QUANDO SAI DO SEU LUGAR


119 ANOS DEPOIS

George A. de Araújo · Rio de Janeiro, RJ 4/5/2007 13:00
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Tacilda Aquino
 

Li uma vez, no jornal A Tarde, de Salvador, que existe uma lei municipal que impõe percentual de participação de atores negros na publicidade, talvez por isso a presença negra seja mais marcante na publicidade baiana. O grande problema é que a mídia nacional limita o enfoque da cultura negra ao carnaval, ao morro, às favelas e nunca em sua real medida enquanto umas das culturas fundadoras do Brasil. Nem parece que, além dos lugares citados, os negros estão também nas artes, nas letras, na política, (como a ministra Marina Silva, que é a cara do Brasil) na justiça, na academia, nos sindicatos, nas lutas populares, na vida brasileira. O grande preconceito da mídia nacional é que ela vê os negros com os olhos da desconfiança e sempre colocando à prova a capacidade de trabalho dos negros. E existem modelos brasileiros negros que merecem muito mais espaço do que realmente têm.

Tacilda Aquino · Goiânia, GO 4/5/2007 15:30
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Adroaldo Bauer
 

Maramarina,
Demais overmundanas e overmundanos nesse debate,

O que se diga a mais deve referir a circunstância da hernaça escravista.
Nabuco, o joaquim, já alertara que aquela secular relação de produção iria deitar profundas raízes na sociedade brasileira, por mais muitos séculos ainda.
Tinha e tem razão.
O que mais se diga deve levar em conta que, daqui a poucos dias, o 13 de maio nos lembrará que em 1888 foram alforriados os senhores de todos os deveres com a gente escravizada.
Negras e negros jorgados sem eira, beira ou tribeira, como costumam dizer portugueses antigos, ao pé dos morros, no ventre das matas. tudo para atroca exigida pelo mercantilismo inglês para um novo modo de produção, que necessitaria desde lá consumidores em muito mais quantidade que senhoris.
O que se diga mais a respeito tem de ponderar que a questão de raça (ou etnia)no Brasil (e creio que em muitas outras regiões do planeta) deve ser uma preocupação e uma luta de todosos seres humanos, mulheres, homens de todas as procedências.
Não so porque o nosso ancestral até aqui localizado é de Ãfrica, mas - e principalmente - por todas somos pessoas humanas.
O mais se diga, deve reportar o fato de que a educação reproduz ideologias e que a ideologia dominante nas sociedades continua sendo a da classe dominante. Então, burgueses são quem? financistas são quem.
Ainda restaria dizer que exemplosde destaque da etnia servem em publicidade para confirmar o modelo que reproduz a exploração e a espoliação da maioria, que é só trabalhadora e, dentro dela, negra em predominância.
no milênio passado aprovei na Câmara de Vereadores de prto alegre a lei que impunha o estudo do conteudo da contribuição do negro no Brasil, sua história e sua atualidade.
Tá vigindo, mas se arrasta.
O que se conquista é fruto de muita luta, querida overamiga.
(Desculpem o tamanho do postado, acho que meu mais longo desde que aqui cheguei, mas me emociona o tema e me alegra o interesse do povo sobre as questões para superar racismo, exploração e iniqüidade).

Adroaldo Bauer · Porto Alegre, RS 4/5/2007 15:39
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Polonesa
 

Adorei o seu texto! Você conseguiu dizer quase tudo o que estava travado na minha garganta ha tempos! Espero que o seu texto possa instigar mais pessoas a tocarem no assunto e finalmente abrirmos espaço na sociedade brasileira para um debate claro e sem hipocrisias.

Polonesa · Rio de Janeiro, RJ 4/5/2007 17:32
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Giovana
 

Olá querida Mara;
Antes de mais nada, gostaria de te parabenizar pela escolha desta temática tão cara à sociedade brasileira. Aliás, é esse aspecto que acredito, mereça ser realçado.

É preciso compreender que seja na mídia, no mercado de trabalho, na saúde, na academia, etc. - o racismo contra afro-descendentes não pode mais ser definido como "problema do negro". À medida que este fenômeno for compreendido como problema da sociedade brasileira conseguiremos muitos avanços.

Com relação a sua discussão central - o negro na mídia - considero que por conta de vários fatores (leis, potencial consumidor, dentre outros) pode-se dizer que hoje há uma maior presença do negro na mídia.

Diante disso, precisamos avançar, dar mais passos nessa discussão. Devemos agora seguir à diante e perguntar: 1. que papéis são destinados a homens e mulheres negras na mídia? 2. Esses papéis coadunam com as nossas realidades? 3. Para além de personagens e modelos, precisamos de gente negra pensando, produzindo, montando cenários.

É preciso desnaturalizar esta imagem do negro como algo antagônico à intelectualidade e, nesse sentido, novamente te parabenizo.

Sem dúvidas, o Brasil, como diversos outros lugares do mundo, têm uma história racial de miscigenação, contudo é preciso entender que a nossa história não contou com a contribuição negra, mas sim com a sua presença efetiva em todos os espaços sociais.

Ao contrário do mencionado, as temáticas envolvendo enfoques históricos e culturais do negro, têm ocupado lugar cada vez maior na academia. Destacam-se como matrizes acadêmicas dessa discussão o Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBA, o Centro de História Social da Cultura da Unicamp e dezenas de Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros que v~em sendo fundados por diversas universidades do Brasil. São os chamados Neabzinhos. Mas essa é uma outra discussão, sobretudo porque o pensamento acadêmico ainda se encontra hegemonicamente concentrado nams mãos das elites que durante séculos pensaram e formularam teorias SOBRE o negro. Essa poderia ser uma temática para outro texto, visto que há uma parcela bastante atuante (na qual me incluo) de intelectuais - negros e não negros - que vêm buscando através de teses, dissertações e monografias, contar uma outra história comprometida com os desdobramentos da diáspora africana no Brasil.
Novamente parabéns pela iniciativa!

Giovana · Rio de Janeiro, RJ 8/5/2007 12:38
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Adroaldo Bauer
 

Tenho esse texto aqui.
E desde 1986 escrevo, legislo e repito que a luta anti-racista é uma luta de todos, como nos orientava Florestan Fernandes:
Ação Negra por um novo mundo possível

Adroaldo Bauer · Porto Alegre, RS 8/5/2007 13:36
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George A. de Araújo
 

repassando >>>


Onde Está o Negro na TV Pública

Brasília, 9/5/07 - Apresentada durante painel sobre Programação e Modelos de
Negócio, no Primeiro Fórum Nacional de TV´s Públicas, a Pesquisa Onde Está o
Negro na TV Pública, realizada pela Fundação Cultural Palmares/MinC chamou a
atenção dos participantes para a invisibilidade do negro na TV pública
brasileira. Em sua intervenção, o cineasta e consultor da Fundação Cultural
Palmares, Joel Zito Araújo, destacou que o novo modelo de TV a ser gestado
deve garantir a inclusão do negro e do índio em sua programação, bem como no
corpo de apresentadores e jornalistas.

Os números levantados pela pesquisa da FCP comprovaram que após analisar a
programação de três emissoras públicas de TV ( TV Cultura, de São Paulo,
Rede Brasil, do Rio de Janeiro e TV Nacional/Radiobras, de Brasília) durante
o período de 8 a 15 de abril deste ano, 0,9% da programação exibida pelas
emissoras foram dirigidos à cultura afro-brasileira. O mesmo estudo aponta
que menos de 10% dos apresentadores destes canais são negros e 5,5% dos
jornalistas que atuam nas TVs públicas são de origem afro-descendente.
"Dados que confirmam o racismo e a exclusão da população negra e índia da
programação televisiva nacional", indica o consultor.

Joel Zito Araújo também chamou atenção para a necessidade de se vencer o
racismo na mídia como um desafio para construir uma televisão democrática e
com diversidade racial. "Se não houver por parte daqueles que financiam o
interesse em promover a difusão da cultura negra e indígena na televisão, a
tendência é continuarmos vendo uma televisão pública feita pela classe média
branca para este mesmo grupo", salientou Joel Zito, bastante aplaudido pelas
dezenas de participantes que acompanham as plenárias em Brasília.

Exclusão também na América Latina

Respondendo as observações apontadas por Joel Zito Araújo, o secretário do
Audiovisual do Ministério da Cultura, Orlando Senna, disse que a missão de
promover a igualdade racial na programação das tevês públicas não é somente
um dever de seus dirigentes, mas uma obrigação por parte de todo o cidadão
esclarecido. Senna cita que o racismo não é só presente na sociedade
brasileira, mas também é cotidiano nos países latinoamericanos. Como
exemplo, citou a sua participação nas reuniões de composição de programação
da TV SUR, emissora de tevê do sistema Radiobras que integra o Brasil e os
países latinos a partir de Brasília. "Digo que 98% da equipe que trabalhou
na implantação da tevê era branca. Vimos apenas três negros e nenhum índio.
Temos que ter coragem para resolver e solucionar a invisibilidade do negro
na TV pública e na sociedade", conclamou o secretário.

Beth Carmona, presidente da TVE Brasil e relatora do painel sobre
Programação e Modelos de Negócio disse que já há um esforço por parte das
emissoras públicas em reverter este quadro de exclusão do negro. "Há um
esforço das emissoras para garantir a inclusão de profissionais negros em
suas equipes de trabalho", explicou, lembrando que o tema merece uma maior
discussão.

Negros e índios fora da programação

O apoio a pesquisa também veio de inúmeros participantes. O diretor do
Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (IRDEB), Pola Ribeiro constata
que o racismo é presente no cotidiano da programação das tevês públicas.
Segundo ele, esta situação também é bastante presente na programação da tv
pública na Bahia, estado conhecido pela predominância negra em sua
população. Pola conta que em recente levantamento feito junto aos quadros
funcionais da TV Educativa da Bahia (ligada ao IRDEB) foi constatada a
não-existência de negros nas áreas de produção, reportagem e apresentação de
programas jornalísticos. A partir deste levantamento, o diretor do IRDEB
indica que a instituição está começando a implantar uma nova análise e
construção de sua programação, pautando a cultura afro e indígena em suas
produções. "Este desafio é realmente nosso, porque temos o dever de
construir uma sociedade plural", defendeu Pola Ribeiro.

Reportagem: Oscar Henrique Cardoso, ACS/FCP/MinC

George A. de Araújo · Rio de Janeiro, RJ 14/5/2007 12:59
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kellynhajornalista
 

Oi mara, to vendo essa dificuldade do acesso do negro na publicidade agora. Este é o meu tema de monografia. To encontrando entraves para tratar do assunto, meus professores ignoram o fato completamente, dizem que não há proconceito. To muito confusa. se encontrar material sobre o assunto, me informe por favor. Abraços.

kellynhajornalista · Palmas, TO 13/9/2007 13:05
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Esther Gonçalves
 

Mara,
Nos castings das produções de elenco, se estipula porcentagens étnicas para a gravação ou produção de fotos publicitárias. (trabalhei em produção durante 1 ano - estas porcentagens étnicas são conduzidas pela legislação do setor em "alguns casos")
Geralmente a porcentagem de negros e afro-descendentes fica em média de 5% à 10%.
Acontece é que o Brasil não está acostumado a se ver nas telas.

Concordo com seu manifesto, ainda mais que aqui no Brasil os negros são maioria!

Eles são maioria no país já a partir deste ano segundo dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) com dados de 2006 que apontam 49,7% de negros e 49,5% de brancos.
Os negros no Brasil são a soma das pessoas que se autodeclaram pretas e pardas.

Esther Gonçalves · São Paulo, SP 16/6/2008 05:07
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Paulo Z BR
 

Olá!!! gostaria de esclarecer que ainda sou branco por falta de sol e viemos do mesmo Deus ...
Existem racismos e amizades entre negros e brancos ou seja qual for a cor, isso vai de cada doent
te.
O anjjo ccaído influencia a ambos que não tiverem ffé e os faz cometerem displiscências, isso segundo meu seguimento.
E a respeito do que eu axo sobre essa foto ?
Parece que vão se beijar, acho que são hoomosexuais.
Minha reeligião não aceita isso, mas, cada um com seus pobrema.
Esse é meu COMENTÀRIO !

Paulo Z BR · Cascavel, PR 29/11/2008 11:55
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Dal Negão
 

Gostaria de parabenizá-la pelo artigo e iniciativa em primeiro lugar e em seguida dizer que no meu olhar, a realidade do negro em aqui em Salvador é ainda mais crítica que em Aracaju, muito embora eu não conheça a cidade vizinha. Todavia é interessante salientar que em Salvador, a população afrodescendente é considerávelmente superior á de outras raças, significando dizer que vivemos ainda hoje em pleno século XXI um tipo de Apartheid Soteropolitano, onde uma grande maioria é discriminada e marginalizada por uma minoria mestiça, haja vista que no nordeste do Brasil não existe brancos.
O mais lamentável ainda é que não é somente na mídia, mais em todos os aspectos. O negro soteropolitano como em boa parte do mundo fora da Ãfrica ainda vive em escravidão, como dizia Bob Marley, precisam se libertar da "ESCRAVIDÃO MENTAL".
O problema é mais complexo que parece minha nobre colega, mais a intenção aqui conta muito pra se discutir o assunto. Parabéns para você e aceite um Afrobeijo de dal Negão.

Dal Negão · Salvador, BA 14/7/2010 01:15
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