A Importância do Rádio na Construção da Imagem

Poderoso no Passado... Poderoso na Atualidade!
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Melck Aquino · Palmas, TO
12/6/2007 · 213 · 11
 

É inacreditável, mas mesmo diante da realidade atestada por recentes pesquisas que apontam que em cada casa tem em média dois a três receptores de rádio, ainda existem políticos e alguns de seus assessores diretos que não dão a devida importância para este fascinante meio de comunicação de massa. Aliás, nada melhor do que realmente caracterizá-lo como de massa, aqui entendido sob dois aspectos, o quantitativo e o qualitativo.

Não! Calma, não estamos falando de pesquisa. É de rádio mesmo. Uso aqui o quantitativo na relação com "massa" para chamar a atenção para o fato de que hoje são 3.421 emissoras de rádio espalhadas por todo o território nacional, segundo o Ministério das Comunicações, atendendo aos locais mais distantes, muitos dos quais desprovidos do sinal de televisão. O qualitativo é utilizado para destacar o fato de que as "massas", em uma acepção popular, têm no rádio um meio de amplo uso, já que ele atinge de forma mais direta as populações de baixa renda e a juventude. Aliás, aqui vale abrir parênteses para um questionamento: que parcelas do eleitorado realmente são capazes de decidir uma eleição?

O Brasil tem um dos mais altos índices de analfabetismo do mundo – 22,8 milhões de brasileiros, o que corresponde a 13,8% da população com mais de 15 anos de idade. Pelos dados do IBGE, além dos analfabetos propriamente ditos (ou absolutos), que não sabem ler nem escrever, existem 30,5% de analfabetos funcionais, aqueles com menos de quatro anos de escolaridade. O rádio, é bom que se diga, é o único meio de comunicação de massa que efetivamente não exige alfabetização do receptor.

Um instrumento de comunicação assim deve ser considerado com respeito e profissionalismo em qualquer projeto de construção de imagem de um político com um mínimo de discernimento. Ninguém questiona que a televisão é o meio de comunicação número um, quando se fala em propaganda política no pleito eleitoral ou mesmo no aproveitamento dos espaços “gratuitos” (há controvérsia) dos programas partidários. Sim, há uma cultura visual predominante em nossa sociedade, e ninguém, em sã consciência vai negar o poder fabuloso da imagem e o fato dela exigir do telespectador uma atenção focada. Entretanto, é preciso destacar que o rádio chega aonde a TV não vai, é prático e portátil e está em 98% das casas, enquanto a TV em apenas 75%. E mais, o horário nobre do rádio dura 13 horas, enquanto o da TV, apenas três. Tudo isso numa constatação que agrada quem paga a conta. Sim, porque uma produção no rádio custa 95% menos que a da TV.

Como diz Duda Mendonça no seu livro Casos & Coisas (Editora Globo): "Quem menospreza a força do rádio, está abrindo mão de um vasto campo, ali disponível para a plantação de suas mensagens e, conseqüentemente, para a colheita de votos. O candidato que dá as costas ao rádio sugere, por isso mesmo, um pescador que inexplicavelmente, resolve pescar apenas com um anzol, uma linha e uma isca. Seguramente ele vai fisgar menos peixe do que o seu vizinho, mais experiente que pesca com várias linhas, iscas diversas e em profundidades diferentes, pois sabe que além dos peixes de superfície, existem também os de meia água e o dos fundos do mar".

Como profissional especializado em marketing eleitoral não poderia deixar de chamar a atenção para o grande erro cometido por muitos. A posição secundária do rádio não significa de forma alguma que ele não deva ser trabalhado com todo o profissionalismo pela equipe de marqueteiros e publicitários que são contratados por um político. Não se pode mais admitir, em disputas cada vez mais complexas, que cada vez mais realizam ampla exposição de homens e mulheres que se lançam na busca de votos, que simplesmente se use o áudio de programas de TV no rádio, ou mesmo textos belos e detalhados feitos para jornais de campanha. Meus ouvidos se sentem agredidos quando, mesmo em ano não eleitoral, ouço programas dos partidos políticos que simplesmente “chupam” o áudio televisivo.

O rádio tem sua própria linguagem, muito mais direta, coloquial e intimista, e somente a sintonia com esta "cara" pode possibilitar que o tripé - diversão, informação e persuasão - seja efetivamente exercitado no seu uso. Só assim será possível, efetivamente, sintonizar o som dos votos.

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Tacilda Aquino
 

Que bom ver você por aqui. Quem sai ganhando são os leitores, pois você _ independentemente da corujice de irmã mais velha _ é competente em tudo o que faz. E como também já trabalhei em rádio, concordo com você.

Tacilda Aquino · Goiânia, GO 9/6/2007 13:00
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Cida Almeida
 

Sintonia fina.

Cida Almeida · Goiânia, GO 9/6/2007 22:19
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Tetê Oliveira
 

Melck, interessante seu texto. Eu sou fã de rádio - e AM. Sempre que posso estou com meu radinho a pilha sintonizado.
Aqui ficam duas pequenas dicas de edição: incluir um espaço entre os parágrafos, para facilitar a leitura, e corrigir "cultura visual", no 4º parágrafo.
Abraço.

Tetê Oliveira · Nova Iguaçu, RJ 10/6/2007 12:34
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Roberta Tum
 

Gostei Melck. O rádio tem seu charme, imbatível, não só para a conquista de votos, mas para toda mensagem.
Abraço!

Roberta Tum · Palmas, TO 11/6/2007 11:23
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Saulo Frauches
 

Legal saber destes dados. Os podcasts, aliás, estão radicalizando ainda mais na possibilidade que as pequenas rádios possuem de produzir um discurso bem local. É tudo rádio.

Saulo Frauches · Rio de Janeiro, RJ 12/6/2007 14:23
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FILIPE MAMEDE
 

Excelente contribuição Melck. O rádio merece todo respeito e, ainda cabe uma ressalva; em tempos de 'forte apelo à imagem' e, sobretudo, a internet, do ponto de vista jornalístico, o rádio ainda continua sendo o 'meio' mais dinâmico. Esss sim, o único capaz da 'notícia em tempo real'. Quanto à questão da linguagem, realmente as pessoas que fazem uso desse meio, como os políticos, que você bem abordou, não utilizam essa ferramenta da maneira correta, fazem um verdadeiro "ctrl +c, ctrl + v" e pronto. Importam uma mensagem de uma mídia pra outra...
Um abraço.

FILIPE MAMEDE · Natal, RN 13/6/2007 08:37
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FILIPE MAMEDE
 

Em se tratando de 'RÁDIO', esse texto tem tudo a ver também.
">http://www.overmundo.com.br/overblog/radio-livre

FILIPE MAMEDE · Natal, RN 13/6/2007 09:56
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Flávio Herculano
 

Pessoalmente, não gosto de rádio, mas reconheço sua força, sobretudo em relação as camadas de baixo poder aquisitivo e à população rural. Legal sua análise, Melk.

Flávio Herculano · Palmas, TO 13/6/2007 12:27
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Marcelo V.
 

Quantas concessões de rádios pertencem a políticos? Muitas, muitas...

A força do rádio é mesmo gigantesca; pena que os empresários do meio não ligam para conteúdo, apenas para o lucro. Por causa disso, a mídia o menospreza...

Assinei por um ano (período difícil, estava com a saúde abalada) a coluna semanal sobre rádio no caderno Ilustrada da Folha de S. Paulo, e a resposta dos leitores era maciça, embora a coluna em si (que também foi assinada por Daniel Castro e Magaly Prado, antes de mim, e Laura Mattos, depois) não fosse valorizada pelo jornal _tanto que acabou cancelada.

Marcelo V. · São Paulo, SP 13/6/2007 15:56
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Rafaela Lobato
 

Adorei Melck! Amo o rádio, vivo dele. Está aí um ótima opinião sobre o tratamento dado ao rádio em campanhas políticas. realmente "chupar" o áudio do programa de TV sempre me pareceu um desrespeito ao ouvinte que não está tento a oportunidade do apoio visual do que ouve. Rádio é a conversa ao pé do ouvido ignorada por muitos políticos.

Rafaela Lobato · Palmas, TO 13/6/2007 17:20
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Thiago Perpétuo
 

Ainda sobre esta questão da linguagem própria do Rádio, uma das coisas mais interessantes, creio, é a permanência das emissões de partidas de futebol. O jogo ganha muito em dramaticidade. Até os jogos mais paradões ganham ares frenéticos nas narrações esgoeladas das partidas. Fato este que se desenrola de maneira a permitir ao ouvinte criar a imagem que quiser, em alternativa a uma possível ditadura das imagens dadas pela TV (nossa, acho estou a viajar um pouco no tema!!!). Bela contribuição.

Thiago Perpétuo · Brasília, DF 13/6/2007 21:30
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