A viagem da Missão de Pesquisas Folclóricas, organizada por Mário de Andrade e realizada em 1938, é um daqueles acontecimentos centrais para a compreensão dos rumos tomados pela cultura brasileira, e pela noção de identidade brasileira, no Século XX. Mas como tantos outros desses acontecimentos, sempre foi mais citada do que conhecida. Não havia muito como conhecer: até o final de 2006, era quase impossÃvel ter acesso a seus registros (músicas, fotografias, filmes, objetos etc.) a não ser depois de longa peregrinação para uma sala do Centro Cultural São Paulo, onde estavam guardados com muito cuidado (o que significava também - e de certa forma ainda bem! - uma dificuldade extra para conseguir autorizações para pesquisar as Pesquisas). Então tudo contribuÃa para que o material ficasse envolto em mitos, ou ganhasse a aura de uma preciosidade artÃstica com a qual nunca poderÃamos estabelecer contato.
Eu sempre ouvia falar dos registros, mas meu único contato com eles foi através de um CD, lançado pela Biblioteca do Congresso Americano dentro do Projeto Música em Perigo (reparem no nome, que certamente ajudava a fortalecer o mito...), contendo apenas 23 faixas curtinhas. Sabia, pelo livro Acervo de Pesquisas Folclóricas de Mário de Andrade 1935-1938, que havia mais de 1.200 fonogramas registrados nas viagens. Ficava sonhando com o o que eu não escutara, e já estava me acostumando com a idéia que nunca iria escutar... Mas para alegria geral da nação, o Centro Cultural São Paulo, a Secretaria de Cultura de São Paulo (dirigida por Carlos Augusto Calil, que felizmente havia sido diretor do CCSP e portanto tinha grande familiaridade com o material), e o SESC-SP (que felizmente é dirigido pelo Danilo Miranda) deram fim ao mistério lançando uma caixa com 6 CDs (nesse link você pode ouvir as músicas, ver fotos, ler mais textos etc.) contendo o melhor desses registros sonoros. Diante de tanta demora, saudei o lançamento como acontecimento tão importante quanto a própria realização da Missão! (E já deu no New York Times!)
Então: o material precioso é agora acessÃvel. O que devemos fazer com ele? PoderÃamos manter em seu entorno a atitude reverencial que votamos aos mitos mais sagrados, descobrindo ali todas nossas mais profundas raÃzes de autêntico povo brasileiro. O ideário da Missão alimenta essa reverência: era como se aquilo tudo a ser registrado fosse acabar no dia seguinte (e não acabou, muitas dessas músicas continuam vivas, e algumas até mais fortes do que eram antes, como pude perceber nas viagens do Música do Brasil); era como se tudo aquilo fosse puro, sem contato com a modernidade (o que escutar as próprias músicas desmente, como vou comentar em detalhes adiante). Então minha proposta vai em sentido contrário ao da "busca de raÃzes": vamos acabar com o mito de uma vez por todas? Aqui não vai nenhuma sugestão de desrespeito, ou de profanação inconseqüente: na verdade penso no mais profundo respeito, que sirva para dar nova vida para o material, que já está digitalizado e pode ser "manuseado" com vigor, sem perigo de "desaparecimento" dos registros (que esse era sim um perigo real, fÃsico). Pensei num exercÃcio um tanto ou quanto iconoclasta, mas ao mesmo tempo e paradoxalmente devoto: queria escutar as músicas sem pensar em sua distanciadora importância histórica, ou "mitológica" - queria escutar esses CDs como se fossem quaisquer outros CDs, lançados hoje - queria investigá-los para saber o que eles têm a dizer para o mundo de hoje, esquecendo o seu lado de "peças de museu". O que resta dessas músicas, sem o mito? E o que elas iluminam na musicalidade brasileira (seja pop ou "tradicional") de hoje?
É o que vou fazer aqui: uma série de comentários sobre as faixas com as quais estabeleci um diálogo, digamos assim, contemporâneo (por favor: não procure aqui rigor etnomusicológico: a intenção é completamente outra...) Que músicas me fazem dançar? Como ouvir essas músicas com ouvidos pós-tropicalistas, pós-música-eletrônica-de-pista-de-dança, pós-barulho-do-rock-and-roll? Há conexões possÃveis? Veremos.
O que apresento a seguir é apenas o inÃcio dos trabalhos - é uma obra aberta e inacabada. Vou continuar completando o exercÃcio, nos comentários, toda vez que tiver algo a falar sobre uma outra música, toda vez que estabelecer links entre elas e o mundo de hoje (ou com a maneira como o mundo de hoje pensa seu passado musical/cultural brasileiro). Convido todo mundo para entrar na brincadeira. Escute os discos, faça suas próprias conexões. Pode até pegar caronas nas minhas conexões, ou desconectá-las, propondo novos links. Seria bom começar também a remixar os registros (não sei se os direitos autorais permitem...) ou a fazer logo suas novas versões (como o pessoal do Projeto Axial já faz). O objetivo: aproveitar os lançamentos dos CDs e colocar essas músicas novamente para circular. No meu entender, não poderÃamos fazer nada melhor, ou ter maior respeito, por elas.
Sendo assim... Vamos às músicas:
CD 1 - FAIXA 1 - Meu Barco é Veleiro - carregadores de piano (Recife, PE)
Uma das músicas que os carregadores de piano cantavam para suportar o peso e ritmar o carregamento. Se tivesse o acompanhamento de viola e palmas poderia se transformar rapidamente num samba de roda baiano, quase sem alterar a melodia ou o andamento. Isso sugere a óbvia conexão entre os mundos do samba e do coco, que se encontram tão entrosados no samba de parelha sergipano. Até os temas dos cantos, sempre repetidos em coro, lembram os temas do samba de roda do Recôncavo. O barco é veleiro, mas o "vapor" está na estação: isso remete ao vapor de Cachoeira que não navega mais no mar, cantado também por Caetano Veloso em Transa. Interessante esse fascÃnio do tradicional por máquinas: ouvi cirandas sobre aviões, toadas de bumba-meu-boi sobre automóveis. Quem disse que os mestres dessas brincadeiras querem viver para sempre num mundo pré-moderno, ou "preservadamente" medieval? Todos querem também o futuro agora, exatamente como continuam querendo os "populares" das festas de aparelhagem ou dos bailes funk de hoje em dia. Tá tudo dominado e misturado!
Os carregadores de piano cantam em mais 6 faixas. Uma fala: "vou para Espanha, passear". A outra é a narrativa de um calote: "dona Maria me enganou - não pagou o piano". Tudo apenas com vozes, mas com um ritmo arretado. A escuta me lembrou da curadoria que fiz dois anos atrás para o festival Percpan. Convidamos um excelente grupo da Tanzânia, o X-Plastaz, que mistura hip hop com cantos maasai. Teve gente que, vendo africanos, perguntou ou criticou: mas por que eles não trouxeram também tambores? O "problema" é que os maasai nunca tiveram muita paciência para tambores: são um povo nômade, não gostam de carregar peso pra lá e pra cá. Mas os ritmos que faziam só com o gogó eram incrÃveis. Como eram também os ritmos dos cantos dos carregadores de piano de Pernambuco.
Para mais ritmos construÃdos com vozes, vale a pena escutar as faixas de 12 a 17, do CD 3, com demonstrações excelentes do poder de fogo do coco de Pombal e Souza, ParaÃba - tocados só com chocalho, como ainda hoje pode ser ouvido em Maceió e arredores.
CD 1 - FAIXA 10 - Chegada do Manuel - Bumba-meu-Boi (Recife, PE)
O grupo é um bumba-meu-boi mas a música continua coco. Desta vez com percussão pesada, que lembra o que tocam hoje as baianas de Alagoas, que por sua vez lembra o drum'n'bass (e quantos remixes d'n'b de "Boa Tarde Povo" - música que as Baianas Mensageiras de Santa Luzia gravaram para os CDs do projeto Música do Brasil - já escutei por a� Nem sei contar...) Seus ritmos entortam o corpo e a cabeça da gente. Mas nesta "Chegada do Manuel" o mais curioso é a fusão do big beat coqueiro com uma viola que tem a sonoridade que hoje escutamos acompanhando sobretudo repentistas. O resultado é bem psicodélico: parece árabe (como sempre parece a musicalidade do sertão nordestino), mas um árabe muito negro-africano, meio gnawa (o ritmo quente, quase "baiano", do Marrocos), meio o orientalismo de certo dubstep. Estarei enlouquecendo? A alma de Mário de Andrade vai vir puxar o meu pé da cama esta noite?
Mudando de instrumento: há um bom coco com sanfona neste mesmo CD, na faixa 27, chamada "Sereno do Amor".
E permanecendo na mesma brincadeira, o bumba-meu-boi - as gravações feitas em Patos, na ParaÃba (ver por exemplo a faixa 30 do CD 2), mostram que não dá para procurar muita coerência entre tradições que adotam o mesmo nome. O bumba-meu-boi de Patos, cidade que não fica tão distante do Recife, é acompanhado por uma banda de pÃfanos, com sonoridade inteiramente distinta das baque recifense. Quem tem a verdade original do bumba-meu-boi? Há uma única verdade original? Aliás esse bumba-meu-boi de Patos já cantava (na faixa 32, CD 2) "o meu boi morreu/ que será de mim/ manda buscar outro lá no PiauÃ". De onde vem esse culto pelo boi do PiauÃ? Imagino o que eles pensariam se mandassem buscar o boi e chegasse o bull dancing...
CD 1 - FAIXA 20 - Toante do Mestre Anandoré - Praiá (Brejo dos Padres, PE)
Na equipe do Música do Brasil, uma de nossas brincadeiras internas era adivinhar o momento em que escutarÃamos os versos "aonde mora o cálice bento e a hóstia consagrada" em festas de norte a sul do paÃs, em todos os ritmos imagináveis. Nunca falhava. Para ser claro: escutamos esses versos numa ladainha para São José no Amapá, numa marujada em Minas Gerais, no boi-de-mamão de Santa Catarina e assim por diante, em praticamente todas as festas que registramos. Mas não imaginava que poderia ouvi-los misturado com lÃnguas indÃgenas de Pernambuco, como neste praiá. A transição do português para o que imagino ser o pankararu, e do catolicismo para o que imagino ser xamanismo, acontece sem cerimônia nenhuma, na voz de Maria das Neves de Jesus - que muito provavelmente era Ãndia. Sinal que essas trocas entre festas e rituais sempre foi motor da criatividade "folclórica" brasileira, felizmente avessa ao culto do puro. As várias tradições nunca viveram isoladas umas das outras, nem precisam temer o contato umas com as outras em nome da preservação (ou pior: do "resgate") de uma pureza que nunca existiu na histórica cultural da humanidade: foi isso que me inspirou a escrever um texto que é também um manifesto elogiando A Circulação da Brincadeira.
CD 2 - FAIXAS 1 e 2 - Caboclinho Ãndios Africanos (João Pessoa, PB)
Exemplo de sons (muitas batidas boas) que imploram para ser sampleados. Na faixa 2, os instrumentos aparecem até gravados separados. E mais nitidamente na faixa 1, o sampleador nem precisa usar os efeitos dos plugins do ProTools ou do Live. Talvez pela mudança de posição do microfone durante a gravação, o som de 1938 já vem com efeitos acoplados.
CD 2 - FAIXAS 8, 9, 10 e 11- Valsa, Samba, Baião e Toada tocados na viola por José da Luz (Fazenda Corta Dedo, Campina Grande, PB)
O nome já diz tudo: José da Luz é um iluminado. Nas quatro faixas, são menos de 4 minutos de toques de viola, o suficiente para eu virar fã. Poderia ouvir seus toques eternamente. Imagino que grande disco teria sido gravado só com eles, algo que seria para a história da música popular brasileira como um clássico do blues é para a do pop americano. Larry Rother, no New York Times, manda bem ao conectar as sonoridades do repente nordestino com John Fahey (outro entre meus grandes Ãdolos). A "Valsa" parece tocada por um oud árabe. O "Baião" é acompanhado por percussão de coco. Uma maravilha.
CD 2 - FAIXA 27 - A LÃngua que os Ãndios falam - toada cantada por Antônio Otaviano Batista (Patos, PB)
Há muita boa poesia espalhada nos 6 CDs. Destaco esta, de rimas variadas e interessantÃssimas, elogiando as lÃnguas indÃgenas. Gosto especialmente das rimas em "ura", ou "uro" - Antônio pronuncia o final das palavras com um efeito vocal curioso e engraçado - o cara devia ser uma figura! Mas não tão figura quanto o Manoel Lopes, que canta uma "Chula" na faixa 29 (gravada também em Patos), com letra que até Tati Quebra-Barraco ficaria com vergonha de cantar. Prova que a boa safadeza na música brasileira não é produto de uma "decadência" imposta pela indústria cultural...
CD 3 - FAIXA 31 - Pelo Sinal da Santa Cruz - lundu cantado por Mariquinha Docas (Souza, PB)
Mariquinha Docas aparece aqui como a primeira cantora gótica brasileira. A letra é totalmente dark. Por exemplo: "quando o caixão seguir para o cemitério". A voz é um espanto, meio Diamanda Galas, e o estilo - quando menos gritado - lembra uma morna cabo-verdiana. Pena que canta só uma música.
Outra voz sensacional, gravada em Cajazeiras (quase fronteira da ParaÃba com Ceará - lá no sertão), é a de Manoel Galdino Bandeira, bem rouca, dando ares de blues para repentes em várias métricas, até um "Galope a Beira Mar"(faixa 37, CD 3).
CD 3 - FAIXA 42 - Sapo canta na beira do brejo - coco (Curema, PB)
Sensacional! Genial! Cheia de onomatopéias estranhÃssimas (como a jia que também canta "na beira do rio" na faixa 26 do CD 4). Está aqui como uma súplica: Tom Zé tem que regravar esta música! A gravação original foi feita pelo trio Sebastião Alves Feitosa, José Alves da Silva e Odilon Alves - mestres totais! Eles cantam ainda tÃtulos como "Eu Vou Você Não Vai" ou "Isto é Bom Poeta". E há também a velha (da faixa 44) que não vadeia mais, mas tem a melhor risada da história da música brasileira.
CD 4 - FAIXA 24 - Sabiá três côco! - coco (Itabaiana, PB)
Quem canta é Manoel Rodrigues da Silva, mas parece Clementina de Jesus. O arranjo vocal é muito especial (para não dizer "muito doido"... no bom sentido - é claro). O tema do sabiá aparece em outras músicas, muitas vezes com os mesmos versos. Como o tema da "rosa amarela" da faixa 27 (também CD 4). No "folclore" é besteira (e contra a riqueza artÃstica) aplicar regras rÃgidas de direito autoral.
CD 5 - FAIXAS 46 a 49 - Bumba-meu-Boi (São LuÃs, A)
Alegria reencontrar aqui os gritos que animam as toadas de bumba-meu-boi maranhenses, que haviam desaparecido nos registros fonográficos dos anos 60 e 70, e só foram captadas novamente nos belÃssimos CDs que Siba e Beto Villares produziram para Humberto de Maracanã.
CD 6 - FAIXA 4 - Dentro dos Jurunas os contrários não entram! - Boi Pai do Campo (Belém, PA)
Alguns bairros permanecem por décadas como focos da maior animação popular de sua cidade. É o caso do Jurunas, em Belém do Pará, hoje quartel-general do tecnobrega e nos tempos da Missão de Pesquisas Folclóricas território do Boi Pai do Campo, que é o recordista em número de faixas (20 ao todo) nesta coleção de CDs! Talvez a faixa mais interessante seja esta, contra os contrários (como o boi adversário continua a ser chamado em Parintins), mas não por causa da sua letra: a melodia é que mais surpreende pois foi roubada de "Pelo Telefone", o "primeiro samba gravado", que por sua vez tem todo aquele histórico polêmico de ter sido registrado por Donga ("samba é igual a passarinho"...) Prova para muitas coisas. Entre elas: o folclore nunca viveu isolado das novas mÃdias (naquele tempo: rádio e discos), e o contato com elas pode ter sido muitas vezes enriquecedor. E prova também que direito autoral...
Mas estou já me repetindo. E o texto está longo demais. Tenho muitos outros comentários "pitorescos" para fazer sobre várias outras faixas. Mas vou continuar devagar e sempre, nos comentários abaixo. Renovo o convite: se você quiser entrar na brincadeira, é só escutar os discos e fazer seus comentários aqui também.
Muito bom. Faz pensar que o grande número de matérias que anunciaram o lançamento (e tinham mesmo que ser feitas, pela importância da coisa) é inversamente proporcional ao de textos que se prestam a fazer alguma análise do material (fora da academia, pelo menos). Já tinha ouvido algumas faixas pelo site mas seu texto me estimula a escutar mais - e com outros ouvidos...
Helena Aragão · Rio de Janeiro, RJ 29/1/2007 13:35
InteressantÃssimo esse artigo, Hermano. Não conhecia a coleção. Muito legal você divulgá-la aqui.
Gastei um bom tempo visitando o site, lendo os textos e vendo as fotos (um monte) e achei que o pessoal fez um trabalho excelente. O design do site é muito bonito e tudo bem organizado. Além disso, vale notar o preço pelo qual esta coleção está sendo vendida (R$ 70,00), muito em conta mesmo. Fui atrás da minha e já sugeri pra universidade aqui comprar uma também.
Como você sugeriu, vou falar um pouco do que eu ouvi. E já aviso que é uma audição bem particular. E também tenho que dizer que não conheço esse repertório. (Se você acha que eu tô viajando, me diga o que você ouviu de diferente).
Por enquanto eu só ouvi as canções dos carregadores de piano.
O site da Missão, que tem fotos de carregadores de piano, tem uma história interessante sobre a gravação:
“Quando a Missão de Pesquisas Folclóricas esteve em Recife em 1938 realizou a gravação de 26 cantos e relatou que o hábito de carregar pianos a pé já não era mais utilizado naquela época. Embora tivesse sido alugado o Teatro Santa Isabel para a gravação, os carregadores, desabituados, não conseguiam se lembrar das músicas, o que tornou necessário que se arranjasse um piano para que eles o carregassem pelas ruas da cidade para reavivar a memória.â€
Tem um aspecto que me chama a atenção quando um repertório como esse chega até nós, que vivemos num mundo tão cheio de música, no contexto de um paÃs tão orgulhoso de suas tradições musicais. Estou me referindo ao lance da expectativa que nós temos com relação à música que se fazia no Brasil nessa época. Você tocou um pouco nisso no seu texto, Hermano. Talvez a gente exagere um pouco na tendência a achar que essa música tem que ser ritmada e convidar a gente pra um batuque.
“Meu barco é veleiro†me chamou a atenção exatamente por causa da melodia, na minha opinião, a mais elaborada dessa primeira seqüência. Todas as faixas dos carregadores têm, de fato, um ritmo caracterÃstico, bem marcado e relativamente fácil de acompanhar, mas não achei que esse é o caso dessa primeira (a “Vamos nessa meus amigos†também é peculiar). Ouça umas duas vezes essa primeira e tente cantar a melodia (principalmente a parte do solista; o refrão é fácil de memorizar). Não é tão fácil de repetir o que ele faz porque a linha da melodia não é nada previsÃvel. E o ritmo é quebrado. Pra você ver como é quebrado, tente bater um pulso regular com a mão enquanto eles cantam e você vai perceber que tem hora que “atravessaâ€. É claro que não se trata de erro de quem tá cantando. Ele sabe o que está fazendo e repete a seqüência “atravessada†cada vez com uma nova letra. Em outras palavras, o grau de elaboração rÃtmica e melódica é bem alto e mostra que essa música não se restringe à quele estereótipo das canções de trabalho (onde a melodia é subordinada ao ritmo).
Também achei interessante a “Vamos nessa meus amigosâ€. Nessa, foi o ritmo que me chamou a atenção. De novo há a sensação de que os acentos são irregulares. E são mesmo, mas dessa vez eles formam uma seqüência num padrão 3+3+2 (pelo menos foi o que eu ouvi), um compasso irregular que não é tão fácil de seguir.
Nem todas as canções desse grupo têm essa sofisticação rÃtmica. A canção “O coati tá no pauâ€, por exemplo, pra mim é em compasso binário (um acento a cada dois pulsos). A “Fulo, a fulo do vapor†também é mais simples do ponto de vista rÃtmico. Mas você percebeu nestes dois exemplos eles estão cantando o refrão em terças, harmonizando a voz principal? (eles fazem isso com “Limão doce†também).
E porque isso é interessante? Talvez não seja. Coisa de músico ficar destrinchando e analisando a música... Mas eu fiquei imaginando esse pessoal carregando um negócio pesado como um piano, cantando essas canções de cabeça, lembrando da seqüência da letra, prestando atenção na rua e mantendo um ritmo quebrado como esse. Não é pra qualquer um, não.
ieda.bis: muito obrigado por aceitar o meu convite e que maravilha sua análise: fiquei com vergonha do meu comentário leviano (meu "barco" também é veleiro..) sobre a aproximação com o samba de roda: mas era para isso mesmo que escrevi o texto com abertura para outras vozes e outros pontos-de-vista: a internet (e a web 2.0 em particular) funciona bem com polifonias e poliritmias!
Realmente, você tem razão: tem gente que escuta essas músicas e só pensa em simplicidade e primitivismo. O legal aqui é revelar essas suas extremas complexidades (que absolutamente não são para qualquer um não), que tão boas lições podem nos trazer. Tomara que esses comentários (vindos de muitos lados e interesses) aqui cresçam ao infinito...
falando em comentários: fiz um neste link que tem bem a ver com o que tentei falar sobre o hoje da Missão
Hermano Vianna · Rio de Janeiro, RJ 29/1/2007 21:53
Salve Mário!
Não são muitos os que conhecem a faceta de pesquisador do escritor. Pesquisou tanto que chegou a se lamentar mais tarde por ter deixado sua escrita um tanto de lado.
Não tenho muito a que falar dos cds, já que não os ouvi ainda. Resta indicar o livro "O Turista Aprendiz" que reúne os dois diários das viagens à Amazônia em 1927 e ao Nordeste em 1928-29 também é um ótimo mergulho nessa busca da brasilidade. Essas viagens marcam o primeiro encontro de Mário com as regiões que depois seriam pesquisadas na Missão de Pesquisas Folclóricas.
Ótima colaboração Hermano!
Grande Hermano!
O assunto é mesmo instigante! Como você já deve saber, se a gente traçar uma linha evolutiva, unir alguns pontos entre 1928 e 1941 (pré segunda guerra mundial para nós) a gente consegue ter uma visão bem clara da paixão que a música do 'Brasil profundo' provocou em algumas das melhores figuras da cultura daquela época. Lendo as entrelinhas dos relatos delas aliás, dá pra ver que eles também não tinham intenções assim tão 'etnológicas'. Uns estavam querendo, igual a 'nosotros', descobrir relações e recorrências entre a música 'urbana' ('pop' na época, certo?) e a 'folclórica'. Grandes pessoas! Outros tinham intenções polÃticas, ideológicas um pouco mais difusas. Fizeram no entanto um trabalho apaixonado e inestimável, todos eles. Foi uma febre que deu na época. Veja só: No mesmo 1928 em que o Mário de Andrade fazia a viagem do "Turista aprendiz' que é mesmo o embrião da 'Missão de pesquisas folclóricas', o Aires da Matta Machado Filho recolhia em Diamantina os tais "Vissungos do Tijuco". 1938 é a época do Correa de Azevedo, dessa pesquisa que você linkou e que rendeu aqueles registros maravilhosos que a Biblioteca do Gongresso Americano bancou. Aà já entramos no contexto da 'polÃtica de boa vizinhança' que mobilizou em 1940 também o Leopold Stokowski (Villa Lobos na fita), indiretamente o Walt Disney (Zé carioca, lembra?) e em 1941 o AAron Copland (olha o Samba 'pop' urbano linkadÃssimo aÃ, gente!).
Bem...Comentário grande pra caramba, né? Acho que seria melhor ter feito um artigo...
De qualquer modo, vão os meus parabéns pra você pela sacação desta história (sou fissurado nela também).
alô Spirito Santo: ajoelhou tem que rezar!: seria ótimo ter um no Overmundo um texto seu sobre todos esses acontecimentos!
Hermano Vianna · Rio de Janeiro, RJ 30/1/2007 11:04
Pois é, cara. É que tenho um livro no prelo sobre certas idiossincrasias e mitos da história oficial do Samba e tive que passeear pelo tema. Vou preparar alguma coisa, com calma. Dá pano pra manga.
Abs,
Muito Loco hehehe. Resgatando Mario de Andrade, tem muita coisa dele por ai viu gente pode ter certeza.
Parabéns caro Hermano.
Visão dos gringos sobre o assunto: http://iht.com/articles/2007/01/29/features/music.php?page=1
Kuja · São Paulo, SP 30/1/2007 17:03oi Kuja: é o mesmo artigo do New York Times que citei no meu texto, só que republicado no Herald Tribune - bacana!
Hermano Vianna · Rio de Janeiro, RJ 30/1/2007 17:40
N'O Turista Aprendiz, escreve Mário de Andrade:
"... quero resumir minhas impressões dessa viagem litorânea por nordeste e norte do Brasil, não consigo bem, estou um bocado aturdido, maravilhado, mas não sei... Há uma espécie de sensação ficada da insuficiência, de sarapintação, que me estraga todo o europeu cinzento e bem-arranjadinho que ainda tenho dentro de mim. Por enquanto, o que mais me parece é que tanto a natureza como a vida destes lugares foram feitos muito à s pressas, com excesso de castroalves. E esta pré-noção invencÃvel, mas invencÃvel, de que o Brasil, em vez de se utilizar da Ãfrica e da Ãndia que teve em si, desperdiçou-as, enfeitando com elas apenas a sua fisionomia, suas epidermes, sambas, maracatus, trajes, cores, vocabulários, quitutes... E deixou-se ficar, por dentro, justamente naquilo que, pelo clima, pela raça, alimentação, tudo, não poderá nunca ser, mas apenas macaquear, a europa. Nos orgulhamos de ser o único grande (grande?) paÃs civilizado tropical... Isso é o nosso defeito, a nossa impotência. DevÃamos pensar, sentir como indianos, chins, gente de Benin, de Java... Talvez então pudéssemos criar cultura e civilização próprias. Pelo menos serÃamos mais nós, tenho certeza." (A bordo, 18 de maio, 1927)
Hermano -- relembro as palavras de Mário de Andrade só para colorir ainda mais as suas. Adorei o artigo e os princÃpios de criação viva e aberta que já são a sua marca registrada. E que bom que você não só comenta e discute, mas também vem produzindo, gravando e registrando isso tudo.
Queria ver o Além Mar por aqui também. Guardo minhas fitas VHS um pouco como esses registros do Mário antes de virarem cd: cercadas de cuidado pois são um bem valiosÃssimo!
bjs
Viram só? Mário de Andrade já era Overmundo!
SpÃrito Santo · Rio de Janeiro, RJ 30/1/2007 23:46
oi Karina: as palavras do Turista Aprendiz que você mandou são lindas: em retribuição mando estas aqui de volta:
"Eh! ventos, ventos de Natal, me atravesssando como se eu fosse um véu. Sou véu. Não atravanco a paisagem, não tenho obrigação de ver coisas exóticas... Estou vivendo a vida de meu paÃs..."
Tudo, não é? Adoro pensar que o Overmundo é um véu também...
PS: Além-Mar... Seria ótimo colocar tudo aqui... Até o material bruto... Temos entrevistas longas, só parte pequena delas foi ao ar...
esqueci de colocar a referência: as palavras de Mário de Andrade do comentário anterior são de "Natal, 16 de dezembro".
e já que voltei, mais Turista Aprendiz:
"O resto não se conta, são carinhos de amizade, gente suavÃssima que me quer bem, que se interessa pelos meus trabalhos, que me proporciona ocasiões, de dizer que o Brasil é uma gostosura de se viver. Vai mal? Acho que vai. Acho que vai e sofro. Porém sofrimento jamais pertubou felicidade, penso muito nos meus sofrimentos de brasileiro e eles fazem parte da minha felicidade do mundo." (ParaÃba, 1 e 2 de Fevereiro)
quase 78 anos atrás, e ainda tão atual...
São tantas passagens que é difÃcil escolher uma só...
"As vezes a água do Amazonas se retira por detrás das embaúbas, e nos rincões do silêncio forma lagoas tão serenas que até o grito dos uapés afunda n'água. Pois é nessas lagoas que as vitórias régias vivem, calma tão calma, cumprindo seu destino de flor."
Adorei os ventos de Natal. Sim, o Overmundo é um véu marioandradiano. Não resta a menor dúvida. Tem um "ar de gostar da vida", para continuar nas palavras de Mário no Turista. Ele diz a certa altura depois de um jantar em meio aos carapanãs: "Cantamos assim mesmo, engolindo mosquito". Acho que é assim que a gente "canta" no Brasil... :)
Mas pessoal, por favor, desculpem esse desvio causado pelos meus comentários. Voltem ao tópico do post: os CDs da Missão de Pesquisas Folclóricas comentados pelo Hermano!!
Aproveitando o tema, Hermano... Por que o "Música do Brasil" nunca foi lançado em DVD?
leonardogt · BrasÃlia, DF 31/1/2007 16:16oi leonardogt: não era o objetivo lançar em DVD - seria uma caixa com 5 DVDs com preço caro e tiragem reduzida - aconteceria o que aconteu com a caixa de CDs - desapareceria das lojas, difÃcil (e custoso ficar fazendo novas tiragens) - é o que vai acontecer também com a caixa da Missão de Pesquisas Folclóricas, não tenho dúvida - nosso objetivo principal ainda é tornar disponÃvel todo o material bruto, as festas filmadas inteiras, as músicas todas, e não apenas a seleção dos programas e dos CDs e do livro - queremos colocar na internet até as sessões de protools, para quem quiser ouvir os canais separados, cada instrumento em cada canal... - mas isso custa caro, ainda estamos vendo como dá pra fazer (mas de qualquer maneira: o material está registrado, e bem conservado)
Hermano Vianna · Rio de Janeiro, RJ 31/1/2007 16:33
Putz, faço coro ao Leonardo, o Música do Brasil em DVD seria lindo...tenho alguma coisa em VHS que gravei da Tv, estou passando para DVD agora mesmo, olha só. Mas está incompleto.
Agora, as sessões abertas de pro tools, se pudesse remixar então, seria algo glorioso!
Ah, me veio a lembrança dum livro/cd/dvd feito pela Cachuêra!, chamado "São Paulo, Corpo e Alma", que também é legal. Na página deles, em 'produtos'.
O importante é perceber que estamos pensando que dá para fazer, como o Hermano falou. E como dizem os budistas, tudo que está construÃdo um dia foi pensamento.
Alê Barreto · Rio de Janeiro, RJ 1/2/2007 12:16
Hermano e demais,
Talvez nunca seja tarde para lembrar da missão folclórica realizada pelo músico Marcos Pereira, nos anos 70. Parece-me que estes registros, sim, perderam-se nas brumas do tempo. Alguém se lembra disso? Não há muita coisa na Internet.
Outra coisa: obrigado pela dica do Bull Dancing no SESC Ipiranga. Se eu dependesse da mÃdia tradicional, jamais saberia desse evento. Vou lá conferir, pois esse trabalho talvez corrobore minha hipótese sobre a existência de uma "cultura paranacional", nos moldes dos Registros de Akasha (http://pt.wikipedia.org/wiki/Akasha)
Sobre o Marcos Pereira, são os discos que saÃram como "Música Popular do Nordeste", "Música Popular do Norte", etc? Se forem, consegui achar 4 deles em CD. Também gostaria de completar...vou procurar saber.
Um paralelo: outro que fez uma missão folclórica, essa em 1984 na Argentina, foi o León Gieco. O resultado está na coleção "De Ushuaia a la Quiaca", são 4 CDs bem interessantes, não é difÃcil achar em lojas virtuais (aqui por ex). Tem um texto bem completo aqui
os discos da série Música Popular (do Norte, do Nordeste, do Centro-Oeste/Sudeste, do Sul) da Marcus Pereira (reparem bem: Marcus é com "u") foram sim lançados em CD, 16 CDs ao todo. Mas são raridades nas lojas. Aà está o problema: esse tipo de lançamento é sempre feito em tiragem pequena e desaparece... Então a solução é arrumar maneiras (e direito autoral é sempre complica...) de disponibilizar o que for possÃvel na internet
Hermano Vianna · Rio de Janeiro, RJ 1/2/2007 15:38
Para quem estiver em São Paulo, vale muito uma visita ao Centro Cultural São Paulo (R. Vergueiro, 1000, encostado no metrô Vergueiro).
Fiz um especial sobre a Missão na edição de novembro do Almanaque Brasil. E depois de ficar lá, imersa naquela pequena sala de exposições, algumas coisas me chamaram a atenção.
- O pequeno acervo exposto é uma Ãnfima parte do que foi reunido. E nunca, pelo que me informaram, houve interesse de fazer uma grande exposição com aquele material.
- A Oneyda Alvarenga, que dá nome à discoteca pública, e foi responsável por catalogar tudo o que foi reunido, para que pudéssemos ver hoje. Uma personagem esquecida, que merecia uma luz maior.
- O amor do pessoal que trabalha lá pelo material. Vale um bom papo. Dá para ficar horas.
oi Mariana: não quer escrever um texto sobre a Oneyda aqui no Overmundo?
Hermano Vianna · Rio de Janeiro, RJ 1/2/2007 17:25
Olá Hermano,
Na época que o projeto "Musica do Brasil" foi lançado, não tive grana para comprá-lo, por isso aguardo ansiosamente a disponibilização do material no overmundo.
O "parabens!" que eu gostaria de lhe dar na época do lançamento do material em video, vi alguns pela MTV, eu faço agora.
Abraços,
Boa! Vou pesquisar sobre a Oneyda e escrever aqui.
Mariana Albanese · São Paulo, SP 2/2/2007 11:52oi Kuja: muito boas suas conexões pós-bovinas!
Hermano Vianna · Rio de Janeiro, RJ 4/2/2007 01:59
Hermano
Que alegria descobrir este artigo!!!
Fico muito feliz com a sua iniciativa em escrever algo a partir da audição do material (ao invés de apenas divulgar seu lançamento) e principalmente, por se propor uma abordagem "não-etnomusicológica".
Nada contra a etnomusicologia, muito pelo contrário, eu apenas sinto falta de mais pessoas que se dediquem à fruição/contemplação/compreensão deste universo musical/poético de forma não-acadêmica! O lançamento tardio, mas muito bem-vindo, desta caixa e o surgimento de reflexões sobre as gravações deve mudar um pouco este panorama...
Assim como você, eu também tenho uma ENORME admiração pelo violeiro José da Luz!! Sou músico, toco viola, já escutei muitas gravações de violeiros do Nordeste (das mais variadas épocas), e ouso dizer que o que ele tocava em 1938 é algo único na música nordestina (e brasileira)!! Não tenho conhecimento de algo parecido com o que ele fazia: existem semelhanças com outros toques de viola, mas a impressão mais forte é a de algo muito particular...Além disso, hoje não é fácil encontrar um violeiro do Nordeste tocando música instrumental, tão imerso no ambiente musical daqui, e, ao mesmo tempo tão original... e talvez não fosse fácil, mesmo em 1938.
Uma curiosidade: o acompanhamento de percussão de coco a que você se refere na faixa denominada "Baião", é, muito provavelmente, executada pelo próprio José da Luz batendo no corpo de sua viola, ao mesmo tempo em que toca nas cordas.... E eu entendo que o ritmo a que você se refere é parte da própria célula rÃtmica do baião, mas que também pode ser encontrada em muitos tipos de coco do Nordeste.
As gravações dos repentistas em Recife, já naquela época, desmentem a idéia amplamente aceita de que o Repente, e os toques de viola, são um tradição arraigada no mundo rural. Muitas outras gravações disponibilizadas na caixa poêm em xeque a suposta contraposição (comumente aceita, mas tão mal aplicada na realidade musical brasileira) entre rural e urbano, entre moderno e antigo, entre cosmopolita e tradicional!
Gostaria de comentar muitos outros pontos, mas já me extendi o bastante.... Quanto assunto interessante pode surgir da audição deste material!
Sugiro a todos conhecer uma parte das gravações realizadas por Luiz Heitor Correa de Azevedo em 1943, e lançanda, infelizmente, aoenas pelo selo americano Rykodisc: L. H. Corrêa de Azevedo: Music of Ceará and Minas Gerais
Um grande abraço.
oi Caçapa: que alegria ler também seus comentários - uma única decepção - fui direto para o seu perfil para ver se conseguia escutar sua viola aqui no Overmundo e não tinha ainda nada - então fico esperando ansioso! abraço!
Hermano Vianna · Rio de Janeiro, RJ 25/3/2007 23:29
Oi Hermano!
Na verdade existem dois arquivos de áudio no Overmundo com a minha participação, e disponÃveis para download.
No texto "De Arcoverde ao Recife, à Yokohama e Buenos Aires", onde escrevi a respeito do processo de criação do CD "Segura o Cordão", do músico Tiné (e do qual participei como violeiro, arranjador e produtor musical), está disponÃvel a faixa "Vento Corredor" além de partituras e fotos. Nesta faixa, um parceria minha com o próprio Tiné, fiz os arranjos e gravei duas violas dinâmicas. Uma curiosidade: Tiné é natural de Arcoverde (sertão de Pernambuco), cidade visitada pela Missão de 1938, quando ainda se chamava Rio Branco... E a música deste disco tem total relacão com o que se ouve hoje nesta cidade....
Já no texto "Brincando com os tambores" de Ricardo AnÃsio, sobre o CD "Brinquedo de Tambor" de Alessandra Leão (e do qual também participei como violeiro, arranjador e produtor), está disponÃvel a faixa "Não dê desgosto", onde se pode ouvir a mesma viola, mas em outro contexto... E ainda dá pra ouvir outras coisas no MySpace de Caçapa, Tiné e Alessandra Leão.
Espero conseguir mais tempo pra continuarmos esta conversa sobre a Missão...
Aguardo seus comentários,
Um abraço!
oi Caçapa: não tinha visto os arquivos de áudio nos textos do Overblog - costume antigo de achar que não tem áudio... mas já baixei as músicas que estão aqui e fui lá no MySpace - tudo muito bacana - sua página no MySpace é uma das mais bem organizadas e informativas que já encontrei - e seu trabalho como produtor nos discos de Tiné e da Alessandra é muito bom também - parabéns por tudo - e viva José da Luz!
Hermano Vianna · Rio de Janeiro, RJ 31/3/2007 17:59
olá gostaria se fosse possÃvel, colocar a letra das músicas
Adeus, adeus amor.
A rosa cheira
Oh flor, oh linda flor
Estou fazendo um artigo sobre as variações lingüÃsticas existentes em nosso PaÃs e achei estas músicas bem apropriadas para o meu trabalho, pois elas são de difÃcil entendimento visto que usam expressões regionais.
Se pudesse me ajudar ficaria grato.
Obrigado
olá Walterley: apenas escrevi sobre os discos - você pode ter acesso a institituição que os lançou seguindo os links que coloquei no meu texto - abraços
Hermano Vianna · Rio de Janeiro, RJ 25/6/2008 18:38
Sem palavras! Quando recuperar o fôlego volto.
Votadaço!
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