A misteriosa figurinha ou Eu também já fui criança

Montagem de Viktor Chagas
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Viktor Chagas · Rio de Janeiro, RJ
30/6/2006 · 212 · 12
 

1ª MOTIVAÇÃO
Dia desses li uma matéria da Bloomberg que comparava os investidores do pregão às crianças que colecionam figurinhas. Não era o repórter quem dizia, mas tudo dava a entender que ali estavam os nossos corretores do futuro.

2ª MOTIVAÇÃO
O cara entrou aos quarenta e dois do segundo tempo e fez o gol. Em poucas palavras, um cagão. Os mais polidos diriam: é um atacante com estrela. Mas a simpatia que ele despertou não se dissipou com o apito do árbitro. E, não fossem os cinco quilos que o Ronaldo emagreceu para o jogo contra o Japão, a essa altura, 190 milhões de brasileiros estariam esbravejando nas ruas: “Bota o Fred, Parreira!”

3ª MOTIVAÇÃO
O Ancelmo Góis publica na quarta-feira da semana passada uma notinha nO Globo, dizendo que uns camelôs do Rio de Janeiro vendiam figurinhas dos jogadores que não estavam no álbum oficial da Copa do Mundo. Ele cita Fred e Cris, como contemplados.



Na minha época, completar um álbum de figurinhas era trabalho hercúleo. Exigia paciência, disposição, sorte, e, acima de tudo, grana. Em toda a minha vida, jamais completei um álbum sequer. Mas cheguei próximo em dois. Um deles – o da Copa de 90, na Itália, quando me faltaram apenas duas figurinhas (das 448 de então) – me acompanha para escrever essa reportagem. Sinto um certo orgulho ao folhear as páginas abarrotadas de cola, daquela época em que as figurinhas não eram auto-adesivas. E, sim, um quê de frustração por aquelas duas malditas que me restaram.

Havia, claro, a opção de encomendarmos as figurinhas na editora, mas eu nunca conheci quem tivesse feito isso. E continuo não conhecendo. Ingenuamente, trocando em miúdos, eu me pergunto: qual é a graça de colecionar quando a coleção já está completa?

Pois de lá para cá, torci muito pelo Brasil no tetra (ano em que meu interesse pelo álbum da copa seguiu na proporção inversa do sucesso da seleção nos jogos), pelo Mengão (seja na terra, seja no mar – como, aliás, tem sido o caso ultimamente), pelo Brasil na França, e pelo Felipão no penta. Em pelo menos duas das quatro ocasiões, minha torcida foi efetiva, de modo que não posso ser considerado um torcedor pé-frio. Mas, à medida que o tempo passava, minha efervescência diminuía. E, hoje, confesso envergonhado não saber de cor a escalação dos 23 convocados para jogar na Alemanha. Mesmo assim, copa que é copa levanta os ânimos de qualquer um. Mesmo sabendo que a coisa é comprada, que não teve pênalti, não teve impedimento, que a Nike loteia o mundo com a Adidas, e que o Ronaldo, mesmo gordo e convulsivo, tem cadeira cativa (ou melhor, não tem cadeira cativa, já que não fica no banco) na escalação dos titulares. Sim, sim, há quem diga que ele bate um bolão, mas eu não quero que isso seja motivo de desavença; até porque, ruim por ruim, eu tirava o Cafu, o Roberto Carlos, o Emerson, o Lúcio etc etc etc. Importa que, desde que o Ronaldo deixou o diminutivo para o Gaúcho, eu não coleciono um álbum de figurinhas. Aliás, o Ronaldinho (o que atualmente atende pelo peculiar sobrenome de Fenômeno) não constava na relação de jogadores do álbum de 94. Em seu lugar, figura, esfuziante, um retrato do Evair.

Ronaldinho, portanto, – já ouvi dizer que a mudança de nome, por si só, já seria motivo de um sem número de sessões de análise – não foi o primeiro e nem o último. Apenas mais um dos tantos que se celebrizam sem, contudo, darem as caras no livro ilustrado da Panini. A Panini, tradicional editora italiana especializada em álbuns, quadrinhos e afins, é a responsável pelas figurinhas oficiais da Copa do Mundo desde 1970. Mas o compromisso com os colecionadores não é sempre levado a sério pelos técnicos das seleções como pelos editores; o que faz com que, copa após copa, seja criado um limbo de jogadores que estão na copa e não estão no álbum, e outro dos que estão no álbum e não estão na copa.

Dito isto, sigo na minha excursão pelo mercado de valores das figurinhas da Copa 2006. Ou melhor, pelo “mercado negro”.

Fui imbuído da missão de ir à Uruguaiana, tradicional camelódromo da cidade, procurar a bendita figurinha do Fred. Fui imbuído, na verdade, por ninguém a não ser eu mesmo, porque depois de ler a notinha do Ancelmo, senti que tinha uma bandeira a carregar – no caso a bandeira do Brasil. Chego à Uruguaiana ainda meio tímido e pergunto a um homem que vendia quinquilharias verde-e-amarelas na esquina onde é que podia encontrar figurinhas da copa. Muito amável, ele sorri meio banguela, e aponta um dedo sujo de graxa ou outra-coisa-preta-que-eu-não-quis-saber sem dizer uma palavra. Depois volta para outra cliente, como se eu não existisse mais. Sem remédio, vou até o lugar que ele me apontou, na verdade, uma clareira próxima a uma banca de zinco. Rodeio como cachorro atrás do rabo, meio tonto, meio perdido. Até que acho um, dois, três, quatro, cinco, um montão de bandejinhas dispostas em linha e cada uma com centenas, milhares de figurinhas espalhadas debaixo de um elástico “que é pra não voar”. Mesmo assim voava. Sabe como é: os caras têm que ficar manuseando o bolinho, se não não tem graça nenhuma.

Cheguei, e fiquei olhando. Alguns logo me desconfiaram. Mas eu fiz cara de ingênuo. Me acharam tímido. Um soltou: “Fala, patrão, o que que manda?” Eu me aproximei. Disse: “Estou só olhando. Quanto é a figurinha de jogador do Brasil?” Era 50 centavos. Uns vendiam por 40, mas eu tinha acabado de chegar, novo no pedaço, não era hora de pechinchar.

Vi um sujeito aparecer com uma lista enorme, números, números que não acabavam mais. Era quase o álbum completo. E ele queria completar. Pediu pro camelô: “Quais cê tem aí?” Depois disso, eu vi que a prática era mais do que comum. Os caras chegavam com o papelzinho anotado e deixavam na banca de sua confiança. Iam embora e voltavam em 30 minutos. O camelô conferia uma por uma e entregava a encomenda honestamente. Aliás, honestidade era o que não faltava entre os negociantes. Os clientes pegavam o bolão na mão, com a maior liberdade, e escolhiam as que interessavam.

Algumas bancas ostentavam um gordo fichário que organizava as figurinhas de um modo impressionantemente ágil. Era só chegar e falar a numeração ou o time e o vendedor abria no plástico certinho e tirava uma repetida. Repetida. Fiquei matutando um bom tempo até entender como era o esquema. Cheguei a pensar que ali só tinha colecionador, trocando as suas próprias repetidas. Mas não. Não era só isso.

As banquinhas enfileiradas tinham um dono comum. Uma eminência parda que não consegui descobrir. Volta e meia vinha um mal-encarado discretamente perguntar: “Já fez quanto? Tá precisando?” E só muito mais tarde fui entender que aquela pergunta fazia menção ao desempenho do vendedor. E o “tá precisando” não era “de ajuda”, mas de alguma figurinha que porventura estivesse esgotada no estoque. Qualquer coisa, o intermediário repassava um bolinho. Ou um esporro, se as vendas estivessem fracas.

Peguei um intermediário para conversar. Falei: “E aí? Como é que funciona isso tudo? Vocês compram figurinhas direto da Panini?” Ele riu. Demorou um tempo até que a intimidade permitisse que ele me vazasse umas informações. Fiquei envolvido no suspense da história de um grupo de investidores – que ninguém sabe quem é (e quem sabe não diz o nome) – chega a comprar 25 mil pacotinhos de figurinhas por dia. A Panini Brasil não vende seus produtos para pessoas físicas, a menos que os colecionadores façam o pedido através do cupom inserido no álbum, mas isso é só para quando faltarem menos de 40 figurinhas – e o preço do frete é bem salgado. Nas palavras do camelô, “não compensa, melhor fazer negócio com a gente.”

O grupo que compra diretamente da Panini é formado por gente “graúda”. É uma empresa que repassa os pacotinhos (são cinco figurinhas em cada) para distribuidoras nos estados. O endereço da distribuidora no Rio, eu fiquei sabendo da boca do intermediário. Mas quando falei para o camelô, o que vi foi a boca dele aberta, e a resposta: “Como é que você sabe isso? Quem foi que te falou?” Um clima de mão invisível. Coisas de mercado negro.

Na conversa com o intermediário, fiquei sabendo também que há uma rede de operadores, em âmbito nacional, que separa as figurinhas de acordo com a sua cotação no mercado. E aquele mito de que há, sim, uma figurinha mais difícil que as outras é inteiramente verdade. No álbum da Copa 2006, o jogador mais raro é o Plasil, da República Tcheca. Está cotado em pelo menos dois paus. Entre os escudos – figurinhas prateadas e brilhantes com o emblema das confederações dos países – o da CBF é o mais valorizado. Custa de três a cinco reais, dependendo da esperteza do vendedor e da ingenuidade de quem compra. A formação da Argentina, com a foto oficial da equipe unida, é, sem dúvida, uma das mais raras. E – talvez por serem os maiores mercados da Panini – as seleções e os jogadores de Itália, Holanda e Estados Unidos também figuram entre os cromos mais procurados.

Cromos. Há quanto tempo não ouço falar de cromos. No álbum da Copa 2006, são 596. Os camelôs da Uruguaiana fazem por R$100 o álbum já completo. R$130, se o comprador quiser ele mesmo colar as figurinhas. É a lógica do mercado negro. O preço do álbum, ainda vazio, nas bancas, é de R$3,90. Cada envelope custa 60 centavos. O cálculo fica por sua conta. O que eu posso adiantar é que as figurinhas mais comuns, como as dos jogadores de Togo, são vendidas a 15 centavos; as mais difíceis podem custar R$0,50. Daí para diante, só os escudos – um real cada – e as raras de que falei antes.

Fiquei acompanhando de longe toda a negociação. Vinha um, vinha outro, um grupo aqui, outro acolá. No álbum da Copa 2006, as equipes têm entre 15 e 17 jogadores, mais a figurinha da formação, mais o escudo. O Brasil traz 17 nomes, dos quais apenas 14 participam do campeonato. Os outros três, que seguiam nas convocações de Parreira, mas que foram descartados na última hora, são Júlio Baptista, Roque Júnior e Renato. Renato é a figurinha mais difícil do Brasil. O camelô diz: “Não tem jeito. Os caras passam o dedo, no sorteio, e escolhem: essa aqui vai ser difícil. Aí fabricam poucas e fica todo mundo caçando.”

Do outro lado da moeda, Júlio César, Rogério Ceni, Cris, Luisão, Gilberto, Mineiro, Gilberto Silva, Ricardinho e Fred não estão no álbum, mas foram relacionados para ir à Alemanha. Como a empresa precisa confeccionar as figurinhas com alguma antecedência, e os técnicos, em contrapartida, precisam fazer aquele suspense até a última hora para surpreender os adversários, dá nisso. Em todo o álbum da Panini, são cerca de 60 jogadores que não estão na copa. Coisas do futebol.

A própria Panini, diante da lesão às vésperas da copa do atacante da azzurra, Christian Vieri, resolveu lançar uma versão alternativa da figurinha 339, com seu substituto, Filippo Inzaghi. A idéia é que os interessados colem a estampa – que, inclusive, é um pouco maior que as demais por trazer também as indicações de peso e altura do jogador – por cima da outra, para compensar o erro. “Eu encomendei umas vinte dessas para um amigo que está na Itália. Já estão todas vendidas”, conta um dos camelôs, chamado curiosa e coincidentemente de Gordinho, pelos amigos. Na Alemanha, a Panini também homenageou o goleiro Jens Lehmann, que à última hora virou titular do time. Além desses brindes, a editora italiana reserva ainda outras três novidades para os colecionadores. Uma delas é um selo especial com o logo da empresa e a numeração 00. Com distribuição limitada, a figurinha pode ser colada na segunda capa do álbum, num espaço que poucos percebem. A outra é a coleção virtual de figurinhas da Coca-Cola, coisa de cibercriança.

E a última surpresa fica por conta do MyPanini, site em que é possível criar a sua própria figurinha, com detalhes e cores das seleções de sua preferência – de preferência a brasileira, claro. Quando soube disso, foi só juntar o útil ao agradável: “Eles fazem a figurinha no computador, põem a foto do Fred, imprimem e colam nas costas aquele papel da etiqueta, com a numeração e tudo. Fica igualzinho, perfeito”, ouvi mais de um me contar.

Mas sabe como é. Mercado negro. Um falava isso, e o outro dizia: “É nada, rapá. Isso é invenção.” Ao que eu retrucava, “E o Ancelmo Góis? O cara tem fontes...” “Sabe nada. Eles vêm aqui, vêem uma coisa e falam outra.” Dá pra acreditar? Um outro se aproximou e falou: “Pára com isso, mostra logo a figurinha pra ele.” Alguma esperança. Eu insisti. Nada. Mais tarde, um terceiro fala baixinho só pra mim: “Semana passada deu polícia, ninguém pode vender essas coisas aqui, não!”

O fato é que, no “figuródromo” da Uruguaiana, vai gente de todos os gêneros e todas as idades. Vai criança, vai adulto. Vai marmanjo, vai gatinha. Uns pais acompanham os filhos, ensinando a manha de colecionar álbum. Na minha época, completar um álbum de figurinhas era trabalho hercúleo. Ingenuamente, trocando em miúdos, eu me pergunto: qual é a graça de comprar as figurinhas avulsas pra completar o álbum? Qual é a graça? O pai ajudava o filho com a negociação, pegava o bolinho do vendedor e falava: “Eu também já fui criança.”

Fui saindo de fininho, triste por não encontrar a figurinha do Fred, meio incomodado em descobrir que eu tinha sido uma criança diferente daquelas ali. Fred. O cara que fez o gol aos quarenta e cinco do segundo tempo. Queria saber a quantas andava a cotação do artilheiro, quem tinha tido a idéia da figurinha, o que cargas d’água faz tanta gente ir até ali só pra completar um álbum, tantas perguntas e acabei sem nenhuma resposta. Comprei três figurinhas (a do Roque Júnior, a do Renato e a do Ronaldinho Gaúcho – pra contrabalançar), conversei com três compradores e tirei três conclusões:



1ª CONCLUSÃO
É. Não tem graça nenhuma colecionar desse jeito.

2ª CONCLUSÃO
Se é que ela existe, vender figurinha do Fred não devia ser pirataria. Porque, afinal de contas, não há um original.

3ª CONCLUSÃO
Aliás, não há nada mais original que essa idéia...

Na manhã seguinte, acordei e fui jogar bafo com meu irmão caçula.


______________________


O texto que você acabou de ler faz parte de uma série sugerida e organizada pela comunidade do Overmundo. A proposta é construir um panorama da participação do Brasil na Copa da Alemanha, sob a ótica de colaboradores espalhados por todo o país. Para ler mais relatos sobre o assunto busque pela tag especial_copa, no sistema de busca do site.

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Saulo Frauches
 

Tá de sacanagem que a figurinha mais valorizada é de um cara com nome de remédio?
Medicamentos à parte, ler seu texto me deu muita vontade de fazer uma excursão pela uruguaiana...

Saulo Frauches · Rio de Janeiro, RJ 27/6/2006 19:57
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Thiago Camelo
 

Lembra da gíria? "Rapelei vc!". Era quando se ganhavam todas as figurinhas do sujeito. Cara, já completei mil álbuns sem gastar um tostão. Só "rapelando" a turma. Meu talento de infância

Thiago Camelo · Rio de Janeiro, RJ 27/6/2006 20:07
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Lorena Dantas
 

Viktor, querido, seu texto tá ótimo... nem lembrava dessa diversão de nossa infância, as crianças de hj são tão ligadas à eletrônica que é difícil de acreditar que alguém, mesmo adultos, ainda cultivem essa "tradição". Meus primos viviam brincando de bafo por essas figurinhas e eu olhando e pensando nas figurinhas da barbie que minha mãe ia comprar... Enfim, muito interessante sua incursão à Uruguaiana e sua "pesquisa de campo"...

Lorena Dantas · Rio de Janeiro, RJ 28/6/2006 08:27
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Hermano Vianna
 

e pensando na profecia da Bloomberg: que tipo de corretor vai ser quem completa o álbum comprando figurinha na Uruguaiana? Corretor do mercado informal? Será que essa profissão já existe?

Lendo o texto, me lembrei também de um artigo de uma Wired recente, que fala que no futuro as empresas, na hora de contratar novos funcionários, vão levar em conta a vida passada dos candidatos nos games online. Chefes de guilda no World of Warcraft serão disputados a tapa. O mundo se infantiliza? Ou a infância agora virou MBA?

Hoje, andando justamente pela Uruguaiana, novamente fiquei impressionado com o pregão dos camelôs que vendem software pirata... Autocad! Vai levar um photoshop aí, patrão? Como se fosse banana, ou mandioca, na feira... Essa é a nossa mais popular antropofagia digital? Eis o verdadeiro pós-modernismo cyberpunk dos trópicos? O que o meu guru ciberbarroco Guilherme Kujawski tem a dizer sobre tudo isso?

Hermano Vianna · Rio de Janeiro, RJ 30/6/2006 22:55
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Viktor Chagas
 

Olá, Hermano. Grande honra receber o seu comentário. Mas as perguntas que você levanta eu não estou nem um pouco apto a responder, apesar de concordar com o seu sentimento... :)
O texto do Guilherme é muito bom. E, sem querer, me lembrou o livro do Steven Johnson, outro ciberguru, chamado: Emergência: a dinâmica da rede em formigas, cérebros e cidades. Lá, ele compara o processo de formação das cidades ao mecanismo de inteligência artificial e dá o mapa de Hamburgo em 1850, que se assemelhava a um cérebro humano, como exemplo, para demostrar que alguns padrões de comportamento naturais são repetidos em diferentes escalas, como um fractal. Mas, enfim, foi só uma lembrança intertextual, nada que se relacione explicitamente com o meu texto... :)

Lorena e Thiago, eu pensei até em explorar mais o bafo, mas acho que a idéia do texto toda remete a isso também. Como era bom jogar bafo, bolinha de gude, futebol na rua (e não no Playstation). :)

E, Saulo, a seguir pela cotação do Plasil, imagine um jogador que se chame Aspirina......

Viktor Chagas · Rio de Janeiro, RJ 1/7/2006 12:16
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eduardo ferreira
 

hermano, enquanto houver uma regra haverá um pirata, uma contra-regra. mudam as ferramentas, mudam os métodos. o que não muda é o homem. não acredito na inocência, ninguém é tão bom. nem tão mal. as roteiros mudam de tempo e lugar mas as tragédias são as mesmas em essência. o amor, a traição, o crime, o castigo, a impotência, o poder, tudo continua como dantes, as orgias, os prazeres, as corrupções, os abusos. tudo como dantes. os sistemas se sucedem sempre de forma distorcida, sempre preservando os grupos que controlam os fluxos de decisões, as políticas de auto-conservação (ah lampedusa, quanta sabedoria na definição do conservadorismo: mudo para conservar). o poder é altamente camaleável. nunca houve uma revolução no sentido lato do termo. morrer para (re)nascer. temos que encarar o medo de frente: é preciso morrer. tudo está podre, não tem conserto, não tem reforma. só existe possibilidade na revolução. ouso afirmar que sou fã das estruturas que questionam o domínio das grandes corporações. sim, sou uma espécie de pirata. não quero o mundo como você determina, não aceito suas regras. o conflito está instaurado, e agora?
victor, nos anos 70, fiquei por uma figurinha (do tostão) para ganhar uma bicicleta. lembro que ela tinha cor roxa. monareta. comprei tudo que podia em busca dessa figura. sonhei, chorei, esgotei todas as possibilidades e não levei. vc reavivou esse sentimento e deu um banho de clareza. valeu! acabo de sair da copa pela cozinha, à moda francesa...abs

eduardo ferreira · Cuiabá, MT 1/7/2006 18:34
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Bruno Maia (sobremusica.com.br)
 

A viagem reflexiva sobre as figurinhas foi longe, hein? Só para ficar mais na diversao do que na seriedade (rsrsrs), vale um confereno jogador Jacinto, de Angola, que, segundo as preciosas informacoes do álbum, nasceu INCRIVELMENTE no dia 30 de fevereiro!!!!!

Essa é a melhor coisa desse álbum! O editor deve ter tomado Plasil...

Bruno Maia (sobremusica.com.br) · Rio de Janeiro, RJ 8/7/2006 05:06
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Viktor Chagas
 

Fala, Bruno. Demorei pra te responder porque foi o tempo de procurar o álbum e conferir o Jacinto, de Angola. De fato, tem mais esse absurdo a ser computado. Ou o cara é gato (gíria futebolística, por favor), ou ele é um caso bissexto, ou Angola tem um calendário Gregoriano-plus. De qq forma, valeu pela dica. Os camelôs vão querer vender mais caro o Jacinto......... :)

Viktor Chagas · Rio de Janeiro, RJ 14/7/2006 03:12
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Fábio Fernandes
 

Viktor, essa matéria sua, além de bárbara, levanta uma série de questões importantíssimas. Pode algo que é original (como a figurinha do Fred) ser considerado pirataria? Esse tipo de situação me lembrou os meus tempos de colecionador (sim, eu completei dois álbuns nos anos 1970!!!), com o famoso caso do Galeria Disney, alguém lembra? Na época, quem tinha a figurinha da Baleia, do desenho do Pinóquio, estava com tudo e não estava prosa: o jornal O Globo, na época, denunciou a existência de um mercado paralelo onde tinha gente que dava somas vultosas pela tal figura. Na época, o conceito de pirataria como o conhecemos hoje não era comum - mas concordo com o Eduardo Ferreira: o homem não muda. O que muda são os métodos. Agora, que essa história do Fred para mim é sintomática de algo maior (como deixa entrever o Hermano), ah, isso deixa. Estamos à beira de um Ponto Ômega Informacional, para parafrasear Teilhard de Chardin....

Fábio Fernandes · São Paulo, SP 11/10/2006 16:33
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Viktor Chagas
 

Oi, Fábio. Obrigado por revisitar um texto tão antigo e datado... :) Acho que o ponto era esse mesmo. E o mais impressionante é que essa discussão toda que a gente travou por aqui foi por causa de uma figurinha (se é que ela existe)...

Viktor Chagas · Rio de Janeiro, RJ 11/10/2006 16:47
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Fábio Fernandes
 

Isso é que é virtualidade, Viktor! ;-)

Fábio Fernandes · São Paulo, SP 25/10/2006 08:24
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Regina - poesia em volta
 

Bom do overmundo são as releituras. Não conhecia seu texto. Eu sempre fiquei intrigada com o mercado paralelo das figurinhas. Também colecionei muito com meus irmãos, só que não tínhamos a malícia de sair procurando assim. Era mais na banca e no bafo. Quando minha filha quis colecionar uma vez, comprei tudo em banca, até ela descobrir sozinha que existia o mercado paralelo e perdeu o encanto com a coleção.
Realmente, como diz o cara lá em cima, enquanto houver regras, haverá pirataria. Mas não quer dizer que precisamos concordar com ela.

Regina - poesia em volta · Volta Redonda, RJ 7/2/2008 15:59
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