Depois de décadas viciando seu público em histórias bobas baseadas em um maniqueísmo primário, alavancadas por carinhas bonitas e sustentada pela autopromoção do seu império de Comunicação, a Rede Globo lança um programa de alta qualidade dramatúrgica, com direção e elenco impecáveis. Observando isso me ocorreu a seguinte questão. Será que exibindo uma atração com tanta qualidade como esta, que mostra um Brasil bem distante do paraíso tropical, dispensando galãs sem camisa e seu habitual elenco estrelar, achava a Rede Globo que o eu público poderia tolerar tamanha ousadia em horário nobre sem a devida punição?
Não sei o que se esperava da “Pedra do Reino” em termos de audiência, mas, certamente, entregar o primeiro lugar à Record, não estava nos planos.
Parece que a política da atual direção Globo de, de vez em quando, trazer de volta o Padrão Globo de Qualidade, pode estar indo por água abaixo. Não pela queda do padrão, ele, embora guardado para raras ocasiões, está altíssimo como mostra a “Pedra”, mas talvez por um erro básico de avaliação da programação, proposital ou não, que colocou esta atração no horário nobre, e na desgastante forma de uma microsérie, agora, de 5 capítulos. Essas experiências radicais de tele-dramaturgia na emissora nunca foram tão longe, e desta vez a “A Pedra do Reino”, ignorou um dos elementos do tripé que sustenta a audiência da Globo, o elenco.
Não paira a menor dúvida sobre a qualidade do casting da microsérie, mas isso não faz a menor diferença para a grande maioria do publico global, ele não quer qualidade, o público da Globo quer ver gente famosa, ou se tornando famosa na tela. Como o tempo da atração é curto, pelo menos comparado a outras atrações emfamadoras, como o Big Brother que ocupa a mídia massivamente por várias semanas, e das novelas, que além de meses no ar, ainda são puxados por elencos de celebridades, esta máquina que dá notoriedade a Ban-Bans e Alemães do nada, e torna ator famoso a qualquer Pasquim da vida, não deverá ter tempo de celebrizar o batalhão de nordestinos desconhecidos que desembarcam na telinha. Irandir Santos o protagonista e os demais atores da microsérie não terão tempo de ficar famosos, e a atração deve manter a baixa audiência até o final, porque o público da globo, repetindo, não está mais acostumado com qualidade, seu perfil mudou.
A Microsérie certamente será um grande sucesso em DVD, deve ganhar inúmeros prêmios no Brasil e no exterior, e vai ser vendida pelo mundo afora aproveitando as marcas da diversidade cultural brasileira, mas o grande público, esse, ficará ausente, zapeando em busca atrações do seu nível.
A direção de programação da Globo deve ter tido seus motivos para programá-la neste horário, a pressão do Departamento Comercial é, certamente, um deles . O grupo de anunciantes que banca a microsérie gosta de ver seu nome vinculado às atrações de excelente nível cultural, uma atração como esta não gera tanta audiência, mas gera dinheiro para quem a produz e prestigio a quem anuncia.
Enfim, a Globo, que não é boba, acertou de novo, e como se fosse um pecador em martírio, sacrifica sua pele com sulcos de baixa audiência, purgando o pecado de oferecer o que o publico deseja, e desta oferta colher os seus melhores frutos. Parabéns à Globo pela microsérie a “A Pedra do Reino”, só lamento estar parabenizando por uma exceção.
ops, só uns toques de revisão:
1. No último parágrafo onde lê-se
"Enfim, a Globo, que não boba (...)"
escreva-se
"Enfim, a Globo, que não é boba (...)"
2. No mesmp parágrafo, a última frase
"Parabéns a Globo pela microsérie a “A Pedra do Reino”, só lamento estar parabenizando por uma exceção. "
escreva-se:
"Parabéns à Globo pela microsérie a “A Pedra do Reino”, só lamento a estar parabenizando por uma exceção. "
A crase justifica-se por ser este "a" uma contração do artigo com a preposição. (Em caso de dúvida aconselha-se mudar o objeto por um elemento masculino, por exemplo: "Parabéns ao canal de televisão" ; onde fica evidente que há essa contração.
E no fim parabeniza-se "a" Globo, por isso a preposição.
um abraço
:)
Excelente Julio. Raciocínio bacana. Acredito que a Globo tem lampejos de genialidade. A Pedra com certeza é um deles. Acredito que eles acabam comprando a idéia de projetos do que é conhecido como 'diretores de núcleo' q é o caso do Luiz Fernando. Começaram a fazer agora aqueles especiais de música (Caetano, Milton...) e a passar mais filmes nacionais.
Mas vc matou a xarada, a questão nem sempre é o Ibope, mas o que vai render por trás daquele produto. E vc vai vre como parte deste elenco vai acabar indo pra dramaturgia da Globo. Enfim, isso é uma novela...
abs
...Batuta Julio...ainda não tinha pensado neste ponto de vista...na verdade ter essa possibilidade em vista me assusta ainda mais...quer dizer entao que ate na hora de se fazer algo digno, com alta qualidade eles levam em conta os mais bestas aspectos?...como diria D'Maria "...que Bsurdo, que Bsurdo..."
mais um toque de revisão, no trecho:
"achava a Rede Globo que o eu público poderia tolerar tamanha ousadia em horário nobre sem a devida punição?"
leia-se :
"achava a Rede Globo que o seu público poderia tolerar tamanha ousadia em horário nobre sem a devida punição?"
parabéns pela sua análise.
Oi Julio! Concordo contigo quando diz que a Globo vê nesse tipo de série mais """sofisticada""" (com mil aspas) a possibilidade de mostrar ao mundo o seu padrão de qualidade. Esse tipo de necessidade me incomoda muito também, mas por um motivo contrário àquele que te fez escrever o texto. Ao contrário de vc, não acho a programação da Globo um estorvo, nem vejo a emissora como um monstro e, menos ainda, penso que o público que assiste ao canal não dê valor àquilo que é bom. Adoro, por exemplo, a novela das 20h atual, Paraíso Tropical. Todas as qualidades que vc cita sobre Pedra do Reino eu poderia mencionar de Paraíso - qualidade de texto, elenco, dramaturgia etc. Paraíso segue, e isso ainda me incomoda, uma estética de novela, planos fechados, campo, contracampo, gruas, enfim, acho cafona e tal, mas isso não tira o mérito de uma das melhores novelas que pude acompanhar em tempos. Ainda não vi Pedra do Reino (sim, é tarde, horário ingrato, às vezes não estou em casa, às vezes estou dormindo...). Por outro lado, vi alguns capítulos de Hoje é dia de Maria. Sei de todo trabalho para se fazer a série. Respeito muito o Luiz Fernando Carvalho. Mas, rapaz, achei muito chata a série. Muito. Nada me prendeu. Das atuações à estética, passando pela adaptação e a narrativa. O que fazer? Me culpar por gostar de Paraíso Tropical? Culpar a Globo por me educar vendo novelas e não "entender" Hoje é dia de Maria? Acho que nenhuma das duas coisas... Bom é isso! Grande abraço!!
Thiago Camelo · Rio de Janeiro, RJ 19/6/2007 13:46
Ou, Thiago. Também acho que não podemos culpar a Globo por você não entender. Mas acho que podemos culpá-la, em partes, por você, muitas vezes, não querer fazer esforço pra entender ou procurar um jeitão padrão e bem simplista pra entender tudo o que vê. E quando digo você, falo de mim tb, pois cresci nesta lógica. Falo de um monte de gente. Quanto a Hoje é Dia de Maria, não achei chata, não, mas respeito sua opinião. E há uma porrada de coisas originais e bem feitas que ficam chatas, mesmo. Isso é uma coisa. Outra coisa muito pior é ficar décadas copiando exatamente a mesma fórumla só porque dá audiência, dinheiro e "produz" celebridades que raramente são fruto de talento. Não consigo ver em Paraíso estas qualidades que você citou, talvez porque você não tenha tido espaço/ tempo para explicá-las, mas pergunto: o que há nesta dramaturgia de minimamente original em relação a todas as outras "tramas" das 20h22??? Que excelente ator está sendo plenamente aproveitado? (eles conseguem deixar até o Matheus limitado!!!)
Quanto ao texto, Julio, muito bacana você levantar esse tema e expor o viés de que, ainda com Ibope baixo, a Globo pode ter outros retornos com uma produção. Aliás, não tenho nada contra a Globo ter lucro. Por mim, tudo ótimo se as coisas bem feitas derem lucro. Parabéns pela sacada! Ótimo tema!
Beijos,
Juliene
Na minha turma de jornalismo sempre acontecem discursões acerca do que a Globo passa e do que o público quer ver. A Globo passa o que o público quer ver, se não fosse por isso não seria a maior emissora do país. E uma parcela do público quer conceito - assim como a Globo quer mostrar que tem conceito. Por isso são feitas séries como a Pedra do Reino, Hoje é dia de Maria, JK... E não há nada de errado por isso, vou te explicar pq.
Eu estava esperando ansiosamente pela estréia da série. Não apenas por ter sido rodada no meu Estado e ter no elenco e produção pessoas queridas por mim (que ainda por cima são conterrâneos), mas também por estar planejando ter a série como tema da minha monografia. Só que imagine você a minha decepção, além de ser exibida num horário muito ingrato (é, o marketing explica isso), não consegui entender direito a trama. Eu li o livro e apesar da linguagem de Ariano ser um tanto "barroca", não tive problemas em compreedê-lo. Mas não consegui entender direito sequer os diálogos da série (e olha que o texto foi adaptado por Bráulio Tavares, que apesar tem crítico de arte tem um texto muito claro). Além disso, o formato ficou um pouco difícil também. Veja bem, não é que eu não esteja acostumada com uma linguagem mais culta ou com filmes com "ângulos frenéticos" como a Pedra tem, pq estou sim. É que o conceito dessa vez foi "conceitual demais". O nível é muito alto. Achei até que o problema era meu, mas conversando com meus professores da universidade ví que era algo generalizado. Daí eu te pergunto, se eu que sou paraibana (ou seja, estou acostumada com os termos e gírias usados na série) e tenho um certo nível intelectual tive difculdades de entender, imagina a grande massa brasileira, que corresponde a mais ou menos 80% da audiência da emissora? Pior ainda, e o resto do país que não está acostumado com "os trejeitos" nordestinos?
Vamos descer um pouco do pedestal e enchergar o que está à frente do nosso nariz. Não vivemos na Suiça ou no Japão, vivemos no Brasil. Pra ter audiência é preciso que o público compreenda aquilo que está sendo apresentado (e isso não é subestimar as massas).
Não tiro os louros do diretor Luís Fernando de Carvalho, a série é no mínimo primorosa. Mas o nível dela é tão alto que extrapola o padrão Globo pra ser digna de uma HBO da vida... Se fosse pra ter ibope, com certeza deveria ter sido exibida lá.
Outra coisa, uma vez vi uma entrevista do próprio diretor dizendo que esse tipo de série não é feita para dar ibope e sim conceito à emissora. Ou seja, ela não dá lucro e nem é feita para dar.
Abraços e parabéns pelo texto!
Tiago, perdão se não ficou claro, mas não disse que "toda" programçaõ da globo é ruim, disse que era feito para o grande público, e que a Pedra, não. Também gosto de Paraiso e de inumeras outras atrações da globo, mas vc há de convir que a grande maioria da programação apela para o povão, afinal é preciso faturar. E como diz julienne, nem tudo que é bem feito consegue deixar de ser chato. O que não se discute é o "gosto", isso é individual, mas a qualidade pode e deve estar sempre em questão.
Julio Rodrigues · Cuiabá, MT 19/6/2007 16:54Sara, existem produtos em televisão que são vendidos antecipadamente, esse foi um deles, deu lucro, e vai continuar dando. Tenham os anunciantes como a Coca-Cola gopstado ou não do resultado. Fiz comentários sobre aspectos obvios da industria cultural que as pessoas insistem em não perceber, sobre a mini-série, vou assitir o final hoje e talvez emita algum juizo de valor sobre sua totalidade, o que eu tinha visto até o dia que escrevi pareceu, com algumas ressalvas, muito bom, mas nos epesiodos seguintes fiquei incomodado com a inquietude da camera, e, como voce, tive dificuldade de enterder alguns dialogos.
Julio Rodrigues · Cuiabá, MT 19/6/2007 17:05Oi Juliene! Entendo o que vc diz sobre o jeitão e o padrão simplista. Não acredito que TV tenha de ser assim e confirmo sua tese de que meu olhar já está viciado nessa estética. Há uma fórmula, há um vício, há preguiça e há uma crença de que aquilo ali já está estabelecido e não deve mudar. Concordo com isso tudo. Mas acho também que, por isso, muita gente já parte da premissa que a Globo é horrível, que vicia o povo, que faz mal ao Brasil, que devia ser depredada.... E não é assim. (Também não digo que vc disse isso, Julio, mas já ouvi muita gente dizer). Acho que falar mal da Globo já virou padrão, que faz fechar os olhos pro muito de bom que a emissora produz. Não acho também, Juliene, e talvez nisso discorde de vc, que seja função da Globo salvar a estética televisiva nacional. Acho que isso não é função de ninguém, na verdade. E sobre Paraíso, eu acho tanta coisa legal e divertida. Poucas originais, talvez, mas bem, como falei, por que as coisas tem de ser sempre originais? Gosto do texto do Gilberto Braga. Muito. Gosto incrivelmente da atuação do Tony Ramos. Gosto dos outros atores também. Chico Diaz, Camila Pitanga... Sabe que eu acho que até o Paulinho Vilena tá bem? Não gosto do Fábio Assunção e da Alessandra Negrini. Parece que estou vendo teatro na TV, tudo muito falso, impostado. Gosto do carinho que o autor tem por Copacabana. Adoro a abertura. Gosto da diferença desse carinho em comparação ao afeto dado por Manoel Carlos ao Leblon (esse sim passível de crítica). Gosto de um montão de coisa, enfim. Bom, legal essa troca de idéias Juliene. Mas me diz, o que vc acha ruim na novela? Beijo!
Thiago Camelo · Rio de Janeiro, RJ 19/6/2007 17:07
Oi Julio,
Provocativo o seu "e daí?". E pergunto: Como assim, e daí? Por que raios o desinteresse do público pela minissérie necessariamente se explica por "preguiça" ao novo, por rejeição ao "ousado" e às "experiências radicais"?
Sinceramente, A Pedra do Reino é uma minissérie chata, enfadonha e pretensiosa. Mas nem é isso que quero discutir. Uma parcela enorme de telespectadores simplesmente não se identificam com o que está ali retratado. Não vejo em A Pedra do Reino mais "diversidade cultural brasileira" do que em Paraíso Tropical (seja nas temáticas, nos personagens, nas situações).
Fico incomodado com uma crítica de TV que só consegue pensar a TV em um de seus ''pólos", a emissão (ou o programa em si), mas é incapaz de refletir sobre essas identificações em uma perspectiva que não seja tão jurássica a ponto de taxar que o "público não quer qualidade". É a velha repetição da máxima "adorniana" de que o público da indústria cultural é preguiçoso, só se interessa por "diversão" fácil (é pecado?) e que diversão é incompatível com "cultura".
No fim, acho que seu texto sugere: o problema não está na série. Bem, então só pode estar no público. Quando ele passar a gostar de algo "de qualidade" como nós, pessoas críticas, capazes de entender tamanha ousadia, aí sim não teremos mais exceções na programação.
Abraço!
só corrigindo: uma parcela não se identifica.
Ricardo Sabóia · Fortaleza, CE 19/6/2007 22:40
E aproveito para recomendar a leitura de um ótimo texto que saiu na Folha de S. Paulo de hoje, de autoria de Marcos Augusto Gonçalves. Acho esse trecho particularmente precioso:
"não devemos esquecer que procedimentos ainda estimados por alguns como auspiciosos sinais de uma atitude "radical" e transformadora -como a contestação do "ritmo industrial", a "subversão da narrativa linear", o uso da câmera na mão, a alegoria etc- já são quase todos centenários e há muito se incorporaram ao repertório das convenções narrativas.
Por si só, não significam muita coisa e podem perfeitamente estar a serviço de propostas confusas, tediosas e regressivas como foi "A Pedra do Reino", um caso primoroso de vanguardismo atrasado, cujos problemas não podem ser atribuídos ao despreparo do público"."
Abraços!
É Saboia, concordo mesmo com Adorno, e como já disse antes, escrevi este texto no fim do segundo capitulo, não havia formado opinião sobre a atração, mas lembrei do dia de Maria, e comentei a "intenção" desse tipo de atração. Quanto ao público em geral, não só da globo, a minha opinião permanece, não gosta de coisa boa.
Gosta do que a tv brasileira oferece quase todo o tempo.
Oi Júlio, posso até admitir que o público global queira ver carinhas bonitas e estorinhas água com açúcar, mas não por puro arbítrio do público, mas por uma manipulação constante da emissora que criou esse gosto. Então quando produções fogem ao "padrão" há recusas com conseqüente queda de audiência.
Talvez "A Pedra" ficasse melhor como um longa-metragem.
abcs
Caímos numa redoma. 'A pedra do Reino' é biscoito fino oferecido a quem é acostumado com o velho 'água e sal'.
FILIPE MAMEDE · Natal, RN 20/6/2007 08:58
Júlio,
gostei do seu texto. A minissérie é boa demais para o "padrão global" de audiência. Mas por outro lado vou concordar com o vermano lá em cima: é muito chata também.
O que é de alto nível não precisa ser ininteligível não é?
Infelizmente o cachorro roeu tanto osso que quando viu o filé experimentou desconfiado e achou o gosto ruim. Êta Brasil! Ou acabamos com a saúva ou elas vão acabar nos devorando.
Fanny · Rio de Janeiro, RJ 20/6/2007 09:51Seu texto é bom, porém a provocação do "e dai"? dá impressão de pouco caso com as pessoas envolvidas no processo, este "e dai"? independente da tal "estetica" do Ariano pode significar mais empregos, mais investimento, tudo o que normalmente uma empresa séria mede até nos milimetros para determinar o tal sucesso ou o tal fracasso, concordo com todos que escreveram aqui que a dose artistica barroca foi forte demais, se queriam algo underground ou similar tinham que escolher o canal apropriado para divulgar...se até especialistas ficaram aborrecidos e foram dormir, imagina o povão... abçs a todos...
Chapa · Santa Lúcia, SP 20/6/2007 10:05Olá Chapa! A "provocação "e daí" , se refere exatamente a questão do faturamento. A mini- série foi vendida antecipamente, não é como um programa que semanal que deve se vender constantemente, e verdade que este "deficit" de publico pode trazer problemas ao projeto que preve outras três produções em diferentes regiões do país, mas nada que não possa ser corrigido, alterado, adaptado ao outro padrão Globo, o de audiência.
Julio Rodrigues · Cuiabá, MT 20/6/2007 10:21A dificuldade de entendimento do tema, da abordagem e dos elementos conexos da Pedra do Reino esclarecem o quanto ainda temos que caminhar na pedagogia da autonomia dos telespectadores. Essa liberdade é dificil de ser conseguida tendo em vista que o grande dragão com o qual temos que travar diálogos muitas vezes surrealistas, devida a lógica do mais fácil disfarçada em dificil, ser aquilo que embota o real e urgente: o engano da grande midia fortalecendo chavões, criando enredos que alimentam a falta de critica, o alheamento. Parabens, Ariano. Quanto a Rede Globo, digamos, foi um passo em falso disfarçado do boa vontade...Mas que nós sabemos também aproveitar para reconhecer e discutir sobre outros mundos possíveis além dos Paraisos Tropicais...
LUC ARAÚJO · Macapá, AP 20/6/2007 11:16
Parabéns pelo texto, Julio.
Se "invado suas mentes e lares diaria e insistentemente, tenho de ter responsabilidade diante do que posso influenciar ou não em você".
E tambem, por favor, "não me deixem o controle remoto na mão dos nossos brasileirinhos tão desnutridos de corpo e de(-)mente(s)".
...a velha historia da educação brasileira...
Mas a Globo é assim mesmo. Só faz sucessos com babaquices. Segundo ouvi dizer, o Faustão ganhou o prêmio Nobel da Farmacologia, pois conseguiu transformar o Domingo em uma DROGA. Ótima matéria.
Cabalistico9 · Belo Horizonte, MG 20/6/2007 14:31Bom, é inegável que a Globo tem sim, uma das melhores estruturas possíveis para se produzir filmes, novelas, seriados e outras produções... A questão é usar todo esse poderio em propostas criativas de verdade, que não apenas fiquem restritas as velhas fórmulas... Porém pensar nesses tipos de produções em emissoras de massa como a Globo é um tanto quanto utópico. No máximo, esporadicamente, ela irá produzir séries como a "Pedra" e "Os Maias", que por sinal, achei muito bacana.... Um abraço a todos. ah gostei do texto!
Rafael Campos · Belo Horizonte, MG 20/6/2007 16:47
Parabéns Julio, aqui na Paraíba também não teve aquela recepção calorosa para a Pedra porque e Rede Globo acostumou ao Brasil só ver as paisagens do eixo Rio-Sampa. Mas lembro também que houve boas tantativas da Venus Planitana no passado, tais quais as adaptações de romances de escritores brasileiros como Sinhá Moça, Escrava Isaura, entre muitos outros. A Globo não fez A Pedra pra ganhar audiência, mas sim pra ganhar prêmios. E não vejo grandes prejuizos financeiros com a"ousadia" de Luis Fernando Carvalho em adaptar a obra do nosso mestre Ariano Suassuna. Um "paredão" do Big Broder pagaria 5 ou seis obras iguais à Pedra. Em todo caso foi bom ver alguns dos meus amigos atores e atrizes na tela tão fortes e bonitos e cheios de gás como Luiz Carlos Vasconcelos, Márcio Tadeu, Mayanna Neiva , Servilio Holanda, Marcélia Cartaxo e Soia Lira.
O Brasil está de parabéns. Viva a Pedra do Reino! Viva Ariano Suassuna! Viva ainda o que resta de bom na cultura Brasileira!!
Bem... Não sou entendi de cdramaturgia ou algo assim. Mas concordo com o Julio em um aspecto: A Globo sempre vence. Eles não são burros de fazer uma minissérie como essa e jogar ela num horário que com certeza vai matá-la. No final fico com a sensação de que isso foi uma forma da globo mostrar que tem programas culturais. Que não é só Big Brother. O que não deixa de ser verdade. Emfim, é uma ótima minissérie, independente do uso estratégico que a Globo fez dela.
ThiagoIsaac · João Pessoa, PB 21/6/2007 08:19Concordo com o Ricardo Sabóia , a minissérie é chata e enfadonha , do tipo que não prende a atenção , além de ter uma narrativa muito lenta, não gostei.
carol de trancinhas · Brasília, DF 21/6/2007 11:17
Eu só queria entender...Por que sempre o padrão novelesco da Globo são os bairros nobres do Rio (Copacabana, Leblon, Ipanema..etc.)? Tá, aí alguém pode dizer que a região menos favorecida (geralmente sobra pra galera da favela) também tem seu espaço.
Só que este espaço nas novelas, pequeníssimo até, quase sempre vem acompanhado por fatores típicos de violência, drogas e crueldade.
O que o carioca (da gema), das duas áreas, pensam sobre isso?
No mais, muito legal a discussão que o texto trouxe.
as vezes a globo acerta! foi mesmo uma minissérie de alta qualidade dramatúrgica.
quanto ao ibope, eu prefiro acreditar que se não tiver atingido o esperado é culpa tão somente do horario em que foi exibido [tarde, muito tarde]
eu amei!
bjso
ta votado
Não assisto a TV aberta, especialmente a TV Globo. Então eu aguardei com muita expectativa a minissérie A Pedra do Reino porque adoro o escritor Ariano Suassuna e tenho este livro em conta de uma das grandes obras da literatura brasileira.
Mas confesso que ao me deparar com a adaptação da TV fiquei pasma. Achei sua linguagem hermética e extremamente preciosista completamente despropositada para o veículo, especialmente para uma emissora que não costuma transmitir mais programas experimentais. Sim, a estética é bonita, mas e a história, a narrativa? Fiquei admirada quando comecei a ler no jornal que aquilo era televisão. Where?
Acabei de acompanhar Rome pela HBO. Uma das séries mais caras dos últimos tempos. Roteiros impecáveis, atuações magistrais dos atores. História e Licença poética tudo no seu devido lugar com equilíbrio, de forma a conquistar o grande público. Nada foi sacrificado em nome da qualidade, muito menos o grande público.
Por que no Brasil temos de ficar sempre entre a cruz e a caldeirinha? Ou resvalamos para o grotesco, para o puro mal gosto, ou então assumimos uma postura elitista, hermética?
Realmente fiquei muito decepcionada e acho que isso explica a reação do público. Eu, por acaso não fui para a Record, mas apertei o botão e voltei para a TV por Assinatura e para a Internet.
Penso que a Globo perdeu a oportunidade de trazer de volta o segmento AB que ela vem perdendo (vejam o relatório da ABTA e as pesquisas do CGI).
Outra coisa: o site da minissérie é outra peça hermética. Não tem interatividade nenhuma. O pobre coitado infeliz que se aventura a acessá-lo dá com os burros n´água, mal sabe como navegar nele de tão "precioso" e distante. Para que isso?
Realmente, apesar do visual apurado, muito pouca gente entendeu o que se passava a sua frente. Palmas para a Globo.
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