Campo Grande (MS) - Em14 de março foi comemorado o dia nacional da poesia. Numa data como essa, nada melhor do que investigar e saber o que anda acontecendo no cenário poético e literário sul-mato-grossense. Muitos não sabem, mas a poesia de Mato Grosso do Sul não é representada apenas pelos versos do escritor Manoel de Barros. A poesia no Estado vêm se consolidando desde a primeira edição da Noite Nacional da Poesia, organizada pela União Brasileira de Escritores em parceria com a Fundação de Cultura de Campo Grande. O atual diretor-presidente da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), Américo Calheiros, também foi um dos principais incentivadores da expressão poética e que idealizou a vinda de grandes expoentes da cultura nacional à Capital para desenvolver a produção literária local. Quem contou trechos desta história poética foi o poeta sul-mato-grossense Ruberval Cunha. Hoje, ele desenvolve projetos na Biblioteca Isaías Paim, uma das unidades da FCMS. Numa conversa descontraída, durante o intervalo de uma homenagem que estava recebendo numa escola pública de Campo Grande, ele contou sua história, falou sobre o público, poetas do Estado, projetos da biblioteca e explicou sobre o improviso Guaicuru, técnica que utiliza para disseminar o gosto pela poesia:
Como surgiu seu interesse pela poesia?
Ruverval Cunha - Eu já gostava de escrever desde 8 ou 9 anos de idade. Naquele tempo havia muita pressão social, diziam: “homem não escreve”, e eu era muito tímido. Então eu escrevia e guardava meu material. Até que um dia uma amiga encontrou um poema meu no caderno, já no 1° ano do segundo grau e esse poema foi disseminado pela sala. A maioria das meninas o tinham anotado. Até que eu saí da escola Mace e fui para a escola pública. Aí é que eu comecei a me assumir como alguém que escrevia. Os professores achavam que eu era um aluno inteligente, então criou-se esse mito e os professores queriam que eu saísse líder de sala. Creio que essa leitura se deva em parte pela disparidade existente entre o ensino das escolas públicas e particulares. O menino que era um dos mais populares da sala, estava sempre na balada e estudava há 9 anos na escola, ou seja, era o oposto de mim, também saiu candidato a líder. Aí eu me tranqüilizei, achava que ele ganharia. Mas, acabei ganhando. Aí eu comecei a me abrir mais, ter maior contato com as pessoas e foi diminuindo minha timidez. Fiz cursos de teatro e comecei a usar isso como uma porta para alavancar a produção poética. Isso lá em 1988.
Então a partir dessa época você não largou mais a poesia?
Ruberval Cunha - Foi nessa época em que eu ganhei meu primeiro concurso de literatura, que considero meu início. Após ganhar um com concurso escolar aberto à comunidade, ganhei o terceiro lugar no Concurso da Noite da Poesia e este ano comemoro 20 anos na estrada da poesia.
Como você costuma despertar o interesse das crianças pela poesia?
Ruberval Cunha - Primeiro aproximando a realidade da poesia da realidade delas, fazendo uma adequação lingüística, desmistificando que o poeta é um ser de outro mundo. Desmistificando que a poesia está apenas nos livros e que ela é apenas romântica. O que é mentira. O que aconteceu é que ela foi aceita assim, pela maioria das pessoas que não têm contato com outras partes do universo poético. Sempre falo para os jovens que a poesia pode ser cômica, social, popular, regional, urbana, etc. Você quer falar mal de alguém? Ao invés de ir para uma gangue e sair na porrada com alguém, use o livro, use o texto, use a poesia. Você pode usar a poesia para montar uma peça de teatro, considerando-se a letra podemos dizer que você tem poesia como base na maior parte das músicas que aí estão, exceção feita àquelas que são instrumentais. Acredito que essas aproximações sejam um bom caminho para começar a desmistificar essas relações e estabelecer contato com a poesia. Digo que a poesia de hoje é um pouco diferente da poesia romântica, realista, parnasiana. Esses estilos de produção são uma base, mas hoje você não tem uma obrigatoriedade de usar a rima, de centrar a produção no eu lírico. Por exemplo, a idéia do Hip Hop é uma coisa que para os adolescentes é muito interessante. Dentro do Hip Hop, mais especificadamente o Rap. Eu costumo dizer que esta é uma das formas de manifestação da poesia urbana. Você traz todos os seus anseios sociais e pode mostrar as necessidades das comunidades, sua vivência, seu descontentamento, sua linguagem. Isso aproxima. Quando trabalho com o improviso guaicuru também, porque as pessoas tem a oportunidade de auxiliar de maneira mais direta, de co-participar, de utilizar parte de sua linguagem e se reconhecerem no poema.
Como é que surgiu a idéia do improviso Guaicuru?
Ruberval Cunha - Eu agreguei algumas técnicas do teatro, do repente, da música e do discurso poético. Utilizo um figurino, pinto o rosto, utilizo elementos do nosso Estado como berrante, chapéu de palha, caso o trabalho seja voltado para o regional e se for algo que tenha uma temática mais universal, busco outra roupagem. Ao que se agrega a co-participação das pessoas. O repente nordestino é cantado, a trova gauchesca também, o improviso guaicuru até pode ter em sua execução passagens que sejam assim, mas o trabalho como um todo não é, ele trabalha não com um mas com diversos motes, cerca de 20, 30 ou 50 palavras vindas do público. A partir daí, monto um poema instantâneo. A influência para montar este tipo de trabalho foi o cordelista e repentista Rachid Salomão. Eu já escrevia poesias, tinha ganhos alguns prêmios em concursos e um dia, quando ele lançou o opúsculo intitulado, “Da Lama para a Glória”, pude vê-lo trabalhando com improvisos. Sentado na poltrona do Teatro Aracy Balabanian, escrevi uma trova popular. Alguém observou e quando o Rachid desceu para ir autografar sua obra, alguém o segurou pelo braço e disse: Rachid você ganhou um filho, o rapaz ali também é repentista e apontou para o lado onde eu estava. Olhei para trás para ver quem era e não tinha mais ninguém atrás de mim. Então perguntei. Eu? É você mesmo, vi você escrevendo algo no papel enquanto ele falava. Eu respondi – Moço fazer no papel é uma coisa, fazer o que ele faz é outra. Bem, a verdade é que isso gerou um convite do Rachid para realizarmos algo em conjunto e a oportunidade apareceu na época em que comemorava-se a semana do folclore. Uma escola estadual nos convidou para realizarmos um desafio para os seus alunos. Aceitei a proposta com a ousadia dos inocentes, uma por imaginar que o público seria uma sala de aula com uns trinta alunos e, também, por desconhecer a história do Repentista do Oeste, como Rachid se auto-intitulava no campo do repente. Isso sem contar sua vivência cultural, tendo ganho concursos de repentes em Santos, trabalhado em circo, ter sido um dos fundadores do futebol feminino no país, atuar a mais de 40 anos no jornalismo, etc. Ele (Rachid) era bem alto, calvo, tinha miopia grave nas duas córneas e era bem barrigudo. Eu era super magro, baixinho e com um cabelo rabo de cavalo bem grande. Quando eu vi o público de aproximadamente umas 600 ou 800 pessoas tremi feito vara verde e disse ao Repentista do Oeste: e agora? Ele calmamente respondeu: não se preocupe, o que você mandar eu respondo. Então retruquei: Como é que eu mando? Ele disse: você me apresenta em verso e eu te apresento em verso. Pensa aí rapidinho e se você não der conta, faço uns cinco minutos de improviso e vamos embora. Aquilo me relaxou e eu o apresentei em verso. Normalmente eu não me recordo dos improvisos feitos, mas tenho gravado na memória até hoje parte do primeiro improviso que fiz na vida. Eu o apresentei dizendo: Contra este homem não há revide/ contra ele não há solução/ o primeiro nome é Rachid/ e o segundo é Salomão. Ele retrucou: trouxe aqui comigo / um cara muito legal/ apresento meu amigo/ o nome dele é Ruberval. No momento seguinte, sob aplausos do público, formado por adolescentes e membros da comunidade, os versos pareciam brotar de maneira espontânea. Algo que de imediato chamava atenção nele era a barriga imensa. O verso seguinte dizia: Com tudo eu faço verso/ pois tudo ao meu olhar se assanha/ a única coisa que não cabe no meu verso/ meu amigo Rachid / é sua banha. A molecada então gritava baleia, baleia. Ele olhou bem tranqüilo e já respondeu de imediato. Apesar da minha banha/ sou homem por demais sereno/ me tragam um homem de verdade/ este aqui tá muito pequeno. Disse o último verso batendo com a mão em minha cabeça. A molecada adorou e gritava: anãozinho, anãozinho. A brincadeira durou cerca de 45 minutos e paramos quando ele me disse cochichando no ouvido: no próximo vou falar bem de você e depois você fala bem de mim, terminamos empatados, nosso tempo já estourou. Foi a primeira vez que participei de um desafio na vida e ali descobri que tinha um dom, ao qual agreguei o teatro, o discurso poético e a participação direta das pessoas, uma vez que não sabia tocar violão para tentar fazer o repente nordestino ou a trova gauchesca. Por falar nisso, ainda não sei tocar, tenho que arrumar um tempo e aprender. Foi assim que o improviso nasceu, meio de improviso e com a ousadia dos inocentes. Até hoje dou graças a Deus pelo desconhecimento que tinha da história do Rachid.
Essa técnica de teatro e improvisação outros poetas daqui utilizam?
Ruberval Cunha – O Emmanuel Marinho já fazia algumas coisas relacionadas ao teatro em Dourados, depois ele foi buscar outros horizontes fora do Estado e até hoje transita no meio cultural unindo linguagens. Aqui em Campo Grande, comecei na Noite da Poesia com a declamação clássica e observando nomes como a Ladarense, Sagramor Farias e Dolores Guimarães, a primeira a ser publicada no Correio do Estado (Cantinho da Poesia). O cenário se resumia apenas às declamações clássicas. E eu as utilizei inicialmente, mas algo me incomodou. Eu queria dizer de outra forma. Trabalhar com a idéia de performance foi uma coisa que a gente começou neste concurso (por aqui) e hoje existem vários adeptos. Até porque as pessoas do teatro passaram a trabalhar a poesia. E isso acabou ganhando uma dimensão um pouco maior. Hoje tem muita gente fazendo performance poética, tem muita gente trabalhando o casamento das linguagens. Quanto ao improviso guaicuru, o José Mauro Messias, recentemente falecido, tentou trilhar por esse caminho, se inspirando no seu trabalho de improviso nesta vertente, da mesma forma que minha base foi o Rachid Salomão e seu improviso. Adaptei e montei o meu estilo. O Poeta das Moreninhas, como era conhecido também, usou a base do improviso e tentou montar o dele a partir daí. O improviso, a performance poética e a participação direta aproxima o público do que está escrito, intermediado pelo corpo, pela voz, pela dinâmica de ocupação do espaço. Isso, normalmente, gera um maior interesse das pessoas pela poesia.
Quando começaram a ser feitas as Noites Nacionais da Poesia no Estado?
Ruberval Cunha – A Noite Nacional da Poesia é um concurso que acontece a nível nacional que tem uma data de palestras e uma data competitiva. Ela oferece premiação e dinheiro para o melhor texto e para os melhores declamadores. Aqui no Estado, ela foi criada dentro da União Brasileira de Escritores, na época de Guimarães Rocha e do Julinho Guimarães que fez parte da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras. Era um grupo de pessoas que ajudaram a alavancar isso. Guimarães foi um dos grandes mentalizadores que teve contato com o pessoal de fora, da União Brasileira de Escritores de São Paulo. Essa idéia foi levada a uma esfera política. Dentro desta esfera, eles compraram a idéia e a transformaram em lei. Ela passou a ser uma realização da prefeitura de Campo Grande, com a execução da Fundação de Cultura do município (Fundac), com a União Brasileira dos Escritores. Ela começou e veio evoluindo. Antigamente a noite era dominada pela participação e premiação de escritores e declamadores de Corumbá, um dos berços culturais do Estado. Vinham e ganhavam a noite, participavam trazendo ônibus lotados para o antigo Paço Municipal. Nomes como Artêmio Sanches, Marluce Brasil de Castro, a própria Sagramor Farias e tantos outros. Até hoje eles participam, movimentam a noite, pessoas como por exemplo: o Balbino, um batalhador da cultura e trovador popular, o Benedito C.G., poeta e professor de literatura, só pra citar alguns. Aos poucos Campo Grande começou a se fortalecer e começaram a aparecer novos expoentes no evento. Históricamente, se não me falha a memória, a primeira mostra não competitiva foi em 1986. A segunda já foi competitiva e aconteceu em 1989, persistindo até os dias atuais. Com o tempo, a Noite ganhou inovações, deixou de ser realizada em âmbito estadual para se tornar nacional. Passou a realizar palestras com grandes nomes da cultura do País, idéia do professor Américo Calheiros, atual diretor da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul. Ele achava que a noite precisava melhorar ainda mais a sua qualidade em termos da escrita poética. Segundo ele, ela precisava ser dinamizada para aparecerem novas pessoas. A vinda de grandes expoentes para realizar palestras, não só agregou em termos de conhecimento para os que puderam assistir, mas também começou a abrir algumas portas para intercâmbio de idéias, para que as pessoas de fora passassem a ter uma noção das coisas que são produzidas aqui. Vieram nomes como Adélia Prado, Nélida Piñon, Wally Salomão, Thiago de Mello, Arnaldo Antunes. Isso propiciou aos poetas daqui uma outra visão sobre seus trabalhos, uma outra porta para o conhecimento, comparando seus trabalhos com outros, vendo pelo menos outras janelas poéticas e podendo indagar, ser indagado, trocar ao vivo e em cores, informações, impressões ou pelo menos vislumbrar novas possibilidades. Eu fui muito beneficiado pela Noite Nacional da Poesia. Eu me considero um dos filhos desse evento. Atualmente, o Américo criou também o “Espaço da Poesia” realizado na própria Fundação de Cultura do Estado, toda última sexta-feira do mês, durante o período noturno e com entrada franca, onde ele agrega diversas linguagens artísticas, com destaque para a poesia, que circula juntamente com outras linguagens artísticas como: música, mini-palestras, declamações performáticas, poemas visuais, lançamento de livros, dança, teatro, etc. Lá existe uma interação entre as artes. O que é muito interessante porque abre a possibilidade da quebra de paradigmas, abre espaço para que a informação transite entre os segmentos artísticos e sociais. Faz com que as pessoas possam circular um pouco fora do seu nicho. Quanto mais nós tivermos este tipo de relação, eclética e plural, esse dialogismo entre áreas diversas, maior será o fortalecimento cultural. E mais, logicamente maior se torna o fortalecimento da expressão poética também.
Como surgiu a idéia de fazer o projeto “Vêm ler o mundo” na biblioteca Isaías Paim?
Ruberval Cunha - Eu já havia trabalhado no núcleo de literatura da Fundação de Cultura anos atrás, quando voltei, depois de três anos no Detran aliando o trânsito à arte-educação, como instrumento de sensibilização, queria fazer algo novo, exercer uma outra função na Fundação. A intenção era trabalhar com escolas públicas municipais e estaduais. Em cerca de 8 meses, atendemos mais ou menos 12 mil pessoas. No ano passado foram 20 mil pessoas. Visitávamos as escolas porque normalmente elas não tem acesso à produção cultural, além da chance de quebrar paradigmas, de contestar a idéia de que as pessoas não gostam de poesia. Como dizer o que as pessoas gostam ou não sem o contato com aquilo que dizem gostar ou não gostar? Alguém pode dizer que alguém beija mal sem nunca ter beijado a outra pessoa? Possibilitamos o contato com a poesia para que as pessoas possam começar a descobrir a poesia e realmente dizer se gostam ou não gostam. Mas aí eu pensei que a poesia é apenas uma das expressões da linguagem, temos teatro, dança, cinema, contação de histórias... Passamos trabalhar com duas frentes para incentivar a leitura e o contato com a cultura. Uma trabalhando com a visão semiótica fazendo a leitura de signos. E outra, com enfoque mais literário. Nós queremos mostrar para as pessoas que você lê não só o que está escrito, mas também o que não está. Nos livros, por exemplo, você lê os espaços em branco, o contexto cultural. Mostramos que nós lemos as roupas que as pessoas vestem, o carro que elas usam, seu espaço social. As pessoas já fazem isso, mas não têm essa noção. O projeto “Vêm ler o Mundo”, abriu espaço para que trabalhássemos com os artistas da terra, resgatando nossos valores, dando uma noção das diversas expressões que aqui existem. A intenção é, também, formar um público leitor e quem sabe, futuramente, consumidor dessa produção cultural. A idéia é trabalhar com dança, música, teatro, filatelia. Levamos uma pessoa para contar um pouco da história dela, e para falar como é possível ler aquele segmento artístico. O filatelista, por exemplo, vai contar a história dele, há quanto tempo coleciona, sobre o valor de um selo, como os filatelistas dão a idéia de valor, como se chega ao conceito de raridade, ou seja, quais são os elementos possíveis de se ler. Vai mostrar o que existe no selo para ser lido. Essa é a idéia do projeto “Vêm ler o mundo”. Trabalhar essa visão e agregar às outras expressões artísticas.
Qual é a intenção do projeto “Todas as letras”?
Ruberval Cunha - O projeto “Todas as letras” está mais ligado à idéia da literatura: na crônica, na prosa, no conto, na poesia. Para utilizar isso como um elemento que possa encantar as pessoas. Que possa estabelecer com as pessoas uma identidade. Porque é muito mais fácil transformar um texto e gerar com essa transformação um encantamento, seja pelo corpo, pela voz e/ou pelo conjunto de tudo aquilo que a gente já falou. Às vezes você pode fazer uma discussão e guiar uma pessoa para que ela vá descobrindo alguma coisa no texto e depois deixá-la solta para que ela curta a liberdade dele. Você pode gerar a curiosidade, o encanto, o desafio inicial e isso pode ser o estopim de um novo leitor. Sabemos que são necessárias outras ações para consolidar ou aumentar essas possibilidades, mas o pontapé está dado.
Como foi a receptividade das crianças que já participaram destes projetos?
Ruberval Cunha - Ano passado nós fizemos uma avaliação dos projetos utilizando questionários na maioria dos locais onde visitamos. A avaliação formal coube aos professores, coordenadores e diretores ou responsáveis. A informal através da receptividade das crianças; você sente pelos aplausos, pela atenção. No caso dos adolescentes, pela manifestação em conversas após o evento e idéia que eles têm de que aquele exemplo pode ser seguido, pela vinda deles para “trocar uma idéia”, mostrar um texto, em alguns casos até pelo pedido de autógrafos, perguntas sobre onde fica a biblioteca, se existe um site que eles possam consultar, etc. No ano passado, considerando as avaliações formais aplicadas, tivemos um índice de aceitação de aproximadamente 99%, com resultados avaliados como bom ou ótimo com relação ao desenvolvimento destes projetos. Agora estamos trabalhando com algumas filmagens realizadas em máquina digital, depoimentos de professores e alunos avaliando o projeto. Alguns perguntam se haveria condições de nós retornarmos e realizar apresentações do projeto com outras turmas. Além da difusão da leitura, os projetos cumprem outra função: difundir o nome da Biblioteca Pública Estadual Dr. Isaías Paim. As bibliotecas são ou pelo menos deveriam ser um espaço privilegiado para o conhecimento, para a leitura, para o encontro das pessoas possibilidades de leitura. Esse espaço da biblioteca, de uma maneira geral, acaba sendo desconhecido pela maioria das pessoas. Tem gente que ainda vincula às bibliotecas a um quarto de castigo, a um aprisionamento à vontade do outro, a uma obrigação e não ao aprendizado, ao prazer. Queremos quebrar um pouco isso, queremos levar público às bibliotecas também. Embora tenhamos descoberto ao longo deste um ano, que é mais difícil levar o público dos locais mais distantes para o centro, mais especificamente para a Dr. Isaías Paim, porque essas pessoas têm dificuldade de deslocamento. Este ainda é um dos problemas que enfrentamos. A falta de um ônibus que atenda continuamente, nos dando condições de alternar os projetos uma semana na biblioteca, outra semana nas escolas.
Vamos terminar com um improviso Guaicuru?
Ruberval Cunha - Neste momento/ onde o ser humano caminha lentamente/ passo a passo/ a poesia é um homem que anda/ devagar durante a tarde. Despem suas roupas/ para entender o que os outros não vêem. / O seu quarto é o mundo/ e a roupa que lhe veste/ pequenos pensamentos. / O poeta não reflete apenas/ ele troca a roupa das palavras. / E essa brincadeiras de palavras e de sonhos/ de memórias/ de pequenos aeroportos/ faz com que os homens não partam / nem cheguem/ apenas vislumbrem a essência de ser. / Os poetas são / mais do que as palavras podem alcançar. / E talvez por isso, / às vezes, / a poesia seja silêncio num papel em branco. / Este pequeno vestido onde a prepotência cabe / ser guardada no armário, / para que os homens se lembrem que ela existe / mas para que não a retirem. / E por ser diferente, / a poesia é apenas buscar a velha raiz / e achar então / uma semente. / A poesia é esta arte igual / de ser diferente.
Que maravilha, Gisele, a sua matéria!
O nosso Ruberval é um fenômeno. A poesia nasceu assim, oral, como faz o nosso Homero Pintado.
(É preciso que Fundação agende uma entrevista com ele no Programa do Jô). É show garantido.
abrs
Concordo com você Frazao! Ele é uma figura ímpar e seu trabalho é maravilhoso! Abcs Gi
Gisele Colombo · Campo Grande, MS 19/3/2008 14:07Bem bacana a entrevista, Gisele. Já tinha visto o Ruberval de passagem aqui pelo Overmundo, num improviso guaicuru lá no Banco de Cultura. Agora deu pra conhecer um pouco mais dele...
Viktor Chagas · Rio de Janeiro, RJ 19/3/2008 16:37Ligal Victor. Sempre procuro fazer matérias mais aprofundadas para conhecer melhor os personagens culturais do estado em que moro! Abcs Gi
Gisele Colombo · Campo Grande, MS 19/3/2008 16:52Gostaria de Ressaltar e acrescer a matéria que a nomenclatura Improviso Guaicuru foi idealizada pelo Secretário Geral da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, Rubênio Marcelo, ao publicar no jornal correio do estado uma matéria falando sobre a arte de improvisar no país e destacando o que eu até então chamava de repente performático, com essa nova nomenclatura. A ele pela idéia meu muito obrigado, o mesmo que estendo a Gisele pela matéria. Abraço para todos.
Ruberval Cunha · Campo Grande, MS 21/3/2008 20:44matérias xomo esta deveriam ter maior divulgação.Adorei realmente.espero um dia conhecer MS
clara arruda · Rio de Janeiro, RJ 22/3/2008 02:13Valeu Ruberval! E muito obrigada Clara! Com certeza você vai encontrar muitas pessoas interessantes em nosso Estado! Abcs Gi
Gisele Colombo · Campo Grande, MS 22/3/2008 16:10
Gisele, mil parabéns, o Ruberval é o máximo!!!
Quem ficaria mais feliz do que eu seria o grande amigo Henrique Spengler, se ainda estivesse conosco...
Você sabe que desde a divisão do Estado ele empunhou a bandeira Guaicuru, sendo fudador do Movimento Cultural Guaicuru.
Com certeza ele ficaria muito feliz ao saber que, por coincidência ou não, artistas de nossa terra utilizam o termo para cunhar algo legitimamente sul-matogrossense.
Convido você Gisele, o Ruberval e quem mais tiver vontade a conhecer o último trabalho realizado por Henrique Spengler, trabalho do qual tive o prazer de participar. Trata-se de um site do Movimento Cultural Guaicuru que trás em seu conteúdo um livro inteiramente digitalizado que desvela o processo Histórico da Etnia Mabyá-Guaicuru do século XV à contemporaneidade.
Aqui vai o link: http://www.guaicurumurtinho.com/
Grande abraço Guaicuru!!!
Obrigada Marcos! Com certeza acabamos sendo influenciados uns pelos outros, e essa troca é que consolida a cada dia a nossa identidade cultural. Aos pouquinhos vamos nos encontrando e nos conhecendo, mesmo que seja virtualmente. Pode deixar que vou ler sua sugestão! Abcs Gi
Gisele Colombo · Campo Grande, MS 23/3/2008 14:15
Gisele, menina bonita Guaicur... (Guaicuru tem feminino ou não?)
Legal, valeu e valeu, depois das considerações do Marco do Franzão, vou votar, e arquivar pra reler com mais calma,
um abraço, andre.
Querida Gisele:
Excelente a sua entrevista, das melhores que tenho visto ultimamente. E o meu crítério é bastante simples: vc abriu magnificamente as tramelas do Roberval. Quando isto ocorre estão juntas a fome, a vontade de comer e um cardapio delicioso.
beijos e abraços
do Joca Oeiras, o anjo andarilho
Joca e André, muito obrigada pelas palavras. Vocês não imaginam a riqueza de pessoas interessantes e dedicadas à cultura têm aqui no meu Estado. A minha fome de divulgar seus trabalhos é muita e quando dou a sorte de entrevistar pessoas assim como o Ruberval, que têm clareza nas idéias e uma humildade incrível, a sintonia para se fazer um bom trabalho acaba rolando... Na medida do possível estarei sempre aqui contando para vocês o que acontece aqui nestes pantanais. Abcs Gi
Gisele Colombo · Campo Grande, MS 24/3/2008 12:12
Querida Gisele:
Aqui em Oeiras, entre muitas outras atrações artísticas,
nós temos o conjunto "bandlinas de Oeiras", composto por senhoras de idade entre setenta e oitenta e seis anos. Elas tem reconhecimento internaciona,kpor seu trabalho, e já foram agraciadas com a Medalha do mérrito cuçltural, maior medalha, hoje, no país.
Quem sabe se não conseguiríamos um intercambio entre as duas cidades– Campo Grande e Oeiras, fazendo uma adequação de despesasn entre as duas cidades? Seria ótimo!
beijos e abraços
do Joca Oeiras, o anjo andarilçho
Salve, Gisele!
Tive o prazer de ver Ruberval em performance.
Ele é um fenômeno!
Muito bom!
Parabéns!
Parabéns Giseli, sua matéria ficou muito boa.
Quanto ao Ruberval, sou suspeito de falar. Penso que seu trabalho tem que ser divulgado no Brasil inteiro, o brasileiro está perdendo uma grande oportunidade de conhecer um talento fora de série.
Abraços,
Aparecido Melchiades
Campo Grande, MS
Querida Giseli:
Falando sério: como a gente faz para contatar o Roberval para show eventual?
beijos e abraços
do Joca Oeiras, o anjo andarilho
Muito Obrigada Cido! O Ruberval com certeza é um cara muito especial! Joca para entrar em contato com o Ruberval, é só ligar na Biblioteca Isaías Paim. O nº é (67) 3316-9161.
Gisele Colombo · Campo Grande, MS 3/4/2008 11:30
Tem e-mail nem Site não, né Gisele?
Beijos e abraços
do joca Oeiras, o anjo andarilho
Gisele, parábéns. O próximo evento não perco.
zecadotrombone · Fortaleza, CE 3/4/2008 11:49Zeca, aparece sim no Espaço da Poesia lá no Memorial da Cultura toda última sexta-feira do mês. É muito legal. Começa às 19h. Abcs Gi
Gisele Colombo · Campo Grande, MS 3/4/2008 12:43
Gisele aproveito a oportunidade para deixar o e-mail para contatos e um blog. E-mail: rubervalcunha@hotmail.com
Blog: rubervalcunha.blogspot.com.
Abraços
Grande Ruberval Cunha
(O Rei do Improviso Guaicuru):
Sou 'suspeito' para falar sobre você, meu irmão! Pois o vínculo fraterno e artístico que nos une certamente supera tudo. Felizes somos por podermos desfrutar do seu convívio e do seu sorriso puro e sincero.
Quero também, nesta oportunidade, parabenizar Gisele Colombo, por esta brilhante matéria/entrevista e pelo seu relevante mister na divulgação dos nossos valores culturais.
A você, Ruberval, dedico estas duas décimas:
Poeta das sagas e de além-futuros,
O teu canto encanta plebeus e rainhas;
Teus olhos relembram as águas marinhas,
Na cor, nos mistérios, nos gestos mais puros...
Teus braços apontam destinos seguros;
Não há chão escuro no teu caminhar.
Por isso, contente, eu venho te saudar,
Ó Ruberval Cunha, ó irmão do improviso,
Com a fraternidade do canto preciso
Dos dez de galope da beira do mar.
Quero te saudar, ó irmão-camarada,
Menestrel legítimo, jogral campeão,
Que a flama sublime do teu coração
Fecunde os sonhares nesta tua estrada...
Que os raios dourados da messe sagrada
Pra sempre iluminem teu ser-avatar;
E, assim, o teu plectro possa ressoar
Prelúdios de paz, infinitamente...
Gerando harmonia em cada uma vertente
Do céu e da terra e das águas do mar...
Rubenio Marcelo
Rubênio, muito obrigada pela sua manifestação de carinho. Suas palavras só vem dar mais ânimo para que eu continua a divulgar as nossas diversas expressões sul-mato-grossense. Abcs Gi
Gisele Colombo · Campo Grande, MS 10/4/2008 14:37
Com atraso irrecuperável, hj li seu texto!
Sou fã do Ruberval !
Parabéns!
Nossos poetas poucos conhecidos, é uma pena!
De acordo com o Frazão o Ruberval merecia uma apresentação no JÔ!
Bjs de luz
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