A revitalização da ordem e do progresso

Registro aéreo feito entre as décadas de 1930 e 1970 da cidade de Belo Horizonte
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veganito · Belo Horizonte, MG
13/3/2008 · 116 · 7
 

Construída no período de 1894 a 1897 para ser a nova sede da capital do Estado, substituindo Ouro Preto, Belo Horizonte foi concebida a partir de um planejamento rigoroso nos moldes dos principais centros urbanos do ocidente. Uma cidade moderna, essa era sua pretensão. Ousada em seu traçado urbano, a cidade buscou propor um novo modo de vida sem transgredir a ordem e estranhamente, sem romper com a tradição.

O efêmero guiou o sentimento das pessoas da época. Porém, também foi expresso a ordenação da cidade para colocar todos os indivíduos em seus devidos lugares. Seja as áreas residenciais, comerciais ou industriais não se constituíram até 1920 por sí só, mas por direção de seus planejadores.

Não é difícil de notar que os reflexos do espírito de “ordem e progresso” idealizado na República prevalece desde a construção da cidade até os dias de hoje. Analisando os projetos de 'revitalização' de pontos 'estratégicos' da cidade, percebemos uma pretensão de reorganizar sistematicamente a cidade, excluindo os que se encontram a margem da sociedade e dos bons costumes.

Um exemplo são os projetos de revitalização da Praça Sete, que tentaram reorganizar o espaço delimitando os lugares de passagem, de permanência e eliminando os espaços ocupados pelos jogadores de dama (que foram os primeiros a reclamarem do ultimo projeto de revitalização da praça) ou dos pedintes que já eram quase moradores da praça.

O espírito de busca pelo progresso se tornou um estigma para a cidade centenária. Cem anos depois, a revitalização que não transgride o conservadorismo, e mantém cada classe em seu devido lugar se mostra presente no projeto de revitalização da cidade. A Praça Sete é o exemplo do poder da elite sobre a cidade na tentativa de implantar a sua própria ordem e seu próprio progresso. Ponto comum para o povo e suas diferentes manifestações, o poder político também interfere nos aspectos urbanísticos para jogar a sujeira para debaixo do tapete, acabando com as manifestações, com os pregadores fanáticos, com os jogadores de xadrez, desempregados e com os moradores de rua e pedintes que ali encontravam também moradia e dinheiro fácil.

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Roberto Girard
 

Muito bom trabalho...
Votadíssimo.
Beto(5)

Roberto Girard · Rio de Janeiro, RJ 11/3/2008 19:15
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victorvapf
 

Levaria o seu trabalho a falar tambem do transito direcionado que a Pçambel ou coisa que o valha, implantou com seus ocupadores de emprego, nada importando com o absurdo de direcionar um trafego numa avenida como a do contorno que nao da a minima condição de retorno. O transito que que seer liberado para se descongestionar, livre que eu digo e livre mesm, podendo convergir para esquerda ou direita em qualqueer quarteirão. Liberar a mao dupla em todas ruas... Ate um neofito sabe que um transito nao pode seer direcionado porque congestiona, mas os cabides de emprego sao mais importantes que o estudo serio de um engenheiro formado e especialista, mas como o apadrinhado nao e engenheiro eles empregam o protegido em detrimento do bem comum. E assim em todo o Brasil, o apadrinhamento politico que e trocado quando os opositores passam a ocupar os postos de mando...ai começa tudo de novo, desmanchando o que foi erradamente feito para fazeer uma coisa mais errada ainda. Outro erro e nao haver uma politica para o campo, pois a migração para os grandes centros e uma loucura. Sao Paulo esta lotado de pessoas que vieram do campo, como todos grandes centros sofrem com isto. As familias procuram melhorias de vida e encontram o caos. Se houvesse uma politica de ampara ao cidadao no campo e insentivos aos produtores havaeria um retorno destes trabalhadores e conseguente desafogamento das grandes cidades... Esta tudo errado, porque ha interesse que tudo fique errado, pois quem quer o Brasil como concorrente dos grandes interesses.

victorvapf · Belo Horizonte, MG 11/3/2008 20:29
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Andre Pessego
 

Pois é mais o que se sabe, os do lado das outras lonjuras, é que Belo Horizonte foi criada num momento da expansão.
Usinas hidrelétricas, os novos mecanismos e técnicas agrícolas, etc.
Mas ~sabia pouco de Belzont. Valeu
um abraço, andre.

Andre Pessego · São Paulo, SP 11/3/2008 20:51
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azuirfilho
 

veganito · Belo Horizonte (MG)
Um Trabalho de Patriotismo que dá felicidade pra quem faz e orgulho para quem vé.
Trabalho Referéncia praser feito em todas as cidades e em todos os Bairros
Um Trabalho que dá Moral e ajuda a organizar.
Gostei muito e achei que tem muito valor.
Parabéns

azuirfilho · Campinas, SP 11/3/2008 21:19
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Paulo Esdras
 

Muito legal! Planejamento é tudo!

Paulo Esdras · Brumado, BA 12/3/2008 12:36
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Natália Amorim
 

Excelente reflexão, essa sobre o espaço da cidade, sou cenógrafa por formação e penso espaços públicos também. É real essa correlação sobre o poder, as elites e os espaços públicos. Que bom que temos pessoas atentas como você para desmascarar essas construções que se perpetuam. Existe um vídeo sobre a concepção dos espaços públicos pelo nazismo, conheces?
Abraços!

Natália Amorim · Rio de Janeiro, RJ 12/3/2008 19:25
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Márcia Shoo.
 

O urbanismo das cidades permanece sob a escravidão das especulações imobiliárias e das exclusões territoriais, segmentando os espaços do pobre e do rico.
Valeu o reforço de indignação do teu texto. votado!
abraço.

Márcia Shoo. · Rio de Janeiro, RJ 13/3/2008 00:50
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