Amores Negros

Lenise Pinheiro
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Leca Perrechil · São Paulo, SP
20/6/2007 · 158 · 12
 

Quatro estrelas. Essa era a cotação (a máxima) estabelecida por um famoso guia de São Paulo, desses que vêm em jornal, sobre a peça O Continente Negro, em cartaz no Teatro Faap.

Nós da Bacante não somos muito adeptos à cotação convencional. O negócio é tão subjetivo e superficial que 22 estrelas e dois patinhos na lagoa podem significar a mesma coisa.

Porém, dessa vez até acreditamos na classificação do jornal e fomos assistir ao espetáculo. Bom, o causo é o seguinte: fiquei a maior parte da peça tentando entender o porquê das malditas quatro estrelas do tal guia. Seria pelo extremo naturalismo? Pelo cenário com ar experimental? Pelo Ângelo Antônio de cueca? Pela Débora Falabella andando de bicicleta?

Depois de abusar do direito à divagação, vamos à peça. A montagem é composta por várias esquetes amorosas intercaladas, tendo em comum apenas a temática das relações tumultuosas entre casais heterossexuais e a Ãfrica. Os três atores, Ângelo Antônio, Débora Falabella e Yara de Novaes, se revezam em diversos personagens, que não conseguem manter um relacionamento estável e acabam fugindo. E é ai que entra o nome da peça.

A Ãfrica, ou o continente negro, é a rota de escape para os amores interrompidos. Distante de clássicos românticos como França e Itália, é para a Ãfrica que se refugiam os corações abandonados, traídos, solitários, impossíveis e desiludidos. Essa metáfora pode até parecer bonita, mas é pouco representativa no espetáculo. O significado fica perdido no contexto das histórias e parece forçar uma amarração entre as esquetes. Um exemplo disso são as ligações telefônicas recebidas por grande parte dos personagens. Eles recebem chamadas da Ãfrica, de alguém à procura de seu amor perdido.

Poucas das narrações trazem algum tipo de inovação e a maioria esbarra em estereótipos: a Lolita apaixonada pelo professor, o marido canalha, a mulher traída, o romance com a cunhada, e por aí vai. As atuações naturalistas embasam os personagens e correspondem aos seus propósitos.

O ponto alto da peça é o cenário de André Cortez. No imenso palco do teatro Faap, foi construída uma grande estrutura oca de metal, intercalada na parte superior por janelas, proporcionando a divisão das partes de uma (ou várias) residências. Ainda compõe o ambiente um táxi, e na parte central do palco, um microfone.

Nada melhor no mês dos namorados do que ver uma peça recheada de amores destruídos, romances inacabados e paixões proibidas. Assista e traga seu namorado.

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Andre Pessego
 

Leca, veja só - fui até o fim sem saber se era um anuncio; um recado; uma reportagem; uma crítica... decidi eu mesmo - um poema. Lindo o teu escrito; feito com vontade, e cri com sinceridade. Com sinceridade também estou lhe dizento .um abraço, andre

Andre Pessego · São Paulo, SP 17/6/2007 14:03
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Leca Perrechil
 

Obrigada pelas palavras e pelo comentário poético. Bjos.

Leca Perrechil · São Paulo, SP 17/6/2007 16:06
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Helena Aragão
 

Legal. Sobre as cotações: também acho uma bobagem, mas é impressionante como estrelinhas, bolinhas ou bonequinhos acabam tendo algum efeito sobre nós, mesmo que sejamos mais apáticos a esse tipo de cotação. Freud deve explicar, né...

Helena Aragão · Rio de Janeiro, RJ 18/6/2007 14:49
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Leca Perrechil
 

É verdade. É um costume olhar o nome da peça ou filme, e já ir embaixo, checar a cotação. Acho que é fácil. Ai as pessoas não precisam ler todo o texto pra saber se o espetáculo é bom ou ruim. Pior, e se o texto não explicita se a obra é boa ou não? rs.

Mas ver a cotação é viciante mesmo, principalmente quando estamos escolhendo o que assistir em guias, e as únicas informações lá são a cotação e a sinopse... Bjos.

Leca Perrechil · São Paulo, SP 19/6/2007 00:59
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Juliene Codognotto
 

E a sinopse quase sempre diz muito, muito pouco!
Bem legal o texto, Leca. Minhas sensações foram parecidas ao ver a peça. Me lembrei agora de uma coisa que comentamos e rimos um tanto: no começo da peça eles explicam que os acontecimentos poderiam acontecer na vida de qualquer um dos personagens em cena. Pensei: puxa, se eles estão explicandoantes de começar, lá vem bomba! rsssss

Beijo.

Juliene Codognotto · São Paulo, SP 19/6/2007 14:25
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Leca Perrechil
 

Verdade, Juli. Eles explicam tudo no início do espetáculo: tema, sobre os personagens, bem didático...rs. Bjos.

Leca Perrechil · São Paulo, SP 19/6/2007 14:32
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Fernanda Lima
 

Estou louca para ver.

Fernanda Lima · São Paulo, SP 20/6/2007 13:24
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André Gonçalves
 

tudo bem. mas que a débora está linda nesta foto, está.

André Gonçalves · Teresina, PI 21/6/2007 14:57
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Leca Perrechil
 

Hahahahaha.

Leca Perrechil · São Paulo, SP 22/6/2007 00:45
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Ystatille Gondim
 

Texto gostoso de ler! Muito bom

Ystatille Gondim · Rio de Janeiro, RJ 22/6/2007 17:16
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Leca Perrechil
 

Obrigada! Bjos.

Leca Perrechil · São Paulo, SP 22/6/2007 18:55
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carol de trancinhas
 

Delícia de texto.

carol de trancinhas · Brasília, DF 12/7/2007 02:14
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