Aqui não tem mais loja de discos!

Ilustração: Rato Sarmento
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Marcelo Cabral · Maceió, AL
28/9/2006 · 333 · 46
 

Não existe mais nenhuma loja de discos em Maceió! Dá pra acreditar nisso? Uma ou outra coisa no Centro, mas que viraram lojas que vendem outras coisas também, disco só, não dá. Lojas de CD? Aquelas lojas de comprar música mesmo, com divisões por gênero nas prateleiras, isso acabou por aqui.

Para comprar um disco original, bonitinho, lançamento, é preciso ir às grandes lojas de departamentos, onde não se encontram aqueles discos mais raros, ou simplesmente os de públicos segmentados, não, nada disso, é o pop do pop do óbvio e convencional. Que saudade da Eletro-disco e da Rock-shop no Centro há anos atrás, ou da última resistente dessas lojas a fechar, a Estação CD, no principal shopping da cidade.

Claro que não existem lojas de discos! Os donos do mercado hoje na capital alagoana, e imagino que em todo lugar, dadas às devidas proporções, são os carrinhos ambulantes dos piratas, preço baixo, concorrência desleal. “Vai um Calypso aí moral? Um rock? Dez reaisâ€.

Perguntei ao fã de jazz e colecionador de discos Fernando Meda, o Bacana, dono de 3.000 CDs e 2.000 Vinis, como ele faz pra comprar coisa nova pra sua coleção, ele respondeu. “Realmente não tem mais loja de discos em Maceió e tenho que recorrer às compras pela internet, ou aos amigos, que quando viajam me trazem alguma coisa, o último disco legal que eu descolei foi um ‘Marco Pereira e Gabriel Gross’ que veio de Brasília.â€.

É (também) por causa desse cenário, que os compositores e bandas de Alagoas não conseguem vender seus discos na própria casa, não tem onde! Que dirá vender lá fora, sem uma “base†aqui, digamos assim. Mesmo os artistas que se destacam no cenário nacional como o Wado e o Sonic Junior, ambos com três discos bem distribuídos no mercado e com bastante público por aqui, são praticamente impossíveis de serem encontrados nas estantes de CDs das lojas multi-coisas de Maceió. Tampouco se encontram nos piratas, já que os dois trabalhos possuem públicos segmentados que são praticamente invisíveis aos olhos e ouvidos dos piratas.

Ruim pro público, pior pros artistas.

Como toda regra tem sua exceção, a banda Vibrações Rasta é um verdadeiro fenômeno de venda e de público em toda a cidade, dos surfistas de classe média alta às periferias das grotas, o Vibrações comanda.

Acredito que pelo reggae ser uma linguagem universal de fácil assimilação por grandes públicos, a banda caiu nas graças dos piratas, resultado, as apresentações dos caras são lotadas de gente, possuem um público fiel e gigante pro tamanho da cidade, além de serem também, na minha opinião, ótimos músicos. Só sucesso, só pode.

Segundo Rodrigo Sutian, guitarrista do Vibrações, “nós nunca procuramos eles (os piratas), não sei como ficaram conhecendo nosso som, mas passaram a reproduzir e vender bastante mesmo, eles ganham o deles e nós não ganhamos nada com issoâ€.

Os piratas perceberam a notória popularidade da banda na cidade e os transformaram em mais um produto no carrinho, com a capa scaneada e uma impressão tosca. O que o Vibrações ganha com isso? Público.

Pára tudo!!! Que mundo é esse? Que os piratas dos carrinhos de CDR gravado em casa são mais esquema de divulgação que as grandes gravadoras!?!?

Além disso tudo, tem a internet não é? Vende discos em lojas virtuais, onde parte do público tem essa alternativa da compra on-line, ou ainda os downloads de discografias completas. O artista/banda também tem a opção de achar um espaço bacana na rede, disponibilizar parte do material, divulgar, produzir, fazer contatos e tal.

Os selos e distribuidoras independentes também cresceram, amadureceram e apareceram no Brasil e fora dele, como a Monstro Discos, em Goiás, e a Tratore, em São Paulo, pra citar dois exemplos bem emblemáticos, ocupando outra boa fatia do mercado de discos.

Voltando para o local, Maceió, o Vibrações é a exceção entre as bandas, e existe também a exceção entre as lojas, que é na verdade uma banca de revista. Na Banca Zumbi dos Palmares, centro de Maceió, bem em frente à estação ferroviária, o resistente Aldo Gomes mantém uma estante que apresenta um panorama bem representativo da música contemporânea produzida no estado.

Aldo explica sua motivação “Percebi andando por outras capitais que o pessoal valorizava sua própria cultura e seus artistas, enquanto que aqui, grupos de fora se apresentam e vendem seus produtos com esquemas milionários enquanto que o músico local, gente boa produzindo um trabalho muito bom, não tem nem onde vender seus discos na própria cidade. Resolvi tomar uma atitude e usar meu espaço, hoje já tenho 28 títulos na prateleira.†Está tudo lá na Banca Zumbi, dos mais desconhecidos do underground aos mais populares, Aldo corre atrás dos artistas pra que eles usem o seu espaço, e vende, o danado vende mesmo.

Com os piratas e a internet, o mercado fonográfico precisa dar um jeito de se adaptar. Não sei se é uma coisa bem mundial mesmo ou só em paises foco de pirataria, como o Brasil, mas é uma constatação um tanto indicativa do tamanho da crise apocalíptica que abala as estruturas dessa indústria no país, que uma capital como Maceió, mesmo pequena e pobre, não tenha mais uma loja de discos.

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Tati Magalhães
 

Ih, Marcelo, piratão a R$ 10? cara, isso tá inflacionado! R$ 10 dá para comprar três dvds!
Quanto à questão da venda de cds, lembrei de vc mesmo dizendo que teu cd vende na avenida paulista, mas aqui... só no Aldo, porque tu mesmo deixou lá!
Bom, a questão é que eu mesma passei séculos sem conseguir escutar o Wado pq não vendia em lugar nenhum da cidade... é que eu ainda tenho uma coisa especial com os disquinhos, sabe? acho que sou meio nostálgica, adoro vinil tb, o que não significa que não baixe mil coisas na internet... mas enfim, acho que a maneira de ouvir música está mudando mesmo, todas as relações sociais vão mudando com o desenvolvimento produtivo da sociedade... só não lamento pelas gravadoras! Cara, comprei o cd do Eddie no show deles por R$ 5! O Bonsucesso tb vendeu aqui, R$ 10! O problema é que não dá para viver vendendo cd em show, mas...
penso que se os artistas não souberem se adaptar bem, usar os meios ao seu favor, acabam com o talento sufucado pelos modismos instantâneos (sim, rádio e TV ainda funcionam!).
E o Vibrações realmente impressiona porque não são uma banda "bancada", não aparecem na TV (mesmo local), não pagam pra tocar na rádio. Os outros fenômenos locais, em maior ou menor grau, têm essas ferramentas ao seu favor.

Tati Magalhães · Maceió, AL 26/9/2006 15:27
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Sergio Rosa
 

O Mombojó vendeu 15 mil cópias, é isso? E fico com a impressão que a maior parte não foi vendida em lojas de discos. De qualquer maneira, acho que o Mombojó sendo uma banda revelação e ainda com esse contexto de queda na venda de discos, 15 mil é um número altíssimo.

Sergio Rosa · Belo Horizonte, MG 28/9/2006 10:50
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Marcelo Cabral
 

Realmente é um número bem alto de vendas do Mombojo, acredito que boa parte disso deve ter vendido em shows, como a Tati disse, já que eles tocaram bastante pelo país, outra parte deve ser venda pela internet, suponho. Loja de disco eu acho que está acabando mesmo, não sei, aqui em Maceió pelo menos já começou, não tem mais.

Deixo a pergunta pro pessoal. Tem alguma outra capital que não tem loja de discos?

Marcelo Cabral · Maceió, AL 28/9/2006 12:35
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Tati Magalhães
 

O cd do Monbonjó (o primeiro) também chegou a ser vendido junto com a revista Outra Coisa e os caras lançaram na internet, se não me engano foram pioneiros e licenciaram em CC. Mesmo assim, a gente pode classificar como fenômeno, acho.
Hoje são raros mesmo os artistas que conseguem vender discos originais em número alto, tenho a impressão que desses a maioria tem boa aceitação nas classes mais altas, tipo Marisa Monte, Chico Buarque, Ana Carolina... não que as classes com menor poder aquisitivo não gostem, mas aderem ao piratão mesmo. Porque cd original é caro pra caramba.

Tati Magalhães · Maceió, AL 28/9/2006 16:03
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Marcelo Cabral
 

Acabei de ver na Band News, o Rui Castro no "Terraço Carioca" comentando sobre o fim das lojas de disco e anunciando o fechamento da cadeia de mega lojas de discos Tower, nos States.

Marcelo Cabral · Maceió, AL 28/9/2006 16:17
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Marcelo Cabral
 

Ipod, só pode!

Marcelo Cabral · Maceió, AL 28/9/2006 16:18
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O DILÚVIO
 

apesar de trampar no ramo de CDs (a revista O DILÚVIO encarta CDs para serem vendidas em bancas por 10 pila, inclusive o excelentíssimo Marcelo Cabral é um dos candidatos a ter o album encartado na próxima edição), tb creio que não só as lojas, mas o próprio CD tende a ficar obsoleto em breve. Não sei dizer se é bom ou ruim isso, mas é preciso ficarmos atentos aos novos moldes que a tecnologia impõe, pra gente nao ficar obsoleto tb.

aquele abraço
Tiago Jucá, editor manda chuva da revista que nao chove no molhado

ps.; belo texto Marcelão

O DILÚVIO · Porto Alegre, RS 28/9/2006 18:02
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Marcelo Cabral
 

Valeu Jucá! Acho que o CD vai se tornar obsoleto mesmo, mas como ficam as relações entende? Uma nova banda vai lançar o que? mp3 não tem capa, caixinha, cara, não se coleciona na estante que você gosta de passar a vista e ver o que tem pra ouvir quando o computador está desligado. E tem outra coisa, muita gente também vê a loja de disco como um lugar de convivência, onde se passa horas vendo, escolhendo, ouvindo e conversando com o conhecedor vendedor, é como um bar, daqui a pouco vamos beber e conversar em um bar on-line, deve ter, claro que tem.

Marcelo Cabral · Maceió, AL 28/9/2006 18:13
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Erika Morais
 

Não acredito que o cd se tornará obsoleto tão cedo, justamente pelo que você disse, Marcelo. Porque, apesar de tudo (oh! salve a tecnologia) ainda tem muita gente, mas muita mesmo, que não consegue ficar sem o prazer de ter em mãos o cd da banda preferida (e quantas "bandas preferidas" muitos de nós não temos?), colecionar, ver na estante, acompanhar a letra com o encarte nas mãos. É claro que ninguém tem grana para comprar cada lançamento, cada coisa que acha bacana, mas a seleção acontece.
Você bem sabe, aqui em SP tem mercado para todo o tipo de música, as grandes lojas de departamento com sua "variedade de hits", mas principalmente, as pequenas lojas especializadas (o que seria de nós sem as galerias?), lugares justamente como você falou, basta entrar na "pequena grande" Sensorial e apreciar as conversas entre o dono e os clientes, alguns de muitos anos.
Manter uma loja de discos em Maceió não é nada fácil, principalmente para um público segmentado. A cidade é pequena, o publico é pequeno, o público segmentado então...
Vitoriosos os que conseguem, mas confesso: se tivesse grana para tal, arriscaria, de verdade.
Beijos!

Erika Morais · São Paulo, SP 28/9/2006 19:21
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Eduardo EGS
 

Aqui em Porto Alegre, cito de cabeça três lojas muito boas: Stoned Discos, Boca do Disco e Toca do Disco.

Em todas dá pra encontrar cds raríssimos e trocar uma idéia com os donos. Faz um tempo que não vou, mas lembro que todas vendiam inclusive fitas demo de bandas daqui e de outros lugares.

Pra quem adora colecionar fitas cassete independentes como eu, é uma maravilha!

Eduardo EGS · Porto Alegre, RS 29/9/2006 10:49
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Sergio Rosa
 

Aqui em BH são poucas boas. A maior parte delas concentradas na Savassi e no Centro. As duas que eu gostava mais (e onde comprei boa parte dos meus discos) já fecharam: Motormusic e Urban Cave.

Sergio Rosa · Belo Horizonte, MG 29/9/2006 10:56
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Marcelo Cabral
 

Sergio, gosto muito do café/livraria/loja de discos Status, na Savassi em BH, inclusive, lá vende o meu disco.

Que bom que ainda tem dessas coisas por aí Eduardo, fita demo é uma coisa muito bacana. Boas lojas de discos que abrem espaço pros independentes, viva Porto Alegre!

Marcelo Cabral · Maceió, AL 29/9/2006 11:10
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sônia maria piatti
 

já passou a época da estação.
nem hiper,nem lojas americanas...
ta tudo muito caro tb o povo acaba apelando
pra piratada.

=)
oi marcelooo

sônia maria piatti · Maceió, AL 29/9/2006 13:56
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Petrônio Viana
 

Caras, em breve Maceió não vai ter nem cinema, assim como já acontece nos municípios do interior do Estado. Isso mesmo, nenhum município do interior de Alagoas tem um cinema. Na capital, os donos de cinemas e (mini) shoppings centers reclamam da falta de público. Só passa block buster porque público p filmes de baixo orçamento inexiste.Para filmes nacionais é um vergonha também, nem se fala...
Concordo com a Erika (saudade, nega). Não dá p manter uma loja de cds de grande porte em Maceió, onde o povinho só quer ouvir Calypso e Calcinha Preta. Essa galera fica com o piratão, já q vai ouvir merda do mesmo jeito.
Ah, no dia que eu comprar um cd pirata, pode me prender. E os caras podem estar vendendo a um real...
Outra coisa, Soninha, vc é lindaaaaaaaa, hehehehe
bjos

Petrônio Viana · Maceió, AL 29/9/2006 18:17
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Thiago Camelo
 

Opa turma, parece que aqui, para além da constatação de que não há loja de disco (e cada vez menos cinemas), o importante é questionar por que isso está acontecendo? Não é o caso, na minha opinião, de colocar a pirataria como vilã, a Internet como vilã, o dono do estabelecimento como vilão, e sim, fazer o raciocínio um passo atrás, na tentativa de refletir a real necessidade de uma loja de disco (e, por que não, de um cinema?) nos dias de hoje.

Thiago Camelo · Rio de Janeiro, RJ 29/9/2006 18:23
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Marcelo Cabral
 

É, também não vejo nenhum vilão nessa história Thiago, é um processo que está rolando. No entanto prefiro pensar num equilíbrio, como na Porto Alegre das demo tapes descrita pelo Eduardo. Vejam, o e-book, ou seja lá como chame, nunca vai matar o livro mesmo que você leva pro camping e pro banheiro, será que o mp3-internet-ipod precisa matar o disco? Ou a loja de disco? Ou o cinema? É bom pensar que essas “novas†tecnologias ainda são acessíveis somente pra uma elite econômica, isso é negar as pessoas com menor poder aquisitivo de chegar ao menos a conhecer novas canções e novos filmes. Talvez, não sei, que acham?

Marcelo Cabral · Maceió, AL 29/9/2006 18:50
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Thiago Camelo
 

Eu não sei. É difícil, né? Eu sei lá se daqui a muito pouco tempo todo mundo vai ter computador e Internet feito tem TV. E, mesmo assim, a pirataria também não serve para quem não tem dinheiro conseguir adquirir o Cds? Eu desconfio que o apego ao Cd original, daqui a um tempo, vai ser igual ao apego que um colecionador tem por seus vinis - coisa de fã mesmo. Não sei se é uma coisa muito pessoal, mas não consigo ver problema nisso, não consigo pedir por mais lojas de Cds e me indignar com a falta disso; Bom, vai ver que é porque eu tenho o hábito de baixar Cds... Só uma coisa pra completar: acho a relação com o cinema um pouco mais complicada, porque ainda não inventaram um meio de compactar em um pequeno objeto a EXPERIÊNCIA de ver um filme no cinema, como já conseguiram fazer com a EXPERIÊNCIA de ouvir um Cd. A EXPERIÊNCIA, a sensação de fruição do original (ou do idêntico ao original), na minha humilde opinião, vai ser o que vai ditar as coisas daqui pra frente... E, Marcelo, o teu texto me serviu bastante pra pensar e contruir um raciocínio sobre isso tudo, viu? Abraço!

Thiago Camelo · Rio de Janeiro, RJ 29/9/2006 19:21
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Thiago Perpétuo
 

Cumpadre, uma boa alternativa, talvez, sejam os sebos de disco. De minha parte, sou "sócio" de um monte deles... garimpando, acha-se muito material de qualidade.

Thiago Perpétuo · Brasília, DF 29/9/2006 19:46
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Marcelo Cabral
 

Thiagos, sebo aqui tem, bem legais até, mas o texto fala de lojas que trazem lançamentos, coisa nova no mercado...quanto a falta de loja de discos, não me causa indignação, até porque faz tempo que não compro cd e baixo tudo na internet também, mas a idéia é apontar pra um indicativo dessa crise/mudança/oportunidade (como diriam os chineses) no mercado e refletir sobre isso. Quanto aos piratas, de fato é uma maneira do pessoal que tem menos grana conseguir comprar, como com o Vibrações aqui, que é um fenômeno popular mesmo na capital. Fico feliz que o texto tenha gerado essa discussão massa. Abraços.

Marcelo Cabral · Maceió, AL 29/9/2006 23:03
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Inês Nin
 

Thiago, eu concordo com vc quando diz que a experiência que conta. e a gente muda mesmo a nossa relação com o consumir música (que é diferente do consumir cinema, sim), mas eu ainda sinto falta dos encartes de cd, só evito pensar nisso. no Rio, mesmo tendo mais ou menos lojas especializadas, não se acha de tudo. faz tempo que não vou na Outside CDs, no Méier, mas a Navena ter sumido do Flamengo fez diferença, os discos independentes de bandas locais eu me lembro que basicamente via lá e nas banquinhas em shows. e estas são muito aleatórias. tem muita coisa na Trama Virtual, mas não, mp3 não é a mesma coisa (inclusive em qualidade, em muitos casos). é só o preço que continua complicando tudo. e outra, se for pensar nos lançamentos gringos a história é ainda mais bizarra, volta e meia dou risada quando vejo que algum disco que ouvi ainda em 2005 ou mesmo bem antes está sendo lançado no Brasil agora.. chega a ser engraçado ver as gravadoras tentarem fazer persistir o mesmo esquema de antes. e a 40 reais um CD novo.

Inês Nin · Rio de Janeiro, RJ 30/9/2006 00:56
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Ju Polimeno
 

Alguém se interessa em abrir uma distribuidora pirata? Que tal a razão social "Papagaio Mudo"? Rs... Faríamos um levantamento das bancas de CD pirata que existem nas ruas do país, organizaríamos uma rede de distribuição com artistas legais, displays de papelão e contratos de consignação com os "lojistas"...

Ju Polimeno · São Paulo, SP 30/9/2006 18:47
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000
 

Olhe, pra ser bem sincero com vcs, desde que eu aprendi a buscar coisas na net eu nunca mais comprei um cd original. Eu penso muito na classe artística que depende disso, mas preciso cuidar também das minhas finanças, sem deixar de prestigiar a boa música, não é?

Eu não vejo isso como crise, mas sim como popularização e facilidade para o acesso. Conheço bandas iniciantes e bandas de renome disponibilizando cds completos pela net.

O que não pode é faltar música e pouco importa o formato!

000 · Osasco, SP 30/9/2006 19:01
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Bruno Maia (sobremusica.com.br)
 

Acho que uma coisa a música vai ter que entender com essas mudanças todas: músico é artista. Artista ganha com sua arte e não com a reprodução indiscriminada dela. Picasso ganhava dinheiro com seus quadros. No máximo, licenciava para uma empresa o direito de fazer cópias e reproduções. Se neguinho escaneava essas cópias, ou reproduziam ela de outra forma, o Picasso nao tava nem aí! A parada dele era pintar quadro e ganhar com isso. A matéria prima do músico é a sua música e a execução ao vivo. Há que se abrir mão do direito de venda de cópias. A distribuiçao tem que dar dinheiro pra quem quer distribuir e não ao músico. Ou pelo menos não pode ser essa a principal fonte de renda de um músico. Ele tem que entender que o capital dele é a capacidade de performance, de apresentar a música. Estamos fazendo o caminho contrário, voltando para o tempo dos grandes concertistas que não tinham cópias de seus concertos, eles eram unicos, pois a arte era ligada a um momento unico. Com o tempo, ela se afastou disso, mas agora vai ter que voltar e eu nao acho ruim. É claro que a forma como cada um vai negociar o direito de distribuiçao da sua obra é particular. Quem souber negociar melhor ou tiver um melhor produto, vai ganhar mais. Mas a essencia dessa arte se reaproxima e eu fico feliz com isso. Músico é pra fazer música e não cópia de cd. O cd é só o meio para ele chegar ao palco e ao consumo do seu produto, bem como a matéria no jornal, a propaganda, etc... Quem quiser irmais fundo, vai lá e lê o Walter Benjamin com "A obra de arte na era da reprodutibilidade técnica", clássico da faculdade de comunicação! E vem cá (agora alguns vao querer me matar, hahah), o que é mais interessante: que o camelô ganhe o dele fazendo a publicidade do músico, boca-a-boca, como ele faz ao anunciar o disquinho que carrega e vende ou as rádios com os seus jabás que sustentam uma rede imensa de anunciantes, com interesses bem menos compreensiveis? Qual é a diferença do camelô que vende a cópia da cópia da cópia pra rádio-jabá? Quem você acha mais digno? Pra quem você vai torcer?

Bruno Maia (sobremusica.com.br) · Rio de Janeiro, RJ 30/9/2006 20:04
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Marcelo Cabral
 

Opa! eu voto no camelô de com força!
Concordo totalmente com o você Bruno, o serviço do músico é tocar! Exatamente! Valeu.

Marcelo Cabral · Maceió, AL 30/9/2006 20:36
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Marcelo Cabral
 

E abaixo o jabá, coisa nociva demais!

Marcelo Cabral · Maceió, AL 30/9/2006 20:38
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Priscila Catão
 

É, Marcelo... a situação em Maceió tá braba. Moro lá, mas estou temporariamente em Salvador, e é lá que consigo encontrar alguns dos tão desejados Cds que estão na minha lista!!! Encontrei lá uma loja de CDs de MPB, literalmente de todo canto do país (fiquei orgulhosa ao ver meus conterrâneos nas prateleiras!!), mas isso é coisa rara. O engraçado é que minha irmã, ainda em Maceió, me pede algumas encomendas musicais justamente por essa dificuldade de achar as obras, até mesmo as clássicas, na cidade. Acho que a tendência é piorar, infelizmente...

Priscila Catão · Belo Horizonte, MG 1/10/2006 14:46
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Yusseff Abrahim
 

Concordo plenamente com o Bruno. Mas ainda vejo uma saída (de ênfase mais moral, porém perto da utopia) para qeum não quer desistir de ganhar um troco com a venda de seu trabalho.
Acho que nenhum consumidor se sensibiliza com artistas milionários pedindo para a sociedade dizer NÃO À PIRATARIA com aquela hipocrisia de salvar os empregos gerados pelas grandes gravadoras, inclusive acho que o conjunto de ambulantes emprega muito mais gente do que a cadeia mecanizada destes grandes oligopólios.
Então, qual seria a minha sugestão? Que os músicos ou artistas afim de venderem seus trabalhos, comuniquem ao público que comprem seus CDs com a própria banda ou em pontos de venda específicos, até contato via internet (e-mail) vale. Montem um site, vão para a mídia fazer a sua própria assessoria de imprensa e enfatizem que comprar com a banda ou nos "postos autorizados" vai ajudá-los diretamente. Quem gostar da banda vai fazer isso, se vazar para os camelôs, deixa... são danos colaterais que, no máximo, vai ajudar na própria divulgação.
Não custa nada ter um pouco de trabalho a mais do que tocar, e acredito que os benefícios serão "um plus a mais" (adorei esta redundância que ouvi ontem) do que simplesmente tocar e ficar reclamando em casa.
Ah, e respondendo à pergunta dentro do texto: Este é o mundo que as próprias gravadoras construíram.

Yusseff Abrahim · Manaus, AM 1/10/2006 15:18
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Julio Cesar Corrêa
 

Aqui no Rio o número de lojas tem diminuído bastante.Por enquanto os mais exigentes, ainda existe a Modern Sound. Mas está cada vez mais difícil fugir do esquema das lojas de departamentos. Não sei se o problema é mundial, mas na semana passada cheguei de Nova Iorque com as mãos abanando. Eu havia levado uma lista de cds que não haviam sido lançados por aqui e simplesmente não os encontrei. Aliás, além da grande Virgn, só encontrei um sebo no Village e o departamento de discos em uma grande livraria. Só. Não vi outras lojas de cds.
gd ab

Julio Cesar Corrêa · Rio de Janeiro, RJ 1/10/2006 17:27
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Zé Geral
 

Rapá!!! Esse assunto além de polêmico e extenso é contraditório, constantemente. Em minha modesta opinião o mercado de uma maneira geral tem que se ajustar à informática, pois é notório que sem ela vc fica pra tráz! As maneiras de comercialização dos produtos na rede, se modifica e se ajusta, diariamente e continua também, contraditória e polêmica. Muita coisa ainda não está regulamentada. Ao passar dos anos, tudo vai estar mais ajustado e as lojas de cd, serão coisas de museu e história, claro, quando "todo mundo" possuir banda larga. O legal do Overmundo é que ele começa a nos dar esta visão futurista! Aqui em Campo Grande, MS, não é diferente de nenhum outro lugar do país, em relação aos problemas regionais enfrentados por todos nós que vivemos fora do grande "eixo Rio-São Paulo", excluindo, lógico os regionalismos destas grandes cidades. Aqui, diferente de Maceió, ainda tem muita loja de cd, mas o povo, em sua maioria, não compra os cds regionais e os cds regionais mais vendidos são aqueles que não se encaixam em meu gosto musical, ao menos! A boa música, aquela com estrutura musical, arranjos talentosos, letras inteligentes e condizentes, fica nas prateleiras. Enquanto houver produção de cds, existirá a pirataria! Talvez, um dia, com os impostos e encargos isentos a loja tenha o original com o preço do camelódromo, né?

Zé Geral · Campo Grande, MS 1/10/2006 18:33
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Vivian Caccuri
 

Dou todo o apoio para o Bruno. Que essas mega-lojas aprendam com a banda Calypso. Aquilo sim é não ser obsoleto.
Olha só o que esse artigo do jornal alemão ( em inglês ) Der Spiegel está dizendo sobre o mercado fonográfico:

-Cds em baixa, ingressos em alta.
-Menos tempo no estúdio, mais tempo no palco.
-Nunca os shows estiveram tão esgotados mesmo tão caros.

A economia é outra, o público é outro, as demandas são outras.
Mais aqui.
Só consigo entender esse mercado de plástico brilhante hj em dia como colecionismo.

Vivian Caccuri · São Paulo, SP 1/10/2006 19:14
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Maurício Mauri
 

lojas de disco fazem muita falta. por tda a relação de pegar um disco antes de comprar, de trocar uma idéia legal com o vendedor ou dono da loja q as vezes é uma pessoa sacada. mas como não temos mais isso em maceió (esse texto já tinha rolado no jornal, não?) o jeito é apelar pela internet, q apesar de ser um modo mais 'frio', é muito abrangente graças aos grandes sites nacionais e internacionais e os sites de selos independentes, estes são tão importantes quanto as lojas de discos.

Maurício Mauri · Maceió, AL 1/10/2006 22:46
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Sergio Rosa
 

Acho que essa está se tornando uma verdade cada vez maior. Nem é questão de demonizar as grandes gravadoras e torcer para o fim delas (porque aqui acho que estamos falando do sumiço de boa parte das gravadoras, pequenas, "boas", grandes ou "más"). Mas o que já deu para sacar há muito tempo é que essa é uma mudança de época. Tem aqueles dados que hoje são menos de 100 os artistas com contrato com grandes gravadoras, enquanto cada vez mais espaços como o Trama Virtual estão lotando de bandas novas.

Montar uma banda, gravar uma demo, mandar pra gravadora e torcer pelo contrato acho que faz parte do passado, né? Acho que eliminando parte dos intermediários nessa história toda (as gravadoras e seus funcionários), o que fica de recado é que cada banda vai ter que aprender a se gerir mais. Vai ter que saber fazer divulgação, montar site, organizar turnê. O músico vai voltar a ter mais responsabilidade sobre o seu trabalho como um todo. Os novos caminhos ainda são incertos, mas acho que as pessoas vão continuar consumindo a música, de uma maneira ou de outra. Fico aqui pensando qual seria o próximo grande passo dessa história toda... o vídeo e o cinema? O que será que vai estar acontecendo daqui a uns 10 anos. Eu não me aguento de curiosidade.

O que me dava pena era ver aqueles músicos fazendo o discurso das suas gravadoras vestindo camisetas contra a pirataria, como o baixista do Raimundos fez numa dessas premiações da MTV.

Sergio Rosa · Belo Horizonte, MG 1/10/2006 23:22
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Bruno Maia (sobremusica.com.br)
 

Modestamente discordo do Yusseff, apesar de ele concordar comigo, heheh. Acho mesmo que as bandas tem que voltar a se especializar na musica. Essas funçoes de divulgacao, venda de copias, distribuiçao, nao fazem parte do processo artistico. Picasso nao tava nem aí pra isso. Bach também nao. Os musicos que sao artistas (pq tem mtos que nao sao, neh verdade?) tem que voltar o foco para onde nao devia ter saido: criar arte. É preciso distribuir as funçoes... Fordismo neles! Especializacao de tarefas, divisao de atividades! Vao acabar surgindo empresas especializadas em cumprir cada uma dessas etapas e vai ficar melhor pra todo mundo! Artista é pra fazer arte e acho que isso, pelomenos na musica, vai voltar a ser uma realidade.
Fazer um disco bom,combom produtor, bom estudio, etc, vai ser decisao da banda. Vai sair do proprio bolso. Esse investimento no proprio trabalho eh que vai potencializar os 'lucros do negócio'. Ou alguem ai ja viu um vendedor nato se recusar a investir no seu negocio, pq a funcao dele é vender, e nao investir? Os interesses num produto bacana vao vir dos diferentes socios-investidores: banda, distribuidores, divulgadores, empresarios. Quanto melhor o produto, melhor pra todo mundo. Por isso, toda essa galera de estúdio pode ficar tranquila. Ilusao eh acreditar que soh uma gravadora pode sustentar isso. Maos a obra, malandraji!! Vamos voltar a pensar em arte, a discutir esteticas, a evoluir, ao novo!! hahahah!

abração, rapaziada!
BM

Bruno Maia (sobremusica.com.br) · Rio de Janeiro, RJ 2/10/2006 01:50
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Marcelo Cabral
 

Olá pessoal.
Primeiramente, respondendo ao meu conterrâneo Mauricio Mauri, não, esse texto não foi publicado em nenhum jornal ou outro meio, só aqui no Overmundo mesmo.
E Bruno, concordo completamente com você de novo, o artista tem que fazer o seu serviço, produzir arte, é bem impossível mesmo compor, tocar, gravar, ensaiar, produzir show (que dirá turnê), fazer assessoria de imprensa e ainda vender discos, isso, no tempo que sobra quando você está trabalhando em outra coisa que te pague uns trocados pra que você possa pagar os ensaios, e as cordas do instrumento e etc etc. Tipo, só você e Jesus na cobertura, não dá. Acontece que artistas, e nem todo músico é artista, concordo, produz porque SIM, é da natureza dele, faz por fazer, por precisar expressar aquelas coisas, diferente do resto da equipe de assessores de imprensa e produtores e outros profissionais do ramo.

Marcelo Cabral · Maceió, AL 2/10/2006 10:16
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CB
 

Concordo (por enquanto) com o Bruno sobre a necessidade de manutenção do “fordismo†nas relações de produção. Mas onde estão as pessoas capazes de abraçar as atividades “periféricas†da produção artística, nesse caso musical, como o pessoal das “grandes†faz(ia), antes dessa crise iniciada a partir da invenção do PC? Hoje, muito mais gente faz o seu “primeiro CD†relativamente fácil. E, com a tecnologia disponível, nem precisa ser tão bom músico, né? Mas precisa ser criativo, o que até acho melhor. O Millôr Fernandes até já fez piada com esse negócio do “primeiro CDâ€. Mas essa relativa facilidade de se “fazer um disco†é uma coisa notável, porque isso já foi muito, muito, muito caro e exclusivo das “grandesâ€, que SÓ elas no Brasil possuiam os estúdios de gravação (milionários, na época). Agora a gente (músicos) pode fazer isso sozinho. Mas onde estão as pessoas quem fazem o restante do trabalho? Nesse caso, botar o som que vc produziu com tanto esforço num disquinho digital prateado, com caixa, foto e o escambau pode ser uma bela besteira. PS: a opinião da Vivian (SP) é tri-importante. Mas vale saber que registro em estúdio e som ao vivo ainda são bastante diferentes, isso sabe quem é músico ou audiófilo apaixonado. Mesmo com tanta tecnologia, na imensa maioria dos shows o som que vc ouve ainda é MONO. Se isso não faz nenhuma diferença pros seus ouvidos, ir a show é, com certeza, melhor pra vc.

CB · Porto Alegre, RS 2/10/2006 10:49
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Thiago Camelo
 

Tenho mais uma impressão do que uma opinião sobre essa questão que parece quase certa, a de o show - a necessidade de ver o artista ao vivo - ser mais importante do que o Cd, a venda do Cd e tudo mais. E aí é uma questão mais de estética e de conteúdo do que de mercado: vocês não acham que, quando o show é a moeda mais forte no mundo da música, o artísta mais performático, aquele que tiver a maior capacidade de cativar o público (eventualmente, no melhor estilo macaco-de-circo) vai levar vantagem? Ou não, ou a turma vai continuar animada para assistir a shows mais intimistas, quietos, "pra baixo"?

Thiago Camelo · Rio de Janeiro, RJ 2/10/2006 13:40
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Yusseff Abrahim
 

Tranquilo, Brunno.
Eu entendo perfeitamente porque vc discorda de mim. É que estamos falando de mercados diferentes. Aí onde você está tem mercado para as bandas subirem nos palcos e trabalhar. Mas em Manaus, onde as bandas que costumam ganhar dinheiro fazendo shows são as bandas cover, não vejo outra saída para meus amigos aqui, que precisam tocar muitas vezes de graça para poder apresentar suas músicas sem interferências ditatoriais no repertório, tanto do dono da casa noturna, ou do empresário da night que os contratou.

Yusseff Abrahim · Manaus, AM 2/10/2006 16:39
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Zé Geral
 

Estou adorando todos estes comentários. Todos muito bons e válidos!!!!

Zé Geral · Campo Grande, MS 2/10/2006 18:56
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flaviolima   www.flaviolima.com
 

Pessoal, muito legal e esclarecedora a discussão. Concordo que músico ganha mais dinheiro tocando em shows e etc, mas... e quanto aos COMPOSITORES?

Como será que vai ficar a remuneração e distribuição dos seus direitos autorais nessas "novas relações de mercado" que se descortinam atualmente?

flaviolima www.flaviolima.com · Maceió, AL 6/12/2006 00:12
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flaviolima   www.flaviolima.com
 

Pessoal, muito legal e esclarecedora a discussão. Concordo que músico ganha mais dinheiro tocando em shows e etc, mas... e quanto aos COMPOSITORES?

Como será que vai ficar a remuneração e distribuição dos seus direitos autorais nessas "novas relações de mercado" que se descortinam atualmente?

flaviolima www.flaviolima.com · Maceió, AL 6/12/2006 00:15
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absurdosturos
 

Yusseff, há um mito implícito no que você disse que precisa ser desmascarado. No Rio de Janeiro não há mercado pras bandas subirem no palco e trabalhar. A maioria dos músicos que eu conheço se viram nos trinta pra conseguir algum cascalho no fim do mês. E estou falando de músicos de samba, talvez o "menos pior" filão musical por aqui. Músicos de rock nem se fala: a amioria paga - mesmo - pra tocar. Existe um mito de que a cena carioca é legal, até porque aqui estão as grandes gravadoras, há casas de shows e bares com música ao vivo e etc. Mas na prática não é o que acontece, vai por mim, pode perguntar a outros cariocas. A cena é desorganizada e o público que prestigia bandas desconhecidas é ínfimo. O que é uma grande pena, porque eu concordo com o Bruno: o trabalho do artista deve ser remunerado no show. O disco é só uma forma de divulgação desse trabalho, que está presente de corpo e alma nas apresentações ao vivo.

Em Belém as Aparelhagens entregam os CDs de suas equipes para que os pirateiros vendam e divulguem. Estes ficam com a grana da venda dos CDs, enquanto que as Aparelhagens lotam suas festas por causa da ampla divulgação. Faz bastante sentido pra mim. Duvido que os discos deixem de existir, até porque há um certo "fetiche da mercadoria" que faz com que muitas pessoas queiram ter aquele produto nas mãos. Mas música pra mim é show, é apresentação ao vivo, é um convite ao inusitado, é uma experiência única, de maneira que dois shows da mesma banda, com o mesmo repertório, nunca serão exatamente iguais.

absurdosturos · Rio de Janeiro, RJ 2/4/2007 17:52
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CB
 

Prezado Flávio Lima, tenho a ligeira impressão que fazer questionamentos aqui que não sejam "pró" não se consegue resposta. Abraços sulistas.

CB · Porto Alegre, RS 3/4/2007 09:41
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Marcelo Birck
 

Pois é galera, retomando o papo do CD ser ou não uma mídia obsoleta, acho que é complicado fazer qualquer previsão no momento atual. Ninguém sabe as consequências de tudo que está rolando, nenhuma mídia parece ser definitva, e, no meu entender, as mídias apenas cumprem funções diferentes. Vejam por exemplo os casos do LP e do super-8, suportes analógicos que várias vezes já foram dados como mortos, mas que resistem até hoje (e que sem dúvida tem o seu charme específico). Abraço a todos!

Marcelo Birck · Porto Alegre, RS 28/5/2007 09:39
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Dr Morris
 

Esse assunto é quase impossível. Quanto tempo vai levar essa conversa? Eu diria que tude é complexo. Às vezes fico mais tempo no computador que ao violão...então o que se dirá dos coitados dos cds. A centralização é dura, mas a descentralização também deixa seus órfãos. Viva a grama, areia, o sal e a água.
d®

Dr Morris · São Paulo, SP 15/5/2009 12:14
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Marcelo Cabral
 

Tem razão Dr Morris, o tema é complexo mesmo e tá longe de ser esgotado, as mudanças são radicais.
Obrigado pelo comentário, abraço.

Marcelo Cabral · Maceió, AL 15/5/2009 18:55
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Fernando Correia
 

Acredito que o cd não vai morrer do mesmo modo que o lp ressuscitou. A tendência mundial é acabar com lojas físicas como as grandes lojas que existiam em Ny foram volatizadas. É muito mais barato manter uma loja online porque quem compra discos como eu não vai parar de comprar; mas infelizmente o lance de levar vantagem não prerrogativa dos brasileiros porem, como no caso da corrupção, os nosso índices são estratosféricos Em Belo Horizonte onde vivo quase não se encontra mais lojas físicas, lembrando rapidamente posso citar a Diskoteka que existe em dois shoppings, fora os sebos , acho que existe apenas uma loja de rua a Discoplay que vende "cds raros" caros e de uma forma geral atende muito mal. Consultando o google encontrei umas 15 lojas listadas mas não tenho certeza de quantas ainda funcionam de verdade. Contrariando a tendência , em Buenos Aires surgiram nos últimos anos muitas lojas de cds e cinemas de rua, embora acredite que o maluco governo de lá deve ter ajuda muito ao fechamento de vários do mesmo modo que ajudou a migração das lojas estrangeiras. Eu adoro disco físico , e há anos busco como posso e onde posso o que quero. Musica é musica .Eu gosto de tudo que gosto a primeira vista. O youtube está me permitindo a transitar no tempo e no espaço, escuto artistas da década de 20,gosto de musica clássica instrumental, opera, remix, mashup,mpb de todos os tempos, carnaval dos anos 20 aos anos 70, trip hop, funk as vezes; adorei Polentinha do Arrrocha que comprei num camelo em Marechal Deodoro,Al, uma versão do burlesco, cabaret , bagaceira que apenas me confirma que a maioria dos artistas brasileiros morre em suas camas confortáveis e não pesquisam e não dão voz a inúmeros artistas que existem perdidos nos inúmeros brasis dentro do brasil E foi pelo youtube que escutei algo maravilhoso que muita gente acha brega,Antonio Marcos cantando Gaivota; Orlando Morais e Maria Bethania cantando A montanha e a chuva; Milton Nascimento e Nana Caymmi cantando Sentinela; Nana e Emilio Santiago cantando Olhos Negros; Mariza cantando Cadeira Vazia; Estrela da Noite com Jorge Mautner; Cais com Caetano que só existe num box lançado pela revista Seleções Reader's Digest que comprei antes que sumisse. Nas minha andanças pelo mundo eu trouxe Gardel Remixed ,Metrotango; Punk da Peiferia com Cibelle. Art of Noise; Dead Can Dance. Sobretudo já ouvi Reginaldo Rossi e Planeta Hemp cantando Negro Gato,Gilberto Gil cantando Nega, Maria Bethania cantando Balada para Gisberta. Virginia Lane cantando Sassaricando e Grande Otelo ,Umbigo de Vedete. Atualmente busco musicas de carnaval dos anos 20/30 até os anos 70, se alguém tive ou souber de algo faça contato. Musica não tem tempo nem patria

Fernando Correia · Belo Horizonte, MG 17/2/2014 01:13
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