Volto de salvador com minha visão totalmente distorcida da cidade, que apesar de linda, com seu prédios históricos, ladeiras, ruas e avenidas sem orientação alguma --- estranho, é tão louco, que acaba sendo bonito --- Salvador é meio hostil.
Confesso que é uma cidade mÃstica, não tem como não sentir a energia do lugar, orixás e exus que regem tudo de bom e de ruim na cidade; ecravos, sinhazinhas, senhores, que por ali viveram e fizeram a era colonial; artistas, militantes polÃticos, que lutaram contra a ditadura militar.Enfim é de emocionar, olhar para uma das construções históricas --- que são muitas --- de salvador e saber que por ali passaram inúmeros personagens da história do paÃs.
O que não dá é atribuir ao baiano algo que ele não é.Por exemplo, o chamam de preguiçoso, mas vá viver numa cidade que em uma caminhadazinha você sobe no mÃnimo duas ladeiras completamente Ãngremes. Não é que o baiano seja relaxado, é que depois de subir e descer tanta ladeira, a única coisa que vem em mente é uma rede para descansar o corpo exausto; outra: o baiano não é tão caloroso quanto diz a Globo e os próprios. Ao pedir algumas informações pela cidade, algumas pessoas me respondiam friamente, outras nem sequer respondiam, acho que putos com a ivasão de turistas fascinados com algo que eles não vêm mais graça.
Se queres sair pela cidade e gastar R$ 10, leve pelo menos mais dez para distribuir entre os mendigos que ficam de esquina a esquina. E o pior, são mendigos luxuosos, mal acostumados com gringos generosos, não aceitam "gorgetas" modestas.
Posso estar sendo equivocado, já que não vivi o bastante este 5 dias na terra de todos os santos --- A chuva dos exus quase não me deixou sair --- mas estou certo de que não trocamos nossa cidade natal por qualquer outra.
Viver Aracaju é:
ruas e avenidas regidas pela razão geométrica
poucas opções de lazer, que não nos deixam na dúvida,
praias de água barrenta, que por não se enquadrar no padrão de beleza se tornam original,
um rio Sergipe que apesar de todos o coleiformes fecais ainda é lindo,
duas únicas universidades, que custam a ensinar.
um aracajuano que, por mais que seja desconfiado, é uma pessoa maravilhosa, que ama sua cidade sem saber.
A beleza dela está justamente em ser pacata e ao mesmo tempo ser sede de idéias grandiosas
Saudações a Bonfim, Romero, Barreto, e a todos seu contemporâneos, Francisco Dantas, Henrique teles, Antônio da Cruz, Fábio Sampaio. Enfim, a todos que fazem de Aracaju, a nossa menina.
Prezado Rafa,
Quando Aracaju comemorou os seus 150 anos eu publiquei um texto no Cinform utilizando a metáfora da "Aracaju menina" e em breve o trarei para o Overmundo.
Fiquei em dúvida se publicaria aqui também, por considerá-lo um pouco datado, mas quase tudo que está escrito continua na ordem do dia, com exceção das efemérides dos 150 anos.
Há alguns pontos de contato com o seu texto, alguns poucos é verdade, mas há.
Um abraço
"Aracaju menina" é o nome de uma música cantada por Antônio Rogério e Chiko Queiroga, que me indentifico muito.
Zezito, não li teu texto de comemoração aos 150 anos da cidade, mas creio que estes poucos pontos de interceção tenham vindo do fato de vivermos na mesma cidade, e vivenciarmos seu dia-a-dia. Não tem como fugir da coincidência.
abraço
Rafa,
Relendo o seu texto lembrei de uma viagem que fiz a Salvador há alguns anos , depois de várias, e no retorno tive impressões bem parecidas com o que você escreveu.
Depois viajei outras vezes e isso não ocorreu novamente.
Quando postei o comentário acima fiquei preso a lembrança do texto que escrevi e não consegui tirar do baú da memória o que
que revelo acima.
Abraço
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