15h do penúltimo domingo de 2008. É hora de partir, baixar a Serra de Pacaraima e voltar para casa, que segunda tem trampo. Os carros que transportam a banda Iekuana pegam a estrada, esquivam dos buracos e dizem adeus à turma que esteve no II Front, o encontro cultural da TrÃplice Fronteira Brasil, Venezuela e Guiana. Mas peraÃ, que este é o final da história e nem sempre o final reserva a grande surpresa.
É preciso voltar até a terça-feira (16), quando meu amigo Rhayder Abensour, guitarrista da Iekuana, me convidou para acompanhar os roqueiros até Pacaraima. Viagem liberada pela dona da casa, deixamos Boa Vista, capital de Roraima, à s 15h30 do sábado. A viagem, já com duas horas de atraso criadas pela espera do término de gravação do CD demo da banda, foi mais demorada do que se pensava. O carro onde estavam o batera Jamil Abensour e o baixista Dant Aliguieri quebrou depois da ponte do rio Uraricoera, a uns 80, 85 km da cidade. Pára, reboca, pára, conserta, anda devagar, a noite chega, os buracos na estrada aparecem, o vidro do retrovisor cai de tanta pancada e estamos em Pacaraima, sede do municÃpio homônimo, por volta das 19h.
Chegamos na quadra coberta coberta de Pacaraima, local onde o fotógrafo, doutor em plantas medicinais e amante das artes Joacir Freitas decidiu realizar o II Front desta vez. O primeiro foi há um ano, reunindo artistas do Brasil e da Venezuela no Centro Cultural Terra de Makunaima (sem acento mesmo), chalé erguido numa das encostas da área central da cidade, numa área que preserva a mata da serra e fomenta a interação com a natureza.
Chuva forte, vento frio, o II Front começa. Toca reggae a banda Gui-bras, tocam rock e outros sons quem estiver presente, como Airton Vieira (Tom Vi), professor Nelson, Raul Cover, uns hippies que estavam na cidade e, para fechar a programação oficial, a Iekuana, que entrou meia-noite e pouco em cena.
Mais de uma hora depois, programação oficial encerrada, a gatÃssima ex-vocalista da falecida banda LN3 assume o microfone e começa a mandar rock, reggae e hip-hop com uns carinhas muito bons que acompanharam quase todo mundo na noite do Front. Em dueto e sozinha, Alessandra, se não me falha a pesquisa no Google, empolga o restante da turma que ainda não foi dormir ou voltou para o Centro Cultural. 30, 40 minutos e larga o microfone, que é assumido, entre outros, por Avinashi (guitarrista da Iekuana), Stalen (vocal Iekuana, mandando ver com CapÃtulo 4, VersÃculo 3, do Racionais MCs) e outros doidos que subiram a serra apenas para cantar e ouvir música.
Este é, sem dúvida, o melhor momento da noite: começa a rolar uma roda-viva de músicos e vocalistas tocando e cantando no improviso, sem ensaio, apenas seguindo a música. Nesta jam sessiom fronteiriça surge uma banda com guitarra base e solo, batera, baixo teclado, bongo, gaita e dois ou três vocalistas. Muito bom. Pena que ninguém filmou ou gravou esta madrugada musical.
Depois de recolherem tudo, parte da turma volta para, supostamente, dormir nas barracas montadas no Terra de MacunaÃma. Que nada. Quem havia saÃdo cedo do ginásio estava lá tocando e cantando, fazendo rimas em espanhol, português e inglês, bebendo e rindo, conversando sobre o mundo e sobre arte, olhando as fotografias e desenhos em exposição ou simplesmente deliciando-se com uma boa Polarcita, a cerva venezuelana.
Enquanto isso, eu pensava em ter que entrar cedo na fila da gasolina e no cansaço para dirigir de volta a BV. Por conta disso, fui dormir lá pelas 3h30. Quer dizer, fui tentar dormir. Como não quis ficar na barraca, deitei no banco do carro. 30 minutos chegou o primeiro do nosso grupo pedindo desculpas e abrindo o porta-malas. Mais 30 minutos e chega o restante fazendo barulho. E tudo
isso acontecendo e o povo da cantoria ainda na ativa, o que se estendeu até depois das seis.
Às 7h, estava de pé, tomando um banho frio numa manhã fria, e à s 7h20 estava na fila do posto de combustÃvel venezuelano que fica a 100 metros da fronteira, única fonte de abastecimento dos carros que chegam em Pacaraima. Gasolina a muito menos de um real, espera de duas horas e pouco, volto para o Terra de Makunaima e a cantoria já retornou, acrescida de leituras de poemas.
Para fechar: todos os da Iekuana fomos a Santa Elena, compramos, voltamos, comemos o churrasco, conversamos, saÃmos à s 15h e ainda não havia acabado a festa do Front. Só não ficamos mais tempo por que segunda é dia de chegar cedo e vender a alma ao chefe por uns trocados no fim do mês.
Edgar, que ótimo esse relato! Muito bom saber deste festival informal na fronteira dos três paÃses, ainda mais com um texto tão espontâneo, informativo e pessoal como este. Pena mesmo que ninguém gravou ou fotografou o encontro, das próximas vezes lembre disso (e poste por aqui...). Abraço!
Helena Aragão · Rio de Janeiro, RJ 24/12/2008 08:25Opa, valeu Helena. se conseguir alguma imagem vou postar a posteriori aqui ou no meu blog.
Edgar Borges · Boa Vista, RR 24/12/2008 13:17
2.009 nada de crise, só sucesso
Andre Luiz Mazzaropi
www.andreluizmazzaropi.com.br
Latinoamericana e som! Isto é tudo! Feliz 2009!
nina araújo · Rio de Janeiro, RJ 27/12/2008 18:41
É muito boa essa informação, vamos jogar boas novas nas asas do ventos...
Abraços
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