Campo Grande (MS) – Próximo dia 19 é comemorado o Dia do Artesão. InstituÃdo no mesmo dia em que se festeja o dia de São José Carpinteiro, esta data homenageia aqueles que representam diversidade cultural e criativa do povo brasileiro. Artesãos de Mato Grosso do Sul já vêm garantindo seu espaço no mercado nacional, e a visibilidade dos produtos é alcançada principalmente pela participação em feiras estaduais e nacionais. Profissionais do Estado também conquistaram o prêmio Top 100, do Sebrae, obtendo reconhecimento pela qualidade dos produtos. Com uma programação especial, a Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul comemora a Semana do Artesão. Arlene Barbosa, gerente de desenvolvimento de atividades artesanais da FCMS explica as peculiaridades do setor, conta sobre os trabalhos que vêm se destacando e sobre o desenvolvimento deste mercado no Estado:
O que é considerado artesanato?
Arlene Barbosa - Existe uma definição para artesanato. Dentro dessa definição, artesanato é tudo aquilo que é feito à mão, mas também pode ter o uso de máquina e que vem da matéria-prima local, como as fibras, a argila e a madeira. Existe também o artesanato que é chamado trabalho manual associado à cultura e o outro trabalho manual que não expressa um valor cultural, não tem uma iconografia, como por exemplo chinelos e panos de prato. Existe ainda a arte popular, onde são criadas apenas uma única peça, não são produzidas peças em grande escala e não visam a um grande mercado. Existem também os trabalhos indÃgenas e tipologias diversas como a fibra, a tecelagem, o trabalho em madeira, os trabalhos de osso com madeira, cabaça e taboa (fibra com madeira).
Em Mato Grosso do Sul, qual é o artesanato que mais se destaca?
Arlene Barbosa – Um trabalho lindo feito em Jardim que ganhou o prêmio Top 100 do Sebrae, com osso e madeira. As bugras da Indiana, presidente do Sindicato dos Artesãos, também ganharam esse prêmio. É um trabalho diferenciado e que retrata muito a nossa cultura.
Quais são os trabalhos que têm levado a marca do artesanato sul-mato-grossense para outros estados e paÃses?
Arlene Barbosa – O trabalho com osso, as bugras da Indiana, o trabalho da Cristina Holf com cabaça e o trabalho com couro de peixe, feito pelo projeto Mulher Peixe em Coxim, e os tradicionais bugrinhos da Conceição dos Bugres, que hoje são produzidos por seu neto Mariano e sua nora Sotera.
Como está o mercado de trabalho para quem faz artesanato no Estado?
Arlene Barbosa – O mercado de trabalho têm crescido muito. O Sebrae e a Fundação de Cultura têm dado muito apoio a essa parte de mercado. Têm proporcionado aos artesãos sua participação nas feiras nacionais, nas feiras estaduais e as que ocorrem nos Festivais de Bonito e América do Sul. Só no ano passado, participamos de 5 feiras nacionais, entre elas as de São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba. Estamos nos empenhando no escoamento da produção. As instituições que são nossas parceiras aqui no Estado são o Sindicato dos Artesãos, a Associação dos Artesãos de Mato Grosso do Sul (Artems), a Federação dos Artesãos (Fenarte) e a União dos Artesãos (Uniarte).
Como têm sido feita a capacitação dos artesãos?
Arlene Barbosa – Nós estamos trabalhando com oficinas dando prioridade aos municÃpios do interior do Estado, porque Campo Grande já foi muito trabalhada neste sentido. As cidades do interior têm uma carência maior de ações como essa. Ano passado, nós desenvolvemos 6 oficinas. Em Anastácio teve uma oficina de bolsas, em Aquidauana uma oficina de panos de prato que utilizam a técnica de abrólio milenar. Antigamente tinha um núcleo desta produção lá, mas que com o tempo foi acabando e nós estamos agora resgatando essa produção. Em Corguinho desenvolvemos uma oficina de doces de frutas da região, por causa de uma solicitação da prefeitura que já disponibilizava uma casa com cozinha industrial. No quilombo Boa Sorte, também no municÃpio de Corguinho, fizemos uma oficina de fibras, já que a região é muito rica nesta espécie de matéria-prima. Em Rochedo e Chapadão do Sul, também fizemos uma oficina utilizando a fibra da palha da bananeira. Então, aonde as prefeituras solicitem e exista a matéria-prima em abundância, a gente oferece a oficina, mas isso em parceria com a prefeitura, para que o projeto tenha continuidade. Este ano temos a previsão de realizar mais 10 oficinas no interior. Em abril começa uma oficina em Bodoquena com bambu.
Como a FCMS vêm unindo o artesanato com a geração de renda?
Arlene Barbosa – Nós imaginamos, exatamente nestas oficinas, que vai ter mercado para os produtos produzidos. Exatamente por isso, a gente não incentiva o trabalho manual que existe por aÃ, pois é um trabalho que existe em todo lugar, e atende apenas ao mercado local. Nós buscamos desenvolver produtos que ainda não existem no mercado para que os artesãos consigam colocar estes produtos nos mercados nacional e internacional. Se eles têm um trabalho diferenciado, eles irão conseguir um mercado melhor para trabalhar. A FCMS desenvolve junto com os artesãos as oficinas técnicas e o Sebrae, que é nosso parceiro, oferece cursos de design, para o artesão aprender a desenvolver linhas de produtos que serão colocados no mercado. Produtos elaborados que seguem a tendência de mercado. Sempre dizemos aos artesãos que eles têm que ser criativos. Eles sempre têm que estar criando coisas novas, porque o consumidor quer comprar sempre produtos diferentes. O Sebrae entra também na área de gestão, ou seja, ensina o artesão a colocar preço no seu produto, a saber gerenciar seu negócio. Com esta parceria, temos a intenção de tornar o artesão um empreendedor.
O artesão que quer participar dos projetos da FCMS tem de fazer o quê?
Arlene Barbosa – Ele tem que primeiramente se encaixar nos nossos critérios. Nós desenvolvemos apenas trabalhos que têm um cunho cultural. Um artesanato que utiliza a matéria-prima local, como as fibras, a madeira e a tecelagem. Para expor seus produtos, eles têm que se cadastrar na Casa do Artesão, fazer uma demonstração do seu produto e retirar uma carteira do artesão na qual vai constar as peças que produz. Este ano passaremos também a trabalhar com a carteira nacional do artesão, que é mais rigorosa nos seus critérios, que vai possibilitar uma triagem mais eficiente dos profissionais. Queremos, por meio deste novo cadastro, conhecer mais de perto os artesãos do nosso Estado.
Como se dá a parceria da FCMS com a Fundação de Turismo de MS, na circulação dos produtos artesanais do Estado?
Arlene Barbosa – O papel da FCMS é responder às diretrizes do Programa de Artesanato Brasileiro. O Turismo não deveria trabalhar neste setor que nós desenvolvemos, mas ele trabalha mais com a parte de mercado. Assim como nós, o Turismo apóia a participação dos artesãos nas feiras, para a demonstração dos produtos.
Quais são os trabalhos em artesanato do Estado que as pessoas não podem deixar de conhecer?
Arlene Barbosa – Em geral, todos fazem um bom trabalho. As pessoas podem ir à Casa do Artesão de Campo Grande, onde estão expostas peças diversificadas de diversas regiões do Estado. Outra opção é conhecer as lojas das entidades de artesãos como a Artems, localizada no shopping Campo Grande. Além disso, indico o trabalho da Indiana Marques de Araújo, e da Fania Catarina Martins dos Santos.
Como foi feita a programação especial da FCMS para a semana do Artesão?
Arlene Barbosa – A programação vai acontecer entre 14 e 19 de março e pode ser conferida no site da FCMS, que é o www.fundacaodecultura.ms.gov.br . Faremos a exposição de artesanato de diversas regiões do Estado além de organizar palestras e workshops. Para definir a programação das palestras e workshops, nos reunimos com as entidades de artesãos do Estado para detectar com os profissionais as necessidades de informação na área e buscamos consultores para proferirem as palestras. Vale a pena participar e conferir.
Eu amo artesanato,e não poderia deixar de ajudar a editar o repasse maravilhoso.
clara arruda · Rio de Janeiro, RJ 15/3/2008 07:02Obrigada Clara e Sérgio. Realmente Mato Grosso do Sul é muito rico na produção de artesanato. A natureza ajuda! Abcs Gi
Gisele Colombo · Campo Grande, MS 19/3/2008 18:08Para comentar é preciso estar logado no site. Faça primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
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