As Pedras de Maria da Cruz - Joelma Pimenta Dias

Os trabalhos em fotografia parecem reunir sempre uma tríade na qual é impossível escapar qualquer análise, esta tríade é representada pelos conceitos de: tempo, espaço e memória. No trabalho de Joelma Pimenta Dias não é diferente. Iniciante no mundo das exposições, Joelma que tem por formação as artes cênicas, nos presenteia com um conjunto de fotos digitais, onde a ação do tempo sobre o espaço contrasta com o dado da memória. Sua série fotográfica intitulada, “As pedras de Maria da Cruz�, remete a uma verdadeira poética do espaço, a partir da memória da infância. Em algum lugar no Norte de Minas Gerais, a artista encontra uma locação perfeita ao revisitar a cidade de sua infância, Pedras de Maria da Cruz, às margens do Rio São Francisco. Lá, são tiradas fotografias-registro do lugar que agora é e que um dia foi. Nesse embate, é possível analisar uma luta permanente entre a natureza sempre exuberante e a arquitetura local, muitas vezes em decadência, como nas fotografias de ruínas. Há quase sempre um forte contraste entre as cores ocres, os tons de terra e os tons ferruginosos dos telhados semi-destruídos, do chão em sua triste aridez, com o azul estonteante do céu ou o verde quase fluorescente do calango rastejante ou até mesmo no verde vivo da vegetação que insiste em brotar.
Como fica muito presente na fotografia onde a morbidez do cemitério se dissolve lentamente com a presença simultânea da árvore com sua folhagem natural em tons quentes coloridíssimos, a poética desenvolvida pela artista parece nos induzir às conhecidas dicotomias entre morte x vida, individual x coletivo, homem x natureza e por fim, real x imaginado.

A série "As Pedras de Maria da Cruz" estão em exposição no Espaço Imaginário, e podem ser vistas de segunda a sexta, das 09 às 21h.

Texto de Renata Gesomino
doutoranda em História e Crítica da Arte pelo
Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRJ
Rio de Janeiro, maio de 2010