BH: capital da arte seqüencial

Milena Azevedo
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Milena Azevedo · Natal, RN
25/10/2007 · 281 · 28
 

Como é bom ver as iniciativas pública e privada darem às mãos em prol da cultura; melhor ainda, e mais raro, em prol de um evento sobre Histórias em Quadrinhos. Estive na quinta edição do FIQ (Festival Internacional de Quadrinhos), em Belo Horizonte, e pude comprovar que no Brasil há sim um local congregador de todos os amantes da nona arte, ou arte seqüencial, para citar o mestre Will Eisner.

O FIQ teve início em 1999, numa promoção da Prefeitura de BH e da editora carioca Casa 21, e hoje, em 2007, o evento cresceu muito e ganhou corpo (foram mais de dez empresas privadas, juntamente com a Prefeitura e a Secretaria Municipal de Cultura de BH, o Estado de Minas Gerais e o Governo Federal, entre patrocínio, apoio cultural, apoio institucional, apoio promocional e incentivo), tanto que foi contratado um arquiteto para fazer a ambientação da bela Serraria Souza Pinto, que voltou a sediar o FIQ, entre os dias 16 e 21 outubro.

Foram seis dias de intensas atividades, mesas-redondas, painéis, bate-papos descontraídos, oficinas de tirinhas e mangás, mostras de filmes, espaço para os clássicos e os mais recentes jogos de vídeo-game (em consoles variados), lançamentos e encontro com os maiores artistas do traço da América Latina e da Europa, com destaque para o roteirista italiano Giancarlo Berardi (Ken Parker e J. Kendall), para o desenhista argentino Eduardo Risso (100 balas, Menino Vampiro, Wolverine), e para os desenhistas brasileiros Renato Guedes (Supergirl) , Ed Benes (Liga da Justiça) e os gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá (10 pãezinhos). Tudo isso de graça!

As mesas-redondas que mais lotaram o auditório Conceição Cahú foram as que reuniram os editores Cassius Medauar (Pixel Media), Cláudio Martini (Zarabatana Books) e Henrique Magalhães (Marca de Fantasia), e os desenhistas brasileiros e argentino que conquistaram espaço no mercado norte-americano: Ed Benes, Renato Guedes, Cristiano Bolson e Eduardo Risso.

A afirmação do Cassius Medauar de que hoje a venda de quadrinhos está preocupante, em comparação com a década de 1980, quando se vendia 200 mil exemplares de HQs por mês (segundo o Cassius, quando atualmente uma HQ consegue chegar à casa de 10 mil exemplares a editora já considera uma vitória), causou comoção na platéia; uns tentaram justificar, apontando como fatores responsáveis por essa queda no consumo de quadrinhos, a Internet, a televisão e o vídeo-game; e outros chegaram a discordar do Cassius, perguntando se ele estava falando em números absolutos. O Cassius foi taxativo: “hoje o mercado está saturado de títulos (principalmente por causa da Panini, que lança em torno de 75 títulos todo mês), e cada um vende pouco; ou seja, há apenas crescimento horizontal, e o fã do Homem-Aranha, por exemplo, por mais que as histórias estejam ruins, continua comprando a revista para manter a sua coleção, deixando de adquirir títulos mais elaboradosâ€. Ele deu um exemplo: o excelente título da Pixel Media, “O corno que sabia demaisâ€, do brasileiro Wander Antunes (premiado na França), vendeu apenas 200 exemplares desde seu lançamento. Eu sinceramente fiquei preocupada, pois o Cassius tem tantos títulos para lançar, mas avisou que a Pixel agora vai segurar um pouco a onda, e trazer um limite de três a quatro títulos por mês, pois mais do que isso é inviável.

Um dos painéis mais instrutivos foi o que abordou o tema: “quadrinhos fora do eixoâ€, com a professora e pesquisadora Sônia Luyten e o desenhista baiano mais prolífico da atualidade, criador da premiada série A Turma do Xaxado, o Antônio Cedraz. Cedraz falou sobre as dificuldades que os desenhistas e roteiristas nordestinos têm ao tentar publicar algum trabalho pelas grandes editoras paulistas e selecionou uma gama de títulos independentes de excelente qualidade para mostrar à platéia, enquanto a professora Sônia deu uma aula sobre os quadrinhos africanos (chamados de Picha, no dialeto swaili, no sul da Ãfrica), destacando a participação de mulheres africanas quadrinistas e informando que lá o quadrinho institucional é o que tem maior produção.

Destaco também o estande dos independentes de BH, patrocinado pela Prefeitura, onde foram lançados vários livros e revistas, entre eles: O relógio insano (Eloar Guazzelli), Graffiti 76% quadrinhos n. 16 (vários autores) e Estórias Gerais (Wellington Srbek e Flávio Colin). Nesse estande se fazia presente a Quarto Mundo, uma associação de vários independentes de todo o Brasil, criada pelo roteirista Cadú Simões (Homem-Grilo) e o desenhista Will (Sideralman). Eu bati um bom papo com eles e trouxe alguns títulos para vender em minha comic shop, a Garagem Hermética Quadrinhos (GHQ), aqui em Natal.

Estive poucos dias em BH, mas consegui devorar, além do pão de queijo, muitos quadrinhos. No FIQ, se discute a nona arte de forma inteligente, mas sem perder o lado lúdico que essa mídia traz em sua síntese.

Parabéns BH, por fazer uma porção de gente feliz, assim como eu.

Como é bom encher a boca e gritar: FIQ, eu fui!

Desabafo
Em pensar que em Natal eu estou batalhando faz tempo por empresas que queiram patrocinar um projeto que foi aprovado na Lei Municipal Djalma Maranhão, de incentivo à cultura, na qual a empresa não precisa desembolsar nada, apenas concede que até 20% do seu ISS seja repassado ao projeto; ou seja, uma boa propaganda, de graça. Eu estou na cidade errada...

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Carolina Galdino
 

Não só você está na cidade errada.
Todos os dias eu me pergunto quando é que Natal vai ser valorizada culturalmente. Diante do insentivo que a prefeitura e a secrataria da cultura destinaram ao evento em BH, nos resta apenas sentir vergonha pelo que acontece na nossa cidade.
Se bem que no atual momento o que eu sinto não é bem vergonha de Natal, e sim inveja de você! Quem me dera ter ido pro FIQ também =D

Carolina Galdino · Natal, RN 23/10/2007 16:13
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Milena Azevedo
 

Oi, Carol!

Gostei porque você soltou o verbo, e eu solto também, você me conhece. É isso aí, aqui em Natal quem trabalha com cultura e não é "poser", nem fica puxando saco de alguém "importante" ou não tem pistolão político, rala pra caramba pra conseguir as coisas. Natal ainda é uma província, sim senhor. Quanto à sua inveja, não se preocupe, no próximo FIQ, em 2009, vai uma caravana de Natal para BH.

[]s,
Milena

Milena Azevedo · Natal, RN 23/10/2007 20:35
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Sergio Rosa
 

Fui em quase todas edições do FIQ. Realmente é um evento respeitado pela qualidade e pelo público que consegue atrair. Não vou comentar muito sobre as exposições e os debates porque nessa edição a minha passagem por lá foi curtíssima.

Alguns comentários:
É interessante ver que a cada ano a presença dos mangás crescem. Não tenho dúvida que boa parte do público vai lá por causa deles. Não sei se teve algum evento de cosplay esse ano, mas tinha gente lá fantasiada (naruto, claro).

Não vi o que teve de videogame. Queria ter visto... para mim tem tudo a ver HQ com videogame. E o público é quase o mesmo. Tanto que era possível reconhecer diversos títulos de jogos na exposição de cartazes de animes e mangás. Essa parte integrava a homenagem ao Japão, certo? Seria legal ver um evento grande como o FIQ dando cada vez mais espaço para os jogos.


A minha crítica vai para o local onde aconteceu o FIQ esse ano. Nem sou contra a Serraria Souza Pinto. Mas a Casa do Conde, onde o FIQ costumava ser realizado, é um espaço bem melhor.

Sergio Rosa · Belo Horizonte, MG 24/10/2007 12:34
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Sergio Rosa
 

ah, e parabéns pela cobertura. ficou bacana.

Sergio Rosa · Belo Horizonte, MG 24/10/2007 12:35
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Milena Azevedo
 

Oi, Sérgio!

Esse FIQ, o primeiro que eu fui e, segundo várias pessoas, foi a melhor edição até o momento. Eu não conheço a Casa do Conde, mas na Serraria Souza Pinto, para quem tinha que ficar nos estandes, o calor foi brabo. No entanto, isso foi um detalhe tão pequeno em relação à estrutura bacana que foi montada, que eu não poderia apontar como um "defeito". Foi tudo muito bem pensado e organizado. E o espaço dos games e dos mangás realmente precisava estar lá, não só porque o Japão foi o país homenageado, mas também porque estão em ascensão e fazem a cabeça da garotada. Legal que você gostou do meu texto.

[]s,
Milena

Milena Azevedo · Natal, RN 24/10/2007 20:42
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Eugenio Dantas
 

Parabéns pela cobertura. Rogo para que Natal um dia receba eventos desse porte.

Abraços,

Eugenio Dantas

Eugenio Dantas · Natal, RN 24/10/2007 21:22
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Milena Azevedo
 

Obrigada, Eugênio! Eu também quero muito ver a Bienal de Quadrinhos de Natal acontecer.

[]s,
Milena

Milena Azevedo · Natal, RN 25/10/2007 08:27
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Cintia Thome
 

Milena, excelente cobertura. Parabens.
Valeu.

Cintia Thome · São Paulo, SP 25/10/2007 08:54
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Higor Assis
 

Poxa Milena, que delicia de texto e que bacana nos trazer essa visão da nona arte.

Parabéns!!!

Higor Assis · São Paulo, SP 25/10/2007 09:34
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Milena Azevedo
 

Muito obrigada, Cíntia e Higor! Sempre que posso, como alguns overmanos e overminas aqui, procuro incentivar os artistas do traço, bem como mostrar às pessoas que os quadrinhos são uma mídia deveras importante, tanto para a criança quanto para os adolescentes e adultos.

[]s,
Milena

Milena Azevedo · Natal, RN 25/10/2007 10:15
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BETHA
 

MILENA,
sinceramente eu não conhecia o evento, mas através do seu texto, vejo como BH está de parabéns( e você também, claro, pela ótima divulgação)! Os quadrinhos são maravilhosos, educativos, e eventos assim não deixam que eles "morram".
Abçs de Betha.

BETHA · Carnaíba, PE 25/10/2007 10:57
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Candice Gonçalves
 

Maravilha de cobertura, Milena! Queria eu, estar por aí! Abraços.

Candice Gonçalves · Crato, CE 25/10/2007 11:26
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victorvapf
 

Parabens Milena, nao so por falar de BH, mas pelo trabalho bem desenvolvido, divulgador e belo! Victorvapf

victorvapf · Belo Horizonte, MG 25/10/2007 11:39
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Ériton Berçaco
 

Vc viu o pessoal da Quase por aí?
Parabéns pela cobertura!

Ériton Berçaco · Muqui, ES 25/10/2007 12:04
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Sérgio Franck
 

É por essas e outras que eu amo BH radicalmente.

Grande matéria, Milena.

abço.

Sérgio Franck · Belo Horizonte, MG 25/10/2007 12:34
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Milena Azevedo
 

Netha, Candice, Victor, Ériton e Sérgio, obrigada! E, Ériton, eu vi sim o pessoal da Quase, da Sociedade Radioativa e da Tarja Preta. Comprei exemplares de vários independentes pra minha coleção.

[]s,
Milena

Milena Azevedo · Natal, RN 25/10/2007 13:54
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Milena Azevedo
 

Oops, corrigindo, não é Netha, é Betha.

Milena Azevedo · Natal, RN 25/10/2007 13:55
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André Dib
 

Oi Milena.

Muito bom saber das histórias do FIQ. Realmente, uma pena que Natal não tenha um evento semelhante. Mesmo assim, soube que por aí existe um pessoal bem articulado, não é?

O bacana nesse circuito de festivais de quadrinhos é que, da mesma forma que BH, cidades como Piracicaba, Foz do Iguaçu e Recifese revezam como "capital da HQ". E assim vamos, Brasil afora. Semana que vem será Teresina, com o tradicional Salão de Humor do Piauí.

Quero convidá-la a ler minha cobertura do 9º Festival Internacional de Humor e Quadrinhos de Pernambuco.

Você já conhece? Faz uma forcinha e venha para o ano que vem. =P

http://www.overmundo.com.br/overblog/fihq-2007-pernambuco-no-mapa-das-artes-graficas

Um abraço,

André Dib · Recife, PE 26/10/2007 05:33
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Milena Azevedo
 

Oi, André! É realmente uma lástima que Natal fique totalmente fora do circuito dos festivais e salões de humor brasileiros, o que mais uma vez comprova o nosso provincianismo. Estou indo agora mesmo ler o seu artigo e vou sim fazer uma força para ir no próximo ano, tanto a Sergipe (onde será realizado o HQ Festival, em março) quanto a Pernambuco; aliás, Recife está de parabéns por ter conseguido trazer Will Eisner a uma edição do seu Festival Internacional de Humor e Quadrinhos. Nós, potiguares, temos que ir a outros Estados para respirar um pouco de respeito à nona arte. Eu faço a minha parte aqui e alguns me ajudam. Quem sabe um dia o sol que tanto brilha para a medíocre "cultura" do forró e da cachaça, brilhe também para quem faz pensar.

[ ]s,
Milena

Milena Azevedo · Natal, RN 26/10/2007 09:30
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andruchak
 

A preciosidade da arte está marcada nas páginas de iniciativas como esta que eleva a arte e a cultura proporcionando oportunidades aos talentos à nossa volta e despertando tantos outros para os acordes fabulosos de sua capacidade. Até mesmo as críticas inerentes são sugestões valiosas e movimentos ativos à melhoria do mecanismo ora iniciado. Participação sempre!
Andruchak

_______________________________
Andruchak - artista plástico e professor de arte e arte digital pelas Universidades UMC e UNIP, doutor pela Escola de Comunicação e Artes da USP e Coordenador de Artes do Espaço Cultural UMC.
www.andruchak.com.br

andruchak · São José dos Campos, SP 26/10/2007 11:08
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Milena Azevedo
 

Assino embaixo de tudo o que você escreveu, Andruchak.

[ ]s,
Milena

Milena Azevedo · Natal, RN 26/10/2007 12:04
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Marcelo Cabral
 

Ótima cobertura Milena! Gostaria de participar desse evento.
Conheço a Turma do Xaxado e me interesso muito por quadrinhos como ferramenta para educação e meio ambiente.
Difícil falar de quadrinhos em BH sem falar no Celton, uma figura que produz suas próprias hqs independentes e vende nos semáforos da cidade. Ele desenha e escreve, quadrinhos de autor total. Um dos personagens figura de BH.
Abraços.

Marcelo Cabral · Maceió, AL 29/10/2007 14:22
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Milena Azevedo
 

Obrigada, Marcelo! Rapaz, você acredita que eu não conheci o Lacarmáleio, autor do Celton? Ele apareceu no FIQ quando eu já havia ido embora. Foi uma pena porque o Lacarmélio é um herói mesmo. Outra figurinha carimbada de BH, que eu não conheci, é o Edgar Guimarães, que edita fanzines há um tempão.

[ ]s,
Milena

Milena Azevedo · Natal, RN 30/10/2007 00:17
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Marcelo Cabral
 

Valeu Milena!
Esse nome é muito difícil né? Lacarmáleio, tanto que quando o conheci, ele me disse "pode chamar de Celton mesmo, é mais fácil", figura :)
Abraço, mais uma vez parabéns e sucesso pro Garagem Hermética.

Marcelo Cabral · Maceió, AL 30/10/2007 10:48
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Milena Azevedo
 

Marcelo, o nome é difícil mesmo, até eu me atrapalhei. O correto foi o que escrevi da segunda vez, Lacarmélio. Muito obrigada e você está convidado a conhecer a nossa loja pessoalmente.

[ ]s,
Milena

Milena Azevedo · Natal, RN 30/10/2007 20:45
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André Dib
 

Edgar Guimarães aliás, pe bem editado por outro Guimarães, o Henrique, da importante editora paraibana Marca de Fantasia. Milena, você teve tempo de conhecer o Wellington Srbek, que lançou o Estórias Gerais no FIQ?

André Dib · Recife, PE 31/10/2007 02:32
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Milena Azevedo
 

Conheci sim e conversei bastante com ele, André. O Wellington é gente finíssima. E ele é deveras produtivo. Eu comprei várias revistas dele: Mirabilia, Alienz, Monstros, Aprócripha e Mystérion. A propósito, o Henrique é Magalhães.

[ ]s,
Milena

Milena Azevedo · Natal, RN 31/10/2007 10:07
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André Dib
 

Ops, falha nossa!

André Dib · Recife, PE 31/10/2007 11:42
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5º FIQ zoom
5º FIQ
Henrique Magalhães, Cassius Medauar e Cláudio Martini zoom
Henrique Magalhães, Cassius Medauar e Cláudio Martini
Ed Benes, Renato Guedes, Cristiano Bolson, a intérprete e Eduardo Risso zoom
Ed Benes, Renato Guedes, Cristiano Bolson, a intérprete e Eduardo Risso
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Cedraz, Prof. Sônia Luyten, eu e João Marcos (desenhista e professor)
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O jornalista Sidney Gusman entrevistando Eduardo Risso
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