Gostaria de deixar bem claro que eu sou uma pessoa que se considera meio atarefada demais (talvez mais confusa do que atarefada, mas o argumento é o mesmo); que eu nunca remixei nada na minha vida além de pepino com cenourinha no mixer Walita lá de casa; e que eu não fui na apresentação do Tiesto na Praia de Ipanema ou na do FatBoy Slim no Recreio. Logo, eu sou como você. Com a diferença que eu dei o primeiro passo.
Nunca tive ouvido absoluto. Acho que todos os metais têm sons praticamente iguais e que na música clássica ter mais de dois violinos na orquestra é um retumbante exagero. Músico portanto nunca foi uma opção no teste vocacional. Mas eu sempre gostei de música. Na adolescência eu flertei com a dance music (antes dela virar música de academia) e vi crescer a cena clubber. No início achava estranho uma música prescindir de um bom refrão e viver só daquela batida meio arrastada. Depois veio do drum-n-bass, o trip-hop e eu aos poucos enchi a paciência disso tudo e comecei a gostar desse tal de indie rock.
Essa pequena biografia musical serve para mostrar que eu não entendo nada de música. Mas serve também para deixar claro que lá em casa nada se faz se o som estiver desligado. Sempre fui um “usuário” de música, um apreciador de um estilo qualquer, mas sempre à distância das músicas que gostava. Nunca pensei em música como estrutura até ouvir direito o “Love Theme”, do Barry White, num programa de música romântica para casais separados no sábado à noite. Já reparou como na harmonia da música tem um barulhinho meio arrastado lá no fundo que se repete a cada dois segundos? Pois é, isso mudou a minha concepção de mundo.
Daí pra frente eu comecei a prestar atenção na estrutura das músicas. A música eletrônica, é claro, foi a primeira a se mostrar por dentro, com os seus loops e arranjos pré-programados. Mas essa percepção ainda estava muito longe da experiência de efetivamente fazer qualquer coisa que assemelhasse a um remix.
Com a expansão da Internet e o desatrelamento da música com relação à cópia física, eu percebi que já existiam uns programas que permitiam ao usuário doméstico brincar com a estrutura das músicas. Sabia que alguns artistas estavam licenciando suas músicas, ou até mesmo os samples que as compunham, na Internet. Achava tudo muito interessante, mas a exibição da semifinal do Vale Tudo na TV a cabo ou a entrega de um prazo na faculdade nunca me permitiram uma dedicação maior a esse novo tipo de relacionamento com a música que a tecnologia abriu para o usuário comum. Até que apareceu o Overmixter.
O primeiro passo que dei nesse negócio de remix foi descobrir que no site do Overmixter (tá, eu sei que você conhece o link) existem diversos samples de diversas músicas de diversos artistas. Desde músicas inteiras até apenas uma linha de baixo, uma percussão, uma batida, um vocal a capela e etc. Baixei alguns arquivos para o meu computador e então pensei: legal, e o que eu faço com isso?
Um amigo me indicou o Audacity, um programa muito amigável de gerenciamento de arquivos de áudio (audacity.sourceforge.net). Com o Audacity, fica muito fácil recortar uma parte de uma música e misturar com samples retirados de outros arquivos de som. O primeiro projeto de remix, chamado "Bimbala Bimbolo", tinha uma batida funk, um tambor africano e um vocal de desenho animado. Ficou parecendo uma música, uma música ruim, diga-se de passagem, mas ainda assim valeu a pena.
Como todo poeta de colegial, músico de porão e pintor de prancheta, eu logo quis mostrar a minha obra de arte aos amigos. Se você não tiver talento para remixar, vale a pena usar os samples do overmixter para testar a fidelidade dos seus amigos. Os meus disseram que estava o resultado era engraçado (nunca soube se engraçado era o fato de uma pessoa com ouvido torto como eu ter remixado alguma coisa ou o remix em si).
Passados alguns meses desde a minha primeira experiência, eu fiz outras coisas. Aprendi a usar alguns efeitos bem legais do Audacity como inverter um trecho de música, gerar o efeito de eco, de fade in ou fade out etc. É impressionante o que a lógica do CRTL-C/CTRL-V pode fazer com pedaços de áudio.
Vale a pena experimentar alguns samples do site do overmixter e com um programa de áudio como o Audacity em mãos começar a colocar uma coisa por cima das outras, a cortar e colar e a preencher os silêncios com efeitos dos mais diversos. Nada muito diferente do que se fazia nas aulas de artes plásticas no colégio. Ainda ensinam artes plásticas no colégio? Agora deveriam ensinar a remixar.
* Esse texto possui o único e exclusivo objetivo de mostrar às pessoas em geral as maravilhas do mundo do remix. Quanto mais pessoas tentarem remixar maior será a probabilidade da minha tentativa não ter sido a pior.
Eu escutei e achei que a base não virou nenhuma vez, não sei se era uma opção a repetição . Muitas vezes a gente escuta os djs acelerando as bases e depois virando isso é o mais comum , eu prefiro aqueles que conseguem virar com fluidez .
dudavalle · Rio de Janeiro, RJ 16/2/2007 03:11
No mais:
eu remixo
tu remixas
ele remixa
nós remixamos
vòs remixais
eles remixam
oi duda: o acaso faz a oportunidade. A base não virou? Pois então lanço aqui o meu manifesto contra a virada de base! Chega desse negócio de música com virada! Só quem vira é o Vasco em cima do Palmeiras e turista na orla de Copacabana! Músicas sem virada, unite and takeover!
Em tempo: a base não virou pelo simples fato de que eu não saberia fazê-la virar. A batida do remix surgiu de um recorte de um outro sample. Na próxima vez vou me lembrar disso. Valeu!
Adorei a abordagem! Amei o jeitão que o texto foi se desenvolvendo... me identifiquei horrores e tenho que admitir que no princípio olhei para o Overmixter e pensei: einh? Eu? Nããão... mas agora até fiquei com vontade! Se o objetivo era esse, deu certo!
O mais próximo que já cheguei de mexer com música foi brincar de compor no meu celular... risos... e não ficou bom!
Abraços!
Be sample I can be you can be we can be
Sampleia isso aih - jah cantava Fernanda Abreu nos idos dos 90
O pessoal segue loadiando nos 00 , uns dias uploadiando outros dias downloadiando e quase sempre remixando
muito bom o texto! 'importei' (remixei?) lá para a seção de tutoriais de cultura digital do site do MinC (www.cultura.gov.br), pode ser? abraço.
josemurilo · Brasília, DF 16/2/2007 15:18
9 - BE SAMPLE
Fernanda Abreu / Chacal / Fabio Fonseca
play it again, sam
sampleia isso aí
o que se faz a pé
de carro se faz mais rápido
o que grita ao olho
na tela se agiganta
o que passa na cabeça
ao sample se assemelha
be sample
who can be
i can be
you can
be simple
you can be
i can be
to be can be
sample in the jungle
simple like a window
simples como um clips
sample in a mumble
simple like a needle
simples como um níquel
be sample...
o caos can be sample
manaus can be sample
os maus can be sample
o cais can be sample
manuais can be sample
os mais can be sample
be sample...
Oi Ana: vale a pena tentar ir além das composições no celular. Eu usei o Audacity, mas tem vários programas que permitem esse tipo de brincadeira. A composição no celular não ficou boa? E quem disse que a minha ficou? Se outras tantas pessoas tentarem usar o site, quem sabe uma não descobre um talento adormecido?
E Zé Murilo, pode importar/remixar o texto para onde quiser. Ele tá licenciado em CC mesmo... Mas se for remixar, será que você poderia aproveitar e virar a batida? :) Abs!
Muito interessante o seu texto e acho que muita gente se identificou com ele.
Acredito que serviu de inspiração para uns e de incentivo para outros tantos.
Sou músico há 18 anos e há pelo menos 5 anos que trabalho como produtor musical aqui na área do sul.
Estou chegando aqui no Overmixter aos poucos e acho que essa idéia de compartilhar músicas,samples e afins é simplesmente das melhores.
A propósito...
Já fiz algumas contribuições na área da música para o Banco de Cultura do site e participo também do concurso BraSA com o Remix "Carnaval Eletrônico".
E...ah!...aproveitando ainda a deixa....
Passem por lá...
Ouçam os remixes participantes e deixem um comentário.
Com certeza vai ser de grande ajuda.
Valeu!
po, muito massa. Tanto na abordagem, quanto no idéia to texto. Fiquei interessadíssimo. ADD meu MSN aí, posso aprender com vc?
dewismaycon@hotmail.com
Abraços
Claro! Não seja por isso Dewis. Segue o folder resumido:
Curso de Produção Motivacional Estratégica de Remix
com o professor dansudansu
Programa do curso: 1. Cocktail de abertura; 2. Vencendo a Inércia; 3. Breve História da Música Eletrônica; 4. Breve História da Poluição Sonora; 5. Fundamentos de Otorrinolaringologia; 6. Diferenciando música do barulho da britadeira da obra no posto de gasolina ao lado da sua casa; 7. Cocktail de encerramento
Valor do investimento: R$ 2.500,00 (à vista ou x3 no carnê).
Fala C Dala: ouvi lá o seu remix. Tá excelente! Adorei a batida. Naquela parte dos sussuros eu acho que ouvi a minha falecida avó tentando se comunicar comigo. Por sinal, posso convidar você para dar umas aulas no curso supra anunciado? A hora-aula é baixa, mas o cocktail é bom! Parabéns!
dansudansu · Rio de Janeiro, RJ 16/2/2007 17:26
dansudansu....
Valeu ae o seu comentário sobre o Remix...que bom que vc gostou.
Agora...quanto ao convite para o cocktail...Cara...vai ser show...vamos lá então!!!
Anota ae o meu MSN:
dalabass@hotmail.com
Estarei aguardando por maiores informações.
Um abraço e parabéns pelo belo post.
Muito bom. Depois de ler isso aqui e ouvir sua grande experiência em remix, vou me arriscar tb. Quem sabe a gente não faz o curso aqui (desde que 50% dos lucros sejam meus, é claro).
Cara, seus textos são muito bem humorados! Adorei as dicas de namoro e a matéria do Criei Tive Como. Escreva mais!
Oi ilhandarilha (sensacional esse nome): estamos abertos à parceira! Mto legal vc ter lido os outros textos. O texto sobre como namorar no overmundo tem tudo a ver com esse do remix. Afinal de contas, tem coisa mais sexualmente apelativa do que um remix caseiro? Aqui na rua tá impossivel. A minha mulher já botou o armário atrás da porta! Abs!
dansudansu · Rio de Janeiro, RJ 17/2/2007 13:17remixar é correr riscos, jóia, tá estimulando muitas pessoas.
Alê Barreto · Rio de Janeiro, RJ 17/2/2007 16:44
bem legal, texto divertido!
fiz uma experiência sampleando um disco inteiro do Totonho (com a benção/autorização dele) e misturando com uns poemas - também sou poeta de colegial e produtor de quartinho. O resultado está em
www.myspace.com/duofabuloso
vou aparecer lá no Overmixter e ver os trampso da moçada daqui.
valeu!
bem legal, texto divertido!
fiz uma experiência sampleando um disco inteiro do Totonho (com a benção/autorização dele) e misturando com uns poemas - também sou poeta de colegial e produtor de quartinho. O resultado está em
www.myspace.com/duofabuloso
vou aparecer lá no Overmixter e ver os trampso da moçada daqui.
valeu!
Sou batuquerira de bongó, e o que gosto de fazer no momento e slide show bobos, para presentear. Mas vou remixar qualquer dia. Remixar um remix, bem remixado, que de remixmixturado, eu entendo.
Abraços!
Para comentar é preciso estar logado no site. Faa primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
Voc conhece a Revista Overmundo? Baixe j no seu iPad ou em formato PDF -- grtis!
+conhea agora
No Overmixter voc encontra samples, vocais e remixes em licenas livres. Confira os mais votados, ou envie seu prprio remix!