O que é o território brasileiro? Para quem está na frente de um mapa, seus limites são nítidos. Mas, quem já se aventurou pelas fronteiras do norte sabe bem o porquê do título desse artigo. Lembram da zebra? Cor sim, cor não. Pois é... Quem vê de perto, vê uma linha pontilhada, onde deveria ser contínua. O que vou dizer agora pode parecer exagerado. Pensem o que quiserem. Podem até achar que é mais um daqueles textos de quem caiu de pára-quedas na Amazônia. Mas uma coisa é certa, senhores: temo pela soberania do nosso país. E tenho meus motivos. Nossas fronteiras estão desprotegidas e nossos militares (muitos deles), corrompidos. Aliás, não só eles, como os índios, pesquisadores e jornalistas.
Trabalho com os índios desde 2001, quando decidi escrever um livro sobre jovens índios suicidas, na fronteira do Brasil com o Paraguai. Entre os muitos problemas levantados durante os quatro anos que estive lá, um deles, que aparentemente nada tem a ver com as causas do suicídio, foi a presença de paraguaios na reserva. Como nossos vizinhos têm origem Guarani, se assemelham muito com os índios da fronteira. Muitos saem de Pedro Juan Caballero e galgam um “pedacinho de terra” na reserva Francisco Horta, em Dourados, Mato Grosso do Sul. Eles passam despercebidos, são confundidos com os índios e acabam recebendo os mesmos benefícios.
Os Guarani e Kaiowá de Dourados elegem esse como um dos principais motivos para o afastamento da cultura ancestral e aculturação de seu povo. Os forasteiros invadem a aldeia, casam com as índias, vendem drogas, são atendidos pela Funasa e aparecem, desnutridos, no Jornal Nacional. Só mesmo os moradores da aldeia sabem quem é quem.
Viajando a outro extremo. Os índios de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, também reclamam da presença de forasteiros “índios”, na reserva de Cucuí. Eles conseguem, “no mercado negro”, adquirir a identidade indígena, que dá direito a várias regalias, entre elas, afrouxamento das penas e leis bem menos rigorosas. Mas, em Cucuí, o problema é ainda maior. Tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Venezuela, a região é proibida para brancos. Só trafegam por lá os militares, os índios e as pessoas por eles autorizadas. Coincidentemente, é uma das áreas de maior atuação das Farc na Amazônia. De grandes dimensões territoriais, a fiscalização é difícil e falha: a reserva se transformou em um corredor do tráfico. Uma via fácil, de mão-dupla, entre os três países. Longe, é claro, da fiscalização.
Os Batalhões de Selva vivem em alerta constante. Tabatinga, região conhecida como “a cabeça do cachorro”, inferno amazônida militar, vez ou outra, se vê em guerra com o narcotráfico. Se alguém comete um crime em Tabatinga e cruza a fronteira (que fica a poucos metros), está livre da lei. O que funciona, a partir daí, são as penas da guerra. Fora isso, muitos militares estão insatisfeitos, com medo e desfalcados. Se sentem “jogados aos leões”.
Mais para cima, na fronteira de Roraima com a Venezuela, região indígena de Auaris, a presença de vizinhos também é denunciada pelos Yecuana. Nômades, eles próprios têm parentes na Venezuela. Difícil é saber quem é índio de verdade. Também assolados por uma grave onda de suicídios entre jovens e crianças, os Yecuana dizem que tudo começou com uma planta, trazida por um parente do país vizinho. Dela, eles extraem o veneno que usam para se matar. O vai-e-vem na área é grande. Os militares, que também têm um posto ali, fazem o que podem. Mais uma vez, a fiscalização é falha. O território é imenso e a fronteira, imaginária.
Mas, nem só veneno e drogas, carregam os forasteiros. Muitos, vindos de vários países, se enfiam floresta adentro para cuidar dos índios, fazer negócios lucrativos e garantir permanência na Amazônia. Uma vez instalados legalmente dentro das reservas, eles estão longe da fiscalização pesada. Conseguem o que querem, dando ao índios em troca, um pouco da dignidade que o Brasil teima em fingir que não existe. Eliminam a malária, a subnutrição e levam, para fora, amostras de sangue, de orquídeas e minérios. Para eles, uma troca mais do que justa.
Mas existe um passaporte muito mais poderoso para a Amazônia. Uma grande parte das propriedades privadas da região já pertence a estrangeiros. Estão adquirindo parte da floresta, mesmo sem poder explorá-la. Qualquer semelhança com o processo histórico da criação do Estado de Israel é mera coincidência... apesar dos tempos serem outros. Pode parecer utopia, mas vale uma reflexão. Afinal, a melhor estratégia para se vencer uma guerra é se apoiar na história.
E se engana quem pensa que só os índios “caem no conto”. Alguns pesquisadores, desencantados com as políticas brasileiras para fomentação da pesquisa, acabam vendendo o estudo da vida inteira para empresas de fora. Dizem que é o único jeito de vê-las saindo do papel... e de ganhar algum dinheiro com a “descoberta”. Teorias à parte, sabemos que nossos pesquisadores andam muito bem nos grandes centros. Mas aqui, ainda sofrem com a falta de recursos. O Brasil fecha os olhos para onde o resto do mundo os abre.
Os jornalistas? Indiferentes a quase tudo isso. Tudo bem, nem tudo que eu disse aqui posso provar, como manda o figurino. E também, quase ninguém quer publicar. São anos de pesquisas, conversas, imersões em realidades alheias à que a maioria de nós está acostumado. Mas muitas eu posso provar, mas não me atrevo! Voilá...
Muito impressionada com esse texto, Talita. Ainda digerindo e pensando... Comento mais, mais pra frente. O que posso deixar já de antemão é que fiquei bastante curiosa com seu livro e acho que você podia dar as coordenadas para quem quiser encontrá-lo (estou supondo que ele foi lançado). Abraço!
Helena Aragão · Rio de Janeiro, RJ 18/4/2007 18:52Helena, ainda não lancei não. Nem sequer levei a uma editora. Estou esperando sair uma matéria que escrevi para a Trip e pegar uma carona na divulgação do assunto... Se quiser saber mais entra no meu site, lá tem um hotsite do Jejuka (o livro). O endereço é www.amazoncast.com.br. Beijo e obrigada pelo comentário!
Talita Bagnoli Ribeiro · São Paulo, SP 18/4/2007 20:59Sua matéria está magnanima, Talita. Concordo em tudo o você disse. O Brasil precisa tomar uma posição e fazer alguma coisa, o que temos no estado do Amazonas é vergonhoso para o Brasil, eu nunca vi nenhum político fazer ações concretas nessa região. Eu espero que, não só o Amazonas, mas todo o Brasil possa viver dias melhores.
João Cumarú · Recife, PE 21/4/2007 15:09
Muita coragem publicar um texto como esse, ainda mais se considerarmos que tu mesma assumiste não poder provar muitas das coisas que disse.
Quem mora aqui pertinho é que tem idéia de como é, mesmo que seja uma idéia embaçada, como a minha.
Parabéns pelo texto!
Tomara que o tema ganhe logo a "grande imprensa", embora este tipo de assunto infelizmente costume servir para um pequeno sensacionalismo, uma falsa disposição das autoridades em mudar a situação e um rápido esquecimento...
Marcelo V. · São Paulo, SP 21/4/2007 22:42Sensacional, Talita. Esse artigo é um dos pontos altos do Overmundo. E achei a foto sensacional, captura bem a idéia de desamparo e abandono.
Fernando Mafra · São Paulo, SP 21/4/2007 23:02É, quem passa pela Amazônia lança o olhar romântico, superficial, só quem realmente se aventura pelos interiores é q conhece a realidade, nem sempre bonita desse pedaço do BR. Vou aguardar o livro!
TAPAJÓS_Leandro · Manaus, AM 22/4/2007 00:01Maravilhoso. Aqui na Amazônia, enquanto o Brasil não decide se cuida da floresta ou do povo, ambos vão sendo extintos. Estou ansioso por seu livro. Parabéns.
Adriel Diniz · Porto Velho, RO 22/4/2007 00:09O q eu nao entendi eh sobre as etnias: um guarani paraguaio nascido no paraguai eh menos "indio" q um nascido no Brasil?
Roberto Maxwell · Japão , WW 22/4/2007 01:05
Roberto. Acho que a questão é que o Paraguaio é DESCENDENTE de guaranis que há um tempo não fazem mais parte fisicamente da reserva da qual tentam se infiltrar.
Eu sou descendente de indíos. Se fosse samba do criolo doido assim eu também poderia pedir uma parte desse bolo.
Entendi. Acho interessante este debate em relacao as etnias. Mas, o texto eh sobre fronteiras. Legal se vc, em outro momento, discutisse esse tema em outro texto. Abracao.
Roberto Maxwell · Japão , WW 22/4/2007 04:09Seria o máximo se eu entendesse melhor minhas raizes indígenas. A família do meu pai não liga muito para isso de registros, histórico familiar e tudo o mais. Assim basicamente eu sei que minha bisavó era neta de uma indía (e apesar de ter uma pele bem branca, seus traços eram claramente indígenas), e ficou por aí.
Fernando Mafra · São Paulo, SP 22/4/2007 04:15
Amigos,
é preciso redefinir imediatamente o papel das forças armadas no Brasil. Depois da ditadura, eles se recolheram aos quarteis e hibernaram. Pra que exercito no Rio , Sp, Minas, se eles sâo necessários nas fronteiras. È só reajuste de salários e mordomias, só. Combater traficante de cidade com tanque de guerra é no minimo piada...
Mandar todos pras fronteiras, equipados, e bem pagos. Aí sim a funçâo deles seria justificada.
Eu fiz um exercicio de mudança com o Novo Mapa do Brasil para 2015 que está no meu perfil, pensando neste problema tambem.
Se nâo cuidarmos disto alguem o farâ por nós. E eles nâo serâo nossos amigos...
Impressionante, Talita. O texto mais contundente que já li no overmundo. E assustador também. A gente fica meio sem palavras frente a uma realidade tão forte.
isaac_lira · Natal, RN 22/4/2007 14:53
Talita,
Conheço de perto o que escrevestes. Sou guia de turismo e, já tive a oportunidade de entrar no Brasil pelo quintal. Fomos a Cartagena das Índias na Colômbia e depois pegamos um avião para Letícia, na fronteira com o nosso país, lado Colombiano. Lá as FARCS mandam e desmandam. Ao atravessar uma rua, fui informado por um transeunte, em português que, me encontrava do lado Brasileiro (Tabatinga) e, que para continuar a viagem (até Manaus), seria de bom tom eu voltar até o aeroporto de Letícia para pegar um carimbo de saída da Colômbia. Não havia ninguém, nem nada que me impedisse de chegar até Manaus mas, por via das dúvidas fiz o que me foi sugerido. Até hoje eu tenho esse "mistério" no passaporte: carimbo de saída de um país estrangeiro sem ter o de entrada no meu próprio.
Valeu pelos comentários, pessoal! Tê, na verdade eu tenho sim como provar muita coisa. Mas seria um soldadinho contra um exército inteiro...
Desde 2005, já publiquei dois textos sobre o suicídio indígena. Mas o problema é tão dinâmico que já estão bem desatualizados. O mais recente vai sair na TRIP de maio. Uma matéria grande e cheia de histórias. Quem quiser entender um pouco mais o problema, vale a pena ler.
Marcelo, os paraguaios são sim descendentes de Guarani. Mas jánão preservam mais os costumes há décadas. Nossos Guarani ainda lutam pela preservação de sua cultura. É muito fácil conseguir fazer se passar por índio. O problema é que eles vêm reivindicar terras, recebem assistencialisamo, ao mesmo tempo que levam violência, doenças e drogas para dentro da reserva.
Aliás, quem é índio no Brasil? Fernando, torço muito para que consiga encontrar suas raízes indígenas. Inclusive, se todos nós fizermos isso, nosso país não terá terras suficiente para dividir com todos os "índios"... Brincadeiras 'a parte, esse não é um problema tão simples quanto decidir quem entra nas cotas de uma universidade. Diz respeito 'a soberania do nosso país.
Isso que o Marcelo colocou é realmente o que acontece. Fiquei chocada com sua história. Mas, pelo menos vc tem um carimbo... A maioria das pessoas passam despercebidas. Quando vamos acordar??
Também acho uma loucura colocarem as forças armadas para controlar o crime nas cidades, enquanto as fronteiras ficam a revelia.
Seria, no mínimo, mais lógico vigiar as fronteiras para evitar a entrada de drogas e armas do que esperar ambos entrarem no país para aí sim tentar combater os bandidos.
sensacional... a gente ate imagina que isso tudo, de fato, acontece na regiao norte, mas ninguem parace muito interessado.... bom demais!
ps: a crianca da foto e india mesmo ou e paraguaia?
Sem palavras Talita! Bem vinda a somar.
Posso acrescentar em Tabatinga uma modalidade de tráfico de órgãos onde o termo "barbárie" soaria ameno... além de algumas comunidades na região onde igrejas evangélicas com pastores vindos dos Estados Unidos construíram escolas cujo conteúdo dos livros está em inglês (Surpreso? Eu não. Não é mais novidade... mas não se preocupe, nenhum político vai ter peito para denunciar isto).
Escrevi no Overmundo um texto sobre São Gabriel da Cachoeira onde falo da cultura indígena no meio do turbilhão de forças trazidas com o modo urbano de vida: Exército - Igreja - Política/ Cultura do Branco, quem quiser, clica aqui
Inicialmente, vou apenas fazer um comentário sobre o ponto de vista do colega Peninha... já que ao viajar por este Amazonas, descobri que o exército tem muito mais a contribuir ficando enquartelados mesmo ou não interagindo com as populações tradicionais. Quanto mais os militares ficarem quietos, na sua, menos atrapalham: Patrulhamento, e só.
Talita, como estamos perto vamos fazer m intercâmbio de livros? Estou muito curioso! Heheh te dou um meu.
Volto a comentar depois, este é um tema o qual preciso respirar fundo... testemunhar um adolescente indígena suicida enforcado em uma árvore, e saber que, meses depois em São Gabriel da Cachoeira após muitos outros suicídios, houve uma passeata para conscientizar a população de que suicídios de adolescentes não são uma coisa normal... é difícil.
Abraços!
"...já que ao viajar por este Amazonas, descobri que o exército tem muito mais a contribuir ficando enquartelados mesmo ou não interagindo com as populações tradicionais. Quanto mais os militares ficarem quietos, na sua, menos atrapalham: Patrulhamento, e só."
Me perdoe, não sei qual sua idéia de exército, soberania nacional, etc... mas ficar aquartelados ou fazer Patrulhamento?
Eles devem ficar quietos, na deles...???
Não entendi nada, nada.
Mario, o problema de nossas fronteiras vai muito além da localização dos militares. Está tudo errado. As fronteiras estão todas em terras indígenas. Sendo assim, só é permitida a entrada dos militares e dos próprios índios. Quem são os índios? Ninguém sabe... Os militares são insignificantes para o tamanho da fronteira. O que implica em quase nenhuma fiscalização.
Ah! E tem também o assistencialismo. Esses também entram nas reservas. Como o Yussef falou, cartilhas em inglês e índios que falam francês não são mentira. São fáceis encontrar. Em São Gabriel da Cachoeira é onde fica a reserva indígena de Cucuí, tríplice fronteira entre Colômbia, Venezuela e Brasil. A população do município é 90% indígena e 10% militar. O suicídio também já chegou lá. Só acho que tem coisa bem mais importante para nossos militares fazerem do que ficar de "bubuia". Precisam parar de ver a Amazônia como um zoológico étnico, como fazem a maioria dos brasileiros.
Ah! Guilherme. A criança da foto é índia. Nem fala português, só guarani. Essa foto foi tirada na reserva de Dourados, em 2004. Uma das irmãs dela tinha se matado na ocasião. Agora, não temos como saber se o pai é índio ou paraguaio... Só sei que ela está viva. E já fala português. Eu fui visitar ano passado...
Talita Bagnoli Ribeiro · São Paulo, SP 23/4/2007 00:03Talita, estou ainda sem palavras... o texto é um soco no estômago!Que realidade mais louca e tão submersa na Floresta... Vc q tem acompanhdo tão de perto e por um bom tempo, tem alguma idéia do por quê, das razões que tem levado os adolescentes indígenas ao suicídio?
Ise Meirelles · Salvador, BA 23/4/2007 16:14Talita, o texto está muito bem costurado. Muito bom de ler. E que historia! Todo mundo sabe que as regioes de fronteira, especialmente a regiao norte, tem uma fiscalização inexpressiva. Mas essa problematica dos índios, eu desconhecia. Excelente recorte. Abraço!
FILIPE MAMEDE · Natal, RN 23/4/2007 17:02
Talita, para ser diretão:
a) A escravização do indio mereceu 3 ou 4 bulas papais: a primeira a condenado; depois mais ou menos, (se enchesse a pança do cristianismo)... Até que surge em escala de comercio internacional a escravização do negro. Voce pensa que acabou? Foram mais de uma duzia de leis e Cartas régias proibindo aqui, tolerando acolá: revogando em parte, no todo ou parte, até o fim da lavoura disto ou daquilo, etc. E nunca acabou...
b) E o negro brasileiro? Terá solução para o índio, sem solução para o negro?
c) Historicamente o intelecutal brasileiro condena isto ou aquilo, (de Rondon, Darcy Ribeiro, os Vilas Boas, etc)
Nos falta conjuntamente propor SOLUÇÕES,
das proposições poder-se-á formar movimentos; sem envolvermos o povo, parcela deste, necas. A soução para o indio e ou o negro nao partirá da figura do Estado, antes terá de envolver a sociedade, ... desculpe-me nao conhecço seu livro, claro, se nao figurar a "Soluçao", talvez haja tempo, um abraço, andre
Olá, Peninha.
Minha declaração pode ser melhor compreendida neste texto aqui.
Não me entenda mal, mas o que você talvez não entenda é que a "soberania", no meu conceito, é um termo totalmente voltado para os indígenas nestas áreas, talvez por isso, você só entenda o conceito "soberania" no que diz respeito a sua cultura e noção de pátria, ou seja: Exército, soldados que não garantem nada e causam mais transtornos do que ajudam. Aqui é muito diferente... e as noções são outras.
Preciso observar que minha idéia de exército é a suficiente para, a cada viagem pelo Amazonas, me orgulhar de ter conseguido providenciar minha entrada no "excesso de contingente".
Nossa soberania é mais ameaçada pela ignorância dos próprios brasileiros do que pelo número de militares nestas áreas, a maioria uns etnocêntricos que chegam ao Amazonas com a mentalidade de colonizadores, que ficam contando os dias para voltar enquanto abastecem seus bolsos com os adicionai$$$ por conta de morarem no "inferno verde" .
Desculpem, não vou mais comentar... este é um assunto que, pelo que presenciei, definitivamente, não desperta meu lado diplomático. Apenas insisto para que todos resolvam vir aqui desprendidos de todos os conceitos para reaprender a olhar o país, é o único jeito de criar uma discussão visando o melhor.
Abraço a todos.
Poxa Yussef... eu sei o que vc quis dizer. Também concordo que o problema maior é o posicionamento dos militares... mas mantê-los longe das fronteiras não vai ajudar também. Conheço a realidade que vc descreveu, com muita propriedade em seu texto (excelente, por sinal), mas há de ter uma solução. Afastar os militares é tapar o sol com a peneira. Assim como acontece quando fechamos os olhos para a guerrilha, as fronteiras e a questão indígena. Este é um espaço de discussão... acho saudável que cada um exponha a sua realidade. É muito difícil analisar uma realidade como essa, tão longe da maioria dos brasileiros... vamos falar mais sobre isso?? Como estamos pertinho, acho que arrumamos um bom papo para um happy hour né? rs
Bom Filipe, na verdade, o suicídio indígena acontece, como "epidemia" desde 1995. Desde meu primeiro estudo, já identifiquei mais de seis etnias no Brasil que sofrem do mesmo mal. Para os índios não é um suicídio e sim, homicídio, já que eles acreditam sempre que forças ocultas levam as crianças a cometê-lo. Mas esse é outro texto! Se deixar, eu me empolgo falando disso... Leia o texto na TRIP de maio, é o mais atualizado. Se quiser saber mais, podemos falar por email também...
Talita, me desculpe o uso de sua espetacular matéria para postar este contra-comentário ao colega Yusseff, mas
se não dá ele pra ser diplomático aqui, é melhor realmente não comentar.
Amigo Yusseff,
Primeiramente : minha noção de pátria é muito nobre e altruista;
Segundamente: Não sei sua idade ou o que já passou nesta vida: se tem a idade de ter padecido os males da ditadura, eu talvez o entenda este ponto de vista, apesar de não concordar.
Nosotros que tivemos que conviver com os tempos de mando dos militares sabemos do que são capazes. Eles somente não, todos que se embriagam de poder, sem exceção. Taí o PT que não nos deixa dúvidas.
Mas discordo frontalmente de voce, sendo diplomata ou não, da necesidade da presença do exército na área. A distoante pode ser o modo de agir de alguns fardados. Mas para estes existem outros que pensam e agem de modo mais patriótico, nacionalista e justo.
Nada como um banho de rigor da lei para resolver qualquer ato menos digno.
Mas por favor, se quiser um dia conversar sobre minha idéia de soberania e "noção de pátria" terei muito prazer em me dissolver em pensamentos mais elevados do que somente Exercito e soldados. Até lá, por favor, não faça juizo adiantado do que penso.
Peninha, eu acho bacana essa discussão! Fiquem muito à vontade!! Afinal, aqui é o lugar dos debates... adoro ver gente inteligente discutindo. Sempre acrescenta! beijão
Talita Bagnoli Ribeiro · São Paulo, SP 23/4/2007 22:08
Eu te entendi Talita.
Apenas acredito que a solução justa é impossível diante do quadro atual, e isso é o que mais me incomoda. No mais, não quero polarizar a discussão, isso empobrece o espaço.
Quanto ao rigor da lei... não precisa, ele já existe e se eu bem conheço nosso sistema judiciário, o rigor se soma ao vigor da igreja, exército e política em uma direção já conhecida...com as vítimas em vias de extinção, embora homenageadas no dia 19 de abril.
Vou deixar o espaço das próximas mensagens para alguém mais otimista.
Aguardo ansioso o livro.
Estou impressionado com o que lí... Todos os dias me deparo com notícias de regiões como esta mas nenhuma tão chocante como a que acabei de ler. É nessas horas que eu sempre penso, o que acontece nesse país que as pessoas são tão cegas ou sei lá o que ao ponto de não ver a realidade que está estampada nas ruas, nos jornais, nas redes de transmissão que levam a sério a denúncia e nçao fazem nada? Será que temos de vivenciar a desgraça para começarmos a entender que se não nos unirmos, esse show de impunidade sempre vai se repetir até o dia em que seremos sufocados por pessoas de outros países ditando o que devemos ou não fazer? Na verdade até isso já acontece indiretamente.... Mas o que me dói sempre de ler, ver, vivênciar é que tudo depende de nosso simples querer, mas parece que estamos de rabo preso não imagino pelo o que, mas que simplismente ficamos sentados vendo as coisas acontecerem e chingando e imaginado formas de tentarmos resolver as coisas.... Temos de começar a arregaçar as mangas e colocar a mão na massa como a Talita e outros, pois estes sim são herois em nosso país... recalmar sempre foi a parte mais fácil de se fazer... mas e a proposta de mudança? e a coragem de arriscar? Espero que nos que lemos esta informação dada pela Talita saibamos que em parte tudo isso que esta acontecendo é nossa culpa... pois a parte fácil da história é pagar os impostos e ficar revoltado com as bombas que lemos e vemos no dia a dia e dizer que eles ou aqueles que tem que resolver os problemas... mas se não tem quem exigir a coisa vai continuar desse jeito mesmo... Me desculpem todos pelo meu sermão da montanha pois não sei o que cada um faz de sua vida e nem tenho q dizer o que devem ou não fazer... mas é porque estou cansado disso e estou de mangas arregaçadas e começando bem devagar a tentar mudar uma realidade que talvez nunca venha existir com deveria... mas pelo menos espero chegar mais próximo de algo menos injusto... Fica aqui um parabéns pelo texto e aguardo pelo livro...
Jão · Itabira, MG 23/4/2007 22:34Muito boas suas reflexões, Talita.
Paulo José · Alto Paraíso de Goiás, GO 24/4/2007 10:43
Excelente !!!
Fiquei de ler uma segunda vez, o tempo passou e finalmente fiz uma busca e consegui achar.
Abraço,
Valeu pessoal! Espero que minhas reflexões sejam comuns àqueles que gostariam de mudar alguma coisa...
Talita Bagnoli Ribeiro · São Paulo, SP 20/5/2007 23:28Para comentar é preciso estar logado no site. Faa primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
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