O cantor e compositor Odair José anda eufórico nos últimos meses. Está lançando Só Pode Ser Amor, disco de nº 32 da trajetória dele. É uma aposta de retomar a carreira de forma mais estruturada e está saindo um mês depois de chegar às lojas uma homenagem vinda do rock independente com convidados ilustres do pop nacional, como Paulo Miklos, Zeca Baleiro, Pato Fu e outros (Vou tirar você desse lugar - tributo a Odair José, Allegro Discos).
Odair desmancha-se em elogios especialmente ao que fizeram das músicas dele o grupo mineiro Pato Fu e o titã Paulo Miklos, que cantou a faixa-título do tributo. Os discos têm servido também para uma nova e mais profunda revisão crítica da obra desse goiano de Morrinhos que passou à história como cafona. Ou deixou de passar à historia, na visão do historiador Paulo César Araújo, que escreveu um livro analisando artistas como Odair e sua época, os anos 70, um tempo de rito de passagem na ordem política e social do Brasil (Eu Não Sou Cachorro Não - Música popular cafona e ditadura militar, Editora Record).
Na longa conversa que teve com Overmundo, por telefone, de sua casa na Granja Viana, refúgio dos artistas na capital paulista, Odair José reavaliou a carreira, mostrando-se feliz com a volta ao circuito musical ancorado na indústria do disco. O inevitável rebobinamento de sua criação serve de mote também para Odair José atacar a postura da crítica musical. Diz que o termo brega “nunca” o incomodou porque foi inventado na última década para estigmatizar o que estaria fora da órbita pessoal dos críticos. Falou como foi ficar afastado da mídia nos últimos anos, a volta aos poucos à cena (poucas e escolhidas vezes, por exigência própria, diz), relembrou passagens marcantes dele e de seus pares da MPB e anunciou ainda a intenção de gravar um DVD. Confira os principais trechos da entrevista:
Como é receber uma homenagem dessas de uma geração que praticamente não conhece sua carreira?
A primeira reação foi de susto, saber que queriam fazer esse tipo de coisa. Eu não pensava que a obra merecesse tanto. Principalmente porque é uma releitura por quem foi feita. Segundo, me senti muito lisonjeado. De certa forma, é um passo a mais dentro do trabalho da gente. Veja bem, queiram ou não, vai ser sempre uma coisa nova para esse público que não conhece, como você disse, o trabalho do Odair José. Isso aí não é o todo; são quase 500 músicas gravadas, mas já é alguma coisa né? É um recorte interessante. Fico surpreso por exemplo com o que o Pato Fu fez com Uma Lágrima, que é parte da minha ópera-rock.
Você conseguiu fazer essa ópera-rock como queria? Porque ela não teve muito sucesso à época...
Como queria fazer a gente não consegue... Isso foi um disco lançado pela BMG, por volta de 79, o que já foi um erro porque era para ser um álbum duplo e saiu em dois discos separados. Quebrou o conceito, da ordem da coisa e tudo. Mas a gente fez teatro, fiquei um ano fazendo teatro com uma produção do Guilherme Araújo. Foi mesmo um grande sucesso, diria até que foi um fracasso. Mas a nível de mídia na época foi bom, saiu muita coisa. Nem tanto positiva porque as pessoas achavam que o Odair José não devia fazer aquilo. Mas eu fiz mais como uma coisa de músico, o músico queria fazer.
Os seus fãs não entenderam? Porque hoje esse disco é relíquia, não?
Na época foi "pô, por que ele foi fazer isso?", não entenderam. Acharam que eu estava querendo jogar fora aquilo que era o popular, como se diz, a coisa simples, popular, para tentar atingir uma coisa mais sofisticada, o que nunca passou pela minha cabeça e nem o trabalho da ópera-rock era sofisticado. Aliás, ópera-rock foi um nome que era apelido deles, dos jornalistas, porque para mim ele chamava-se apenas O filho de José e Maria e nada mais. Eu nunca disse que era uma ópera-rock. Eu gostava até mais do nome original, tem mais a ver com as histórias de bordel. Na verdade, é uma história cantada em música do princípio até o fim. O seguimento da vida de uma pessoa. E essa releitura do tributo com o Pato Fu, que gravou Uma lágrima, achei fantástica.
Seu novo álbum está saindo por uma gravadora de médio porte, o que significa isso na sua carreira agora?
Significam quatro obras. Porque tem um DVD no meio. Esse novo disco é um trabalho que lembra muito aquilo que as pessoas de um modo geral identificam no Odair José. É o primeiro disco que está saindo pela Deckdisc por um contrato de três anos.
Este DVD será lançado este ano?
Olha, eu já deveria até ter feito um DVD, porque DVD já faz parte do mercado faz tempo. E eu não fiz exatamente por isso, para fazer, tem que fazer direito. Tudo na vida tem que procurar fazer direito. Eu nem sempre consegui fazer as coisas muito direito, com essa preocupação. Mas agora, no contrato, a empresa colocou isso como risco de contrato, vai se fazer. Não sei quando, mas vai fazer. Agora, o disco está saindo agora, saiu promocionalmente, parece aí que para o final de janeiro, princípio de fevereiro, o pessoal está correndo com um CD promo.
E você volta lançando um disco com poucas músicas próprias, por quê?
Eu só tenho duas músicas no disco. Por incrível que pareça, pela primeira vez eu só tenho duas músicas minhas num disco meu.
Tem composto pouco?
Não exatamente, eu sempre fui um compositor que canta. Eu me considero mais um repórter musical do que compositor. Eu faço a reportagem e devolvo aquilo em nível de melodia. Mas nesse disco eu só gravei duas porque eu ouvi muita coisa. E de repente as coisas que eu estava ouvindo tinham mais a ver com as coisas que a gente queria do que as que eu estava escrevendo.
Quer arriscar um repertório diferente do seu?
Não, o disco está muito a minha cara, mas é que lancei discos nos últimos anos que deram muito certo. Fiz um junto com Os Fevers em 99/2000 e depois o Passado e presente, que tem seis canções inéditas que acabaram não tendo a repercussão que elas mereciam, acho. Então tem coisa de dois anos que eu não gravava nada inédito. O que tem no mercado é muita coletânea minha. Eu quis um lançamento novo porque as coletâneas são muito repetitivas, o repertório é sempre o mesmo. Engraçado, eu tenho mais de 400 músicas gravadas e os caras repetem sempre aquelas vinte músicas em coletânea. É uma tristeza.
Os seus primeiros discos estão em poder de qual ou quais gravadoras?
Da CBS, que hoje virou Sony-BMG. Tomara que junte tudo numa só, que fique tudo num lugar só.
Mas muita coisa disso não está reeditada, imagino.
Pois é. A gente tem conversado ultimamente sobre a hipótese de lançar isso em caixa. Fazer um acordo com a empresa. Na verdade, o meu trabalho está na Sony, na Universal, na EMI, alguma coisa na Som Livre e na Warner.
Mas aí é mais complicado de negociar por serem gravadoras diferentes, não?
São, mas eu tenho umas pessoas que estão pensando em fazer uma caixa no original. Eu acho complicado, mas é bom. Porque o original, pelo menos umas 100 ficaria bacana lançar em caixa, mas lançar no original, como foi gravada. Tem de ver se ainda se consegue convencê-los disso.
Como foi para você manter a carreira afastado da mídia nos últimos anos?
O negócio da mídia funciona assim: a gente faz televisão, toca o disco no rádio, o rádio realmente toca aquilo que ele acha que deve tocar. Você não pode mudar isso. E a gente, depois de certo tempo, eu estou aí com 35 anos gravando, trabalhando, você não pode ficar todo ano ali "olha, eu tô aqui de novo". No meu modo de ver, acho que chega uma hora em que a pressa e a quantidade não são importantes. Eu acho que chega uma hora em que você até cansa as pessoas do que você faz, da sua imagem. Eu pelo menos penso assim. Eu nunca vi o disco anual como uma regra. Acho que você pode ver até a fazer como eu fiz, todo ano um disco em determinada época. Mas acho que ele pode vir a ser de dois em dois anos, por que não? Acho que você tem de fazer quando tem um produto bom. E esse período fora de mídia, você até é convidado. Eu mesmo às vezes não vou porque acho que não tenho nada para fazer lá.
Você tem recusado convites de TV?
Às vezes sim. O que eu vou fazer lá? Cantar A Pílula? Isso eu não tô a fim de fazer. O dia em que eu tiver alguma coisa que eu acho que valha a pena ir, eu vou.
O disco novo entra nesse caso?
É... a gravadora vai correr atrás, eu vou correr atrás. O Tributo ao Odair José é uma coisa móvel. Que eu de repente estou sendo convidado para ir e eu vou. Talvez com uma pessoa ligada ao projeto, uma banda, enfim, fazer uma pescada, como eu me identifico melhor e de repente fazer um show junto com o pessoal. A mídia é um pouco disso, na minha cabeça você tem de ter um motivo para você estar na mídia, até porque a própria mídia acho que funciona melhor dessa forma.
Um disco como esse recoloca em discussão o tema do brega, o que acha disso?
Eu vejo, eu leio, até entendo que exista o negócio, esse tipo de composição, de músico, de cantor como queira, que faz um trabalho menor e tal, acho que isso sempre houve. E como o [historiador] Paulo César coloca no livro dele [Eu não sou cachorro não - Música popular cafona e ditadura militar], e também no negócio que ele escreveu aí no encarte do tributo, existe uma valorização maior às vezes de determinados tipos de música, a música mais trabalhada. A MPB que eles falam existe, mas eu, quando fiz sucesso, nunca reparei nesse negócio de ser brega ou não. Não sei se porque o que eu sei fazer é isso, é o que fiz em minha vida toda e é o que eu gosto de fazer. Não quer dizer que eu não goste de outras coisas. Eu sempre ouvi muito de tudo. De clássico a rock, baião, moda de viola, mas não quer dizer que o fato de você ouvir faça você ter capacidade para fazer. Acho que o grande talento do ser humano é procurar fazer aquilo em que ele realmente é competente.
Esse termo o incomoda?
Não, não me incomoda.
Nunca incomodou?
Não, porque ele não existiu sempre. Esse negócio do brega, para mim, na verdade, é um adjetivo novo, de dez anos para cá...
Recente?
É, na minha época não tinha isso.
Como assim?
Não, eles usavam, as pessoas falavam, mas eram mais termos como "cafona", os adjetivos eram diferentes. O adjetivo na verdade, no meu modo de ver, ele prevalece, ele define para quem está dando o adjetivo, quem está adjetivando a coisa, então é você que está dizendo. Aquilo que você está se referindo como brega, pode não se achar. O brega, na verdade, foi dado como uma coisa de mau gosto. Na verdade, não é. É pejorativo. O brega tem mais aquela coisa do puteiro, não é verdade? Eu acho que nasceu um pouco daí. O que é o puteiro? Eu vou lá no "brega", o brega aqui era um puteiro, a zona. E que tipo de música se consome naquele ambiente? Ah, o Odair José toca muito lá. Ah, então, o Odair José é brega. Acho que veio um pouco disso, dessa associação. Depois ficou a coisa do gosto, o brega é o mau gosto. Gosto é o gosto de cada um. Eu acho que a associação do brega vem daí. E não me incomoda. Aquela música Eu vou tirar você desse lugar fala de uma prostituta. Se a gente for analisar do ponto de vista histórico, temos artistas hoje que foram enormes sucessos na década de 70 e que no entanto são execrados pela mídia.
Zezé Di Camargo e Amado Batista atualizariam esse raciocínio ?
Quando eu cheguei ao Rio de Janeiro, saí de Goiânia e fui para lá porque era assim que funcionava. Ainda hoje é um pouco assim. Hoje já se permite você fazer o sucesso e morar em Goiânia. Aliás, eu morei um tempo aí e não devia nem ter saído, estou a fim de voltar. Mas quando comecei o meu trabalho, quando eu estourei mesmo em 1972 com a música Eu vou tirar você desse lugar, eu tive muito acesso à mídia escrita. No rádio eu tocava a toda hora. Eu, junto com outros artistas, como o Roberto Carlos, os caras da evidência na época. Quando você é o cara da evidência, você faz parte da programação de rádio, você faz parte daquilo senão o cara não tem audiência. Então, eu fazia parte disso. Na televisão, eu tive inclusive um contrato com a TV Globo, fiquei dois anos contratado, eu tinha a obrigação de aparecer quatro vezes no mês e ganhava por isso. E a mídia escrita, a revista e o jornal falavam muito do Odair José. Eu não tinha esse problema de não estar ali. Eu não me lembro bem se as pessoas diziam se aquilo era ruim ou era bom.
Mas hoje os jornais do eixo Rio-SP não dizem nada de Zezé Di Camargo e Amado Batista
O que a mídia muitas vezes não deu a mim, ou talvez não dê ao Zezé e ao Amado Batista, é de parte da imprensa escrita por causa das pessoas que escrevem. O Zezé não tem problema de tocar no rádio, hoje ele é o cara que toca no rádio, o cara do rádio precisa dele, o da TV também, esse tipo de coisa ele não tem. O problema do escrito aí é o cara que escreve que não gosta daquele tipo de música. E dá a opinião dele tentando formar uma opinião pública, mas geralmente não consegue. Se você pegar por exemplo um Tárik de Souza [crítico do Jornal do Brasil], ele vai dizer que o trabalho do Zezé di Camargo não presta. Quando na verdade o Tarik fala a opinião do Tarik e nada mais. E olha, ele é meu amigo, mas ele fala para um segmento que o Zezé nem está preocupado em conquistar, é mais elitizado. Eu nem tenho procuração do Zezé para falar isso, mas eu quando fiz sucesso, acho que a parte escrita me tratou melhor do que tratou os dois a que você se refere. Mas infelizmente hoje é assim, uma parte da mídia escrita, que faz a coisa mais elitizada, que procura formar uma opinião de que só o Chico Buarque é bom, só o Caetano Veloso é bom, existe esse tipo de gente otária. O Chico Buarque é bom? O Chico Buarque é ótimo, mas o Zezé di Camargo também é ótimo. Você, como crítico, tem de saber ver isso. Quando os Beatles apareceram, o norte-americano que gostava só de jazz não foi aos jornais dizer que os Beattles eram uma merda. Foi ao jornal dizer que o cara era bom naquilo que ele estava fazendo. E é isso que o crítico às vezes no Brasil não faz.
É uma cegueira então?
É uma cegueira. Como crítico, você não é obrigado a dizer que gosta do meu trabalho, mas também você não tem o direito de querer formar a cabeça dos outros sobre o que você gosta. Acho que você tem de informar, não querer formar a opinião.
O encarte do tributo traz uma foto sua com Caetano Veloso. Que encontro foi esse?
Eu fiz um show com o Caetano Veloso aqui em São Paulo em 1973. Nesta foto, estamos sentados numa mesa de uma casa no interior de São Paulo, não sei se Piracicaba ou Sorocaba. Eu fui do Rio de Janeiro até lá onde ele estava passando uma temporada, numa casa. No momento dessa foto aí eles estavam se reciclando, passando um tempo na casa de um amigo, descansando mesmo. Essa foto foi uns quinze dias antes do show que a gente ia fazer no Anhembi. Eu sentei e a gente estava conversando sobre o que cantaríamos juntos. E eu estava mostrando para ele alguma coisa, não me lembro da música mais. Lembro que nessa passada de violão eu cantei para ele algumas coisas que ainda não haviam sido lançadas em disco e ele falou que a música da pílula ele não cantaria...
Foi nessa época que a música foi censurada? Você a mostrou para ele antes?
Ela já tinha saído. Era uma coisa que estava na moda. Ficou pouco tempo no ar, a censura dela foi muito rápida. Ela saiu e com um mês nas rádios acabou proibida. Ele falou "Pílula eu não canto". Esse encontro foi isso, nós fomos cantar no Anhembi. Agora nesse encarte tem umas coisas interessantes. Tem uma foto, e eu nem sabia, que sou eu e um cara que produziu a minha ópera-rock, um cara ligado à bossa nova, o Durval Ferreira.
O Durval do Tamba Trio?
Exatamente. É o Durval Ferreira, um dos maiores violonistas da bossa nova. Aí entra outra ironia da crítica, o cara pega um disco como esse meu, mete o pau e não vê que quem estava tocando violão e guitarra era o Durval Ferreira. Então diz que é uma merda, como pode ser uma merda se é o mesmo cara que ele curte na casa dele e não se cansa de elogiar no jornal? O Durval Ferreira foi o produtor do disco, foi quem me contratou para fazer o disco. Para mim foi uma surpresa boa ver ele aí. Eu não sei onde o Sandro arrumou essa foto.
É verdade que os Titãs fizeram uma música para você, qual?
Nós ameaçamos vários trabalhos juntos. Inclusive, o Marcelo Fromer, antes daquele acidente que o matou, estava projetando ele mesmo fazer um disco comigo. E a gente ia sentar para organizar tudo e aí ocorreu aquela tragédia. Sempre fui próximo deles, principalmente do Marcelo, do Paulo [Miklos], da banda toda, mas desses dois de um modo mais especial. Eu fiz um disco para a Universal chamado As minhas canções, meio que acústico. Eles chamam de acústico, o meu trabalho sempre foi acústico, então para mim continua sempre do mesmo jeito. Nesse disco eu gravei uma música inédita de autoria do Paulo Miklos, Arnaldo Antunes e Marcelo Fromer, chamada Baby.
Mas eles fizeram para você ?
Não exatamente, essa música existia e ninguém tinha gravado. Aí ela veio parar na minha mão. O diretor Marcos Pierre, da Universal falou, "Odair, eu tenho uma coisa inédita dos caras, quer ouvir?". Claro que quis né, aí rolou e gravamos. Mas eu nunca mais estive com eles. Quando eu resolvi fazer um DVD no início do ano passado, eu ia convidar o Paulo Miklos para cantar comigo, e engraçado que eu nem sabia que esse tributo ia rolar, fiquei pensando no Paulo porque ele tem um harmônico muito bom e imaginei fazer uma coisa de violão e voz com ele, talvez role ainda, quem sabe. Eu pensei também em chamar o Ney Matogrosso que gravou uma coisa minha uma vez [Cante uma canção de amor só pra mim, do disco Bandido], o Leonardo, que gravou com o irmão [Leandro] uma música minha também, Cadê você.
Direitos autorais lhe rendem bons proventos ainda?
Direito autoral, se fosse melhor renderia muito mais. Direito autoral é muito mal administrado. Não por quem administra, sei lá. O sistema é errado. O sistema permite muitas falhas, muitos desvios, quando chega na mão da gente, na verdade... Eu, como classe média, viveria dele, daria para viver, mas o direito autoral no Brasil tem muitos vícios, muita sonegação, a televisão não paga, as rádios não pagam tirando algumas exceções. As grandes rádios evidentemente não pagam porque 80% delas estão nas mãos de políticos. Político não paga direito autoral.
Mas o Ecad também não é nenhum exemplo de correção, é?
É um negócio complicado. Direito autoral vai para o Ecad, que arrecada, aí já manuseia a forma dele, dali vai para a sociedade, que manuseia da forma dela, é muita gente; para chegar nas mãos do compositor, que na verdade é o dono da obra, é o último que vê a cor do negócio, e já chega burilado sem ele burilar nada.
Como é a agenda de shows de Odair José hoje?
Olha, se quiser correr atrás do trabalho tem toda semana. Mas o que acontece é o seguinte, às vezes não é um trabalho com a qualidade que eu gostaria.
Você é muito exigente nesse aspecto?
Não é ser exigente. Tem de ter qualidade, ou pelo menos um valor que te permite uma mínima produção. Se não, não dá para trabalhar. Baseado nisso, eu poderia fazer toda semana shows, mas às vezes não se faz. Eu faço uma média de 50 shows por ano.
Tem previsão de lançar seu novo disco em show em seu Estado?
Olha, a gente vai fazer alguma coisa. Quando ele [o diretor da gravadora] vier com essa história de DVD vou sugerir que a gente faça no formato da [gravadora] Atração aí na capital. Montar a banda aí mesmo, só levar alguma coisa, algum complemento do Rio e São Paulo. A minha idéia era essa. Eu queria cantar com o Marcelo Barra [cantor goiano, contemporâneo de Odair em Goiás], que eu gravei no projeto Noites goianas [coletânea de artistas goianos], inclusive Saudade Brejeira, eu e o Carlinhos Borba Gato gravamos em 1981 [a música entrou na trilha do filme 2 Filhos de Francisco]. O Marcelo tinha gravado e eu gostei e gravei também. Quando eu pensei no DVD, pensei "vou convidar o Marcelo que canta muito bem para cantar comigo". Então, eu tinha essas idéias, vamos ver.
Parabéns Edson, delícia de entrevista!
Felipe/Tecnopop · Assis Brasil, AC 16/3/2006 20:45
Edson,
A qualidade da entrevista, retratam o teu profissionalismo e pode ser medida pela quantidade de acessos, avaliações e comentários!
A idéia de um site cooperativo é genial e só tem a ganhar com colaboradores como você!
Sucesso sempre!
Sandro Belo
Edson,
Me permite fazer duas pequenas correções ?
Onde o Odair elogia o que foi feito no Tributo em relação à Ópera-rock ele se refere aos nossos conterrâneos do Shakemakers e a releitura fiel e que ressaltou o lado mais rocker do Odair e não a versão do Pato Fu. Mas, claro em várias ocasiões ele, elogiou. também, a versão do Pato Fu para "Uma lágrima".
Edson... adoro entrevistas (boas). A sua está excelente. Como é bom ouvir artistas q naum aparecem na mídia 'botando a boca no trombone'. parabéns rodrigo teixeira
Rodrigo Teixeira · Campo Grande, MS 18/3/2006 09:57
Cantemos juntos:
Pare De Tomar A Pílula
Odair Jose
Já nem sei há quanto tempo
Nossa vida é uma vida só
E nada mais
Nossos dias vão passando
E você sempre deixando
Tudo pra depois
Todo dia a gente ama
Mais você não quer deixar nascer
O fruto desse amor
Não entende que é preciso
Ter alguém em nossa vida
Seja como for
Você diz que me adora
Que tudo nessa vida sou eu
Então eu quero ver você
Esperando um filho meu
Entao eu quero ver você
Esperando um filho meu
(refrão)
Pare de tomar a pílula
Pare de tomar a pílula
Pare de tomar a pílula
Porque ela não deixa o nosso filho nascer (3x)
Você diz que me adora
Que tudo nessa vida sou eu
Entao eu quero ver você
Esperando um filho meu
Entao eu quero ver você
Esperando um filho meu
Pare de tomar a pílula
Pare de tomar a pílula
Pare de tomar a pílula
Porque ela não deixa o nosso filho nascer (3x)
O que seria de mim, sem o Overmundo para desencavar essas maravilhas?
A entrevista parece boa, mas não acho que o Overmundo seja o melhor lugar para ela. Odair José é um artista que tem seu espaço na mídia tradicional (saiu uma entrevista com ele, há algumas semanas, em um jornal de grande circulação de São Paulo)&059; entendo que o papel do Overmundo é abordar a cultura alternatina.
Capi · Santos, SP 19/3/2006 00:40
Vou discordar de forma veemente, Odair nunca teve espaço na mídia tradicional. No auge da carreira até no programa do Chacrinha foi vetado. M[usica em novelas globais somente uma vez, na novela Cabloca de 1979.
Um lançamento de um selo independente fora do eixo Rio-São Paulo, com mais de uma dezena de bandas, também, do cenário independente não é relevante para o Overmundo ? O que será ?
A quantidade de acessos e votos comprovam a relevância do tema.
Parabéns mais uma vez ao Edson!
Discordo do Capi. A entrevista pode e deve ter espaço aqui, sim. Overmundo não tem relação de oposição à mídia tradicional, apenas soma. A boa convivência de ambas as mídias é bom para o leitor, que assim tem uma profusão maior de informações
Felipe Gurgel · Fortaleza, CE 21/3/2006 12:38Se a crítica à midia tradicional é de exclusão à cultura alternativa, uma via alternativa de acesso não deve compartimentalizar também. A graça do Overmundo é a divisão, em uma mesma página, de uma chamada para a entrevista com o Odair José e outra para um texto sobre uma banda de rock da Paraíba.
Felipe Gurgel · Fortaleza, CE 21/3/2006 12:41Tá legal, eu aceito a argumento de que o Overmundo não tem relação de oposição à mídia tradicional, apenas soma.
Capi · Santos, SP 31/3/2006 23:32
Oi! Já que vc fala de brega, vim pedir seu voto para o meu evento!
Obrigada!
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