Possivelmente poucos brasileiros conhecem a cantora brasileira Luciana Souza. Pois ela é uma das ilustres convidadas de Herbie Hancock no álbum de jazz River – The Joni Letters que ganhou no último dia 11 de fevereiro o prêmio Grammy de melhor disco de 2007. Notem que não foi o prêmio de melhor álbum de jazz, mas o de melhor disco do ano, desbancando astros da pop music e do rock. Não é pouco, pois isto é fato raro e surpreendente em um ambiente marcado pela música comercial e de péssima qualidade. De fato, é a segunda vez que o um trabalho jazzÃstico ganha o Grammy de melhor disco do ano. A outra vez foi em 1965 com o álbum de Stan Getz e João Gilberto Getz/Gilberto. Coincidentemente com a participação de um outro brasileiro que a partir daà transformaria os rumos da música popular no seu paÃs e no mundo.
A Bossa Nova reinventou a MPB, reoxigenou o jazz e lhe deu a beleza melódica de Jobim, Donato, Alf, Lyra, Menescal, Powell, Lobo,Valle, Eça, Blanco, Castro Neves e tantos outros. E, é claro, a voz, o violão e o singular modo de cantar de João Gilberto. Pois agora um disco de um renomado jazzista, que começou sua carreira tocando com Miles Davis, deu belas canjas em discos de Milton Nascimento e é um dos grandes mestres do jazz contemporâneo, leva o mesmo prêmio com um disco talvez tão revolucionário quanto foi Getz/Gilberto. Nele Hancock obtém êxito naquilo que muitos músicos perseguem: unir a sofisticação do jazz com o pop sem abrir mão de uma música de qualidade excelente. Não é algo simples. Na realidade é como juntar água e óleo. Apesar do pop flertar com o jazz desde que este deixou de ser uma música purista para absorver influências de vários gêneros musicais, a alquimia entre jazz e pop nem sempre deu certo, desagradando tanto a jazzistas quanto a consumidores de música pop. Hancock se saiu bem na sua empreitada porque une a sofisticada beleza de seus arranjos executados por excepcionais instrumentistas do quilate de Wayne Shorter, Dave Holland, Vinnie Colaiuta e Lionel Loueke à s vozes de cantoras populares no circuito do jazz como Norah Jones, Corine Bailey Rae, a própria Joni Mitchel (homenajeada e autora da maior parte das músicas), Tina Turner (Ãcone do rock belamente revigorada em uma das mais belas canções do disco) e Luciana Souza, a quem Hancock agradece a “habilidade e precisa navegação†em uma exaltação a sua performance tecnicamente perfeita e emocionalmente viajante na canção “Améliaâ€.
Mas quem é Luciana Souza afinal ? Nascida em Sao Paulo é formada em Composição JazzÃstica por Berklee e tem uma carreira sólida nos EUA. Já foi nominada ao Grammy como melhor cantora de jazz por três vezes (2002, 2003 e 2005) e já gravou e se apresentou com vários grandes nomes do Jazz. Apesar disto e de cantar muitÃssimo bem tanto em inglês quanto em português e, principalmente, música brasileira, Luciana é muito pouco conhecida no Brasil. Aliás ela até tentou carreira aqui, mas sem sucesso voltou à s terras do Tio Sam, onde foi melhor acolhida e hoje é considerada celebridade no meio jazzÃstico. Como João Gilberto e Jobim, Luciana em sua carreira ascendente também pode tornar-se um dos grandes gênios musicais brasileiros a triunfar no circuito da música jazzÃstica internacional. E aÃ, quem sabe, a reconheceremos no Brasil. Por enquanto seu desconhecimento por aqui parece ser fruto em parte da desinformação que brasileiros têm sobre a qualidade dos seus artistas mais talentosos no exterior e em parte por um certo desprezo por estes artistas fazerem uma carreira no exterior, o que revela um misto de xenofobia e preconceito.
Gyothobat, com todo o respeito, me permita discordar, em parte, da sua afirmação: "(...) seu desconhecimento por aqui parece ser fruto em parte da desinformação que brasileiros têm sobre a qualidade dos seus artistas mais talentosos no exterior e em parte por um certo desprezo por estes artistas fazerem uma carreira no exterior, o que revela um misto de xenofobia e preconceito".
Acho que a maior parte dos brasileiros está excluÃda de muitas coisas, sobra pouco tempo e recurso financeiro para dedicar-se a conhecer a carreira de artistas brasileiros no exterior.
Mas foi muito construtivo, vou buscar conhecer o trabalho dela, para aprender mais sobre os artistas de nosso paÃs.
Gyothobat,
Gostei da sua escrita, do seu escrito, mas concordo com o Alê. Acho até louvável a sua observação no sentido de que os que por acaso possam se interessarem mais um pouco. Mas ddái
à não querer não porque não. ... Tem duas coisas
a) não podererem, não terem condições de nada.
b) e tem os que não tem interesses, não terem gosto por isto ou aquilo.
Se eu lhe falar do mundo sofrido das artes cênicas, voce conhece muito menos que eu, então.
mas gostei do escrito,
andre.
Belo trabalho da Luciana, bem apresentado por tiGyothobat.
Tenho acordo com as ponderações de Alê e Mestre André.
Também muita produção em patamar até de excelência mesmo, aqui no Rio Grande do Sul, não é conhecida no Brasil ou além do que chamamos aqui de A grande Rua da Praia.
Nenhum destes que falo vendem cerveja com as pernas ou deu certo pra subir na vida.
Sem esquecer que jabá, na pós-modernidade, continua sendo o que já era no vetusto senado romano: jabaculê.
Não vão tocar no rádio...
BELO TEXTO A- PARABENS
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Vou procurar o trabalho de Luciana pra poder comentar!! Não conhecia. Realmente só é divulgado com tanta insistência o que não nos faria falta alguma!!
Temos que engolir tanto "babado novo" rsrsrs
Parabéns pela matéria!!
Quero fazer algumas ressalvas à afirmação assinalada pelo Alê:
Admito que não se pode cobrar conhecimento do trabalho de artistas brasileiros no exterior quando existem tantos bons artistas aqui no paÃs, ainda não reconhecidos também. Quiz me referir, de fato, à queles que acham que o artista brasileiro não tem direito de fazer sucesso no exterior tendo que se amoldar, em parte, ao padrão cultural do paÃs onde está. Por exemplo, ter que cantar na lÃngua nativa e em gêneros musicais locais. No caso da Luciana, cantar jazz e em inglês. Na verdade, Luciana gravou nos EUA discos somente com músicas brasileiras, cantando exclusivamente em português e agradou a um certo segmento que prestigia a música brasileira. Mas teve maior sucesso cantando canções americanas em inglês com arranjos bossa nova. Só assim consequiu conquistar mais ouvintes americanos. Sem dúvida que isto pode ser visto pela ótica da estratégia mercadológica de sua gravadora, mas será que ela deixou de ser mais autêntica por isso ou deveria insistir em cantar somente em português esperando ser melhor divulgada no Brasil e ser descoberta pelos brasileiros?
Para conhecer melhor o trabalho da Luciana é so seguir o link da sua página na internet, onde se pode ouvir alguns trechos de suas músicas. No Youtube também há vÃdeos dela.
Gyothobat · BrasÃlia, DF 29/2/2008 22:53Para comentar é preciso estar logado no site. Faça primeiro seu login ou registre-se no Overmundo, e adicione seus comentários em seguida.
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