Apaixonante. Não me vem à cabeça outra palavra para descrever a experiência teatral que vivi no último final de semana. Primeiramente senti-me personagem e estudioso. Eu estava ali, no Teatro de Arena, hoje Teatro de Arena Eugênio Kusnet. Palco para muitas ações, artÃsticas, culturais, sociais, polÃticas. Ao entrar no teatro, senti um arrepio correr pelo corpo. Muita energia corre por ali.
É quase indescritÃvel. Observar aqueles assentos, onde já se sentavam algumas pessoas, aguardando o inÃcio do espetáculo. E aquele tempo anterior ao terceiro sinal, quando a magia está prestes a acontecer, mas ainda sou eu mesma. Tempo de observar já o cenário do primeiro ato. Senti-me começar a viajar no tempo. Mas é apenas teatro.
Ao toque da campainha pela terceira vez consecutiva, as luzes da platéia se apagam, e uma transformação dá inÃcio. Não estou mais no teatro de Arena, Consolação, São Paulo. Estou na pequena cidade de Chapetuba, na pensão cuidada por Fina, que serve de concentração para o Chapetuba Futebol Clube, que naquele instante deixa de ser a brilhante dramaturgia de Oduvaldo Viana Filho, e passa a ser realidade diante de meus olhos.
O espetáculo vai envolvendo o expectador de tal maneira em um crescente, mas sem deixar de despertar em nós o sentimento, o pensamento e a crÃtica. Arte de verdade que mexe com os poros e com o espÃrito. Arte que transforma.
A peça, por mais que pareça, não fala de futebol. Fala de seres humanos. Sonhos, desejos, amores, paixões, ética, fé, esperança. Mas também fala de nossas fraquezas e nossas mazelas, tão humanas. As personagens que desfilam em nossa frente, criam vida nos corpos desses atores tão preparados e refletem muito mais que jogadores e seus dilemas.
O que parece força, pode ser defesa da fraqueza. O que parece timidez, pode ser receio da rejeição. O que parece ingenuidade, quase beirando a burrice, transforma-se em sabedoria. São esses homens brasileiros, cercados pela miséria e pobreza. Com um misto de desejo de ascensão social e a simples necessidade de sobreviver dignamente, criar uma famÃlia e ficar perto dos seus. Os anseios de sucesso e glória. E as inevitáveis frustrações que isso tudo pode causar.
Um retrato da sociedade brasileira através do Chapetuba Futebol Clube, seus jogadores, seus dirigentes, nossa imprensa esportiva. Com os bastidores desse campeonato de futebol, temos uma amostra do que nos levar a sermos corruptÃveis. A necessidade, o medo, o ego.
Nessa montagem, 50 anos depois da estréia, percebemos um trabalho apurado, limpo, preservando ao máximo o texto original e seu momento histórico, sem perder um só fio da atualidade. Talvez pela naturalidade com que este jovem elenco, em sua maioria, desfila aos nossos olhos e ao mesmo tempo uma maturidade dramática que revela a mão de um diretor. José Renato, um dos fundadores do Arena, que pena não estava lá no sábado para que eu pudesse abraçá-lo e dizer o quanto estava feliz.
Não só recomendo como peço que todos assistam e apreendam um pouco. Há muito tempo não assistia a uma peça que me tocasse tanto, mas mais do que isso, que mostrasse teatro de verdade, feito por atores de verdade, com texto de verdade e direção mais que verdadeira.
Chapetuba Futebol Clube
Texto: Oduvaldo Vianna Filho
Direção: José Renato
Elenco: Fábio Pinheiro
Pedro Monticelli
Fernando Prata
Flávio Kena
Luiz Fernando Albertoni
Fernanda Sanches
João Ribeiro
Emerson Natividade
Vinicius Meloni
Ãlvaro Gomes
Teatro de Arena Eugênio Kusnet
Quintas, sextas e sábados, às 21h, e domingos, às 20h
Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (meia entrada)
Rua Teodoro Baima, 94, Consolação, São Paulo, SP
(11) 3256-9463
Aninha, que bom que gostou.
E já que precisa ver, por que não programar uma visitinha em Sampa. Beijão
Como é bom ir a algum lugar sem esperar nada... e receber tanto!!! Parabéns ao Zé Renato e a todo o grupo de atores, pela força e veracidade que transmitem. Sua peça é digna da reinauguração de um espaço tão importante, o Teatro de Arena.
Paulo Coelho · São Paulo, SP 31/3/2009 14:29
Parabens e sucesso !
Andre Luiz Mazzaropi
www.andreluizmazzaropi.com.br
Olá amigos, vamos votar no Chapetuba F. C.
Assistam... convido a todos...
abraços!
Que beleza de texto!
Minh'alma foi laçada!
Paulo, senti essa emoção ao seu lado e sei bem o que sentimos.
André, você já assistiu? Assista, não vai se arrepender.
Emerson, acredito no seu talento.
Oniricka,
é disso que precisamos, de alma.
Um beijo
Parabéns pelo post Vanessa. Quando a peça estiver por Minas me avise, ok?
Será um prazer assisti-la, ainda mais depois deste post - depoimento.
Abraços
Fala Van! Beleza de reportagem. Vc falando desse jeito estimula muitas pessoas a assistirem. Coloca este seu comentário nas escolas públicas, pois sempre nos enganamos achando que a cultura é cara. $10 ou $5! É acessÃvel a todos.
Um bjão pra vc, não esqueça que em junho tem o meu casório (ai meu deus!!!), manda um bjão pro sr. Coelho e tenha um excelente final de semana. BJOS!!!!
Vianinha, arena, teatralidade verdadeira, ah, vale a pena ver.
Faço minhas, as palavras, do Wancisco.
Texto "de prima", Vanessa.
E olha que falar de uma trabalho do Vianninha...não é tarefa fácil, não !
( e ainda temos a complacência do preço do ingresso !...Formidável !...ImperdÃvel !)
abraço
Rodrigo,
Se vocês puderem dar um fugidinha pra sampa, me avise, e veja o espetáculo. E não esqueci de junho não... Pode contar conosco. Beijão
Wancisco e Joe,
Podem ter certeza que vale a pena.
É de arrepiar mesmo.
Espero que assitam a peça e depois comentem.
Um grande abraço!
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