Choro, o Sutil Ritmo Brasileiro

Chorinho, de Portinari
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Ingrid EmDiv · Belo Horizonte, MG
18/9/2008 · 226 · 7
 

Nascido no Rio de Janeiro no fim do século XIX, o choro foi cultivado por grandes nomes da música popular, como Pixinguinha e Ernesto Nazareth. Gênero musical em compasso binário e geralmente em três partes, cada uma em tonalidade diferente, o choro desenvolveu-se a partir da forma "chorada", que dá uma impressão de melancolia, de onde provém o nome.

De expressão quase sempre sentimental, o choro, também conhecido por chorinho, pode ser às vezes alegre e brejeiro. Música repleta de modulações curiosas, passa do tom maior para o menor e vice-versa, e permite que todos os instrumentos que compõem o grupo tenham a mesma importância, sejam solistas ou acompanhadores.

Os instrumentos que formavam os grupos iniciais, chamados "chorões", eram violão, cavaquinho, flauta, bandolim, clarineta, pistão, trombone e um instrumento de sopro praticamente desaparecido, o oficlide. Mais tarde admitiu-se o pandeiro, para marcar o ritmo. Os chorões costumavam fazer longas serenatas pelas ruas do Rio de Janeiro. Nos bairros próximos ao centro começaram a proliferar os conjuntos. O grande nome dessa fase foi o flautista e compositor Joaquim Antônio da Silva Calado, cujas polcas já antecipavam, em sua concepção rítmica e instrumental, o choro como gênero musical autônomo. O choro dessa fase é lúdico, com campo livre à criação interpretativa e à improvisação.

Na década de 1920 o choro adquiriu características próprias. Inicialmente apenas instrumental, criaram-se depois peças vocais ligadas ao samba. A forma intermediária entre os dois gêneros passou a ser chamada de samba-choro, de grande prestígio popular. A música firmou-se e começou a aparecer em discos. Mas aí começa também o gradual desaparecimento dos grupos amadores e o choro entra em decadência como forma de diversão musical. Passa então a ser cultivado por profissionais que, além de gravarem discos, exibem-se em salas de espera de cinemas e nas orquestras dos teatros de revista. Destacam-se nessa época Anacleto de Medeiros e Pixinguinha, entre outros.

A partir da década de 1930 o choro perdeu sua dinâmica como manifestação social, embora continuasse a ser cultivado por grupos isolados, de composição clássica: um instrumento solista (flauta e bandolim), um centro de suporte rítmico e harmônico (cavaquinho) e outro de marcação e ornamentação harmônica (violão), o ritmo marcado pelo pandeiro, pequeno e de pele natural. Nas últimas décadas do século XX o choro voltou a conhecer a popularidade, com regravações de antigos sucessos e também a criação de novos grupos, principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo.

Artigo publicado também no Portal EmDiv.

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Eloy Santos
 

Bela lembrança do choro, que é um jeito de se tocar música. Ele é belíssimo e sempre teve grandes mestres, como os barbeiros e artesãos da virada do século XIX ao século XX.
Você sabia (e vocês overmundeiros também) que o choro tem um renascimento cada vez maior no Rio de Janeiro? E o que é interessante: seus tocadores são adultos, jovens e adolescentes. Muitas meninas e mocinhas tocam o choro.
O velho bairro da Lapa no centro do Rio, que hoje é moda internacional, é um grande e maravilhoso palco do choro.
Venha se deliciar com o chorinho bem carioca e bem revivido, Ingrid.
Em tempo: parabéns pra você.

Eloy Santos · Rio de Janeiro, RJ 19/9/2008 10:57
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Sérgio Franck
 

Ingrid, o choro é um dos mais contentes entre os rítmos genuinamente brasileiros.

Abço.

Sérgio Franck · Belo Horizonte, MG 19/9/2008 11:27
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André Teixeira
 

Salve salve Ingrid!!!

Belo artigo o seu!!!

Aqui em Aju o choro tem uma agenda cheia!!! De 5 ª a domingo, algumas casas recebem o choro até altas horas! Estou há alguns meses tentando compor um artigo sobre essa cena de choro & chorões de Aracaju.

Gostaria de saber da cena de BH... conheces músicos e lugares do choro daí? É assunto pra outro artigo, hein?!!

Breve estarei dispondo um texto chamado AGENDA do CHORO da cidade de Aracaju... parte dessa agenda pode ser vista em um blog que administro, o http://progcultblog.blogspot.com/.

O artigo que pretendo escrever traça um perfil da história, seus personagens e momentos marcantes. Temos vários músicos hoje na ativa, e alguns tão bons que, perguntado "Tocas 'Concierto de Aranjuez' ? Ele me respondeu tocando e bisando com 'O trenzinho caipira', do Villa (!!!!!!!) Dr Guerrinha esse, bandolinista dos ÓTIMOS!!!

GRANDE abraço!!!

André Teixeira · Aracaju, SE 19/9/2008 12:20
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Minafra
 

Choro - espressão musical brasileira. Nossa ! Viva a música brasileira...
Parabéns pelo artigo.

Minafra · Coronel Fabriciano, MG 19/9/2008 15:52
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Adroaldo Bauer
 

O choro voltou a ter muitos adeptos recentes, de duas a três décadas também aqui em Porto Alegre. E igualmente é um misto de jovens e velha guarda. Alvissareira, eloy, essa preciosa informação de meninas também adiram à formação musical e perfilem no choro. Aqui é raro, nãorecordo de tê-las visto à exceção de cantando.
Parabéns entusiasmados, Ingrid.
Ainda no século passado, no finzinho, aqui em Porto Alegre, tocando piano em Praça pública para uma multidão de mais de 30 mil pessoas, Miguel proença falou: Vou agora executar uma peça musical do gênero que considero dos mais elaborados no mundo. E tocou maravilhosamente o Brasileirinho.

Adroaldo Bauer · Porto Alegre, RS 20/9/2008 01:35
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joe_brazuca
 

O Choro ( com C maiúsculo, mesmo, pois é nome próprio...rs)
é nossa sinfonia maior !..Deveria ser matéria obrigatória em escolas, principalmente as públicas.
Agilidade, destreza, musicalidade, poética, emoção e principalmente inteligência, são seu predicados e ferramentas.
Tocar Choro ( ou Chorinho...ou Chorão...como queiram...rs) não é brinquedo não !...Eu como pianaista, que o diga...Mas tb flautistas, Cavaquistas, Violonista, Cantores etc etc etc...rs
é de chorar na rampa, nenem !
Ã’timo artigo...um do melhores !...Parabens !
Beijo "chorado", Ingrid !
Joe

joe_brazuca · São Paulo, SP 20/9/2008 12:15
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Sebastião Firmiano
 

Muito bom. Melhor seria ainda se, mais pessoas se envolvessem em trabalhos assim: De resgatar e valorizar a cultura e expressões
genuínas desse país.
Abs.

Sebastião Firmiano · São Paulo, SP 20/9/2008 18:01
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