Colagem com fotos dos filmes 'Birth of a nation', de W.D.Griffith (atenção para o ator pintado de 'negão' prestes a ser linchado pela KKK) e Moleque Tião de José Carlos Burle
Cinema para quem precisa
Interior/Dia
O fato é que, para sermos justos (e deixando de lado este quase interminável rol de invisibilidades de nosso 'apagão imagético'), foi nas dimensões hospitaleiras do veículo cinema, da tela grande, que se asilaram e se tornaram visíveis muitos atores não-brancos fabulosos.
Neste âmbito de dramas empolgantes, tivemos Eliezer Gomes, o Tião Medonho (do clássico Assalto ao trem pagador de Roberto Farias), que foi também o caseiro psicopata de Anjo negro, de Walter Hugo Khouri, e o escravo-cavalo de Jeane Moreau (em Joana, a francesa de Cacá Diegues). Um ator autodidata, de 'dimensões shakesperianas', segundo disse um crítico na época, mas, quem se lembra? Pelo visto, poucos.
Belo e bravo cinema do Brasil. Bucólicas ou violentas imagens, suburbanas ou rurais, às vezes sagas grandiosas, nas quais os não-brancos apareceram sempre com a alma de certo modo inteira.
Generoso e ainda efêmero cinema nacional. Sempre tão precário como indústria.
De Bulbul à la Benguel
De vez em quando um mea-culpa doloroso é carpido por estes cerca de 30% de incluídos. Geralmente nas telas do cinema, momento no qual a imagem dos 70% mais feios aparece gloriosamente colorida, incômoda e corrosiva, tanto aplacando talvez culpas internas (como autoflagelação de mentirinha), quanto desmascarando internacionalmente nos Hollywoods e Berlins da vida, a cegueira extrema daquele Brasil branco, sarado e siliconado, que não cansa de olhar o outro Brasil pelo retrovisor.
O pior é que, ao que tudo indica, o grande e perturbador aspecto do problema não é ainda este. Não. Não é. A coisa é ainda um pouco pior. Pasmem se ainda puderem mas, pelo que se vê exposto nesta mídia, é branca também a maioria das pessoas comuns visíveis, os transeuntes flagrados por câmaras fotográficas ou de TV, dando opiniões e entrevistas, freqüentando praças de alimentação de shopping centers.
São brancos, do mesmo modo, os freqüentadores de bibliotecas, de cibercafés, de bares genéricos ou temáticos, de centros culturais, assim como o são os professores universitários, os aposentados com dignidade, os funcionários públicos acima de meio escalão, as socialites autênticas ou emergentes, as recepcionistas de lanchonete ou de butique, os modelos e manequins, os praticantes de cooper na orla, os ciclistas e motoristas de fim de semana, até os mortos nos acidentes de trânsito o são.
Do mesmo modo, branca é a maior parte dos espectadores de cinema e teatro, os atletas de esportes (normais ou radicais), assim como também são brancos a maioria das prostitutas do calçadão, os jogadores de frescobol, de voleibol, de basquetebol. Cá entre nós, já notaram que são cada vez menos negras também, até as empregadas das telenovelas?
Milton Santos, o brasileiro que chegou a ser considerado o maior geógrafo do mundo (ele mesmo, um dos muitos invisíveis gênios negros deste país), costumava perguntar onde estaríamos escondendo os nossos milhões de não-brancos. Em guetos infectos como na antiga África do Sul? Seriam mesmo guetos infectos as nossas milhares de favelas? Ou não?
A relativa invisibilidade de não-brancos em nossa televisão, aliás, é um episódio digno de várias novelas. Desde o tempo do dramalhão A cabana do pai Tomás, no qual ator Sergio Cardoso apareceu pintado de preto, passando pelo beijo – até hoje escandaloso – do crioulo Zózimo Bulbul na ‘loura Norma Benguell, pouca coisa mudou.
Corte / Tela escura / Silêncio
O impressionante Aguinaldo Camargo, o nunca demasiadamente citado ícone Grande Otelo, Milton Gonçalves, Antônio Pompeu, os saudosos Marcos Vinícius e Paulão Barbosa, Cosme dos Santos, Luiz Antônio Pilar, Maurício Gonçalves, Norton Nascimento, Roque Pitanga, Lui Mendes, entre outros, são parte de uma dinastia de duas ou três gerações que, com raras exceções, sempre representou eternos estereótipos do bandido, do policial, do porteiro, do traficante, do motorista e, quase sempre, do indefectível escravo doméstico, assim meio Uncle Thomas, meio Pai João (escravo rebelde de novela, sempre morre sozinho, abandonado pelos 'irmãos').
Também para duas gerações de atrizes a mesma galeria de tipos chapados, estereotipados. Ruth de Souza, Chica Xavier, Zezé Mota, Neuza Borges, Iléa Ferraz, Mariah da Penha, Isabel Fillardis, Thaís Araújo, Maria Ceiça, Cida Moreno e - vá lá - Camila Pitanga, entre tantas outras, revezam-se em papéis similares, geralmente jovens mucamas oferecidas, velhas escravas resignadas (ou alegres e prestativas domésticas). Às vezes, para variar, desbocadas prostitutas.
A não ser quando representando escravos de alguma senzala de padrão global, os atores negros de nossa teledramaturgia quase nunca são ocupados assim, em grupo, em núcleos (como ocorreu aliás uma vez, quando uma família negra de classe média exibiu seus conflitos na TV).
Geralmente as telenovelas, quando existem papéis específicos "para negros", costumam ocupar de cada vez apenas um ou dois atores ou atrizes negras "de plantão". Este plantão envolve sempre a mesma galeria de personagens estereotipados citados, o que faz com que a carreira de ator ou atriz para negros no Brasil seja uma atividade de pouco ou nenhum futuro, atraente apenas para os loucos mais abnegados.
A natureza e a dinâmica dos mecanismos que acionam esta invisibilidade a que estão relegados os não-brancos em nossa teledramaturgia são dois grandes mistérios de nossa sociologia.
Tudo nasceria de um acordo tácito entre teledramaturgos? Seriam mecanismos regidos por secretos memorandos internos trocados entre a alta cúpula das emissoras? Estariam baseados em estratégias de comercialização, em pesquisas de mercado nas quais o consumidor não-branco apareceria como um segmento desinteressante ao mercado? Ou seria culpa da desmobilização política da classe, do conjunto de artistas negros, da opinião pública não-branca deste país?
Talvez seja esta a faceta mais cruel do racismo à brasileira: seu caráter de omertá, a lei do silêncio, instituição fantasmagórica mas onipresente, rígida e complexa, apesar de não estar escrita; tácita; sórdida porém tolerável; seguida à risca por uma multidão de cúmplices, beneficiários de uma injustiça impossível de ser inteiramente identificada e compreendida pelas vítimas, porque não pode ser atribuída diretamente a ninguém, já que todos os indivíduos que a praticam aprendem, desde de criancinhas, a repetir o surrado discurso que diz: "Se há racismo, os racistas são os outros".
Plano Americano
Corte
De todo jeito, se todos nós sabemos que um rostinho levemente europeu definitivamente não corresponde ao perfil étnico da maioria de nossa população, o que estaria havendo então? Algum tipo de loucura, de neurose coletiva? Estaríamos vivendo todos um problema tão grave de auto-estima que, mergulhados numa profunda crise de identidade, acabamos por nos atolar na paranóica negação de nossa própria imagem? Ou seria uma cínica e esperta "ação afirmativa" às avessas, algum corporativismo racista do tipo "primeiro o meu, depois o do judeu"?
Seja lá o que for, é bom que deixemos logo de ser brancos para sermos francos. Já não é possível encontrar inocentes neste roteiro de sutis omissões e comodismo interesseiro.
Se não nos surpreendemos mais com isto, indignemo-nos, pois!
Dizem que um dia destes, um apatetado George W. Bush perguntou ao presidente do Brasil que o visitava:
_"Vocês tem mesmo negros por lá?"
O ‘branco’ Lula, dizem, ficou vermelho e depois sorriu amarelo.
Indignemo-nos pois, antes que, sem nenhuma população que represente a cara do nosso Brasil cor de anil, em resposta a um destes Bushs da vida, só nos reste, dizer:
_ "Tivemos negros sim, mas, com o tempo, eles foram sumindo, sumindo..."
Spírito Santo
(Original e parcialmente publicado em Observatório da Imprensa em 14/05/2003)
Veja isto. Uma campanha do bem
Querido Spirito:
Achei o texto longo e denso, que processa uma quantidade de informações exagerada para o público médio do overmundo. Talvez você pudesse reformatá-lo e dividi-lo em duas (ou até três) partes.
Paradoxalmente senti falta de informações sobre as personalidades citadas até mesmo o professor Milton Santos e alguns atores globais. Acho também que faltou discutir a identidade nacional a partir de uma visão mais periférica (
Piauí, por exemplo. E também um toque nas pressões exógenas (Mercado Mundial) com sua política chamada globalizante mass que, na realidade, é uma política excludente: ou vc participa do Supermercado Mundial ou então é perfeitamente descartável, inutil!
beijos e abraços
do Joca Oeiras, o anjoandarilho
Joca,
Quase tudo muito pertinente no que você diz. As personalidades citadas estarão melhor descritas em outro post. as 'pressões exógenas' também, já que, próximo post pretendo que seja sobre a indústria cinematográfica em si (com o foco na 'negritude' do Brasil). A discussão da 'identidade nacional a partir de uma visão mais periférica deixo para você (pelo menos a parte do Piauí)'.
Só não entendi porque sugere tanta profundidade a mais se, ao mesmo tempo, afirma que o nível está alto para a nossa galera. Tá alto não. Já escrevi coisa bem pior por aqui.
Joca,
Contudo, considero relevante a partição do post em duas prtes. VOu dar uma estudada nisto sim.
Abs
Querido Spirito:
Não tou falando da qualidade, e admiti o paradoxo. Falo do volume de informações nem todo ele facilmente digerivel. Pior ainda quando você anuncia que este é apenas o "hors d'oeuvre"
havendo ainda vários outros pratos a serem servidos no banquete antes da sobremesa, café, licor e charuto.
beijos e abraços
do Joca Oeiras, o anjo andarilho
Então fechamos querido Joca. Vou cuidar do bufê com mais vagar. Há no entanto uma coisa que o teu comentário me sugere e que não sei ainda se tem a ver: Acho que voltei ainda meio desanimado para os digestivos links e os etc. Afinal, quantos lerão? Como disse entretanto, vou chamar o Jack e partir a coisa em pedaços sim. Vou contar também com os comentários dos colegas para ir explicando e aprofundando o que não estiver digerível (acho esta a melhor parte da refeição:o papo que se segue).
Vou logo avisando a galera então que, daqui para adiante, parte do post migrará para outra edição, valeu?
Abs,
Não, não. Não concordo com isso! O texto está denso, sim. Mas um pouco de densidade não faz mal a ninguém. Pelo contrário. Nesse nosso mundinho (vá lá, branco) de superfície, encontrar alguma densidade é o que nos faz acreditar ainda na humanidade.
Li de uma vez só o take 1 e o 2. Impressionada com a lucidez das suas reflexões, com a quantidade e qualidade das informações e, principalmente, com a sua calma e profunda indignação. É bom saber que o pensamento sobre a questão da invisibilidade está ultrapassando a barreira da palavra de ordem vazia.
Meus respeitos!
Texto rico, informações amplas. Colaboração importantíssima. Abçs.
Cintia Thome · São Paulo, SP 4/12/2007 08:06
Ilha e Cíntia,
...Até porque só o que é denso e amplo, acumulando partículas as mais diversas, pode ser refletido e visto, acumulado em cores e texturas para virar algum signo visual qualquer que, realmente, sirva para alguma coisa boa para nós todos. O resto não é cinema, nem televisão, nem arte, nem nada, nem mesmo palavra, só vazio.
Abs
(tenho andado muito porre-poético estes dias, não acham)
mais abs
Eu lerei!
Ainda estou á cata do tempo para dedicar a teu postado alentado.
Conta comigo para esta festa de babette que estás a prometer, Spirito.
Avisarei lá em casa, se a sapeca da Juli aparecer, que Spirito rides again (o que ela vai odiar dito em inglês).
Volto.
Ok, mái frênd! Euzinho rides again, com a graça de Zambi, but, money, que é good, nóis num have.
Sorry, I jump to
http://www.overmundo.com.br/overblog/cinema-em-branco-preto-take-1
E vi "veja isto", rs e aqui agora vi o toque.
Fui Conselho, não estou conselho...apenas me protegendo de alguns bipolares, rs.
Podia poetar, leva jeito. rs.
Lázaro Ramos, ator excepcional ,está com um papel não tão fora como estes no plinplin...
O take 1 lerei com vagar...Machado é primor com criações de sua arte imcomparável, Dom Casmurro Memórias Postumas de Bras Cubas...e outros.
abçs.
Yes, nós temos Lázaro Ramos, mas, como previsto no post (Geralmente as telenovelas, quando existem papéis específicos "para negros", costumam ocupar de cada vez apenas um ou dois atores ou atrizes negras "de plantão"), vamos andando o nosso vício-círculo.
Vem aí a TV Digital etudo ficará bem mais nítido.
Meu caro Spirito de espírito andante e incansado.
Me fiz adulto indo namorar a empregadas domésticas e babás nas noitinhas, em praças públicas de S. Paulo - a Buenos Aires, a Angélica e algumas em Moema. De tantas lindezas, muitas a minha pouco "feiura" não se aventurava. Tenho visitado àqueles locais. Raramente se vê babá negra; empregadas, ainda moça, se vê muito pouco. Mas há fatos seculares que precisam ser batidos.
- O Shopping Ibirapuera, de S. Paulo, da familia Gereissati, lá com mais de 2000 lojas, em dois turnos, não há uma única moça negra balconista. Nem rapaz negro.
- Tenho me referido aqui, noutras páginas e locais, o fato de NEGRO NÃO PODER TER TERRA NO BRASIL. Não pode. O Alceu Colares não tem terra. O Pelé não pode ter Tera. Deram-lhe um Banco. O Alceu Colares não pode grilar terra em
Rondônia à epoca em que gaúchos "alemães" a grilaram. (Por conta do Acordo de Imigração do Senador Vergueiro, o mesmo se aplica em Mato Grosso). A isto se chama Instituto da Anterioridade, base petrificada do Direito Brsileiro em relação ao negro. Por ele o negro não tinha terra, não pode tê-la!
- A questão tem que tomar um outro rumo, dar-se nomes ao bois, e os bois se chamam:
Forças Armadas Brasileiras, a segunda pior desgraça do negro;
Cristianismo. A maior desgraça do negro, em todos os tempo. O Estado "se atribui a função de zelar pelo telhado de vidro, milenar, do Cristianismo;
Departamento de Estudos Avançados das Universidade, o "novo guardião do conhecimento, em substituição à função da Igreja".
Sem que se medre a Doutrina Militar Brasileira - necas. Não tem generais negros. Hoje, nem seus motoristas são soldados negros.
Dia 20 pp. Uma organização esportiva promoveu uma corrida de rua em S. Paulo e ofereceu O TROFÉU ZUMBI.
Nem uma linha na imprensa. Nem uma autoridade compareceu
para não pegar - "NO FERRO EM BRASA'.
Mas, é de um significado enorme.
´ Concordo com o Joca na conveniência de fragmentar o artigo, não pela feitura, mas pela necessidade de permanecer masis tempo a veiculação aparente.
Este não é um assunto para ser tratado assim e assado
tera de sê-lo mesmo na marra, na raça.......
um abraço, andre.
Votado nobre amigo, mas fico ainda com minhas dúvidas.
E como me atiraram pedras demais fico queto.
Uma espécie de manifesto né não Spírito? Pois é. Infelizmente a vida do negro já é um esteriótipo só. Só sobrando no máximo as bordas... é preciso dar "poder para o povo preto". Um abraço.
FILIPE MAMEDE · Natal, RN 5/12/2007 09:59
André e (principalmente,) Higor
O que nos salva são as nossas dúvidas.
Sem elas já estaríamos nos esbordoando, fatricidamente, com pedradas reais.
Muitas coisas que você fala, André, são indubitáveis para mim, que já as constatei também, mas é legítimo que sejam dúvidas para você, Higor, que talvez não tenha tido o desprazer de as ter vivido. Aliás, como você, também duvido de muita coisa, até das coisas que falo e escrevo. Digo nestes casos 'talvez', 'provavelmente', 'quiçá', 'quem sabe', mas, digo. E escrevo.
Sabe porque digo e escrevo? Para que outros se animem a debater o assunto, abertamente, e que, de conversa em conversa, o casulo remendado que encobre o tema vá se desfazendo e a gente possa mudar de assunto e tomar o nosso chopinho de irmãos brasileiros na paz de nossas francas e visíveis diferenças.
Vive la diferènce!
Valeu grande Filipe.
Poder para o povo sim! Se ele é preto, tanto melhor e que assim seja.
Amém
Concordo com tudo escrito amigão, no seu comentário.
Já que não conseguimos futricar o passado é lembrarmos que o grande problemas é saber lhe dar com a diferença. E aquele que conseguir isso, será mestre na essência.
Te admiro.
alguém podia responder ao presidente bush ("há negros no brasil?") que sim, ainda temos 6%.
sumindo, sumindo em em processo de miscigenação, cumprindo o bom ideal brasileiro, apesar do racismo de brancos e outros negros.
Spirito, com este postado você me fez lembrar de uma matéria do telejornal. Nela, o governo assinava um documento em prol dos direitos índígenas sobre terras equivalentes a milhares de campos de futebol. Na mesma semana, assisti a outra matéria e nela, a própria União, que também é governo, questionava o direito de remanescentes de quilombos por alguns hectares de terras que não chegavam a um por cento das reservas indígenas.
Vergonhoso, não?
Bom ler isto aqui:
"Que outros se animem a debater o assunto, abertamente, e que, de conversa em conversa, o casulo remendado que encobre o tema vá se desfazendo e a gente possa mudar de assunto e tomar o nosso chopinho de irmãos brasileiros na paz de nossas francas e visíveis diferenças."
Ah, Spírito, pode falar um pouquinho sobre isso? É que moro em uma favela e, gostaria de entender a sua colocação.
"Seriam mesmo guetos infectos as nossas milhares de favelas? Ou não?"
abço.
Spirito, que bela capacidade de interessar as pessoas pelos temas que elege! Quando crescer quero saber fazer isso tb. A propósito, concordo com o xará (Joca) que o texto pode ficar mais leve. Discordo da tática: acho que apenas o exercício da concisão seria suficiente.
No entanto, diante da capacidade de gerar interesse do texto, as considerações estilísticas tornam-se bobagens.
Branco de classe média que sou, o tema étnico é sempre novo a cada vez que dedico tempo a ele. No momento, além da permanente necessidade de nos lembrar que houve sim escravidão no Brasil e que há sim preconceitos de cor entre nós, acho que a grande questão são as ações afirmativas, especialmente as cotas. Ação afirmativa ou ação divisionista? Qual a potencial capacidade de as ações resultarem em menor preconceito e qual o potencial de criarem mais acirramento e mesmo estimular preconceitos?
Não faço idéia da resposta, não tenho nem mesmo opinião formada. Mas acho a pergunta danada de boa.
(o papo está esquentando em bom forno)
ValderiVeras,
Pera aí...Se bem entendi, você acha bacana que os negros estejam sumindo. É isto mesmo? Você diz também que o bom ideal brasileiro(?) é a miscigenação? Completa chamando de racistas todos aqueles que, brancos ou negros, são contra esta sua, digamos assim, opinião paradigmática?
Bem, com certeza você sabe que o conceito contido nesta sua opinião (conhecido como 'Elogio à Mestiçagem') está na linha de frente de todas as discussões contra as cotas e as ações afirmativas no Brasil. Existe até um grupo muito coeso, formado por Ali Kamel, Demétrio Magnoli (jornalistas de O Globo) além de Ivonne Magie e Petr Fry (acadêmicos), entre outros, defendendo posições contrárias às ações afirmativas para negros no Brasil, embasando-se neste mesmo conceito que, você também já deve saber, é muito antigo, remontando quase ao tempo da escravidão.
A gente vai, com certeza, ter que debater o tema que lancei ao debate, por este viés (agora mesmo, a seguir, temos o comentário do joca simoneti, nesta mesma linha, para discutir)
Para embasar melhor a nossa conversa no entanto, permita-me sugerir que se leia este post que publiquei aqui mesmo no Overmundo a este respeito (a teoria chamada 'Elogio à mestiçagem'). Existem outros posts também interessantes sobre este assunto, contra e a favor (entre os quais vários do nosso Hermano Vianna) que navega também nesta praia.
SE o papo render, volto logo logo a este assunto. Combinado?
Abs
joca simoneti,
Vamos lá:
Esta de saber fazer as pessoas se interessarem vou tomar como um elogio, mas, veja que, rigorosamente, esta é uma regra óbvia da comunicação, da linguagem. Não espere crescer para aprendê-la não. Se você fosse jornalista (o que não sou), por exemplo, esta ‘capacidade’ seria uma questão profissional essencial, de vida ou morte.
Só acho que é paradoxal (como admitiu o seu próprio xará – e você mesmo-!) falar em ‘concisão’ estilística. Se funcionou, o estilo está correto e pronto. Enfim...
Você diz também que ‘o tema étnico é sempre novo’ para você. Seria, segundo entendi apenas porque você é branco e ‘de classe média’? Estaria afirmando então que o ‘problema étnico’ é uma questão exclusiva dos negros? Não seria um problema de todos nós não?
Por outro lado, para responder a pergunta que você faz no seu comentário (e temo que você, de antemão, discorde da minha resposta) não há mais o que acirrar na nossa iraquiana situação social. Acorda, joca! Os negros já estão atacando os brancos de classe média (entre outras etnias e classes sociais) a tiros de fuzil. Ações afirmativas (como o próprio nome já diz), por mais discutíveis que possam ser (uma solução reconhecidamente proposta para ser meramente provisória, sabia?) não teriam impacto negativo algum sobre caos social já tão exacerbado...a não ser que você tema, por alguma razão, a plena inclusão de pessoas ‘não brancas’ na sociedade, com mesmos direitos, mesmos deveres, etc. e queira se defrontar contra os neo-incluídos 'de armas na mão'. É disso que você está falando quando insinua ‘divisionismos’ e ‘estímulos a preconceitos’?
Faz uma forcinha aí, joca. Dê a sua resposta ‘danada de boa’ você mesmo. Ninguém vai te recriminar se você mudar de idéia amanhã de manhã. Reconheça que o tema exige mais profundidade e debate. Você é livre. Como diria (sei lá) Millor Fernandes: 'O livre pensar é só pensar'.
Abs
Texto irretocavel, isento de criticas negativas, parabens grande Spirito !
victorvapf · Belo Horizonte, MG 5/12/2007 19:42
E já que você fala do Milton Santos, tem um artigo dele chamado "ser negro no Brasil" que tem muito a ver com essa questão a invisibilidade do negro brasileiro e, principalmente, com uma reflexão sobre o lugar que a sociedade brasileira reserva aos negros:
"Ser negro no Brasil é, pois, com freqüência, ser objeto de um olhar enviesado. A chamada boa sociedade parece considerar que há um lugar predeterminado, lá em baixo, para os negros e assim tranquilamente se comporta. Logo, tanto é incômodo haver permanecido na base da pirâmide social quanto haver "subido na vida".
Pode-se dizer, como fazem os que se deliciam com jogos de palavras, que aqui não há racismo (à moda sul-africana ou americana) ou preconceito ou discriminação, mas não se pode esconder que há diferenças sociais e econômicas estruturais e seculares, para as quais não se buscam remédios. A naturalidade com que os responsáveis encaram tais situações é indecente, mas raramente é adjetivada dessa maneira. Trata-se, na realidade, de uma forma do apartheid à brasileira, contra a qual é urgente reagir se realmente desejamos integrar a sociedade brasileira de modo que, num futuro próximo, ser negro no Brasil seja, também, ser plenamente brasileiro no Brasil."
Por concordar com essa reflexão do Milton Santos é que acho que a instituição de cotas é uma forma (talvez não a ideal, mas ao menos uma forma) de tentar acabar com esse secular "rebaixamento" do negro, no cinema, na tv, mas mídias, na academia, nas empresas, enfim, na sociedade brasileira.
Querida Ilhaandarilha:
Estive o dia todo tentando não entrar no debate, mas este seu último comentário, e só a ele respondo, é bom que fique bem claro, não me permite esquivar-me.
Você cita um belo texto do Milton Santos que, a certa altura, chega a dizer "tanto é incômodo haver permanecido na base da pirâmide social quanto haver "subido na vida". " algo, portanto, que transcende a exclusão social e aponta para a exclusão racial e vem dizer que é "Por concordar com essa reflexão do Milton Santos é que acho que a instituição de cotas é uma forma...". Será que o texto do professor Milton Santos não entrou nesta sua fala como Pilatos no Credo? Alguém aqui sabe me dizer qual a posição do professor Milton Santos sobre esta questão? Eu não sei. Mas mesmo que ele fosse a favor das cotas de uma coisa eu tenho certeza : ele nunca usaria a reflexão citada pela Ilhaandarilha para defendê-las! Me desculpe, Ilha, mas é como diria uma amiga minha: "não orna uma coisa com outra".
beijos e abraços
do Joca Oeiras, o anjo andarilhpo
Se o Milton falou, se a Ilha falou, eu de acho que está falado. Que outros falem também, pois (se for o caso)
Spírito Santo · Rio de Janeiro, RJ 5/12/2007 20:30
Galera,
Não sei se é o caso, mas, o TAKE 1 deste assunto, ainda está em votação (foi, erradamente, postado depois deste 'take 2'.
http://www.overmundo.com.br/overblog/cinema-em-branco-preto-take-1
Bem, Joca, se ele usaria ou não a reflexão para ser contra ou a favor das cotas (sinceramente, não acho que ele seria contra!) eu não sei. Infelizmente ele não está mais entre nós para sabermos onde ele entraria nessa questão das cotas. Mas eu posso usar a reflexão dele (que adoto), não posso?
Acho que quando ele fala da naturalidade dos governantes com essa situação que ele chama de apartheid à brasileira ele está se referindo exatamente à falta de atitudes práticas para acabar com isso. E as cotas não são uma atitude prática? Passível de crítica, sim, não absoluta, não definitiva e, principalmente, provisória. Mas, com certeza, uma atitude prática, uma tentativa de se fazer alguma coisa diferente do ato de Pilatos.
Só pra contextualizar, tai o link pro artigo completo do Milton Santos para quem se interessar.
Ilhandarilha · Vitória, ES 5/12/2007 20:42
Cara, peço desculpas pelo meu ignório comentário.
abço.
Querida Ilhaandarilha:
Dar esmola é uma atitude prática? è certo dar esmola?
Assaltar um banco é uma atitude prática. É certo assaltar um banco?
Promover uma guerra da minha torcida contra a torcida adversária é uma atitude prática... e assim vai. Só para dizer que isto não é critério para nada, muito menos para defender as cotas raciais.
beijos e abraços
do Joca Oeiras, o anjo andarilho
Desculpe, Joca: não alcancei seu raciocínio. Não entendi como é que a esmola, o assalto e a guerra de torcidas veio parar no meio da questão das cotas. Será que Freud explica?
Respondendo às perguntas: não acho que qualquer dos exemplos seus sejam de fato atituds práticas: dar esmolas e promover guerra de torcidas com certeza não são atidudes práticas quando se fala em justiça social. Quanto á assaltar um banco, confesso que já senti essa coceira. rsrsr. mas desisti logo ao perceber que nem de longe sou um Ronald Bigs.
Beijos
Quanto a Pilatos, é bom que se esclareça que a expressão "comopilatos no credo " nada tem a ver com o famoso "lavo as Mãos". O credo é uma reza "Creio em Deus pai, todo poderoso...no qual, sem que se atine porque, sem nenhum motivo aparente, sem qualquer função, Poncio Pilatos é citado. Quem está, "Como Pilatos no Credo" está em um lugar que nada tinha a ver estar. É neste sentido que eu quis dizer que o texto de Milton Santos, como qual você diz concordar, dele não decore a defensa das cotas raciais.
beijos e abraços
Do Joca Oeiras, o anjo andarilho
Joca amigo,
Trata-se, na realidade, de uma forma do apartheid à brasileira, contra a qual é urgente reagir se realmente desejamos integrar a sociedade brasileira de modo que, num futuro próximo, ser negro no Brasil seja, também, ser plenamente brasileiro no Brasil."
Joca,
Releu? Pois foi o Milton Santos mesmo que falou isto, citado pela Ilha? Não vejo dúvida alguma de que o grande geógrafo seria totalmente à favor das cotas. Reagir contra o apartheid (a exclusão de negros) para integrar a sociedade (a inclusão de negros) de alguma forma urgente
Acho que, nestas horas, não é justo sofismar.
Grande abraço
Querida Ilhaandarilha:
Agora quem não entendeu fui eu: estamos falando de justiça social ou de discriminação racial? E, meu bem, então agora você introduziu, de contrabando, sem dar a menor explicação de ESTA COISA se daria, a noção de que ass cotas raciais promovem a justiça social. So falta, daqui a pouco, as cotas resolverem todas as mazelas da república e mais a redenção da lavoura. E, Ilha, sinto dizer, mas agora foi o Freud que entrou na nossa conversa como Pilatos no Credo.
beijos e abraços
do Joca Oeiras, o anjoandarilho
Querido Spirito:
não há sofisma nenhum na minha leitura. O que Milton Santos disse eu assino embaixo e sou contra as cotas raciais. Aliás, acho que ele também seria. Agora, se ele fosse a favor, sinceramente:
1 Não o demonstraria através deste texto
2 A não ser que tivesse argumentos DE PESO não mudaria um milímetro as minhas coinvicções sobreas cotas.
Agora eu te pergunto, Spirito, mas quero que me diga COM TODAS AS LETRAS: concordar com o que disse o Milton Santos no trecho citado pela Ilhaandarilha é, necessariamente, concordar com as cotas raciais?
Quem é afinal, o sofista nesta história?
beijos e abraços
do Joca Oeiras, o anjo andarillho
Joca,
Seja contra. és livre para sê-lo, mas, me faça dois favores:
1- Explicite as suas razões, seus argumentos 'de peso'
2- Me sugira algo como solução alternativa para o problema (o menos que você não considere a exclusão sócio racial um problema importante)
Não tenho a menor vontade de ser anjo, mas, estou cansando de ver esta conversa sobre racismo ( e olha que falava sobre mídia e cinema) sempre ser desconstruída por comentários como os seus. Dá vontade de virar andarilho e, como diria o Capitão Nascimento,'pedir pra sair'.
Querido Spirito:
A questão não está aí, e você sabe disso. Estava eu apenas fazendo uma discussão localizada com a Ilhaandarilha onde aliás, NÂo DISSE em nenhum momento que era contra as cotas raciais, como se pode facilmente verificar. O que eu disse, e você me acusou de sofista, foi que aquele texto do professor Milton Santos citado pela ilha andarilha não contém argumentos em defesa das cotas raciais
Agora você me cobra argumentos "de peso" contra as cotas como se eu tivesse obrigação de fazê-lo. Não tenho, Spririto, nem acredito que a minha intervenção no seu postado lhe dê o direito de exigir de mim estas colocações.
Todos os meus comentários aqui, se auto justificam: não sofismei, não tergiversei nem me coloquei como dono da verdade. Aliás tive este cuidado justamente porquie, como afirmei logo de saída "Estive o dia todo tentando não entrar no debate, mas este seu último comentário, e só a ele respondo, é bom que fique bem claro, não me permite esquivar-me".
Então não me venha com cobranças indevidas. Se e/ou quando eu resolver escrever sobre as cotas raciais você será o primeiro a saber. Quanto a "pedir pra sair" o visitante aqui sou eu, e sei muito bem, que a porta de entrada é serventia da casa, embora não saiba quem é esse "Capitão Nascimento"..
beijos e abraços
do Joca Oeiras, o anjo andarilho
Joca,
(Na boa)
No esforço de iluminar a questão com melhores luzes, permita-me reproduzir parte de um excelente texto (que, aliás é, serenamente, contra as cotas raciais, diga-se de passagem) que está na íntegra e AQUI.
A recusa da "raça": anti-racismo e cidadania no Brasil dos anos 1830* e o recomendo fortemente aos convivas.
Celia Maria Marinho de Azevedo
...” Neste ponto é interessante observar uma certa semelhança entre o anti-racismo dos anos 1830, universalista, e o anti-racismo atual, diferencialista.
...nenhuma dessas modalidades de anti-racismo formula políticas para acabar com a desigualdade social naquilo que lhe é mais extremo, ou seja, a falta de propriedade entre muitos, contraposta à concentração de riqueza entre poucos.
...os dois tipos de anti-racismo (anti-racismo dos anos 1830 e o de hoje) postulam políticas que permitem a ascensão daqueles que já se afastaram da base da pirâmide social, (numa clara alusão da autora aos, supostamente, agraciados pelas cotas) mas se "esquecem" da maioria negra concentrada em seus degraus mais ínfimos.
Em tempos da Regência, e durante o segundo Império, os "esquecidos" do anti-racismo universalista eram os escravos, e também os nacionais pobres livres, em sua maioria afro-descendentes. Em tempos presentes, os "esquecidos" do anti-racismo diferencialista são os habitantes das favelas, as pessoas sem teto, os trabalhadores sem terra, as crianças de rua ou internas em institutos penais, outra vez – e não por mera coincidência para quem conhece o racismo brasileiro – afro-descendentes em grande parte.
...Mas, em que pese os paradoxos de ambas as tendências, eu não poderia deixar de assinalar a importância ainda hoje da promessa irrealizada daquele primeiro momento do anti-racismo: a construção de uma sociedade capaz de ultrapassar a ficção das raças para concretizar o grande sonho iluminista de cidadania universal.
...Melhor seria nos desvencilharmos das vozes desumanas de nossos antepassados para, em seu lugar, introduzir a invenção na existência, tal como nos alertou Frantz Fanon, em sua defesa de uma autêntica comunicação humana (Fanon, 1971, p. 186). Era isso, precisamente, que os homens negros de letras que combateram o racismo nos anos 1830 pretendiam fazer a despeito de seus resultados paradoxais; ou seja, inventar uma sociedade em que a crença na igualdade dos seres humanos superasse as distinções associadas tradicionalmente com o nascimento ou com a atribuição de "raça".
A categoria de raça enquanto termo-chave das práticas racistas – abertas ou veladas – é um fardo da história do qual precisamos urgentemente nos liberar se ainda quisermos concorrer para o futuro da humanidade. Por isso mesmo, na minha condição existencial de historiadora, vejo como de suma importância a pesquisa em história do racismo e do anti-racismo. Afinal, penso que a história, ou melhor, a atividade do historiador, não se faz para incentivar conformismos, ou então simplesmente para divertir. Para mim a história é sempre uma atividade liberadora na medida em que nos faz pensar e cujo poder de comunicação é essencial para a atividade crítica das pessoas em sociedade.”
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Comentando este alentado ponto de vista - com o qual me afino em boa parte –chamo a atenção entretanto, para o fato - infeliz em si mesmo- de o iluminismo, humanismo e o universalismo ansiados pela a autora, terem sido, ao longo da história, usados como subterfúgio para os fins mais inconfessáveis, de ambos os extremismos – racistas e os anti-racistas.
É preciso observar também, com atenção, que os supostamente agraciados pelas cotas, não são, de modo algum, integrantes de uma ‘classe média negra’ (rigor, convenhamos, uma categoria quase inexistente no Brasil).
Neste mesmo sentido, o fato dos milhões de negros e ‘mulatos’ que vivem abaixo da linha de pobreza (afro-descendentes em geral, como reconhece a autora), não estarem, aparentemente, sendo agraciados com as ‘cotas’ para o acesso a universidade (vejam que o conceito ‘ação afirmativa é bem mais amplo que isto) não deveria também servir como pretexto para que não se implemente política pública alguma que ajude a resolver o problema tão candente.
Não se está propondo nenhuma revolução socialista. Os pilares da Ordem Sócio Econômica Mundial não estão ameaçados.
Contra ou a favor, isto ou aquilo, é preciso avançar na solução do problema. O grande crime neste caso, é sem dúvida seria a omissão.
- Ser ou não ser? – Diria o Bardo. Não ser, diria você, Joca, mas não ser, exatamente, o que? - perguntaria eu. É a isto que dou o belo nome de Sofisma.
Em tempo: O capitão Nascimento é o personagem do filme 'Tropa de Elite'. A citação a ele foi só um chiste irresistível, uma brincadeira verbal que me ocorreu. Queria dizer 'sair da conversa'. Perdoe-me se o chiste não te a
Querido Spirito:
Mesmo sem saber quem era a figura, entendi perfeitamente a tua intenção e deveria ter respondido que a minha intenção não era sequer a de "entrar nela". Não por não lhe conferir importância, mas justamente o contrário.
Mas Spirito, ninguém é obrigado a ser a favor de algo apenas por não ter nem "argumentos de peso" nem a menor vontade de forjá-los para ser contra, ou é? Então, é apenas disto que se trata, não há sofisma nenhum quando se exerce um direito. Simplesmente tenho outras prioridades para utilizar os neuronios que me restam, outros interesses e só por esta razão que me recuso a entrar de cabeça nesta discussão. De outra parte, por coerência, me comprometo a não fazer proselitismo contra ass cotas (inclusive porque seria leviano). Tá bom assim pra você?
beijos e abraços
do Joca Oeiras, o anjo andarilho
acho bacana que o processo de miscigenação leve a esta subraça brasileira a se tornar uma nova raça (isso levará uns dois ou três mil anos. temos tanto tempo), nova e que entrará na disputa pelo mundo, juntamente com as outras (os negros não desaparecerão: temos um continente inteiro habitado por negros. não sejamos paranóicos!).
quanto às cotas: é um erro demonstrado. eduquem as criançinhas ( como dizia pelé) negras (menos de 6%), as mulatas, mamelucas, cafusas e brancas e teremos cidadãos competentes para lutar por melhorias para a nação brasileira (não apenas para uma raça (6%).
quanto às esmolas: continuem dando e que Deus os abençoe!
um abraço sprito
Tô lendo, e tô votando e tô achando tri legal.
Racismo e mulher em cadeia de homem é exercício de poder e só pode discriminar quem tem poder, tá escrito nas tábuas de lei de qualquer profeta de qualquer religião, em qualquer lugar do mundo.
Só aqui aacham que negro sem poder pode discriminar.
A chibata não voltará pelas mãos dos negros, embora os tempos de mandar na coisa e engravidar a loisa ainda permaneçam.
Beijin di sarará, guri.
Dá uma bicoca na netinha pra mim (ops! será que pode?).
valderiVeras,
Caramba, rapaz! Relutei, mas, aqui estou eu comentando o teu lúgrube comentário (desculpe, mas, nunca sei se o que vê está falando é sério mesmo): " ...miscigenação leve a esta subraça (!) brasileira a se tornar uma nova raça (isso levará uns dois ou três mil anos. temos tanto tempo)..."... Parece papo de Quarto Reich. Desculpe, mas, sinceramente, não sei se rio ou se choro.
A propósito em qual percentual racial você está se incluindo? Nos 'menos' de 6% ou nos outros 94% (mulatos, mamelucos, cafusos e brancos) De onde mesmo você tirou estes dados, rapaz?
Você me assustou, sabia? Fiquei gelado de medo. Será vou ter que pedir asilo num país africano?
Desta vez, sem abraço, valeu?
Joca,
Tá bom demais, amigo. Até que o papo não degringolou demais.
Vamos em frente que atrás vem gente.
Grande abraço sim
Spirito Santo,
Bom, depois de degustar minha pipoquinha com um filme de alto nível reflexivo, li todos os comentários e estou escrevendo com uma animação, que muito poucas vezes experimento.
Que bom este assunto, reflexão permanente na minha vida. Eu, este branquelo, classe média baixa, muito atordoado, desde sempre, com essa questão. Uma pergunta no texto me salta os olhos, porque resume, talvez, o que penso, até agora:
"Estaríamos vivendo todos um problema tão grave de auto-estima que, mergulhados numa profunda crise de identidade, acabamos por nos atolar na paranóica negação de nossa própria imagem?"
Temo que sim. E vejo nesse questionamento, uma luz. Uma vez que reconheçamos essa profunda crise de indentidade, que provoca uma baixa auto-estima (em consequência, a negação da própria identidade real), teríamos, por força dessa "nova" consciência, as ferramentas para anular o problema, e poderíamos, reconhecer que somos todos negros (sem aspas).
Mesmo os desprovidos, do que chamamos em música e dança, de suíngue. Sim, senhores. Somos negros. E seria um bem para a saúde mental da sociedade, se reconhecer assim, porque assim é. Ouso afirmar, do alto de minha branquelice. Sou negro. Porque sou brasileiro.
O elogio à mestiçagem, não me comove. Confunde o problema, e como bem diz o texto, confere a questão, essa sordidez tolerável, que é quase impossível desmontar. Uma mala sem alça, sem rodinha, redonda e escorregadia.
Cotas? Sim. Obviamente, sim. O mínimo a ser feito. Creio também que o fabuloso Milton Santos (para mim, o maior), também seria a favor das cotas. Obviamente contemplando os aspectos de transitoriedade dessa política pública, e seguramente abordando também, sua urgência urgentíssima.
No mais, fazer alusão a um personagem do texto: Zózimo Bubul. Gostaria imensamente que a vida me desse o prazer, de beber, um chopinho amigo, acompanhado dessa figura maravilhosa e Spirito Santo, bem discontraído, no relax carioca do centro da cidade...quem sabe rola...para mim seria uma honra.
O Cineasta Zózimo Bubul têm um jeito de falar e de ver as coisas, que é indescritível, de uma doçura e transcendência inigualáveis. Fez e faz filmes muito importantes com essa visão peculiar que menciono. Trabalhamos juntos, num filme de curta-metragem chamado “Pedra do Sal”, retratando um lugar muito importante no Rio de Janeiro, que têm haver com todo esse papo.
Bom, é isso. Spirito Santo, meu querido, parabéns pela lucidez, texto impecável, fleuma diplomática e coragem. Esse assunto têm que tomar novos rumos, para isso, vamos nos posicionando e conversando...
Um grande e fraterno abraço
Mansur
... e vem gente mesmo. Não deixaria, por nada, de ler essa maravilha de documentário.
Tu és um mestre na arte da trans_missão. Eu estou en_cantada, cavalheiro das metáforas explícitas e dos dados históricos precisos = Spírito Santo
Confesso que terei que fazer uma (re)leitura, pois minha página está chorando a dor da discriminação das diferenças...
Será um documento histórico nos meus arquivos.
Beijos_Meus*
*
Mansur,
Sem mais palavras e, senão envaidecido que o tema não tolera vaidades, te digo que este chop por certo virá em breve. Zozó, como o chamo, é uma figura central na história do Vissungo e estará conosco no projeto, com certeza. Aliás, estes dois posts são a introdução de um último papo (que seria o primeiro) acerca do Centro Afro Carioca de Cinema, criado e dirigido pelo Zózimo e a Biza Vianna, que promoveu um festival importante há poucos dias atrás. Vem aí portanto, conforme o prometido desde o início, o Cinema em preto & pranco / take 3
Grande abraço
Maravilha Spirito
Perdi o festival (é tanta coisa...), mas aguardo o take 3, com pipoca.
rir ou chorar? não sei. talvez nenhum. o que seja, não muda a realidade.
os dados, busca aí no ipea...
pertenço aos 46% de mestiços do brasil (pela foto no seu perfil, me parece que você também o seja, não? então tá)
o manzur, com esse nome de libanês, se achar negro, mesmo branco, e justificar que é assim porque é brasileiro, é um engano consumado.
ele é brasileiro porque pertence a essa fervura de raças que devem desaparecer (não amarela sprito) em favor de uma outra, novinha em folha (a "nova" consciência, mansur!!!).
chamar os não-brancos de negros é estupidez e velhacaria, coisa de ong.
mansur mistura nele mesmo o branco com o negro ("do alto de minha branquelice") e perde a identidade. como esteve confuso, assume o termo 'negro' pra nomear a sua cultura híbrida . é um equívoco. tudo bem, isso não tem força contra o liquidificador.
tá bom, sem abraços. traz uma vitamina, aí!
p.s.: lúgubre? lúgubre não cabe. é um adjetivo relativo a luto. pensa noutro menos... escuro
Tenho descendência árabe e portuguesa por parte de pai, italiana e indígena por parte de mãe, dentre outras misturas, inclusive negros.
ValderiVeras, se você não entendeu o que eu quis dizer, quando falo que sou negro. Vai ser impossível explicar. Diante do impasse, deixo você com sua opinião e eu fico com a minha posição, se é que me entendes...
Sem mais
Mansur
Spirito, nem te conto, ia passando no rumo do mar aqui no costão do santinho, pra me refestelar e cruzei com um marciano ao avesso.
Nem quis brincar com ele que sou minina direitinha (mas, de esquerda, ainda, porque sou novinha, penso).
Então, o extrinha olhou pra eu e disse:
- tu não me enganas, terráquea fedelha!
Juntei minhas bulitas e minhas bonequinhas e sai a passo, lento, mas firme, pra não demostrar nem valentia muita, nem covardia, que hoje é sábado e quero dançar é um tango.
beijin, gurizin.
Ah! descobri que os mouros que ficaram na península por aqueles quatrocentos aninhos são ascendentes de vó Marinalva.
Entonces, deve ser por isso que sou Juli da Luz, chegadinha a uma luzinha negra.
Té.
ValderiVeras,
Mas se eu me afirmo negro (porque sei perfeitamente a minha origem, sei de onde vim), pera lá, você então pertence (ou se auto declara) a que categoria, em que extrato de mestiço você se coloca? Mulato, mameluco ou cafuso? Quantos por cento existe de cada um destes extratos? Qual deles representa a tal raça pura a que você alude? E os outros 46 % que sobraram, são os brancos? Ou não? Senão, onde foram parar os índios? Seiam os índios também mestiços entre si? Afinal, são tantas etnias indígenas. E os asiáticos? Sumiram? Qual é o percentual de cada uma destas 'subraças' como você as classificou? O IPEA informou?
Quem sobreviverá ao seu 'liquidificador'? Pelo visto nem nós mesmos, condenados que estamos a servir de caldo knor para a sua 'Nova Raça'.
Já sei a reação ideal. Vou rir.
Spirito,
O academicismo assume formas impensáveis de esconder o preconceito, tudo muito bem explicado. Oxalá ficarei sempre atento a Luz.
Saravá meu Pai, me proteja e me mantenha no caminho reto.
Juli,
O que está ocorrendo com a doce menina? Em vez de envelhecer estás rejuvenescendo, ôche! Dia destes volta a ser bebê e vai comentar os postados só na base do gu gu dá dá...sei lá. Podem até te suspender, te por de castigo.
Quer um sorvete? Uma balinha? Cuidado na rua que pode ter uns caras de bota preta por aí, uns tal de nazi.
Eles pegam as criancinhas assim, bem tenrinhas que nem você, ingênuas e levam pra fazer umas experiências estranhas, umas alquimia de monstro, pra Mengele nenhum botar defeito.
Vai que teu olho fica azul? Tua cara lilás? Teu pézinho cor de mamão verde (ou mesmo de burro quando foge). Vai que tu vira homem, ou lobisomem?
Some daí guria! Vai ver vovó, vai!
Putz!
E não é que os marcianos tão vindo em bando e não vão nem diferençar dois pés de quatro pés e vão fuzileizar a gente da terra toda.
Sei não Spirito. Acho melhor virar sereia, que eles não devem gostar de comer peixa.
Eu rejuvenesço porque aprendo muito a cada dia com gente como tu, oh elixir das criancinhas.
Também, pra ficar no conteúdo do postado e não ser glosada (gostou?), gostaria de dizer em alto e bom tom que consciência negra tem quem sabe que a discriminação precisa ser vencida pelas pessoas e conhece as dificuldades que negros nitidamente invisíveis têm de revelar-se mesmo sendo melhores, vez por outra, que seus colegas não negros.
Aqui no Sul bastaria ir na oktoberfest, nos 25 de Julho ou nas Germânias para se reconhecer.
Nem carece de freqüentar, como Os Meninos do Brasil o
Hotel Florida anagramado ou às avessas, como os marcianos fazem.
Tchimbum! pegeui um jacaré nadando de costas...
beijin di curumin, que sou também, da outra vovó, cujos ascendentes comeram o Sardinha, aquele bispo lá no Maranhão, ri que se afrouxa a Carlotinha, mamãe de mamãe, piscando pra netinha.
Té mesmo, tá!
Olha a onda, olha a onda... Cruzes, lá se foi o lepitópi!
Esses seres extra, são devéras assustadores. Eu tenho visto alguns também, vou tomar cuidado quando fôr a praia...
Mansur · Rio de Janeiro, RJ 8/12/2007 17:59
Tempo lusco-fusco este. Os das trevas se arvoram de iluminados e ameaçam apagar tudo. Os das luzes se escondem num oco escuro qualquer e pedem, baixinho, que se faça silêncio mortal, para não acordar nenhuma besta, mas como? Se as bestas já estão todas aqui, ao nosso lado latindo e grunhindo?
Acho que só indo embora pra Passárgada.
Alguém sabe o caminho aí?
Spirito Santo, grande mestre de luz,
Renascendo do escuro, quebro o silêncio e que venham as bestas. Tô pra jogo. Se as bestas quiserem chegar junto. É comigo mesmo! Tamos juntos.
Aúzubilah o que?
Esta arrepiou. O Belzebu deve ter se pirulitado, com o rabo entre as pernas. Pé de pato mangalou três vezes!
Quer dizer isso mesmo! Agora ele foi de vez...kkkkkkkk...
Mansur · Rio de Janeiro, RJ 8/12/2007 20:19
Para arrematar e cruzar pelos sete lados, chamei meu exorcista de plantão que me mandou esta reza poderosa.
Irmãos, oremos.
sprito, você era um cara inteligente até concordarem com você. seus posts me respondendo perderam qualidade. você desconversa sem inteligência. e ri no final. foi um riso nervoso, já adivinho. a única reação possível. devo ter tocado em alguma coisa por aí que não se adequa bem às suas idéias. chamar a si mesmos de negros uns cara-pálidas mestiços é forçar demais. a sua filha é mais não-negra que você, não é? eu vi a foto. difícil esse negócio de adequar as idéias à realidade brasileira.
vocês ficaram nervosos a ponto de se benzerem contra mim, como duas tias velhas.
ô mansur, não precisa invocar seus demônios mouros contra mim, um cristão, não cara. eu entendi sim o que você quis dizer quando falou que era negro e tal. entendi perfeitamente: é um eco das palavras do poeta vinícius de moraes ("o preto mais branco do brasil"). ele, o original, seu copista, era adepto da mestiçagem. vocês são o que há de mais equivocado no brasil. como sempre.
quando não é o erro, é a fuga de menininha.
vê uma vitamina aí, tia
" as dificuldades que negros nitidamente invisíveis têm de revelar-se mesmo sendo melhores, vez por outra, que seus colegas não negros."
vez por outra. essa é boa, mãe menininha
Seu Valdir,
Quer saber? Estou rindo mais ainda agora. estou às gargalhadas! Aquele meu riso mais de negão. Debochado e escancarado como bem lhe convém.
Mestiço és tu, que se autodeclarou assim. Cara pálida é branco em filme de far west (apelidado pelos índios)
Saiba que a quantidade enorme de pretos, amarelos, mulatos, índios, que existem na minha vastíssima, imensa, bela e humana família é coisa bonita demais para o teu bico de futucador da vida alheia.(Imagina! Botar a família dos outros no meio!)
Sempre sem desconversar e avivando a tua mente (e a atenção de quem chegou no papo agora) você sabe muito bem, mas, vou repetir o que me deixou nervoso na tua conversinha, lá em cima:
nova e que entrará na disputa pelo mundo, juntamente com as outras (os negros não desaparecerão: temos um continente inteiro habitado por negros. não sejamos paranóicos!).acho
...bacana que o processo de miscigenação leve a esta subraça brasileira a se tornar uma nova raça (isso levará uns dois ou três mil anos. temos tanto tempo), nova e que entrará na disputa pelo mundo, juntamente com as outras (os negros não desaparecerão: temos um continente inteiro habitado por negros. não sejamos paranóicos!)...
É que isto me pareceu um papo caído de nazifascista do século retrasado que não me provocou risos logo, porque machuca, dói na alma de quem curte o bem estar do mundo. Não tem graça nenhuma.
O que me fez desabar de rir mesmo foi você nos chamar, a mim e a Mansur de 'tias velhas'. Fala sério, Valdir! Perdeu a linha, cara. De bobeira.
Deixa meu anjo da guarda em paz.
ValderiVeras, meu nobre
Tú tá entrando num terreiro difícil. Aqui não é assim, não. Botando bedelho na vida alheia. Perdeu a linha direito, como se fala no subúrbio.
Explico porque é possível que tú não conheça o subúrbio direito. Ao que parece, você vêm mesmo de outro lado. De que lado você samba? De que lado você vai sambar?
Tú sabe o que é uma síncope? Sabe de onde vêm? Você dança? Você sabe o que é música? Se eu te der um tamborim, tú tira um som? Que tipo de música tú escuta? Tú conhece a vagabundagem? Conhece a malandrice? Se liga, rapá? Aqui num têm arrumador não? Te manca camarada.
Já comeu orelha de porco, Seu ValdinVeras? Sai da nossa cola rapá. Que conversinha fiada, hein? Não perde a linha não. Quem perde a linha, tá rodando. Tá entendendo a minha língua? Não. Claro que não, né, Seu ValdinVeras, vai demorar três mil anos pra tú entendê o que eu tô dizendo.
Passe bem
hum. agora que vocês pararam de rir e ficaram sérios, vou falar:
suas acusações de nazismo são impróprias e não podem ser aplicadas a mim. quando, em devaneio, falei numa, digamos, 'raça' futura, pensava no resultado natural de homogeneização de toda mistura, como deve ter ocorrido, por exemplo, com os vietnamitas ou os chineses, o que levaria tempo em nossas terras, muito tempo, milhares de anos, dado que são muitas e variadas as matrizes do povo brasileiro. penso em gilberto freyre e jorge amado. não pensava, está claro nos meus posts, no extermínio de nenhuma etnia ou raça (que que há, velhinho?).
os nazistas queriam uma raça perfeita pela pureza, logo eram avessos à mestiçagem e todo elogio à mestiçagem (bem vejo quem são os eugênicos nazistas, eu os vejo).
olha, não meti o bedelho na vida familiar de ninguém. aludi a claridade de sua pele e à de sua descendência como evidência próxima e irrefutável da mistura que se processa hoje mesmo na sua bela e humana família mestiça. não se ofenda, cara. a menos que... não... o elogio... sim... tão à flor da pele... a quantidade enorme de pretos, amarelos, mulatos, índios, que existem na minha vastíssima, imensa, bela e humana família é coisa bonita demais. oh, sprito, esse foi um belo e grande elogio à mestiçagem, escancarado como convém, involuntário, talvez, um lapso freudiano, com certeza (esquecerei o resto da frase: é tão cheio de rancor que machuca. eu já o vejo chorando, lágrimas rolando enquanto rir como um negrão, belo riso e sonoro riso, de dentes branquíssimos, riso de alegria, sprito, de alegria, é mais bonito e leve).
sim, eu sou mestiço. nenhum preconceito teve duração em meu espírito, porque era evidente que eu trazia sangue mestiço (atualizando os termos: DNA de origens diversas). assim pude assimilar toda cultura sem declará-la branca ou negra ou índia (que é como nos ensinam nas escolas: veja você aqui onde se originou o seu equívoco intelectual!!). e vi que ela mesma, a cultura, é mestiça. tenho uma identidade que está em permanente construção. você e, ao que parece, o seu anjo (héin) manso estão equivocados quanto às suas próprias identidades.
mansur, a cultura da malandragem no rio, nós sabemos bem no que deu, né? cuidado com as balas perdidas, se não é você mesmo quem as atira da trinceira da juliaura.
e agora, uma resposta possível a docinha enrodilhada, a meninasuperpoderosa. é uma mera tentativa, já que ela escreve tão pouco, e só repete o refrão do coro. deixa ver.. hum...
vou começar assim (pode ser um bom começo ou um fim rápido):
- tu não me enganas, terráquea fedelha!
KKKKKK KKKKKKKK KKKKKKKK KKKKKKK KKKKKKKKK
aaah! agora sério: já pensou em largar o surf e pocurar ajuda psiquiátrica? uma clínica de desintoxicação? é muita onda.
uma vitamina, please
saúde aos meus inimigos!
p.s.: pergunta ao sprito quem foi mãe menininha, sua destrambelhada!
no fim, o que ainda ressoa nos ouvidos é aquele belíssimo eleogio da mestiçagem ... a quantidade enorme de pretos, amarelos, mulatos, índios, que existem na minha vastíssima, imensa, bela e humana família é coisa bonita demais. cara, isso é muito bonito. você foi capaz de dizer isso? acho que vão te expulsar da tua comunidade. esteja à vontade: o brasil é, agora, seu.
ValderiVeras · Teresina, PI 9/12/2007 11:39
Ai, ai, ai.
Eu que me intoxico e o senhor é vomita.
E ainda se engasga com essa montanha de kdakkakkaás.
Oh, mundo vasto mundo,
que vai ficando assim imundo,
o overmundo.
Agora vens aqui, Valderiveras, para dizer-nos
quando digo digo
não digo digo
digo diogo
e também diego...
Surfas tu, ó Valderiveras, sem a mínima consideração por quem seja a não ser teu pensamento atravessado de que uma subraça aqui existe.
Subraça penso, quer dizer menos que raça, a não ser que tenhas tu uma nova definição para sub, criada agora, da algibeira alçada para nos agradar e confortar tua conceituação acaboclada já, que antes apenas pedante me parecera.
Eu ainda prefiro pensar que marcianos não se equivocarão: terráqueos é que sois, dirão, antes de nos exterminar.
Sim, porque não há morte em Marte.
Eu prefiro crer, mesmo, juro, que era elogio dirigir-se a mim daquele modo em que agora parece reconhecer em eu Maria Escolástica da Conceição Nazaré .
E que, de modo algum era mofa, achincalhação, pedantismo, machismo ou facismo.
Não, não foi depreciativo nem desprezo seu por mim, que nem me conhece e por que me violentaria tanto assim,
como um aristocrata escravocrata de um passado em nós tão presente.
E, por certo, o senhor entendeu bem que divergimos e não tento convencê-lo de nada.
Apenas considero estranho que em vez de postar um texto seu com suas razões, venha aqui tentar nos convencer de que nossos argumentos é que são inválidos, com meias.
Está feito, senhor: aguardamos sua valiosa contribuição ao exame da subraça e o que pensa vossa senhoria sobre um futuro sem negros, visto que, pelo vosso conceito, do que já divergimos alguns aqui, estaríamos sumindo ou acantonados em África, onde o neoliberalismo decretou que a vida não existe por que não mais valia lá se extrairia.
Fica assim combinado então.
Tô de porre, mas tô pro bem.
Té, fui às tampas!
E olha que ele, o Seu valdir, nem se atentou para o meu ato falho de omitir o inegável - Ó innconsciente ferino! - na minha ffulaalação o que agora corrijo:
..." Saiba que a quantidade enorme de BRANCOS (me corrigindo), pretos, amarelos, mulatos, índios, que existem na minha vastíssima, imensa, bela e humana família é coisa bonita demais para o teu bico de futucador da vida alheia.(Imagina! Botar a família dos outros no meio!
Seu Valdir...O que há com você? bebestes? Me cobras assumir ou pertencer a uma raça só? Como poderia se raças não existem?
Como assim? Misturar os iguais? Que estranha e oportunista mestiçagem é esta, rapaz?
Quem preconiza a extinção (não interessa bem que raças são escaladas para a exinção, certo?) de subraças é o que ?
(Favor escolher - se puder - uma só opção):
1) Alquimista
2) Petista
3) Piadista
4) Nazista
5) Racista
(Aviso, piadista não vale, porque o piadista já sou eu)
(com o restinho de paciência que me resta - e me repetindo)
Racista é aquele cara que sabe q
(prosseguindo)
...aquele cara que sabe que raças não existem, mas, que, malandramente, escolhe ficar em cima do muro. O racista para ele (no discurso) é sempre o vizinho (se houver alguma vantagem em ser neutro). Ou mesmo é racista aquele primo negão (se houver vantagem em ser a favor branco) ou, até mesmo, aquele irmão branco (se houver vantagem em ser negão)
O Norman Mailer fez uma biografia do Hitler. Até de judeu o cara foi acusado de ser (não pelo Mailer, mas, pelos boatos e suspeitas. Imagina! O cara teria matado milhões de supostos iguais! Maluco de pedra. Narciso (suspeitaram até que fosse até homosexual) detesta espelho. Racismo, homofobia, pedofilia. Neurose pura este papo de racismo.
Parei com o papo.
Vou tomar um ar
tergiverseias com tuas rimas internas irritantes
desconcerta-te e distorces minha fala
falaste muito agora, terraquinha doce. jamais te violentaria
andaste em pesquisas online, sempre a mão. hum... bom. muito bom
o mãe menininha foi um trocadilho com o tratamento que o sprito te reservou num dos posts acima, nada de mais, nada de menos.
sub-raça é (agora vai ser mesmo um quando digo que digo - isso me irritou, sabia?) ... deixa pra lá.
os geneticistas atuais derrubaram esse conceito de raça. não existem raças, somente o gênero humano. assim não haveria também... ah!, deixa. fui às tampas (seja lá o que isso for)! rsrs
Fechando minha modesta participação no papo:
Se não existem raças, não pode haver cultura 'mestiça'. Nada é mestiço, misturado, na natureza. O conceito 'mistura' não é humano. Não tem nada a ver com a natureza. As coisas precisam ser diferentes para que haja vida natural. É isto (negro, digamos) mais aquilo (branco, vá lá que seja) para gerar aquilo outro (realmente não me interessa o que).
Racismo é o aproveitamento oportunista desta ambigüidade tão natural.
Este papo já está qualquer coisa.
Fim de papo.
Spirito, o excesso de trabalho não tem me permitido aproveitar a excelência dos artigos e dos debates do overmundo. Por isso, estou chegando aqui tão tarde. De tudo o que foi comentado, fixo-me na questão das cotas por estar lidando com essa política na universidade pública em que trabalho. Na Faculdade de Educação da UERJ, onde atuo, a quase totalidade dos professores é favorável a essa ação afirmativa pelo simples fato de que nossa longa trajetória nos campos da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio não deixa margens à dúvida sobre o componente racista do fracasso escolar. Não é preciso consultar os inúmeros estudos seríssimos que constatam isso. Para tanto, basta lidar com o cotidiano das escolas das redes públicas do Rio de Janeiro. Com o ingresso da clientela das classes médias na escola pública, são gritantes as diferenças de desempenho entre os alunos brancos e os alunos afrodescendentes. Não raramente atribui-se essa disparidade à classe, sob o argumento de que não é a cor que determina o mau desempenho, mas a inserção sócio-econômica. Se é óbvio que a pobreza incide sobre a escolarização, o que não é óbvio é que a pobreza continue a incidir majoritária e escandalosamente, um século depois de abolida a escravidão, sobre os afrodescendentes. O mito da demoracia racial, que determina que se atribua às relações de classe a trajetória de insucesso de crianças e jovens negros na escola, traz novos contornos para o racismo. Se na época da escravidão, o racismo tinha uma base biológica, hoje ele é socialmente construído pelo entrelaçamento entre as questões raciais e as de classe, que imputa aos indivíduos uma dupla carga - a de ser negro e pobre. Tendo em vista que esta relação é contingente - basta verificar o percentual mínimo de alunos afrodescendentes na universidade, sendo que na pós-graduação em 2000 para 87% de alunos brancos que defenderam tese de doutorado, apenas 1,8% o fizeram - não há como negar que o sistema de cotas é uma política justa e necessária. Com relação ao argumento de que as cotas não garantiriam aos alunos uma formação adequada e que o ideal seria o investimento na qualidade dos sistemas de ensino anteriores à universidade, cabe dizer que uma coisa não deveria excluir a outra. Convenhamos que seria extremamente perverso que os jovens que (por serem negros e, consequentemente, pobres) não tiveram a chance de uma escolarização adequada, fossem excluídos da oportunidade de acesso à universidade. Isto é totalmente decabido, ainda mais qdo se tem dados que mostram que, quando implantada com ações responsáveis que visam apoiar o percurso universitário do aluno, as cotas garantem sim uma formação de qualidade. É o que a experiência tem nos mostrado na Faculdade de Educação, inclusive com a aprovação de alunas/os para o mestrado, mesmo que esse número ainda esteja longe do ideal.
Enfim Spirito, desculpe-me se desviei muito o rumo da sua prosa, mas é que, por causa do caminho que venho trilhando na educação, este tema me move, me comove e me compromete.
Queria compartilhar com vc e com os companheiros desse debate da indignação contra o racismo e, por fim, dizer que não não me identifico com a idéia de miscigenação porque ela não dá conta da ética da diferença.
Um grande abraço e Parabéns por mais este texto brilhante.
"Queria compartilhar com vc e com os companheiros desse debate da indignação contra o racismo e, por fim, dizer que não não me identifico com a idéia de miscigenação porque ela não dá conta da ética da diferença"
Faço minhas as palavras da Ize
Mansur
Artigo do geógrafo Milton Santos:
Olhar enviesado
Enfrentar a questão seria, então, em primeiro lugar, criar a possibilidade de reequacioná-la diante da opinião, e aqui entra o papel da escola e, também, certamente, muito mais, o papel frequentemente negativo da mídia, conduzida a tudo transformar em "faits-divers", em lugar de aprofundar as análises. A coisa fica pior com a preferência atual pelos chamados temas de comportamento, o que limita, ainda mais, o enfrentamento do tema no seu âmago. E há, também, a displicência deliberada dos governos e partidos, no geral desinteressados do problema, tratado muito mais em termos eleitorais que propriamente em termos políticos. Desse modo, o assunto é empurrado para um amanhã que nunca chega.
Ser negro no Brasil é, pois, com frequência, ser objeto de um olhar enviesado. A chamada boa sociedade parece considerar que há um lugar predeterminado, lá em baixo, para os negros e assim tranquilamente se comporta. Logo, tanto é incômodo haver permanecido na base da pirâmide social quanto haver "subido na vida".
Pode-se dizer, como fazem os que se deliciam com jogos de palavras, que aqui não há racismo (à moda sul-africana ou americana) ou preconceito ou discriminação, mas não se pode esconder que há diferenças sociais e econômicas estruturais e seculares, para as quais não se buscam remédios. A naturalidade com que os responsáveis encaram tais situações é indecente, mas raramente é adjetivada dessa maneira. Trata-se, na realidade, de uma forma do apartheid à brasileira, contra a qual é urgente reagir se realmente desejamos integrar a sociedade brasileira de modo que, num futuro próximo, ser negro no Brasil seja, também, ser plenamente brasileiro no Brasil.
Mansur,
Boas palavras para restabelecer a luz.
No intuito de mais luzes, recomendo, fortemente, a quem interessar possa a leitura completa e atenta deste trabalho
Spírito Santo · Rio de Janeiro, RJ 14/12/2007 10:39Terminada a leitura, fica uma sensação de obviedade ululante do que deve ser feito: política de cotas e metas imediata, radical. Não têm o que discutir. Esse intelectualismo antropológico da miscigenação é muito cínico. Que conversa fiada.
Mansur · Rio de Janeiro, RJ 14/12/2007 11:48
Palavras do Dr Hédio Silva Júnior
Advogado , doutorado pela PUC-SP, coordenador executivo do programa" Direito e Relações Raciais ", do Ceert (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdade) e consultor da UNESCO. Foi relator do documento brasileiro apresentado na Conferência da ONU sobre Racismo em Durban.
"...A temática da política de promoção da igualdade foi vista por muito tempo como algo de interesse somente da comunidade negra.
Mas , na verdade, é um problema de todos , do gestor público, do legislador , do Judiciário e do cidadão porque esbarra na questão da democracia.
O melhor enfoque a ser dato é considerá-la um desafio para toda sociedade..."
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